Tesis doctorales de Ciencias Sociales

SUBSÍDIOS PARA A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O TURISMO NO ESPAÇO RURAL NA ROTA DAS TERRAS-RS

Paulo Ricardo Machado Weissbach





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3.5 O turismo na Rota das Terras - estudo diagnóstico

O desenvolvimento turístico de uma região rural faz-se, por conseguinte, a partir da utilização, com fins turísticos, dos recursos naturais e culturais locais; em outros termos, o turismo rural apóia-se sobre o espaço; implica uma participação ativa das populações locais no acolhimento dos turistas, concretiza-se por seus produtos (THIBAL, 1997, p. 25, tradução nossa).

É comum pensar que o turismo esteja voltado, exclusivamente, para a população de fora da área onde se encontra a atração. O turismo interno é uma fonte geradora de riqueza tal qual o turismo externo. Conforme pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo, de cada 10 brasileiros, em média, pelo menos 4 realizam viagens domésticas e o porcentual da população que viaja dentro do país aumentou em 5,8% no período de 2002 a 2006 (MTUR/ANUÁRIO..., 2006, p. 9).

Quando incentivado e bem coordenado, o turismo provoca crescimento econômico, proporcionando recursos financeiros para a área onde se realiza, manifestados na geração de empregos, diversificação do comércio e valorização da cultura local. Desta forma, um aspecto de se pensar o turismo diz respeito ao enfoque do desenvolvimento endógeno. Sobre a questão do desenvolvimento endógeno argumentam Almeida e Blós (1997, p. 37):

[...] o desenvolvimento endógeno é localmente definido enquanto o exógeno é determinado externamente e transplantado para certos lugares. Na perspectiva do processo endógeno, os benefícios são mantidos no âmbito das economias locais, enquanto no caso do desenvolvimento exógeno os benefícios tendem a ser exportados para fora da região. Por último, a modalidade endógena respeita os valores locais, que em geral não são levados em consideração na maioria dos projetos.

O turismo, como forma de desenvolvimento endógeno, é positivo, sobretudo para locais com uma dinâmica precária e dependente de poucas atividades, como ocorre na região estudada, local agropecuário e onde existem potenciais turísticos a serem explorados.

O conceito de desenvolvimento endógeno, sob a ótica turística, é comentado por Beni (2006, p. 36):

O desenvolvimento endógeno visa atender às necessidades e demandas da população local por meio da participação ativa da comunidade envolvida. Mais do que obter ganhos em relação à posição do sistema produtivo local na divisão nacional ou internacional do trabalho, o objetivo é buscar o bem-estar econômico, social e cultural da comunidade local, o que leva a diferentes caminhos de desenvolvimento, conforme as características e capacidade de cada economia e sociedade locais.

Sob outro prisma, há de se verificar a endogenização dentro de um processo de desenvolvimento regional. Dallabrida (2000, p. 87) diz que ele deve “[...] constituir o conjunto de interesses e aspirações da coletividade regional [...]”, pois existem diferenças e contradições de expectativas. Para tanto, o âmbito regional deve ser “[...] capaz de interligar-se a outros pontos o espaço por meio de uma ação empreendedora de atores locais.” Como resultado, a endogenização implica uma forte consciência de territorialidade, que leve ao controle do território pelos atores locais, a potencialização dos recursos – “[...] – à preservação da cultura regional, constituindo o âmbito regional num espaço autônomo capaz de pensar a si mesmo, o que resultaria num projeto próprio de desenvolvimento.” (DALLABRIDA, 2000, p. 87).

Brose (2001, p. 13) enfatiza que muitas iniciativas de caráter regional diferem das iniciativas de cunho local, embora guardem relação entre ambas. Mesmo as iniciativas locais apresentam reflexo na região e as iniciativas regionais têm repercussão nos locais, como não poderia deixar de ser. Segundo o autor citado, o desenvolvimento local é voltado para o fomento de empreendimentos locais e da melhoria da qualidade de vida no município. Em contrapartida, as iniciativas de desenvolvimento regional são amplas e dizem respeito à verificação da “[...] infra-estrutura da região, seus gargalos, os principais eixos estruturantes da região, a competitividade sistêmica em relação a outras regiões e meios para fortalecê-la, a análise de recursos naturais e formas para utilizá-los [...]”. (BROSE, 2001, p. 13).

A atividade turística pode ser vista como uma possibilidade de desenvolvimento regional, trazendo novas oportunidades de crescimento econômico e social, segundo uma perspectiva de gestão e iniciativa local. Solla (2002, p. 127) garante que o turismo no espaço rural desperta o interesse não somente pelas suas implicações econômicas, mas pelas suas repercussões sociais e ambientais. Segue o autor:

A crise do mundo rural, associada às necessidades de fuga periódica dos ritmos urbanos, estabelece um apoio mútuo entre esses dois espaços – o que pode ser muito benéfico para ambos. Deve-se, entretanto, exigir responsabilidade, a fim de que a efetividade desse modelo seja durável, respeitoso com as culturas e a natureza, e com a democracia; em outras palavras, seja participada por todos os grupos que conformam a sociedade.

O turismo no espaço rural pode ser decisivo no desenvolvimento local, porém não pode ser tomado exclusivamente. O seu desenvolvimento deve ser conjugado com outras atividades que resultem no aproveitamento das potencialidades e na diversidade local.

Além disso, torna-se importante que o turismo regional seja considerado dentro de modelos de arranjos produtivos locais (APLs) ,com a finalidade de garantir melhores resultados. Neste aspecto destaca-se o convênio da Secretaria Estadual do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais (Sedai), do governo do Estado, com a Universidade de Cruz Alta, com a finalidade de proporcionar a constituição de redes de cooperação. Se redes de cooperação no setor comercial já foram efetivadas, nenhuma rede que vise o turismo foi estabelecida na Rota das Terras.

Outro aspecto a considerar é que o ambiente rural se apresenta como um fator marcante na vida da população da área estudada. Não somente pelo aspecto financeiro, o espaço rural faz parte da vida das pessoas. Muitas ainda vivem nele ou têm parentes ou conhecidos que vivem nele. O aspecto de muitas cidades ainda guarda relação com o rural, seja pelos meios de transportes utilizados (carroça e cavalo), seja pelos hábitos simples das pessoas, ou ainda, pelo uso de técnicas de épocas passadas.

Alguns ganhos financeiros de moradores das cidades provêm do espaço rural, sendo que os investimentos nas cidades são feitos com base neste ganho. As ligações do cidadão urbano com o espaço rural ainda são muito fortes, sendo que muitos reservam algum tempo de seu lazer para ser desfrutado no ambiente rural, invariavelmente, junto aos familiares. Assim, o espaço rural se apresenta como uma instância muito próxima do imaginário das pessoas da área. Conforme Verbole (2002, p. 119):

Com o desenvolvimento do turismo, as áreas rurais constituem um recurso e, ao mesmo tempo, são beneficiários desse desenvolvimento. Hoje, o meio ambiente rural e as comunidades locais estão sendo usadas não só para satisfazer as necessidades alimentares da população, mas também as demandas por turismo [...].

