Tesis doctorales de Economía

 

TURISMO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO: UMA ANÁLISE URBANO-REGIONAL BASEADA EM CLUSTER

Jorge Antonio Santos Silva

 

 

 

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4 UM LEVANTAMENTO TENDO COMO OBJETO A HOTELARIA DE SALVADOR

4.1 Aspectos metodológicos do trabalho empírico

Tendo em vista que a hotelaria pode ser considerada como o setor mais tradicionalmente “turístico”, em certa medida homogêneo e dotado de identidade própria, constituido para prestar serviços de hospedagem e hospitalidade a clientes majoritariamente não residentes no local onde estão instalados os equipamentos hoteleiros, ela deve desempenhar, dada sua importância e nível orgânico, um papel de liderança na dinâmica do turismo de uma determinada localidade.

Destacando portanto, a relevância assumida pela hotelaria na estrutura receptiva de destinos turísticos, se analisa neste capítulo os resultados de um trabalho empírico realizado com o objetivo de detetar o perfil da rede hoteleira de Salvador, capital do Estado da Bahia, bem como levantar e mensurar alguns indicadores da sua contribuição para o nível de eficiência econômica do turismo para a cidade.

Poderia se ter optado por um outro setor da estrutura produtiva da economia da cidade de Salvador cujas atividades se dirigissem majoritariamente ao atendimento e consumo de visitantes, a exemplo da operação e agenciamento de turismo, dos restaurantes ou de algum segmento mais específico das atividades de entretenimento, porém, a disponibilidade de informações e estatísticas foi um fator que exerceu forte influência na escolha realizada, além de ter ficado explícito no marco teórico referencial que a hotelaria se constitui uma das áreas mais bem delimitadas dentre tantas que integram a ampla “oferta turística”, e, por esta razão, se presta com mais facilidade a estudos e análises.

O questionário utilizado no levantamento de campo, teve sua aplicação prevista apenas para os meios de hospedagem (MHs) do tipo hotel, classificado e assemelhado, que estivessem integrando a base de dados ativa da Empresa de Turismo da Bahia S/A – BAHIATURSA, Órgão Oficial do Turismo da Bahia, ou seja, que estivessem enviando regularmente suas informações de natureza quantitativa, através dos boletins de ocupação hoteleira (BOHs). O levantamento teve início em outubro de 2000, com os MHs alvos somando um total de 50 (cinquenta) hotéis (Tabelas 4.1 e 4.2, p. 408-409).

Cabe aqui um esclarecimento quanto à qualificação dos hotéis como classificados e assemelhados. Os hotéis classificados são aqueles que detinham esta condição segundo os critérios do Instituto Brasileiro de Turismo - Embratur, válidos até 28 de fevereiro de 1997, quando “caiu” o então vigente sistema de classificação hoteleira, tendo sido mantidos nesta condição em função de análise e decisão da área técnica da Bahiatursa.

O conceito de hotéis assemelhados foi introduzido a partir de 1997, por essa mesma área técnica, para referir-se aos hotéis que, não sendo classificados até a data acima, através da pesquisa de “Atualização da Oferta dos Meios de Hospedagem de Salvador” realizada a cada dois anos pela Bahiatursa, obtiveram pontuação, em cada período de realização desta pesquisa, que os classificavam como “padrão A”, processando-se então o seu enquadramento, de acordo com cada faixa pré-estabelecida de pontuação, em uma correspondente categoria por quantidade de estrelas – de 1 a 5.

Tabela 4.1 Oferta de Unidades Habitacionais (UHs) e Leitos dos Hotéis

Classificados (1) e Assemelhados (2), por Categoria. Salvador - 2000 (3)

O questionário elaborado para efeito deste estudo, foi estruturado da seguinte forma: um bloco de Dados Gerais do Hotel - identificação e caracterização do meio de hospedagem (MH), um bloco sobre o Nível de Ocupação / Sazonalidade - taxas e periodicidade da ocupação do MH, um bloco sobre a Mão-de-Obra Utilizada - quantificação, perfil e qualificação dos recursos humanos empregados nos estabelecimentos pesquisados, e um bloco sobre a Estrutura de Receitas e Custos, central para o objeto deste estudo (Anexo 2, p. 473).

As informações relacionadas à identificação do estabelecimento, sua tipologia, categorização, capacidade de unidades habitacionais (UHs) e leitos, e a quantificação, distribuição e remuneração da mão-de-obra, referem-se ao ano de início do levantamento de campo, outubro de 2000.

Para subsidiar a análise do estudo da caracterização competitiva da hotelaria de Salvador, se procurou obter informações sobre a taxa de ocupação, período sazonal, faturamento, receita operacional, custo operacional e gastos com fornecedores, numa perspectiva evolutiva de tres anos, para 1997, 1998 e 1999. Visando identificar a origem ou destinação dos recursos para os itens faturamento e gastos com fornecedores se solicitou sua distribuição entre Salvador, Bahia, Outros Estados e Outros Países, apenas para o ano de 1999.

Se propunha, inicialmente, a examinar a estrutura de receitas e custos dos 50 hotéis informantes regulares da Bahiatursa em 2000, visando detetar a possível ocorrência de vazamentos ou fugas da economia de Salvador e da Bahia, propiciados pela saída para outros estados ou até outros países de significativos fluxos monetários, pela remuneração de capitais, mão-de-obra e insumos originados fora da base econômica municipal e estadual, o que poderia estar significando uma redução e a não retenção a nível local e regional de uma relevante parcela dos resultados econômicos gerados pelo turismo da Bahia, em sua capital Salvador, a partir de um importante e estratégico segmento de sua sustentação que é o setor hoteleiro.

