Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales
ISSN: 1988-7833


PRODUÇÃO CIENTÍFICA DOS PARTICIPANTES DO XVI SIMPÓSIO INTERNACIONAL PROCESSOS CIVILIZADORES

Autores e infomación del artículo

José Roberto Herrera Cantorani *

Bruno Pedroso **

Mylena Aparecida Rodrigues Alves ***

Universidade Federal Tecnológica do Paraná – Ponta Grossa – Brasil

cantorani@yahoo.com.br

RESUMO: O Simpósio Internacinal Processos Civilizadores alcançou, no ano de 2016, a sua décima sexta edição. Iniciado em 1996, vem ao longo desses 20 anos se constituindo em um respeitado campo de debates e estudos a respeito da teoria dos processos de civilização, presentes na obra de Nobert Elias, assim como suas conexões com a História, a Educação Física, a Educação, a Cultura e o Esporte. Nesse processo estiveram envolvidos muitos pesquisadores. Alguns mantêm-se vinculados a esse campo de estudo desde a primeira edição do SIPC, alguns direcionaram-se para outros temas, e outros vincularam-se à temática nas edições subsequentes. Frente a tal contexto, o estabelecimento de grupos de pesquisa sobre o tema, e também de pesquisadores amplamente dedicados a este, exercem papel significativo. Neste cenário, os líderes destes grupos de pesquisa, assim como os pesquisadores amplamente dedicados ao tema constituem um grupo de referência para dimensionar o que existe em termos de pesquisa científica a respeito da temática. Frente a tal interpretação, o presente estudo analisa as produções dos pesquisadores e líderes de grupos de pesquisa presentes no Anais da última edição do SIPC. Para a contabilização das publicações foi utilizado o software scriptLattes v8.10. Foram encontrados 91 pesquisadores, para os quais é verificado um número relevante de publicações e de orientações. Os dados encontrados inferem eficiência da produção técnico-científica relacionados ao SIPC no que se refere ao desenvolvimento da produção do conhecimento no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Produção científica, Grupos de Pesquisa, Simpósio Internacional.

ABSTRACT: The International Conference on Civilizing Process reached, in 2016, its sixteenth edition. It began in 1996 and along 20 years has been a respected field of debates and studies on the theory of civilizing process in Nobert Elias's theory, as well as its connections with History, Physical Education, Education, Culture and Sport. Many researchers were involved in this process. Some have been linked to this field of study since the first edition of the SIPC, some have focused on other topics, and others have been linked in subsequent editions. From this scenario, the establishment of research groups on the theme, and also of researchers widely dedicated to this, play a significant role. In this case, the leaders of these research groups, as well as the widely dedicated researchers, constitute a reference group to dimension the existing studies on the subject. Faced this interpretation, the present study analyzes the productions of the researchers with publications in the Proceedings of the last edition of the SIPC. The scriptLattes v8.10 software was used for counting the productions. We investigated 91 researchers, for whom a relevant number of publications and supervision were found. The data obtained infer the efficiency of the scientific-technical production related to the SIPC with regard to the development of production of knowledge in Brazil.
KEYWORDS: Scientific production; Group discussion; International Conference.

RESUMEN: El Simposio Internacional Procesos Civilizadores alcanzó, en el año 2016, su 16ª edición. Iniciado en 1996, viene a lo largo de estos 20 años constituyéndose en un respetado campo de debates y estudios acerca de la teoría de los procesos de civilización, presentes en la obra de Nobert Elias, así como sus conexiones con la Historia, la Educación Física, la Educación La Cultura y el Deporte. En ese proceso estuvieron involucrados muchos investigadores. Algunos se han mantenido vinculados a ese campo de estudio desde la 1ª edición del Simposio, algunos se dirigieron a otros temas, y otros se vincularon a la temática en las ediciones que vinieron. Frente a tal contexto, el establecimiento de grupos de investigación sobre el tema, y ​​también de investigadores ampliamente dedicados a éste, ejercen un papel significativo. En este escenario, los líderes de estos grupos de investigación, así como los investigadores ampliamente dedicados al tema, constituyen un grupo de referencia para dimensionar lo que existe en términos de investigación científica acerca de la temática. En base a lo expuesto, el presente estudio analiza las producciones de los investigadores y líderes de grupos de investigación presentes en el Anais de la última edición del referido simposio. Para la contabilización de las publicaciones se utilizó el software scriptLattes v8.10. Se encontraron 91 investigadores, para los cuales se verifica un número relevante de publicaciones y de orientaciones. Los datos encontrados muestran la eficiencia de los grupos de investigación relacionados con el Simposio en lo que se refiere al desarrollo de la producción de lo conecimento en lo Brasil.
PALABRAS CLAVE: Conocimiento científico; Grupo de investigación; Conferencia Internacional