O turismo pode representar a valorização da cultura rural na Rota das Terras, mas, por outro lado, os avanços técnicos/científicos têm provocado uma mudança nos padrões paisagísticos do espaço rural local. Novas formas de reprodução social têm implicado uma mudança do aspecto visível do espaço rural. Construções, maquinários, costumes, apresentam características diversas daquelas que, originalmente, eram associadas ao ‘fazer’ rural. As novas tecnologias, de certa forma, excluem o aspecto idílico do espaço rural. Piran (2001, p. 176-177), falando sobre a região do Alto Uruguai, que, em certa medida, guarda semelhança com a área estudada no tocante ao aspecto visível do espaço rural, coloca que:

As edificações de madeira (hoje escassa) são substituídas gradativamente pelas de alvenaria. O automóvel começa a substituir a carroça, o cavalo... O pequeno comerciante vai definhando e sendo submetido às agroindústrias em crescimento, aos grandes supermercados e atacadistas... Os agricultores perdem mais um pouco de sua relativa autonomia... A indústria doméstica, as ferrarias, os moinhos coloniais diminuem drasticamente.

Se, por um lado, as inovações tecnológicas representam um avanço em termos de produção e de melhoria de vida, por outro, significam a perda da identidade do rural como um atrativo turístico. Entretanto, o surgimento de inovações tecnológicas possibilita que sejam criados locais no espaço rural onde se exponham materiais considerados obsoletos. Esses locais podem se tornar museus rurais, onde poderão ser expostos objetos ou a produção de gêneros nos moldes da agricultura tradicional (arado de bois, plantadeira manual, debulhadores mecânicos). Com relação às novas tecnologias no espaço rural, Piran (2001, p. 95) afirma:

Com a introdução de novas tecnologias, o capitalismo reduz o tempo socialmente necessário à produção de mercadorias, aumentando cada vez mais a produtividade do trabalho. As velhas tecnologias são consideradas obsoletas, sendo jogadas fora juntamente com os ‘velhos trabalhadores’. Viabiliza-se, desta forma, um novo ciclo de acumulação cada vez mais centralizador e concentrador, profundamente seletivo e excludente, portanto.

Paradoxalmente, são estas “velhas tecnologias” e estes “velhos trabalhadores” que se constituem no atrativo turístico do espaço rural. Embora o turismo possibilite uma inserção do turista em um ambiente agrícola produtivo, com a utilização de tecnologias contemporâneas, as formas de produção arcaicas são mais chamativas por representarem o diferencial e o exótico (elemento fundamental na atividade turística).

No Apêndice 1 (p.208) são listados os atrativos turísticos dos municípios que compõem a Rota das Terras, conforme levantamento feito junto aos órgãos de turismo municipais e sítios disponíveis na rede internacional de computadores.

O maior detalhamento desses atrativos ou de eventos turísticos em determinados municípios, revela a preocupação do poder público em fazer um inventário turístico. É o caso de Tapera. Não houve dificuldade em se obter dados sobre os eventos e atrativos tendo em vista o bom acervo de informações, assim como a disponibilidade dos mesmos. O mesmo não ocorre em outros municípios da Rota das Terras. Além de Tapera, os demais municípios não estão organizados para esclarecer dados fundamentais, como os atrativos e eventos, mesmo Cruz Alta, que tem uma secretaria do turismo.

O município de Ernestina lançou, em 15 de abril de 2005, um roteiro com atrativos rurais, denominado “Caminhos do lazer e da hospitalidade”. Esse roteiro, ainda incipiente em termos de demanda, tem o apoio do poder público na divulgação e na coordenação das visitas. Trata-se de um roteiro que apresenta: campings, propriedades rurais, pousada, atrativos que vão desde o lazer, jogos, banho, até o passeio a cavalo, de carroça e charrete, café colonial, trilha e gastronomia típica, entre outros.

Na atualidade, o município de Tapera é o que apresenta uma melhor estruturação turística. Ações de políticas públicas voltadas para a atividade possibilitaram que o turismo se consolidasse, culminando com um arranjo que destaca o município entre os demais consorciados da Rota das Terras. Um dos diferenciais de Tapera é a organização pormenorizada e a divulgação de um calendário de eventos (Anexo B – p. 258), que é atualizado anualmente. Outro diferencial é a formatação de um roteiro turístico, a Rota Della Cuccagna (rota da fartura), sua divulgação e comercialização por parte dos empreendedores. Em dias atuais, a Rota Della Cuccagna se apresenta como o único roteiro organizado e comercializado na Rota das Terras (Anexo C – p. 263). A partir de novembro de 2005, a Rota Della Cuccagna foi selecionada pelo Ministério do Turismo como um destino turístico do Rio Grande do Sul, ou seja, incluído como uma rota turística nacional. Há intenção dos outros municípios integrantes da Rota das Terras de se incorporarem a esse roteiro e a outros existentes no Estado, por isso, técnicos e coordenadores de turismo da Rota Missões, Salto do Yucumã, Rota do Rio Uruguai e Hidrominerais têm visitado a região da Rota das Terras para avaliar a possibilidade de roteiros integrados. Disto resultou que, em meados de abril de 2005, integrantes do poder público e investidores participassem de um curso de capacitação turística na cidade de Santa Rosa-RS, integrante da Rota das Missões. Conforme a coordenadora do turismo do município, a Rota Della Cuccagna pretende ser considerada pelo Ministério do Turismo como um destino turístico internacional, visto que o fluxo de turistas começa a crescer, sobretudo, após matéria jornalística em um caderno turístico do maior jornal do Estado. Em dias atuais, o Programa de Regionalização do Turismo Roteiros do Brasil, não considera nenhum roteiro turístico da Rota das Terras como apto a obter padrão de qualidade internacional (MTUR/PROGRAMA DE REGIONALIZAÇÃO..., 2006).

A Rota Della Cuccagna, roteiro formatado em Tapera, está organizada segundo um princípio de complementaridade, ou seja, não existem atrativos que competem entre si. Ao contrário, os atrativos são diferenciados e oferta bebidas, comidas típicas, visitação a espaços naturais, produção agropecuária e museu temático. A Rota Della Cuccagna somente foi efetivada após a iniciativa do poder público municipal, a partir do ano 2000, que empreendeu ações sistemáticas de cooptação dos investidores e de sensibilização da comunidade local.

Ademais, os fatores fundamentais que caracterizam a formatação de um roteiro (estabelecimento de preço e organização de uma seqüência de visitação), estão presentes na Rota Della Cuccagna. Isto repercute em uma visitação mais freqüente ao município, que pode ser observada através de pesquisa realizada pelo autor em junho de 2007 com os sete empreendedores da Rota Della Cuccagna, quais sejam: Casa do vinho Rizzi, Propriedade Crestani, Sitio Vieira, Cabanha Mangueirão, Centro de Lazer Gota D’água e Tratoria Bella Itália. (Apêndice 2 - p.222):

Questão 1. Há registro do número de turistas que visitam o empreendimento?

