Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales
ISSN: 1988-7833


O MÉTODO QUALITATIVO E A ABORDAGEM FENOMENOLÓGICA: CARACTERÍSTICAS E AFINIDADES

Autores e infomación del artículo

Clara Miranda Santos *

Carlo Filipe Evangelista Raimundo **

Instituto Federal de Rondônia

claramiranda@gmail.com

Resumo
Foi preciso muitos séculos para que os grandes pensadores científicos começassem a reconhecer que as ciências humanas e as ciências naturais fossem consideradas como ciências complementares. As ciências que retratam a subjetividade humana desenvolveram consigo uma variedade de abordagens de pesquisa para atender a diversidade dos aspectos qualitativos diante dos fenômenos que ocorrem na vida cotidiana. Partindo da concepção da pesquisa qualitativa como um meio de compreensão dos processos históricos, sociais e, especialmente, subjetivos, este artigo tem por finalidade descrever o método qualitativo e a abordagem fenomenológica compreendendo suas características e afinidades existentes.
Palavras-chave: método, pesquisa qualitativa, fenomenologia, subjetividade, ciência.

Resumen

Fue necesario muchos siglos para que los grandes pensadores científicos comenzar a reconocer que las ciencias humanas y las ciencias naturales eran consideradas como ciencias complementarias. Las ciencias que retratan la subjetividad humana desarrollaron consigo una variedad de enfoques de investigación para atender la diversidad de los aspectos cualitativos ante los fenómenos que ocurren en la vida cotidiana. A partir de la concepción de la investigación cualitativa como un medio de comprensión de los procesos históricos, sociales y, especialmente, subjetivos, este artículo tiene por finalidad describir el método cualitativo y el enfoque fenomenológico comprendiendo sus características y afinidades existentes.

 

Palabras clave: método,  investigación cualitativa,  fenomenología, subjetividad, ciencia.

Abstract

It took many centuries for the great scientific thinkers to begin to recognize that the humanities and the natural sciences were considered as complementary sciences. The sciences that portray human subjectivity have developed with them a variety of research approaches to address the diversity of qualitative aspects in the face of phenomena occurring in everyday life. Starting from the conception of qualitative research as a means of understanding historical, social, and especially subjective processes, this article aims to describe the qualitative method and the phenomenological approach comprising its existing characteristics and affinities.
Keywords: method, qualitative research, phenomenology, subjectivity, science.

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Clara Miranda Santos y Carlo Filipe Evangelista Raimundo (2017): “O método qualitativo e a abordagem fenomenológica: características e afinidades”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (octubre-diciembre 2017). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2017/04/metodo-qualitativo.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss1704metodo-qualitativo


  1. INTRODUÇÃO

A história da ciência sempre foi permeada por questionamentos persistentes e duvidosos. Porém há de se considerar que toda sua evolução se deve as dúvidas. Mesmo com a regência de todas as normas, o campo científico é historicamente marcado por conflitos e contradições, e uma dentre as diversas controvérsias e grandes diferenças teóricas é sobre a cientificidade das ciências sociais em comparação com as ciências da natureza (LEITE, 2008).
A pesquisa quantitativa tem sua base epistemológica no positivismo clássico que compreende a ciência a partir da lógica, do conhecimento empírico, e do observável – as ciências naturais. De acordo com Lowy (2008), o positivismo tem três ideias principais: 1) a sociedade humana é regida por leis naturais independentes da ação do homem, portanto o que reina na sociedade é uma harmonia natural; 2) e como conseqüência os métodos e procedimentos para conhecer a sociedade são exatamente os mesmos para conhecer a natureza, posto que as ciências sociais e as ciências naturais são reguladas pelo mesmo tipo de natureza (naturalismo positivista); 3) a concepção positivista é apresentada como uma necessidade a uma possibilidade de uma ciência social completamente desvinculada das classes sociais, posições políticas, visões de mundo, valores morais, ideologias, e a principal ideia é a de que a ciência só pode ser objetiva e verdadeira na medida em que eliminar completamente estas interferências, estudar a sociedade como físicos, químicos, astrônomos.
Referente às ciências sociais podemos considerar três etapas de evolução: 1) de acordo com a perspectiva positivista as ciências sociais não faziam muito sentido, já que se tinha como modelo o paradigma das ciências exatas e naturais; 2) posteriormente as ciências sociais e humanas insatisfeitas com a “ditadura do método” reivindicaram o método de retratação da realidade e sob a influência da fenomenologia e da hermenêutica começou a surgir o método qualitativo, que a princípio não tinha nada mais específico a não ser a imposição reacionista ao método quantitativista; 3) por fim o método qualitativo foi apresentando propostas mais consistentes que perpassam pela pesquisa participante, pesquisa-ação, história oral, e atualmente a etnometodologia (DEMO, 1998).
Neste processo de reconhecimento das pesquisas qualitativas Max Weber contribuiu de maneira significativa para a afirmação deste método de fazer ciência. Weber apresentou metodologias inovadoras, bastante divergentes do positivismo que, segundo Lowy (2008), o único ponto de convergência com esta corrente seria a ideia de uma ciência social livre de juízos de valor.
Weber considerava que toda ciência da sociedade, da história ou da cultura implica uma relação de valores que servem de partida para a investigação científica, e que cada nação, cultura, e religião tem valores diferentes (LOWY, 2008). Ele aponta parâmetros para uma abordagem diferenciada das ciências da natureza: 1) realização de pesquisas a fim de construírem formulações teóricas; 2) dados que derivem do estilo de vida dos atores sociais; 3) variação dos significados de acordo com os diferentes agentes sociais; 4) diferentes meios de descrever, explicar e justificar suas ações; 5) e as realidades sociais só podem ser identificadas na linguagem significativa da interação social (MINAYO, 2008).
De maneira geral, Weber trabalhou em busca de uma análise histórica e da compreensão qualitativa para descrever os processos históricos e sociais, descobrindo, portanto, aspectos subjetivos na ação e na pesquisa social.
Partindo desta concepção da pesquisa qualitativa como um meio de compreensão dos processos históricos, sociais e, especialmente, subjetivos, este artigo tem por finalidade descrever o método qualitativo e a abordagem fenomenológica e compreender as afinidades existentes entre os mesmos.