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

José Roberto Herrera Cantorani, Bruno Pedroso y Mylena Aparecida Rodrigues Alves (2018): “Produção científica dos participantes do XVI simpósio internacional processos civilizadores”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (enero-marzo 2018). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2018/01/processos-civilizadores.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss1801processos-civilizadores


1. INTRODUÇÃO

            Neste artigo são apresentados os resultados de uma pesquisa que objetivou analisar a produção científico sobre a teoria de Norbert Elias no Brasil. As unidades de análise do estudo constituíram-se dos artigos publicados no Simpósio Internacional Processo Civilizador (SIPC), pois este Simpósio é fonte importante para o mapeamento do desenvolvimento da ciência brasileira entorno da teoria eliasiana. Como fonte de pesquisa, inobstante, foi eleito o anais da 16ª edição do SIPC.
Em relação à escolha da temática é salientado a contribuição dos estudos de Norbert Elias para a sociologia (Mennell, 1983; Hunger; Rossi; Souza Neto, 2011; Sarat; Célio Sobrinho, 2017). É também fator significativo para esta pesquisa o fato da teoria eliasiana ser muito utilizada no meio acadêmico brasileiro nos últimos 20 anos (Hunger; Rossi; Souza Neto, 2011; Sarat; Célio Sobrinho, 2017). No entanto, há uma lacuna sobre o tema no que diz respeito ao mapeamento da contribuição da teoria eliasiana para os estudos sociológicos no Brasil, tanto nos estudos de pós-graduação como nas comunicações apresentadas em eventos científicos. A presente pesquisa objetiva cobrir parte desta lacuna, lançando investigação sobre a produção no SIPC, que constituiu-se uma ampla comunidade de pesquisa pautada na referida teoria. Essa comunidade mantém em sua rede muitos pesquisadores que iniciaram esse trabalho, e, também se renova a cada edição. Este cenário justifica o entendimento de que a produção científica em meio a esta rede é fecunda quantitativamente, pelo número das publicações, e, qualitativamente, pela possível promoção da educação científica, da cultura científica e difusão científica, que neste caso está centrada na teoria eliasiana.
A participação em comunidades de pesquisa potencializa a interação nas atividades científicas e práticas de aprendizagem, assim como com outros sujeitos e com a linguagem e ferramentas científicas (National Research Council, 2009).
Conforme argumenta Feres (2010: 142), o compartilhamento de conhecimento entre pesquisadores

[...] permite somar os esforços individuais dos membros das comunidades científicas. Eles trocam continuamente informações com seus pares, emitindo-as para seus sucessores e/ou adquirindo-as de seus predecessores. Favorece ao produto (produção científica) e aos produtores (pesquisadores) a necessária visibilidade e possível credibilidade no meio social em que produto e produtores se inserem.

       Este contexto evidencia a importância dos grupos de pesquisa para a visibilidade da constituição do campo científico e dos seus impactos na produção do conhecimento. Em particular, a presente pesquisa está centrada na produção do conhecimento entorno da teoria eliasiana.
A proposta do presente estudo é identificar este cenário em termos quantitativo e qualitativo. Para isso, levantou as publicações dos pesquisadores participantes da última edição do SIPC, e, verificou tanto o número de publicações, quanto as suas redes de colaboração.
Com base nesta visão, acredita-se que o estudo realizado poderá contribuir para o mapeamento e obtenção de indicadores da produção científica acadêmica substanciada na obra de Norbert Elias.