Questão 2. Em sua opinião o número de turistas, desde a criação do roteiro tem;

Questão 3. O aumento, a diminuição ou a permanência da visitação pode ser atribuído a qual fator (admite-se resposta múltipla):

(A) interesse do empreendedor

(B) volume de recursos investidos

(C) apoio do poder público

(D) divulgação do roteiro

(E) Outro

Questão 4. De onde provêm os recursos financeiros para o investimento? (admite-se resposta múltipla)

(A) Venda de produção agropecuária

(B) Capital resultante de aplicação financeira (poupança, CDB, Bolsa de valores)

(C) Obtido junto à instituição de crédito

(D) Resultante de verbas públicas

(E) Outro

Questão 5. Como o Sr julga a atuação do poder público no apoio à atividade turística no município?

(A) Excelente

(B) Muito Boa

(C) Boa

(D) Regular

(E) Péssima

Da observação dos gráficos verifica-se que os empreendedores, embora não contabilizem oficialmente, percebem um aumento do número de visitantes, os empreendedores utilizam de recursos próprios para financiar seus estabelecimentos e reconhecem no poder público uma atuação muito boa de apoio à atividade turística no município. Um aspecto que favorece o desenvolvimento turístico diferenciado de Tapera é a existência de um departamento de turismo. Excetuando Cruz Alta que possui uma secretaria de turismo, Tapera se distingue dos demais municípios por empreender em ações turísticas efetivas, coordenadas e planejadas pelo departamento. Nos demais municípios a atividade turística está agregada a outros setores.

Um outro diferencial de Tapera em relação aos demais municípios da Rota das Terras é que o responsável pelo setor turístico, embora exerça um cargo de confiança e seja suscetível de substituição a cada quatro anos, tem mantido o seu cargo desde 1999, independente das agremiações políticas que ocupam o executivo municipal. Esta continuidade tem permitido um trabalho em médio prazo e inclui medidas como a formatação da Rota Della Cuccagna, a sensibilização da comunidade local para o turismo e a participação em eventos estaduais e nacionais ligados à atividade turística. A mais recente iniciativa do município diz respeito à contratação de uma paisagista, em parceria com a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), para apresentar projetos de melhoria do aspecto de lugares públicos do município.

Embora o município de Tapera não possua em seus documentos legais nenhuma referência ao turismo, não havendo sequer uma legislação específica para a atividade, existe uma ação efetivamente turística, isto é, o poder público empenha-se em desenvolver turisticamente o município. Pode-se dizer que, embora não formalizada em documentos legais, há uma política pública de turismo em Tapera, tanto na intenção quanto na ação do poder público municipal. No apêndice 3 (p.223), onde consta a entrevista com a diretora de turismo de Tapera, pode ser verificado o empenho deste órgão no sentido de planejar e executar atividades ligadas ao turismo, com o apoio do poder público em geral. A escolha de Tapera para realizar esta entrevista, deveu-se à constatação, empírica, de que o município apresenta um desenvolvimento turístico mais efetivo que os demais da Rota das Terras, o que supunha, em tese, a existência de políticas públicas que favoreciam esse desenvolvimento.

São constatados, analisando a entrevista realizada com a diretora de turismo de Tapera em 25 de outubro de 2006 pelo autor, os seguintes fatos:

- As ações efetivas em prol de um desenvolvimento turístico no município ocorrem a partir da criação de um órgão específico para tratar da atividade (a diretoria de turismo);

- Projetos como o PRODES (Projeto de Desenvolvimento Econômico E Social) e o PRESTO (Programa Regional de Serviço Turístico Organizado), serviram de marco para o início do planejamento da atividade turística com o levantamento das possibilidades e necessidades da comunidade local;

- A formatação da Rota Della Cuccagna, como parte de um planejamento turístico, foi fundamental no desenvolvimento da atividade;

- Os empreendedores da Rota Della Cuccagna tiveram seus investimentos resgatados em menos de cinco anos, o que ajudou a dar confiança à atividade;

- Ações já estão sendo empreendidas no sentido de integrar a Rota Della Cuccagna a outros roteiros;

- A comunidade local vê o turismo como um fator de desenvolvimento;

- O turismo é um fator de valorização e preservação da cultura local;

- O envolvimento do poder público, dos empreendedores e da comunidade foi um fator relevante na consolidação da atividade no município;

- As ações do poder público, tais como organização de calendários e eventos, reuniões, conscientização da população e de públicos específicos (motoristas de táxi, estudantes, etc), organização e orientação de empreendedores, obras públicas de melhoria do aspecto paisagístico, servem de esteio para o entendimento do turismo como uma atividade factível;

- Participação ativa do departamento de turismo na organização da visitação aos atrativos;

- O Departamento de Turismo de Tapera planeja, coordena e gerencia todas as atividades turísticas do município e busca integração aos demais órgãos turísticos estaduais e federais, além de estabelecer parcerias com entidades públicas e privadas;

- O poder público dá ênfase à atividade no município, tanto no que diz respeito à dotação orçamentária, quanto à atualização do profissional que trabalha na diretoria;

- Há um aumento dos recursos orçamentários para o turismo, ano a ano (R$ 45.000,00 em 2005 e R$ 151.000,00 em 2006);

- Existe uma preocupação em integrar as ações das demais secretarias municipais à atividade turística;

- A avaliação das ações é feita mediante a apresentação de relatórios para a secretaria da fazenda, câmara de vereadores e, semestralmente, para a comunidade;

- São tidas como políticas públicas de turismo do município de Tapera todo o trabalho resultante das ações em favor do desenvolvimento turístico, tais como a organização dos empreendedores, a conscientização da população, a divulgação da atividade, a sinalização turística, etc;

- Excetuando-se a lei de criação do Departamento de Turismo, não existem documentos que formalizem a política de turismo do município, no entanto, as ações empreendidas pelo poder público confirmam a existência de uma política pública não-formal;

- Há uma ação intencional do poder público junto à comunidade no sentido de coordenar e apontar metas para o turismo. Estas ações estão voltadas para resolver assuntos públicos e resultam de objetivos traçados em função das necessidades e possibilidades locais, com a participação de todos os segmentos da sociedade envolvidos na atividade.

Mais uma evidência da existência de uma política pública para o turismo em Tapera, diz respeito ao relato de experiência elaborado pela Prefeitura municipal e a EMATER, cujas bases, segundo a diretora de turismo, servirão para a elaboração de projetos turísticos. Considerando que nenhum outro município componente do consórcio teve iniciativa semelhante, assegura-se o diferencial positivo em prol de Tapera. (Anexo D – p. 265).

Na atualidade, a Secretaria Estadual de Turismo em seu endereço eletrônico (www.turismo.rs.gov.br), faz a divulgação dos atrativos turísticos dos municípios do Estado. Nele, os dados concernentes à Rota das Terras estão desatualizados ou incompletos. Neste endereço eletrônico, o órgão público anuncia um Programa Especial de Turismo Rural. Este programa consta de opções de lazer e entretenimento com participação dos turistas e que agregam venda de produtos coloniais e de artesanato. Lagoa dos Três Cantos, Quinze de Novembro e Tapera, são incluídos, pela Setur, como destinos turísticos nesta modalidade.