  1. O MÉTODO

            A metodologia científica compreende o estudo dos métodos empregados em cada área científica agregando um conjunto de processos, técnicas e abordagens. Partindo deste conceito é possível reconhecer a necessidade do rigor dos pormenores quando nos referimos ao ato de produzir ciência.
Methodos é uma palavra grega que significa caminhos para se chegar a um fim, ou seja, caminho composto de várias etapas a serem percorridas para se atingir um determinado objetivo. Estes métodos são divididos em dois grandes movimentos: quantitativos e qualitativos, que irão subsidiar a classificação da teoria e a denominação do tipo de pesquisa (LEITE, 2008). Considera-se ainda o método quanti-qualitativo, o qual associa “análise estatística à investigação dos significados das relações humanas” (FIGUEIREDO, 2008), permitindo a integração dos dados em um único estudo. Todavia, considerando o objetivo do presente artigo, iremos nos focar no estudo das pesquisas qualitativas, destacando a corrente filosófica da fenomenologia.
A pesquisa qualitativa vem sendo sistematizada a partir do trabalho desenvolvido pelo modelo etnográfico que consiste em descrever detalhadamente o modo de vida das pessoas, e “fornecer um vocabulário no qual possa ser expresso o que o ato simbólico tem a dizer sobre ele mesmo” (GEERTZ, 2008, p. 19) e pode ser compreendida como uma via de acesso às dimensões dos objetos inacessíveis investigados pela pesquisa quantitativa (GONZÁLEZ REY, 2011).
O termo qualitativo implica uma partilha densa com pessoas, fatos e locais que constituem objetos de pesquisa, para extrair desse convívio os significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção sensível e, após este tirocínio, o autor interpreta e traduz em um texto, zelosamente escrito, com perspicácia e competência científicas, os significados patentes ou ocultos do seu objeto de pesquisa (CHIAZZOTTI, 2003, p. 221).
A pesquisa qualitativa busca compreender a situação em particular que está sendo estudada. O interesse da investigação está voltado para o particular, o individual e o específico, com o objetivo de compreensão do fenômeno e não explicar as causas. De acordo com Stake (2011):
Não existe uma única forma de pensamento qualitativo, mas uma enorme coleção de formas: ele é interpretativo, baseado em experiências, situacional e humanístico. Cada pesquisador fará isso de maneira diferente, mas quase todos trabalharão muito na interpretação. Eles tentarão transformar parte da história em termos experienciais. Eles mostrarão a complexidade do histórico e tratarão os indivíduos como únicos, mesmo que de modos parecidos com outros indivíduos. (p. 41).