2. A TEORIA DO SOCIÓLOGO ALEMÃO NORBERT ELIAS

O sociólogo alemão Norbert Elias foi responsável pelo desenvolvimento de uma teoria social que ampliou o campo dos estudos sociológicos direcionados à explicação de processos sociais, os quais debruçam-se sobre a interação humana no âmbito da sociedade (Mennell, 1983).
A teoria sociológica formulada por Elias está centrada na análise dos processos sociais, destacando as atividades dos indivíduos; suas disposições básicas; suas necessidades; e a interdependência entre esses. A partir de tal teoria, os indivíduos estabelecem teias de interdependência que justificam configurações de muitos tipos: família, grupo, cidade, estado, nações; e o conceito de configuração é aplicado a todo processo social em que se estabeleça conexões e teias de interdependência humana (Elias, 1980; Mennell, 1983; Elias, 1993a; 1993b).
Por sua vez, as teias de interdependência são originadas a partir de necessidades recíprocas, socialmente constituídas, tais como as ligações afetivas, divisão do trabalho e a competição, entre outras. Não obstante,  é com a teoria do processo civilizador que Elias explica esses eventos e também a sua estruturação junto à mudança social. Neste ideário, a mudança social ocorre pelo fato de que as cadeias de interdependência modificam-se, dando origem ao processo civilizador, compreendido como resultado das mudanças nas cadeias de interdependência entre os indivíduos, originadas nas próprias teias de interdependência social (Elias, 1980; Mennell, 1983; Elias, 1993a; 1993b).
O processo civilizador é a sua obra mais conhecida, publicada pela primeira vez em 1939. Seu reconhecimento, no entanto, ocorre apenas em meados dos anos 1970. Mas, após esse reconhecimento, a teoria eliasiana é amplamente utilizada em pesquisas direcionadas a temas diversos do contexto social. Como relata Mennell (1983), com o devido resgate ao destaque dado por Goudsblom (1977) ao se referir aos princípios desse processo, essa teoria – e aqui é possível acrescentsar, também a base de sua aceitação e difusão, está centrada em quatro princípios enganosamente simples:

1. que a sociologia é sobre pessoas no plural - seres humanos que são interdependentes uns com os outros de várias maneiras, e cujas vidas evoluem e são significativamente moldadas pelas figurações sociais que eles formam juntos. 
2. que essas figurações estão continuamente em fluxo, sofrendo mudanças de muitos tipos - alguns rápidos e efêmeros, outros mais lentos, mas talvez mais duradouros.
3. que os desenvolvimentos a longo prazo que ocorrem nas figurações humanas foram e continuam a ser amplamente imprevistos e imprevisíveis.
4. que o desenvolvimento do conhecimento humano ocorre dentro das figurações humanas e é um aspecto importante do seu desenvolvimento geral (p. 1).

            Outro aspecto que justifica o entendimento da expansão das abordagens sociológicas pautadas na teoria eliasiana é o fato de que os estudos das configurações são, em sua maioria, ao mesmo tempo teórico-empírico. E, conforme infere Mennell (1983), embora esses estudos se encontrem estruturados em fudamentações teóricas e metodológicas, essa teoria e também o método são desenvolvidos atrelados com a investigação de problemas substantivos da sociedade humana.
Conforme retratado por Mennell (1983: 1), as principais áreas substantivas da pesquisa configuracional envolvem:

Processos de civilização e descivilização:
·      Formação de Consciência e Estrutura de Personalidade
·      Mudança de padrões de conduta, sentimento e moral
·      Ofensivasas Civilizadoras
·      Homens e mulheres
·      Crianças e pais, jovens e educação
·      Processos de civilização e descivilização em contextos não europeus
 Formação do Estado e Processos Relacionados:
 ·      Formação do Estado e Relações Internacionais
·      Monopolização da Violência e Controle do Crime
·      Sociogênese e Desenvolvimento do Estado de Bem-Estar
·      Transformações de sociedades rurais
·      Regimes religiosos e história de mentalidades
 Estabelecidos e Excluído: Dinâmica da Estratificação
Conhecimento e Ciências
Linguagem, Literatura e Artes
Medicina, Saúde Mental e Profissões Terapêuticas
Organizações, elaboração de políticas, planejamento e negócios
Esportes