Embora Tapera apresente um planejamento turístico diferenciado na Rota das Terras, muitos são os óbices apontados pelos agentes turísticos municipais, como a desconfiança inicial dos empreendedores, a demanda turística que não correspondia aos investimentos e a escassez de recursos específicos para a atividade. Verifica-se a mudança deste quadro, na medida em que os empreendedores vêem o fluxo de turistas aumentar.

O município de Espumoso, através da Secretaria de Educação, Desporto e Turismo, elaborou um pormenorizado calendário de eventos, que vem sendo distribuído para as pessoas em geral. A iniciativa deste município, no entanto, tem a participação de uma acadêmica do curso de Turismo da Unicruz, que trabalha de forma voluntária no órgão público. A elaboração e a divulgação de um calendário de eventos também foi uma iniciativa de Jacuizinho. Em Tapera este trabalho é uma rotina que tem contribuído para a melhoria da divulgação e do fluxo turístico.

Uma ação diferenciada, em relação ao turismo no espaço rural, foi tomada pelo município de Quinze de Novembro ao criar tendas rurais, onde os produtores rurais vendem seus produtos junto às rodovias, no entanto os investimentos em turismo ainda não alcançam em grandeza o município de Tapera. Este município destinou verbas orçamentárias na ordem de R$ 151.000,00 para o turismo em 2007, na razão de R$ 13,68 por habitante. Comparativamente, Alto Alegre, Cruz Alta, Ernestina e Quinze de Novembro destinaram, respectivamente, R$ 2.000,00, R$ 642.500,00, R$ 15.600,00 e R$ 32.700,00 para a atividade. Isto representa R$ 0,94, R$ 9,30, R$ 5,00 e R$ 8,89 por habitante (CNM, 2006).

Por ocasião da realização do Salão Brasileiro de Turismo e do Salão Gaúcho de Turismo, nos meses de junho e agosto de 2006, respectivamente, o escritório da Rota das Terras, com a colaboração dos municípios, organizou três roteiros turísticos para a divulgação nos eventos. Na organização desses roteiros, segundo a secretária executiva da Rota das Terras, o município de Tapera destacou-se com a oferta de muitos atrativos estruturados, tendo em vista a existência da Rota Della Cuccagna.

Como as providências para a formatação desses roteiros começaram em abril do mesmo ano, percebe-se o caráter emergencial e de improviso que este ato tomou, visto que muitos investidores incluídos nos roteiros não tinham sido consultados se possuíam condições para participar. Apesar disto, a iniciativa apresentou validade, visto que os três roteiros constaram de um documento em que o Ministério do Turismo apresenta 396 roteiros turísticos, incluindo-os no Programa de Regionalização do Turismo. A partir disto, foi promovida uma capacitação dos agentes receptivos (proprietários, funcionários e poder público), no mês de maio, em Santa Maria-RS, sob os auspícios da Embratur.

Verifica-se, desta maneira, que muitos dos passos para o planejamento adequado são abortados ou têm a sua seqüência alterada, pois, neste caso, seria necessário, em primeiro lugar, fazer um levantamento dos pontos a serem visitados e verificar se esses locais teriam interesse e condição de serem incluídos em um roteiro turístico, além de outras providências cabíveis dentro de um planejamento turístico. É assim que, na elaboração desses roteiros, foram aproveitados em maior número os atrativos de Tapera, em vista de a atividade turística ser planejada de melhor forma no município. Os três roteiros formatados se encontram no Anexo E (p.276), sendo um deles, em conjunto com um roteiro nacional consagrado, o das Missões.

Essencialmente, as orientações das ações turísticas na Rota das Terras partem das deliberações das reuniões feitas pelos representantes dos municípios que constituem o Consórcio. Essas deliberações são debatidas e aprovadas nesses fóruns. No entanto, as reuniões da Rota das Terras se apresentam pouco objetivas por não trazerem uma pauta previamente estabelecida, ou quando trazem, carecem de uma participação efetiva dos agentes municipais. A participação rarefeita atribui-se ao fato das reuniões acontecerem mensalmente. Isto impede que as metas selecionadas em uma reunião sejam cumpridas em tempo de serem apresentadas na reunião seguinte, o que, em certa medida, frustra os órgãos municipais. Desta forma, discute-se como desenvolver o turismo no roteiro, promovendo a região como um destino turístico, mas sem ir ao encontro dos pontos fundamentais de um planejamento turístico. Além disso, as reuniões são feitas a cada mês em um município diferente, o que, de certo modo, dificulta a criação de uma cultura de rotina desses encontros.

Conforme a secretária executiva da Rota das Terras (de acordo com entrevista constante do apêndice 4 – p. 234), o interesse dos municípios consorciados pelo turismo tem aumentado nos dois últimos anos, fato que é evidenciado pela participação nas reuniões e demais atividades promovidas pelo escritório. No entanto, a despeito desse aumento, vê-se que, em algumas reuniões, a participação ainda é pequena. Na tabela a seguir, verifica-se a participação dos municípios em dez reuniões no ano de 2006 (março a dezembro).

A participação mais efetiva é a do município de Tapera, sendo que Cruz Alta e Quinze de Novembro também se destacam. No entanto, o único município a se fazer presente em todas as reuniões foi Tapera.

Independente dessas reuniões, o presidente da Rota das Terras, no período de 2005 até abril de 2006, criou um Fórum Permanente de Turismo, que se propõe a congregar várias entidades com o fim precípuo do desenvolvimento turístico na região do CONDAJ (Conselho Regional de Desenvolvimento Alto Jacuí). Para este fórum, com reuniões mensais e em datas distintas das datas da reunião da Rota das Terras, foram convidadas entidades, tais como: a Universidade de Cruz Alta (cursos de Administração, Economia e Turismo), sindicatos rurais da região, Conselhos de Desenvolvimento do Alto do Jacuí e do Alto da Serra do Botucaraí, Rota das Terras, prefeituras municipais, investidores, agências de desenvolvimento local, órgãos de comunicação social, associações de municípios, cooperativas de crédito rural e outros organismos.

Verificou-se, desde o princípio dessa iniciativa, uma participação pouco efetiva, seja pela divulgação falha (algumas entidades deixavam de ser convidadas, outras o eram de última hora), seja pelo local de realização das reuniões (cada uma, era realizada em um município diferente, dificultando o acesso ou inibindo a criação de uma rotina), seja pela seleção dos participantes (deixavam de ser convidados empresários locais, membros da imprensa e convidavam-se outros que pouco acrescentariam para a discussão), repetindo erros das reuniões da Rota. Mais uma vez pode-se constatar a participação efetiva da diretora de turismo de Tapera que comparecia em todas as reuniões.