O método qualitativo compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que permitem ser aplicadas “ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões”, produzidas a partir da compreensão que os humanos fazem a respeito de si mesmo e da realidade em que estão inseridos (MINAYO, 2008).
Através do contato direto e interativo do pesquisador com o objeto de estudo, é possível compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada, traduzindo e expressando os significados do mundo social. Estas investigações são realizadas no local de origem dos dados, o qual é realizado um corte temporal-espacial capaz de mapear o território do estudo (NEVES, 1996).
A interpretação feita pela pesquisa qualitativa é obtida através da comunicação estabelecida com o sujeito e a análise dos dados. Esta interpretação tem por objetivo compreender e aclarar os sentidos e significados atribuídos as situações fenomenológicas vividas pelo sujeito.

  1. CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA

A investigação qualitativa pode ser analisada a partir de cinco características peculiares ao meio científico que são corroboradas por diversos autores (BOGDAN; BIKLEN, 1994; TURATO, 2005; SADÍN ESTEBAN, 2010):

  1. O principal instrumento de investigação é o pesquisador, o qual adapta seus órgãos dos sentidos para compreender seu objeto de estudo. Para isto é necessário uma formação específica do pesquisador (teórica e metodologicamente) para abordar questões que envolvem sensibilidade e percepção.
  2. A pesquisa qualitativa é descritiva. Todos os dados coletados são analisados integralmente em toda sua riqueza. O pesquisador qualitativo pretende justificar, elaborar ou integrar em um marco teórico os seus achados que tendem a se aproximar da essência da questão estudada.
  3. A ênfase qualitativa está mais interessada no processo do que simplesmente no resultado. O interesse do investigador volta-se para compreensão do significado.
  4. Os dados tendem a ser analisados de maneira indutiva, o pesquisador só começa a dar direção a seus achados após a coleta de dados.
  5. O significado é o pilar da abordagem qualitativa, a experiência dos participantes, o modo como dão sentido a vida, os significados que são atribuídos é a questão central.

No tocante a estes quesitos observa-se que a pesquisa qualitativa está comprometida em desvelar como determinado fenômeno se apresenta diante das inúmeras ocorrências cotidianas partindo de relações estabelecidas entre o real e o abstrato, entre o mundo objetivo e o subjetivo. Ela preocupa-se em compreender e interpretar os sentidos e os significados expressos pelas pessoas a respeito de um fenômeno, objeto, ou conceito, buscando explorar os aspectos subjetivos.
A descrição é o ato fundamental na pesquisa qualitativa, quando feita minuciosamente, e quanto mais fartamente rica em detalhes, melhor a compreensão do fenômeno estudado. (YIN, 2016). A entrevista é um meio indispensável para obtenção dos dados. Neste caso o pesquisador espera que o entrevistado esteja receptivo e interessado em compartilhar sua experiência.
Não menos importante, é válido destacar o pesquisador como o principal instrumento de investigação. É preciso que este esteja devidamente a par de todos os percalços que podem ocorrer durante a realização da pesquisa, apurando a sensibilidade para a coleta e análise dos dados, etapas estas que definirão o olhar da ciência para o recorte que esta sendo dirigida a investigação.
Existem diversas formas de investigação na pesquisa qualitativa, contudo todas partilham do mesmo objetivo de compreender o contexto, o significado e o processo pelos quais passam os sujeitos que vivenciam o fenômeno estudado. Ainda que possam ser encontradas algumas divergências teóricas, grande parte dos pesquisadores qualitativos identificam-se de alguma forma com a perspectiva fenomenológica (BOGDAN, BIKLEN, 1994).
Partindo destas características intrínsecas a pesquisa qualitativa é possível estabelecer as relações existentes com a abordagem fenomenológica, conforme descreveremos a seguir.