       No Brasil, os estudos amparados na teoria eliasiana não furtam-se ao exposto acima. Os temas de pesquisa alcançam a ampliatude temática relatada por Mennell (1983) e também grande amplitude numéria, fato que pode ser comprovado nas 16 edições do Simpósio Internacional Processo Civilizador (SIPC) .
O SIPC constituiu-se uma ampla comunidade de pesquisa. Essa comunidade mantém em sua rede muitos pesquisadores que iniciaram esse trabalho, mas também se renova a cada edição. Este cenário justifica o entendimento de que a produção científica em meio a esta rede é fecunda quantitativamente, pelo número das publicações; e qualitativamente, pela possível promoção da educação científica, da cultura científica e difusão científica, que neste caso está centrada na teoria eliasiana.
A participação em comunidades de pesquisa potencializa a interação nas atividades científicas e práticas de aprendizagem, assim como com outros sujeitos e com a linguagem e ferramentas científicas (National Research Council, 2009).
Conforme argumenta Feres (2010: 142), o compartilhamento de conhecimento entre pesquisadores

[...] permite somar os esforços individuais dos membros das comunidades científicas. Eles trocam continuamente informações com seus pares, emitindo-as para seus sucessores e/ou adquirindo-as de seus predecessores. Favorece ao produto (produção científica) e aos produtores (pesquisadores) a necessária visibilidade e possível credibilidade no meio social em que produto e produtores se inserem.

       Este contexto evidencia a importância dos grupos de pesquisa para a visibilidade da constituição do campo científico e dos seus impactos na produção do conhecimento. Em particular, a presente pesquisa está centrada na produção do conhecimento entorno da teoria eliasiana.
A proposta do presente estudo é identificar este cenário em termos quantitativo e qualitativo. Para isso, levantou as publicações dos pesquisadores participantes da última edição do SIPC, e, verificou tanto o número de publicações, quanto as suas redes de colaboração.