Em uma reunião do Fórum Permanente de Turismo, em 11 de agosto de 2005, foi apresentada uma proposta para o planejamento turístico na Rota das Terras, a qual consta do Apêndice 5 (p.237). Naquela ocasião, a proposta não foi levada em consideração, porque já havia uma outra metodologia adotada que consistia na reunião dos participantes em três grupos: Poder público, investidores e comunidade em geral. Esses grupos deveriam traçar ações/estratégias para o “Desenvolvimento de ações políticas para o turismo”; “Estruturação de um plano de marketing para o turismo” e “Criação de estratégias integradas para o turismo”. Com exceção do primeiro grupo, os demais não lograram sucesso, tendo em vista a falta de fundamentos que norteassem o trabalho.

Um ponto sensível na efetivação turística, além do fato de haver a falta de um planejamento, diz respeito à participação pouco efetiva do órgão coordenador das ações, o CONDESUS. Embora os pronunciamentos dos presidentes da Rota das Terras fossem no sentido de tornar o turismo profissional na região, verificava-se a falta de uma assessoria técnica que orientasse o prefeito/presidente a conduzir ações, ou mesmo, sugerir um discurso menos empírico. Assim, muitas vezes, o presidente omitia pontos importantes a serem considerados em ações turísticas, ou emitia conceitos equivocados, induzindo a uma consideração simplista da atividade. Atualmente, a Rota das Terras conta com um profissional de turismo, que dá um sentido mais eficiente às atividades desenvolvidas.

Outra deficiência na efetivação turística da Rota das Terras diz respeito à sinalização turística. A inexistência de placas indicativas de localização dos municípios e dos atrativos turísticos compromete a atividade. No entanto, esta deficiência está em vias de ser solucionada, conforme relatado anteriormente. Possivelmente, depois de vencida essa fase, novas demandas exigirão outras soluções. Apenas dois municípios da Rota das Terras preocuparam-se com uma sinalização turística, não dependendo das ações do CONDESUS: Tapera e Quinze de Novembro.

A divulgação turística dos municípios que compõem a Rota das Terras está sendo feita por meio de folheteria (Anexos F – p. 277 e G – p. 278). Entretanto, o material que divulga os atrativos turísticos carece de atualização e o material que divulga os eventos é incompleto. A falha nesses materiais deve-se à falta de coordenação na obtenção dos dados necessários para compô-los. Uma solução que está sendo buscada é a consecução de um projeto de divulgação turística financiado pelo Conselho Regional de Desenvolvimento do Alto Jacuí (CONDAJ). Segundo a secretária executiva da Rota das Terras, os municípios do consórcio estão enviando dados que servirão para elaborar material atualizado e com maior precisão. Para esse trabalho, foi contratada uma empresa especializada em elaboração de material promocional. Uma dificuldade encontrada diz respeito ao não envio ou à morosidade do envio de material por alguns municípios que atrasam o cronograma apresentado pela empresa. Os municípios que possuem órgãos turísticos organizados, como Cruz Alta, Tapera, Quinze de Novembro e Selbach, mostram-se mais empenhados e prontos para atender estas demandas.

Pesquisa realizada pelo autor nos meses de março, abril, maio e junho de 2007, junto à comunidade da Rota das Terras, onde foram entrevistadas sessenta pessoas, sendo em Alto Alegre, Boa Vista do Cadeado, Boa Vista do Incra, Campos Borges, Colorado, Ernestina Jacuizinho, Lagoa dos Três Cantos, Quinze de Novembro, Tio Hugo e Victor Graeff, uma pessoa; em Selbach duas pessoas; em Fortaleza dos Valos três pessoas; em Tapera quatro pessoas; em Espumoso e Não Me Toque cinco pessoas; em Ibirubá e Salto do Jacuí seis pessoas e em Cruz Alta dezoito pessoas , apontou que há deficiência na divulgação turística, visto que apenas 35% dos entrevistados (21 pessoas) revelaram que conhecem algum atrativo turístico fora de sua cidade e apenas 23,72% (14 pessoas) já visitaram um (Apêndice 6 – p. 240). Dos 21 entrevistados que diziam conhecer um atrativo fora de sua cidade, quatorze pessoas (66,7%) citaram a Rota Della Cuccagna (Tapera), sete pessoas (33,3%) o monumento de Fátima (Cruz Alta), sendo que os outros atrativos figuram com um índice inferior a 5% . Quando perguntado para as quatorze pessoas qual o atrativo turístico visitado, dez foram ao monumento de Fátima, oito a Rota Della Cuccagna, três ao Balneário Wilke (Quinze de novembro), três a Blumenfest (Selbach), dois à Casa do Mel (Selbach), um ao Passo da Lage (Espumoso), um ao Lageado da Cruz (Cruz Alta) e um à Prainha Ernestina (Ernestina).

Quando se solicitou para as vinte e uma pessoas que conhecem algum tipo de atrativo turístico fora de sua cidade para que avaliassem o turismo na Rota das Terras, o resultado foi o seguinte:

(A) Excelente

(B) Muito Bom

(C) Bom

(D) Regular

(E) Ruim

A percepção dos entrevistados é de que o turismo na Rota das Terras está de bom para regular. Esta constatação do senso comum tem relação com o pouco conhecimento dos atrativos turísticos.

Não existem dados estatísticos no que concerne à freqüência turística na área em estudo, no entanto, pesquisa da Embratur (MTUR/CARACTERIZAÇÃO..., 2006, p. 18-21), demonstrada na tabela 10, revela as motivações para viagens domésticas no Estado do Rio Grande do Sul.

Empiricamente, é verificável que o fluxo turístico na Rota das Terras dá-se no período das férias escolares, ou seja, nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e julho. O Ministério do Turismo (MTUR/ESTUDO..., 2006, p. 24-25) confirma essa observação, acrescentando que as viagens domésticas no período citado ocorrem devido às férias (50%) e ao clima (12%), de acordo com pesquisa realizada junto aos viajantes.

Conforme foi enfatizado na caracterização da área em estudo, as distâncias entre os municípios da Rota das Terras situam-se, no máximo, em 150 quilômetros. Diante disso, evidenciam-se as viagens de excursão como uma modalidade viável de turismo, haja vista que na região sul, esse tipo de deslocamento responde por 34,0% do total de viagens. (MTUR/ESTUDO..., 2006, p. 26). Nenhum município da Rota das Terras estava incluído entre os vinte e cinco principais destinos de viagens de excursão do Estado (MTUR/ESTUDO..., 2006, p. 31), não existindo dados atuais a respeito do assunto.

Outra forma de divulgação do turismo em nível regional tem sido a participação em feiras e eventos nas cidades da Rota. Por ocasião da realização da Expodireto (feira agropecuária com projeção nacional) em Não-Me-Toque, foi montado um estande turístico. O workshop Rota das Terras, organizado por acadêmicos do curso de Turismo da Unicruz e realizado, anualmente, em cada um dos municípios da Rota, é outro instrumento eficiente de divulgação. Falta, porém, uma integração maior do escritório da Rota das Terras com os organizadores dos eventos. Por ocasião deses eventos, ve-se que alguns municípios participam ativamente, como Tapera, que organiza os empreendedores e divulga a Rota Della Cuccagna. Outros sequer fornecem materiais para divulgação.