  1. A FENOMENOLOGIA EM PARCERIA COM A PESQUISA QUALITATIVA

            A fenomenologia desenvolveu-se a partir de estudos do filósofo alemão Edmund Hurssel (1859-1938) como uma contraposição ao método experimental. Caracteriza-se como um método descritivo que trabalha através do discurso em busca de compreender e interpretar os fenômenos partindo da relação de um objetivo com a consciência. Segundo Sadín Esteban (2010), a fenomenologia “é o estudo das estruturas da consciência que possibilitam sua relação com os objetos. Esse estudo requer a reflexão sobre o conteúdo da mente, excluindo todo o resto” (p.65).
O método fenomenológico compreende retomar as experiências vividas, as experiências subjetivas das pessoas e os significados que elas atribuem as suas vidas e/ou fatos, recortes retirados como objeto de investigação.
O método fenomenológico propõe perceber o sentido do comportamento com um olhar de unidade e totalidade, ultrapassando o pensamento objetivo. É um revelar-se de outro na sua totalidade e não em seus fragmentos, compreender seu pensamento é penetrar no seu mundo. (SCARPARO, 2008, p. 109)
É necessário que o pesquisador se aprofunde nos fenômenos da consciência, partindo da análise do todo para unidade, compreender a partir do ponto de referência de quem faz parte do fenômeno que acontece, trazendo à luz de modo diferenciado as manifestações que ocorrem através das ações humanas.
O foco deste método trata-se de descrever, esclarecer e explicitar exaustivamente o que está velado. Propõe-se a trilhar um caminho de aproximação de como se dá o processo a fim de desvelar o fenômeno, almejando alcançar a essência do núcleo investigado. Este processo intencional de construção do conhecimento da essência da consciência humana compreende-se por redução eidética.
De acordo com o pensamento de Husserl, a redução consiste em uma série de procedimentos que visam chegar, por meio da experiência vivenciada, ao núcleo essencial, presente nessa experiência; eidético, por sua vez é aquilo em que consiste a idéia ou a essência das coisas, sendo a dimensão eidética vista como o termo de um ato intencional, que nos reporta à essência no sentido de unidades ideais de significação. Logo, redução eidética seria a descrição dos fenômenos, visando deixar aparecer ou desvelar o acidental daquilo que é essencial. O importante não são os fatos ou causas, mas sim a compreensão das significações essenciais, ou seja, as pesquisas eidéticas (FIGUEIREDO, 2008, p. 30).

Diante destas características que visam buscar o elemento puro do fenômeno, é necessário estar atento a todos os aspectos do objeto a ser compreendido, e descrevê-lo analisando minuciosamente parte por parte.
Martins e Bicudo (2005) acrescentam que:
Nesta modalidade de estudo, o pesquisador recusa aceitar de inicio pressupostos ou pré-concepções sobre a natureza do fenômeno investigado. Em vez disso, procura solicitar que os seus sujeitos descrevam em sua própria linguagem como estão vivendo e que experiências estão tendo naquela situação de vida. Todavia, ao recusar os conceitos, as teorias, as explicações já existentes previamente, ele não parte de um marco zero ou de um vazio. Espera que os seus sujeitos sejam capazes de ter acesso aos contextos e comportamentos da situação que estão vivendo, que sejam capazes de descrever o que estão experienciando de modo mais adequado do que o pesquisador poderia fazer e, ainda, que sejam capazes de experienciar o fenômeno de maneiras não imaginadas por ele (p. 77).

O desvelamento da fenomenologia parte das inquietações suscitadas pelo investigador, interrogando questões a respeito do fenômeno. A descrição dos dados, fatos e sentidos atribuídos pelo sujeito que compartilha e revive conscientemente a experiência se dá através de encontros, e este momento deve ser preparado pelo pesquisador, que irá mediar dois papéis de atuação: 1. Pesquisador-humano (empatia, intuição, escuta flutuante); 2. Pesquisador-científico (ética, compromisso com análise dos resultados).
A psicologia instrumentalizada pela abordagem fenomenológica se constitui em extrair a inteligibilidade do fenômeno da vida cotidiana, solicitando que os sujeitos narrem minuciosamente em sua própria linguagem o modo pelo qual vivenciaram determinada situação de vida.
Ainda de acordo com Martins e Bicudo (2005), a psicologia científica conduzida pela fenomenologia pode se concretizada com os mesmos aspectos básicos. A princípio o pesquisador cria uma situação experimental abrangendo três aspectos: 1. que o fenômeno psicológico seja compreensível; 2. Critérios pressupostos e aceitos cientificamente; 3. Descrição precisa dos objetivos a serem observados na investigação. Em seguida os dados obtidos são tratados como o alvo da investigação para obtenção dos significados atribuídos. E posteriormente, a análise e descrição dos dados são trabalhadas pelo pesquisador através de leituras exaustivas das descrições do fenômeno a fim de familiarizar-se com a experiência vivida pelo sujeito, destacando-se as partes das descrições, agrupando unidades comportamentais com o objetivo de encontrar respostas para as interrogações que permeiam o objetivo da pesquisa.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi preciso muitos séculos para que os grandes pensadores científicos começassem a reconhecer que as ciências humanas e as ciências naturais fossem consideradas como ciências complementares. Este processo ainda encontra-se em discussão, e diferentemente de décadas atrás a pesquisa qualitativa vem conquistando seu espaço, apresentando resultados indispensáveis para a compreensão do homem como autor e narrador de sua própria história.
As ciências que retratam a subjetividade humana desenvolveram consigo uma variedade de abordagens de pesquisa para atender a diversidade dos aspectos qualitativos diante dos fenômenos que ocorrem na vida cotidiana. Tais riquezas de procedimentos foram sendo criadas e aprimoradas conforme o desvelamento da complexidade da natureza do homem. Ora, tomando-se conhecimento da impossibilidade de generalizações e da pluralidade idiossincrática em determinados grupos ou indivíduos, naturalmente seria complexa a forma de analisar e compreender as peculiaridades de cada universo em que estes se encontram inseridos.
O comprometimento em desvendar as singularidades das inúmeras ocorrências cotidianas estabelecidas entre o real e o abstrato, entre o mundo objetivo e o subjetivo, e a preocupação em compreender e interpretar as vivências expressas pelas pessoas a respeito de um determinado fenômeno aproximam substancialmente o método qualitativo da abordagem fenomenológica, ambas caracterizadas pelo objetivo de analisar e compreender o objeto investigado no que ele é na sua essência.
Não menos importante, outra característica marcante é o ato de descrever. A pesquisa qualitativa e a abordagem fenomenológica quando exploram os aspectos subjetivos minuciosamente, e quanto mais fartamente ricos de detalhes, melhor compreendem o fenômeno estudado.
A pretensão de se compreender quais os efeitos que o mundo efetua sobre os indivíduos e como estes reagem diante de tais situações, compreender o fenômeno da consciência referente às experiências vivenciadas diante das ocorrências humanas e como são percebidas e quais significados lhes são atribuídos podem ser consideradas as principais afinidades em comum entre a pesquisa qualitativa e a fenomenologia.