3. SIMPÓSIO INTERNACIONAL PROCESSO CIVILIZADOR

            O primeiro SIPC, cujo tema foi “Esporte no Processo Civilizador e Violência no Futebol”, foi realizado na Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (FEF/UNICAMP), no ano de 1996. O simpósio contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e Fundo de Amparo ao Ensino, Pesquisa e Extensão da Unicamp (FAEPX) (Simpósio Internacional Processos Civilizadores, 1996; Gebara; Honorato, 2008).
Com a realização deste simpósio, inicia-se também o Grupo de Pesquisa Processos Civilizadores, constituído por pesquisadores interessados na teoria dos processos civilizadores, obra de Norbert Elias, e em suas relações com a História, a Educação Física, a Educação, a Cultura e o Esporte. Esse grupo segue com os estudos sobre a referida temática e com a continuidade deste simpósio, pois sua primeira edição possibilitou a aproximação com um dos principais centros internacionais dedicado à teoria eliasiana, a Universidade de Leicester na Inglaterra, onde Norbert Elias trabalhou por muitos anos. Nesta edição esteve presente Eric Dunning, um de seus mais proeminentes orientados, o que viabilizou a aproximação com os primeiros orientados e colaboradores de Norbert Elias (Gebara; Honorato, 2008).
As cinco edições seguintes do SIPC ocorreram anualmente, sem interrupção. Em 1997, na FEF/UNICAMP, Campinas, com o tema “Cultura, Esporte e Lazer”; em 1998 com organização do Núcleo de História da Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista de Piracicaba (PPGE/UNIMEP), Piracicaba, com a temática “Educação, História e Lazer”; em 1999 na FEF/UNICAMP, com apresença do professor Stephen Mennell da Universidade de Dublin, Irlanda, temática não localizada; em 2000, na cidade de Curitiba, promovida pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com a temática “A obra de Norbert Elias”, e presença de um dos mais respeitados intérpretes do pensamento eliasiano, o professor Johan Goudsblom; e o sexto SIPC com o tema “História, Educação e Cultura”, organizado em 2001 pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus Assis. Esta edição contou com a presença conjunta de Johan Goudsblom, Eric Dunning e Stephen Mennell. Este evento marca o fortalecimento do Grupo de Pesquisa Processos Civilizadores, e iniciam-se as primeiras discussões sobre sua institucionalização (Simpósio Internacional Processos Civilizadores, 1997; 1998; 1999; 2000; 2001; Gebara; Honorato, 2008).
Em 2003, o sétimo SIPC foi realizado pelo PPGE/UNIMEP, com a presença de Goudsblom e com o tema “História, Civilização e Educação”. Nesta edição registra-se a participação de inúmeros Grupos de Pesquisa, reforçando e ampliando os laços dos pesquisadores e estudantes envolvidos. Em 2004 o oitavo SIPC aconteceu na Universidade Federal da Paraíba, com o tema “História e Educação”. Em 2005, a nona edição do SIPC ocorreu na cidade de Ponta Grossa, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), com a presença do professor Cas Wouters e com o tema “Tecnificação e Civilização”. Neste encontro deu-se o inicio da criação da Home Page dos eventos. O décimo SIPC foi realizado em 2007 na UNICAMP, com o tema “Sociabilidades e Emoções” (Simpósio Internacional Processos Civilizadores, 2003; 2004; 2005; 2007; Gebara; Honorato, 2008).
A décima primeira edição do SIPC foi realizada na Universidad de Buenos Aires, Argentina, em 2008, com o tema “Civilización, Cultura e Instituciones”. Também neste ano amadurecia a institucionalização do Grupo de Pesquisa Processos Civilizadores (Gebara; Honorato, 2008; Simpósio Internacional Processos Civilizadores, 2008).
Após a realização do SIPC em Bueno Aires o Grupo foi definitivamente institucionalizado ao cadastrar-se no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil (DGP), o qual constitui-se um inventário dos grupos de pesquisa científica e tecnológica em atividade no País. É pertinente acrescentar que este Diretório é gerido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comuinicações (MCTIC), que tem como uma de suas principais atribuições, fomentar a pesquisa científica e tecnológica e impulsionar a formação de pesquisadores brasileiros. As informações contidas no DGP dizem respeito aos recursos humanos constituintes dos grupos – pesquisadores, estudantes e técnicos –, e também às especialidades do conhecimento, aos setores de aplicação envolvidos, às linhas de pesquisa em andamento e à produção científica e tecnológica. Dessa forma, a partir do DGP é possível verificar os limites e o perfil geral da atividade científico-tecnológica no Brasil (CNPQ, 2017).
Os grupos de pesquisa são referências para o desenvolvimento, investigação e produtividade científica (Bianchetti; Meksenas, 2008). A importância de grupos de pesquisa é ainda fortalecida frente à atual condição social, a qual justifica inferir a este momento o título de sociedade da informação e do conhecimento (Castells, 2000; Werthein, 2000). Em uma sociedade da informação, uma rede de colaboração entre pesquisadores amplia a possibilidade de desenvolvimento científico e tecnológico. E o que se verifica nessas edições do SIPC é exatamente a organização e fortalecimento de uma rede de colaboração entre pesquisadores entorno da referida temática.
Após a institucionalização do Grupo de Pesquisa ocorrertam mais cinco edições do SIPC. Em Recife, Pernambuco, pelos Programas de Pós Graduação de Educação e Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Fundação Joaquim Nabuco, no ano de 2009, com o tema “Civilização e Contemporaneidade”; Em Bogotá – Colômbia, pela Univercidad Nacional de Colombia, no ano de 2010, sem uma temática específica; Em Dourados, Mato Grosso do Sul, pela Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD), no ano de 2012, com o tema “Civilidade, Fronteira e Diversidade”; Na Cidade do México, México, pela Universidad Nacional Autónoma de Mexico, em 2014, com o tema “O Legado de Elias para as Nômades: o saber”; e em Vitória, Espírito Santo, pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em 2016, com o tema “Diálogos Interdisciplinares: política, contextos e processos sociais” (Simpósio Internacional Processos Civilizadores, 2009; 2010; 2012; 2014; 2016).
Ao longo desses 20 anos de história do SIPC, que datam de 1996 à 2016, foram realizados 16 SIPC. Em 14 edições houveram subtemas que variaram em torno do tema central “Processos Civilizadores”, fato que possibilitou a participação de outros pesquisadores, ampliando a rede de colaboradores.