Os municípios, de modo isolado, promovem o turismo em suas áreas através da divulgação de seus atrativos e eventos. Sobretudo, o poder público e, raramente, os empreendedores, investem na divulgação turística. São exemplos, no município de Quinze de Novembro o Balneário Wilke, em Selbach a Casa do Mel e em Tapera todos os empreendedores da Rota Della Cuccagna. Para isso, é utilizada com maior freqüência a folheteria, que é distribuída nas secretarias municipais, em hotéis, postos de combustíveis e nos atrativos. Outras formas de divulgação são os anúncios em estações de rádios e de televisão (na maioria das vezes, de eventos). O meio eletrônico é pouco utilizado, sendo que as exceções são os municípios de Espumoso e Tapera que mantêm um sítio de divulgação turística (www.espumoso.net e www.tapera.net). No site da Secretaria de Turismo do Estado as informações referentes ao turismo na Rota das Terras são carentes, além de estarem desatualizadas. Alguns municípios da Rota das Terras figuram nos chamados Programas Especiais de Turismo Rural que agrupam atividades como cavalgadas, um dia na fazenda ou na colônia, venda de produtos artesanais e coloniais, entre outros. Os municípios de Lagoa dos Três Cantos, Quinze de novembro e de Tapera são citados pela Setur como destinos turísticos nesta modalidade.

Outros sites que seriam possíveis inserções turísticas, tais como o da Famurs (Federação da Associação de Municípios do Rio Grande do Sul), pois dispõem de páginas para cada um dos municípios ou tratam dos municípios brasileiros, apresentam problemas ainda maiores, tais como a ausência de informações ou informações copiadas diretamente da Secretaria de Turismo. Desta forma, no site www.citybrasil.com.br só aparece o município de Cruz Alta; no site www.brasilchannel.com.br, somente os municípios de Cruz Alta e Tapera; enquanto no site www.siters.com.br só existe um pequeno histórico dos municípios, sendo que as informações turísticas, que poderiam constar, não são disponibilizadas. Alguns municípios mostram preocupação em informar dados municipais no endereço eletrônico oficial do governo do Estado (www.tapera.rs.gov.br, www.altoalegre.rs.gov.br, www.tiohugo.rs.gov.br, www.não-me-toque.rs.gov.br).

O endereço eletrônico mantido pela Rota das Terras (www.rotadasterras.com.br) se apresenta desatualizado no que diz respeito aos atrativos turísticos, visto que a folheteria feita pelos municípios está discordante do conteúdo apresentado. Embora isso, algumas informações estão sendo atualizadas, tais como o resultado das reuniões e notícias relacionadas à Rota das Terras.

O escritório da Rota das Terras, com o intuito de divulgar o turismo, promoveu no final do ano de 2005, um baile para a escolha da Senhorita Turismo da Rota das Terras que contou com uma boa divulgação no âmbito da região. Além disso, o escritório promoveu, com o patrocínio dos municípios e de alguns empreendedores, a divulgação da Rota em uma revista editada no município de Não-Me-Toque (Revista Atitude) e com distribuição em todo o Planalto Médio. Nesta publicação ficou evidenciada a organização de Tapera como um diferencial turístico na Rota das Terras.

A captação de recursos públicos para o desenvolvimento turístico no roteiro tem sido feita de forma isolada pelos municípios, mas se limitam às linhas de crédito estaduais (Setur/Banco do Estado do Rio Grande do Sul). É quase um consenso o desconhecimento, tanto do poder público, quanto de empreendedores, de outras linhas de crédito para o fomento do turismo como o Fungetur (Financiamento de Infra-estrutura Turística Nacional) ou o PRODETUR Sul (Programa de Desenvolvimento Turístico), ambos do Ministério do Turismo, isso sem considerar outros fomentos públicos.

Em entrevista realizadapelo autor no mês de junho de 2007 com vinte e três empreendedores da Rota das Terras (Apêndice 7 – p. 241), dezenove revelaram que não usam de recursos obtidos junto às instituições de crédito ou proveniente de verbas públicas.

Outra deficiência é a ausência de proposições de solicitações de recursos financeiros feitos em conjunto pelos municípios. O interesse conjunto pode representar um interesse maior dos órgãos provedores em vista do quantitativo populacional beneficiado nas unidades municipais.

Os empreendedores, em geral, carecem de orientação. Vinte, dos vinte e três entrevistados, revelaram que não receberam orientação especializada em turismo para a organização de seu empreendimento. Vinte e um disseram que sequer obtiveram ajuda do poder público municipal. Na mesma pesquisa, todos os empreendedores revelaram-se favoráveis à constituição de redes de cooperação embora desconhecendo como efetivá-las e disseram não possuir registro do número de turistas que visitam seus empreendimentos.

Consultados a respeito da freqüência de turistas em seus estabelecimentos desde a criação, 78,26% (18) responderam que aumentou; 17,39% (4) que permaneceu a mesma e 4,35% (1) que diminuiu.

Com relação à atuação do poder público no turismo, os empreendedores manifestaram-se da seguinte forma:

Verifica-se que a avaliação dos empreendedores da Rota das Terras difere dos empreendedores da Rota Della Cuccagna, sendo que estes últimos quantificam melhor as ações do poder público municial de Tapera, enquanto os primeiros classificam os poderes públicos de seus municípios como bons em sua maioria.

Os administradores de alguns municípios têm procurado reforçar a imagem da localidade criando “marcas” ou identidades pelas quais podem ser conhecidas ou reconhecidas. É o caso de Cruz Alta (Terra de Érico Veríssimo), Quinze de Novembro (Capital Regional do Turismo), Tapera (Cidade Cultura), Não-Me-Toque (Jardim do Alto Jacuí), Fortaleza dos Valos (Celeiro Mecanizado do Rio Grande do Sul), Espumoso (Sentinela do Progresso), Selbach (Cidade das Flores). Afora isto, a região não apresenta um elemento turístico/cultural que a identifique, a exemplo do que ocorre com alguns destinos turísticos, seja por sua gastronomia, posição geográfica, elemento natural, etnia etc. Na atualidade, uma única imagem identifica a Rota das Terras: o logotipo constante do Anexo I (p.280). Uma outra imagem identifica o turismo na região: a Rota Della Cuccagna e o município de Tapera, mas trata-se de um elemento local.

A Rota Della Cuccagna revela a preocupação e a ação do governo municipal de Tapera em fazer da colonização européia uma marca do turismo. Desta forma, elementos característicos da cultura local são evidenciados como atrativos turísticos, o que proporciona a manutenção da cultura local. Além disso, nas escolas municipais são destacados aspectos da colonização européia e a diretora de turismo tem visitado frequentemente os estabelecimentos de ensino para realizar palestras sobre o turismo no município.

Verifica-se a inexistência de um banco de dados acerca das movimentações de turistas e dos volumes monetários movimentados pela atividade na região, além de outras informações que melhor subsidiassem estudos, razão pela qual o planejamento turístico deixa de ter base científica, visto que as iniciativas são tomadas empiricamente. De forma análoga, os sites dos órgãos oficiais ligados ao turismo em nível nacional e estadual (www.turismo.gov.br www.institucional.turismo.gov.br – www.embratur.gov.br – www.setur.rs.gov.br ) não trazem dados suficientes para uma análise da atividade. Esses órgãos divulgam apenas dados sobre os atrativos turísticos, informações genéricas das áreas a serem visitadas e estudos do turismo em âmbito nacional ou estadual.