REFERÊNCIAS
BOGDAN, R; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto – Portugal: Porto Editora, 1994.
CHIZZOTTI, A. A pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução e desafios. Revista Portuguesa de Educação, Braga, Portugal, ano/vol. 2, 2003.
DEMO, P. Pesquisa qualitativa. Busca de equilíbrio entre forma e conteúdo. Rev. Latino-am enfermagem, Ribeirão Preto, v. 6, n. 2, p. 89 – 104, abril/1998.
FIGUEIREDO, N. M. A. (orgs) Método e metodologia na pesquisa científica. 3 ed. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2008.
GEERTZ, C. A interpretação das culturas. 1 ed. reimp. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
GONZÁLEZ REY, F. L. Pesquisa qualitativa em psicologia: caminhos e desafios. Tradução: Marcel Aristides Ferrada Silva. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
LEITE, F. T. Metodologia científica: métodos e técnicas de pesquisa: monografia, dissertações, teses e livros. Aparecida, São Paulo: Ideias e Letras, 2008.
LOWY, M. Ideologias e Ciência Social: elementos para uma análise marxista. São Paulo: Cortez, 2008.
MARTINS, J.; BICUDO, M. A. V. A pesquisa qualitativa em psicologia: fundamentos e recursos básicos. 5 ed. São Paulo: Centauro, 2005.
MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 11 ed. São Paulo: Hucitec, 2008.
NEVES, J. L. Pesquisa qualitativa – Características, usos e possibilidades. Caderno de pesquisas em administração. São Paulo, v. 1, n. 3, 2º sem., 1996.
TURATO, E. R. Métodos qualitativos e quantitativos na área da saúde: definições, diferenças e seus objetos de pesquisa. Rev. Saúde Pública, 2005; 39 (3): 507 – 14.
SANDÍN ESTEBAN, M. P. Pesquisa qualitativa em educação: fundamentos e tradições. Tradução: Miguel Cabrera. Porto Alegre: AMGH, 2010.
SCARPARO, H. (Orgs.) Psicologia e Pesquisa: Perspectivas metodológicas. 2 Ed. Porto Alegre: Sulina, 2008.
STAKE, R. E. Pesquisa Qualitativa: Estudando como as coisas funcionam. Trad: Karla Reis. Porto Alegre: Penso, 2011.
YIN, R. K. Pesquisa Qualitativa do início ao fim. Trad: Daniel Bueno. Porto Alegre: Penso, 2016.

* Psicóloga do Instituto Federal de Rondônia, mestre em Psicologia pelo programa de pós-graduação em Psicologia na Universidade Federal de Rondônia.
** Docente do Instituto Federal de Rondônia, mestrando em Educação pela Universidade Federal de Rondônia.

Recibido: 06/12/2017 Aceptado: 14/12/2017 Publicado: Diciembre de 2017

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