4. metodologia

       A lista de pesquisadores que tiveram publicação na edição de 2016 do SIPC foi obtida por meio da consulta ao Anais do referido evento. De posse da referida lista, buscou-se na Plataforma Lattes os currículos dos pesquisadores. Posteriormente, foi contabilizada a produção bibliográfica, técnica e artística dos mesmos no período compreendido entre 2013 e 2016 (último quadriênio de avaliação da pós-graduação no Brasil, concluído), por meio do software scriptLattes v8.10  (Mena-Chalco; Júnior, 2009).
Para os artigos publicados em periódicos foi identificada a classificação dos mesmos no Webqualis 2013-2016 (em vigência), que é um parâmetro de mensuração da qualidade dos periódicos utilizado na pós-graduação stricto sensu no Brasil. Essa parametrização constitui-se de oito possíveis classificações, denominadas estratos. De acordo com essa classificação, o extrato mais elevado é o A1 e o de menor valor é o C.
Para o referido levantamento foi verificado o maior Qualis, de cada um dos periódicos, entre todas as 49 áreas de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – órgão responsável pela avaliação da pós-graduação stricto sensu no Brasil.
Adicionalmente, para as publicações em periódicos, foi identificado o número de artigos publicados em cada periódico e criado um ranqueamento pelo número de publicações. Também foi gerado o mapa de geolocalização dos participantes a partir do endereço profissional cadastrado em seus respectivos currículos Lattes, e o grafo de colaborações entre os pesquisadores que integraram a amostra da presente pesquisa, considerando toda a sua produção bibliográfica, técnica e artística.

5. resultadoS E DISCUSSÃO

       Com a realização da presente pesquisa foram encontrados – considerando as publicações dos trabalhos discutidos nas mesas e conferências, sessões de comunicação oral e sessões de workshop – 105 pesquisadores distintos com publicações apresentadas no SIPC 2016. Desses, nove pesquisadores eram estrangeiros e não possuíam currículo Lattes, e, ainda, cinco pesquisadores brasileiros não tiveram seus currículos Lattes localizados, de forma que a pesquisa foi realizada a partir dos demais 91 pesquisadores cujos currículos Lattes foram localizados.
O número de publicações em periódicos, desses 91 pesquisadores, no período de 2013 a 2016, foi de 275. Essas publicações, distribuídas segundo o estrato de maior classificação no Webqualis 2013-2016, são apresentadas na tabela 1:

Esta tabela permite identificar que há uma prevalência bastante significativa de publicações em revistas de estratos mais elevados do Webqualis. O número de publicações em periódicos extratificados entre B2 e A1 é amplamente maior em relação às publicações em periódicos extratificados entre B3 e C. Tal cenário permite a interpretação de as pesquisas realizadas por este grupo de pesquisadores tem primado pela qualidade dos estudos realizados e das publicações dos resultados encontrados.
Com relação à distribuição das publicações nos periódicos em que estas ocorreram, verificou-se que as 275 publicações estão distribuídas em um universo de 163 periódicos distintos. Adicionalmente, a tabela 2 apresenta o número de periódicos e o número de publicações conferidas em cada um destes:

Essas 275 publicações em um universo de 163 periódicos, pode-se dizer, é reflexo da amplitude de temas estudados à luz da teoria eliasiana, assim como, das diferentes formações e ciências que se valem dessa teoria, fato este que resulta no aparecemento desses estudos em vários periódicos, e de diferentes áreas. Cenário que também pode ser acompanhado na tabela 3.
Os 40 periódicos com o maior número de publicações (todos os que apresentaram mais do que uma publicação), em ordem descrescente, podem ser verificados na tabela 3. Complementarmente, a tabela também apresenta a estratificação desses periódicos segundo o Webqualis 2013-2016.