Podem ser encontrados vinte e três guias turísticos com curso no SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e que residem nos municípios da Rota. Entretanto, esses profissionais não têm seus serviços requisitados, seja por absoluto desconhecimento de sua existência por parte de investidores e poder público, seja pelo imobilismo e falta de projeção que essas pessoas dão à sua qualificação. Tapera tem sido o único município que tem solicitado os serviços desses guias quando da visitação de turistas em excursões.

Verifica-se uma deficiência quanto à existência e ao funcionamento de locais de informações turísticas. O centro de informação existente em Cruz Alta, dentro da área urbana e afastado cerca de três quilômetros da BR 158, encontra-se desativado. As informações são dadas pela Secretaria de Turismo somente em horário de expediente (08:00 às 11:30 horas e das 13:30 às 17:00 horas). Em Selbach, as informações são dadas por um empreendedor (Casa do Mel), que se esforça em prestar um bom serviço, no entanto não apresenta qualificação para fazê-lo. Em Tapera, é também um empreendedor que realiza o serviço (Casa de Vinho Rizzi) a qualquer hora e, em Quinze de Novembro, as informações são prestadas em um local de venda de artesanato (também de iniciativa privada). No geral, as informações turísticas são prestadas pelos órgãos públicos municipais, que cumprem horários somente em dias úteis.

Na tabela 11, verifica-se um levantamento realizado pelo Ministério do Turismo, para o Programa de Regionalização do Turismo (PRT) . Pode ser observada a ausência de dados fundamentais de alguns municípios da Rota das Terras o que, de certo modo, pode inibir algumas ações em favor do turismo. Por este programa, os atrativos da Rota das Terras são os seguintes:

Natural: Os alagados: Passo Real e da Barragem de Ernestina;

Cultural: Construções do início do século / Casa de Érico Veríssimo/ Imigração Italiana / Rota Della Cuccagna (rural);

Atividades Econômicas: Agricultura / Geração de energia elétrica;

Eventos: Expodireto / Romaria Nossa Senhora de Fátima / Congressos técnico-científicos / Feiras de agroindústrias.

Convém destacar que, por ocasião da formulação do Roteiro de Informações Turísticas (RINTUR), do Ministério do Turismo, no ano de 2000, alguns municípios da Rota constavam como turísticos ou com potencial turístico. Como turísticos estavam listados Cruz Alta e Salto do Jacuí. Com potencial turístico citavam-se Ernestina, Espumoso, Fortaleza dos Valos, Lagoa dos Três Cantos, Não-Me-Toque, Quinze de Novembro, Selbach e Tapera. Por outro lado, muito pouco se avançou em termos turísticos nestes municípios, visto que, apenas um, Tapera, formatou um roteiro e investiu em ações de políticas públicas favoráveis à causa turística.

Na entrevista realizada com os empreendedores da Rota das Terras verificou-se que, dos vinte e três, dezessete apontam Tapera como o mais organizado turisticamente, outros 4 indicam Cruz Alta, sendo que Quinze de Novembro e Selbach recebem uma indicação. Os demais municípios não são citados. Quando perguntados sobre o motivo do desenvolvimento turístico do município citado, assim se pronunciam :

Verifica-se que há um relativo equilíbrio nas respostas evidenciando a importância de todos os quesitos no desenvolvimento turístico. Porém, observa-se que o poder público é mais lembrado, por sua postura ativa.

Para avaliar as ações oficiais em relação ao desenvolvimento do turismo na Rota das Terras foram realizadas pelo autor, no período de julho a novembro de 2006, entrevistas com os agentes de turismo dos municípios (Prefeitos, secretários/coordenadores/diretores de turismo), cuja síntese é a seguinte (O instrumento de pesquisa aplicado acha-se no apêndice 8 – p. 243):

Questão 1: Existe na legislação municipal, tais como a Lei Orgânica, Código de Posturas, Plano Diretor ou outro, algum tópico que regule o turismo ou faça menção à atividade?

Resultado: Quatorze municípios têm em suas leis orgânicas uma referência ao turismo. Essas referências são genéricas, tais como as dos municípios de Alto Alegre e de Campos Borges, carecendo de lei complementar que regule a matéria:

Art. 136 – O município instituirá política municipal de turismo e definirá as diretrizes a observar nas ações públicas e privadas, com vista a promover e incentivar o turismo como fator de desenvolvimento social e econômico (ALTO ALEGRE, 1990, p. 43).

Art. 197-A. O município promoverá a prática de turismo, apoiando e realizando os investimentos na produção, criação e qualificação dos empreendimentos, equipamentos e instalações ou serviços turísticos através de incentivos (CAMPOS BORGES, 1990, p. 82).

Questão 2 – Como o turismo está sendo tratado nas ações governamentais do município, existe uma estruturação específica?

Resultado: Com exceção da cidade de Cruz Alta, que possui uma secretaria específica, a Secretaria Municipal de Turismo e Eventos, os demais municípios agregam o turismo a outros setores tais como: educação, cultura, meio ambiente, indústria, comércio, agricultura, pecuária. As ações governamentais estão voltadas para a conscientização da população a respeito da importância econômica do turismo e a criação de infra-estrutura turística. A conscientização se dá através da promoção de eventos, da divulgação das atividades turísticas dos municípios e da manifestação dos agentes de turismo em eventos e na mídia. O município de Tapera demonstra, além de uma estruturação específica para o turismo (Departamento de Turismo), preocupação e ações em favor do desenvolvimento turístico.

Questão 3 – Existem recursos específicos para a divulgação dos produtos turísticos, para o financiamento dos investidores ou para a criação de infra-estrutura turística?

Resultado: Os recursos, em geral, provêm do Plano Plurianual (PPA) e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) dos municípios. Os valores são modestos e contemplam, em maior grandeza, outras áreas, consideradas prioritárias para os governos municipais, tais como saúde e educação. Os recursos destinados para o turismo são investidos em material de divulgação turística (folderes, calendário de eventos e painéis) e são insuficientes para a aplicação em obras e serviços de maior vulto. Exemplo: Cruz Alta investe em turismo R$ 640.000,00 ou 1,26 do orçamento, em Alto Alegre o turismo é contemplado com R$ 2.000,00 (0,04 % do orçamento), em Boa Vista do Cadeado R$ 7.610,00 (0,19%), Ernestina R$ 19.600,00 (0,24%) e Quinze de Novembro R$ 32.700,00 (0,46%). Embora Tapera reserve uma verba considerável para o turismo, se tomada em termos proporcionais, o turismo representa 1,47 % do orçamento.

Questão 4 – Os profissionais responsáveis pela atividade turística, no setor público, são habilitados?