Tal constatação poderia permitir sinalizar caminhos e medidas para reduzir tais vazamentos e maximizar a retenção local dos efeitos econômicos do turismo, argumentando-se com a necessidade de políticas setoriais do tipo “substituição de importações”, conducentes a um processo de desenvolvimento regional, sustentável, de base local – de caráter endógeno.

Problemas e dificuldades começaram a surgir quando a pesquisa foi a campo. Enquanto as informações de identificação, ocupaçào / sazonalidade e mão-de-obra foram prestadas no próprio mês de outubro de 2000, as que tratavam dos aspectos de faturamento e custos se fizeram objeto de intenso esforço de visitação, orientação e cobrança, que se arrastou até junho de 2001, quando se resolveu parar de insistir e dar a coleta por terminada.

Dos 50 hotéis que constituiam o universo inicial da coleta e do estudo, se obteve informações de 30 hotéis. Dos 20 restantes, sentiu-se uma forte resistência em fornecer tais informações, alguns, desde o primeiro contato, declararam que não iriam responder o que se pedia, outros foram justificando e adiando tanto que se resolveu não mais insistir e em vários, a maioria de pequeno porte, se percebeu não haver uma estrutura apropriada de conhecimento e controle sistematizado que permitisse responder o que o questionário pedia, de forma a se ter uma informação de qualidade.

Os 30 hotéis que responderam ao questionário, em seu conjunto e nos sub-conjuntos de análise, possuem uma representatividade amostral bastante significativa, em relação aos 50 que se pretendia de início estudar.

O perfil do conjunto desses hotéis será analisado no próximo item deste capítulo, em sua conformação geral, para o total dos 30 hotéis, e para os sub-conjuntos de análise assim definidos: por grupos de categoria dos MHs - 1 + 2 estrelas, 3 estrelas e 4 + 5 estrelas; e por tamanho do estabelecimento - pequeno porte (até 50 UHs), médio porte (de 51 até 100 UHs) e grande porte (acima de 100 UHs).

Os 30 hotéis que constituem a amostra do levantamento realizado, representam, em relação ao universo dos 50 hotéis: 2.542 UHs e 5.131 leitos, ou respectivos 62,2% e 58,1% (Tabelas 4.3 a 4.6, p. 413-416).

Para os sub-grupos que serão examinados no estudo, a representatividade da amostra também é significativa. Para os hotéis de 5 e 4 estrelas corresponde a 61% das UHs e a 55,1% dos leitos, para os de 3 estrelas, 71,1% e 69,4%, e para os de 2 e 1 estrelas, 45,1% e 42,9%, respectivamente. Para os hotéis considerados de grande porte - mais de 100 UHs, a representatividade é de 63,4% para as UHs e 56,6% para os leitos, para os estabelecimentos de médio porte - 51 a 100 UHs, corresponde a 69% para as UHs e a 67,2% para os leitos, e para os de pequeno porte - até 50 UHs, situa-se em 48% para as UHs e em 48,8% para os leitos.

Tabela 4.3 Amostra de Unidades Habitacionais (UHs) e Leitos dos Hotéis Classificados

Examinando-se os questionários respondidos pelos 30 hotéis integrantes da amostra, constatou-se que eles não o fizeram de modo 100% correto e completo, comprometendo o nível de segurança e precisão que pudesse permitir a realização de um estudo quantitativo mais acurado da estrutura de receitas e custos e dos impactos dos vazamentos da economia local que tal estrutura estaria propiciando e assim não se teria condições de certeza para concluir-se em que dimensão estaria sendo afetada a eficiência do turismo na economia da Bahia, a partir de Salvador (Tabela 4.7, p. 417).

Tabela 4.7 Quantidade de Hotéis que não Informaram Questões. Salvador – 2000

Fonte: Elaboração nossa, a partir de levantamento efetuado nos questionários.

Porém, tais problemas e dificuldades acabaram por reconduzir e ampliar o foco e o conteúdo do estudo, devido ao fato de que as informações obtidas, na forma que foram tabuladas, possibilitaram o alcance de importantes constatações quanto a aspectos relativos à estrutura ocupacional do setor hoteleiro de Salvador e ao seu nível ou potencial de competitividade, permitindo trabalhar os dados sob um enfoque mais qualitativo, inclusive quanto à análise dos vazamentos da economia local que passaram a ser vistos mais sob uma perspectiva de sinalização e tendência, em termos relativos, que sob uma ótica de precisão na quantificação de sua magnitude, em termos absolutos.

No redirecionamento adotado, pela opção de realizar uma análise qualitativa do perfil e da estrutura de competitividade da hotelaria de Salvador, além da abordagem tendencial da ocorrência de vazamentos, foram elegidas as questões-chave, do questionário aplicado, que forneceram os parâmetros quantitativos das principais variáveis estudadas, a saber: Questão 16 - Faturamento Bruto Anual, Questão 20 - Receita Operacional Anual, Questão 22 - Custo Operacional Anual e Questão 29 - Gasto Total com Fornecedores. A partir desses parâmetros quantitativos se analisa o conjunto dos hotéis e os diferentes grupos de categoria e tamanho do estabelecimento, discriminando a participação relativa dos diversos elementos que compõem cada uma das variáveis estudadas.

Os conjuntos de informações e dados, organizados de acordo com as principais variávies abordadas, permite retratar o perfil da hotelaria de Salvador no período de 1997 a 1999, contemplando alguns aspectos gerais e de capacidade referidos ao ano 2000. Esse perfil é objeto de análise mais detalhada no ponto seguinte deste capítulo, sob um enfoque de base qualitativa que buscará, entre outros elementos, detetar sinais de estrangulamento e comprometimento do poder de competição da rede hoteleira da capital baiana.

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