      
Esses números acrescentam clareza ao quantitativo – mas também permitem dizer o mesmo em relação ao qualitativo – das pesquisas amparadas pela teoria eliasiana. No período 2013-2016 foram publicados 17 livros, 29 coletâneas e 181 capítulos de livros. Neste mesmo período foram publicados 553 trabalhos em anais de aventos científicos. A produção técnica e artística para o período foi de 403.
Quanto às orientações concluídas – em nível de pós-doutorado, doutorado, mestrado, trabalhos de conclusão de curso de graduação e também inciação científica –, o número também é expressivo, e podem ser verificados na tabela 7. Esses números retratam a expansão dos estudos a se utilizarem das teorias eliasianas e a constituição de uma rede ainda mais ampla entorno das referidas teorias.

Não obstante, essa rede de pesquisadores pode ser acompanhada/visualizada no mapa de geolocalização desses pesquisadores apresentado na figura 1. Esse mapa permite verificar que o aumento da rede de pesquisadores relacionados com as teorias eliasianas rompeu com as fronteiras inicialmente pontuadas entorno de São Paulo, local onde inicialmente aconteceram os SIPC e onde estavam localizados os pesquisadores que deram origem a este Simmpósio. O SIPC sai pela primeira vez de São Paulo em 2000, na sua 5ª edição (Simpósio Internacional Processos Civilizadores, 1996; 1997; 1998; 1999; 2000).

            A rede de pesquisadores constituída em torno das temáticas substanciadas pela teoria eliasiana configuram – para usar um termo eliasiano – uma rede de colaborações entre os pesquisadores, considerada/organizada a partir de toda a produção bibliográfica, técnica e artística levantada nesta pesquisa. Essa rede de colaborações entre os pesquisadores pode ser verificada na figura 2:


6. conclusões

       O levantamento direcionado aos pesquisadores das teorias dos processos civilizadores mostram bons números absolutos. Os 91 pesquisadores, no período de 2013 a 2016, publicaram um total de 275 artigos em 163 periódicos. Em termos qualitativos, verificou-se que há um número significativo de publicações nas revistas dos estratos superiores do Qualis. Medida semelhante é observada nos 15 periódicos com maior número de publicações.
Ainda que tenha havido publicações em um número diversificado de periódicos (163), em apenas um quarto destes (40 periódicos) houve mais do que uma publicação, demonstrando não haver grande concentração de publicações em um seleto grupo de periódicos.
No mesmo período, computando livros, coletâneas e capítulos de livros, houveram 227 publicações. As produções direcionadas à eventos científicos totalizaram 553 publicações. A produção técnica alcançou um total de 386 produtos, um número incomum entre pesquisadores da área das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Ainda que havendo variação, verifica-se uma distribuição não muito díspar entre os tipos de produção (técnica e em periódicos, congressos e livros/capítulos). No entanto, a produção artística é praticamente nula, algo esperado em áreas do conhecimento não diretamente relacionadas à Arte.
Esses dados denotam o exercício da difusão da ciência, a qual é compreendida como um passo em direção ao estabelecimento de uma cultura científica. Um aspecto relevante desta observação é a rede de grupos de pesquisa criada entorno do conjunto de edições do SIPC, evidenciada no exercício da colaboração científica e na participação de orientandos de pesquisadores envolvidos com a temática.
A este respeito, verificou-se que entre pós-doutorandos, doutorandos, mestrandos e alunos de graduação e de iniciação científica, os referidos pesquisadores totalizaram, no período, 363 orientações. Outro dado relevante deste processo é o fato de que os grupos não estão centralizados em uma única região do país, ainda que existam lacunas. Não diferente de outras áreas do conhecimento, há concentração na região Sudeste do Brasil.
Esses dados denotam aspectos que permitem inferir que se tem havido a promoção do desenvolvimento da cultura científica em meio ao SIPC e aos grupos de pesquisa que estão envolvidos em sua realização.

referências

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Werthein, J. (2000): "A sociedade da informação e seus desafios".  Em Ciência da Informação, V. 29, N. 2, maio/agosto 200, p. 71-77.

*Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – IFSP, Câmpus Registro e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal Tecnológica do Paraná – UTFPR. Ponta Grossa, Paraná, Brasil.
** Professor adjunto no departamento de Educação Física e docente permanente dos Programas de Pós-Graduação em Ciências da Saúde e Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Ponta Grossa, Paraná, Brasil. Mestranda em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG.

Recibido: 12/12/2017 Aceptado: 26/01/2018 Publicado: Enero de 2018

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