Resultado: A maior parte dos municípios não conta com profissionais habilitados em turismo. Existe uma preocupação em justificar a não-qualificação com o fato de se tratar de um cargo político de confiança ou de o responsável possuir experiência na área turística. Apenas Espumoso e Selbach possuem acadêmicos de turismo atuando no setor e Tapera possui um profissional com curso técnico de guia turístico e vários cursos na área, além deste profissional ocupar seu cargo há oito anos, o que o diferencia dos demais.

Questão 5 – Há a preocupação de inventariar os atrativos turísticos e divulgá-los?

Resultado: Alguns municípios, sobretudo aqueles em que não existem funcionários exclusivos para o turismo, dependem do escritório da Rota das Terras ou da Embratur para realizar o inventário turístico. O inventário turístico existente nos municípios não segue a metodologia proposta pela Embratur, pois este levantamento demanda tempo e conhecimento técnico. Em geral, os municípios se preocupam em levantar os seus recursos turísticos e a divulgação se dá com base nesse trabalho. A divulgação também se dá por intermédio do escritório da Rota das Terras. Os inventários mais detalhados estão nos municípios de Cruz Alta, Quinze de Novembro, Tapera e Selbach.

Questão 6 - Existe algum atrativo turístico no município que pode ser caracterizado como turismo no espaço rural?

Resultado: Todos os municípios citaram os atrativos que constam do Apêndice 1 (p.208) e que têm relação com o espaço rural. Houve caso em que foram mencionados atrativos que ainda não foram explorados, como Boa Vista do Incra e seus casarões do início do século XX, Espumoso e o Parque Flor da Mata, Alto Alegre e as propriedades produtoras de uva e vinho. Há percepção do significado de turismo no espaço rural, ou seja, independente do segmento ou modalidade turística realizada, toda a atividade que ocorre no ambiente rural foi mencionada. A Rota Della Cuccagna, em Tapera, é o único roteiro organizado de turismo no espaço rural, embora o município possua outros atrativos.

Questão 7 – Existem planos/projetos específicos para o turismo no espaço rural no âmbito do município? Como eles estão sendo desenvolvidos?

Resultado: Quinze de Novembro vale-se do acompanhamento de profissionais do SENAR (Serviço Nacional de Aprendizado Rural) para a identificação e a implantação de negócios turísticos no espaço rural. Em Alto Alegre, a prefeitura, em parceria com a Empresa Brasileira de Extensão Rural (EMATER), realiza um projeto de ajardinamento de propriedades rurais. Tapera pretende estender o projeto paisagístico urbano para o espaço rural e implementar um projeto de turismo no espaço rural (Anexo D – p. 265). Entretanto, a grande parte dos municípios não prevê ou executa projetos para o turismo no espaço rural.

Questão 8 – Quais são as medidas adotadas para desenvolver turisticamente o município?

Resultado: As medidas enunciadas pelos municípios vão desde o incentivo à promoção de eventos, criação de novos produtos turísticos, qualificação dos produtos existentes, reestruturação do COMTUR (Conselho Municipal de Turismo) em Cruz Alta, criação do Conselho Municipal de Cultura e Turismo (Espumoso), instituição de uma política municipal de turismo (Boa Vista do Incra), promoção e incentivo à atividade como fator de desenvolvimento social e econômico, participação em eventos turísticos e participação mais efetiva no consórcio Rota das Terras. Em Tapera várias medidas, tais como a participação efetiva em eventos, reuniões, congressos, feiras, além de incentivo à organização dos empreendedores, divulgação turística, palestras em escolas e conscientização da população, investimento em obras de infra-estrutura e sinalização turística, visam desenvolver a atividade no município.

Questão 9 – O poder público tem conhecimento de linhas de crédito que podem servir para financiar o turismo no município? Quais?

Resultado: Foi citado apenas o PRONAF (Quinze de Novembro e Tapera) e, genericamente, linhas de crédito que os governos federal e estadual disponibilizam. Tapera tem encaminhado os empreendedores às instituições de crédito. Existe o desconhecimento geral de órgãos/instituições e respectivos instrumentos de fomento à atividade turística.

Questão 10. Como o município está participando do Consórcio Rota das Terras?

Resultado: Todos os municípios dizem estar participando ativamente do consórcio, seja comparecendo às reuniões, envolvendo-se nos eventos promovidos pelo escritório, prestando informações para a divulgação turística, colaborando nas comissões de trabalho, contribuindo mensalmente com o valor estipulado pelo consórcio. De fato, apenas alguns são mais participativos, destacando-se, no conjunto, Tapera.

Questão 11 – Outros aspectos julgados importantes:

Resultado: Destacou-se a preocupação do poder público com a conscientização da população municipal e dos investidores em relação ao desenvolvimento do turismo; a receptividade do turista; a necessidade de políticas específicas para o turismo; a necessidade do estabelecimento de parcerias com entidades públicas, privadas e com a Universidade de Cruz Alta; a criação de projetos para o desenvolvimento de infra-estrutura turística e de apoio para a atividade; a importância de se buscar recursos financeiros; a necessidade de qualificar a mão-de-obra envolvida com o turismo seja em âmbito público ou privado, e a adoção de ações turísticas conjuntas entre os municípios da Rota das Terras.

Na página seguinte avalia-se a existência de políticas públicas na Rota das Terras tendo por base a entrevista realizada com os agentes de turismo dos municípios e as observações do pesquisador (Tabela 13). Na avaliação leva-se em consideração que estas ações evidenciam a existência de metas. Estas metas conduzem os organismos ligados ao turismo a atingirem os seus objetivos por meio de estratégias claras e definidas, resultando em atuações intencionais do poder público. A avaliação registra a ocorrência, ou não, da ação mencionada, quantificando-a, no final. Os municípios são idenficados da seguinte forma:

Enfrentaram-se muitas dificuldades para obter os resultados dessas entrevistas, uma vez que os profissionais ligados ao turismo alegavam falta de tempo e outros compromissos que, em seus julgamentos, eram mais importantes. Além disso, muitos delegaram a tarefa de responder aos questionamentos para outros funcionários. A exemplo da dificuldade enfrentada pelo escritório da Rota das Terras, que é de obter dados e informações turísticas dos municípios, muitas entrevistas marcadas tiveram de ser enfaticamente lembradas, pois não aconteciam nas datas agendadas. Observou-se que o descaso com a pesquisa decorreu, em parte, da atribulação que os responsáveis municipais pelo turismo têm com outros setores e com o provável descrédito nos estudos acadêmicos, uma vez que a Universidade de Cruz Alta e o curso de Turismo não têm dado respostas satisfatórias para os municípios no sentido de criar, apoiar e executar ações turísticas na Rota das Terras.

Pelos dados e informações expostas e pela empiria do pesquisador em contato com a área, pode-se constatar que há muita intenção no consórcio Rota das Terras e pouco de ação efetiva para sua consolidação e funcionamento. No entanto, os dados apresentados evidenciaram um desenvolvimento turístico diferenciado em Tapera em razão de medidas e ações que, pela analogia conceitual, pode-se chamar de políticas públicas não-formais. No título a seguir são elencados os fatos que servem como evidências para a existência de políticas públicas de turismo no município de Tapera, que resulta em seu desenvolvimento turístico.


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