Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales
ISSN: 1988-7833


TERRITÓRIO: UMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR

Autores e infomación del artículo

Tania Marta Moreira de Abreu*

Mauro José Ferreira Cury**

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Brasil

taniaabreu195@gmail.com

RESUMO

Este trabalho visa investigar o termo território a partir de uma perspectiva interdisciplinar que, permite a problematização do domínio do “ter”, do “pertencer” e o torna uma experiência com várias faces de conhecimento que se inter-relacionam entre si, atingindo possíveis novas experiências e conclusões deste objeto em foco. Desta forma, tendo-se em vista a complexidade desse termo e as diferentes abordagens metodológicas existentes, este artigo busca apresentar reflexões a fim de propor uma abordagem interdisciplinar para o seu estudo. Num primeiro momento do trabalho, apresenta-se um breve histórico e conceituação do território e contextualiza-se enfatizando suas diferentes perspectivas. Em seguida, apresenta-se o conceito de Interdisciplinaridade, discutindo sobre as mudanças que estas pesquisas cada vez mais voltadas para a interdisciplinaridade vêm experimentando. E, por fim, observa-se como o processo dos estudos dos territórios surgem mais vivos e úteis a partir do estudo do conceito de Interdisciplinaridade aplicada.

PALAVRAS CHAVE: Perspectivas, Interdisciplinalidade, Território.

ABSTRACT

This work aims to investigate the term territory from an interdisciplinary perspective, which allows the problematization of the domain of the "ter", "belong" and makes it an experience with several faces of knowledge that interrelate with each other, reaching possible new Experiences and conclusions of this object in focus. In this way, considering the complexity of this term and the different methodological approaches, this article seeks to present reflections in order to propose an interdisciplinary approach for its study. In a first moment of the work, a brief history and conceptualization of the territory is presented and contextualizes emphasizing its different perspectives. Next, the concept of interdisciplinarity is presented, discussing the changes that these researches increasingly focused on interdisciplinarity have been experiencing. And, finally, it is observed how the process of the studies of the territories appear more alive and useful from the study of the concept of applied interdisciplinarity.

KEYWORDS: Perspectives; Interdisciplinality, Territory.


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Tania Marta Moreira de Abreu y Mauro José Ferreira Cury (2017): “Território: uma perspectiva interdisciplinar”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (abril-junio 2017). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2017/02/territorio-brasil.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss1702territorio-brasil


INTRODUÇÃO

Inadaptado aos novos dados da economia, impotente para pôr em ordem a proliferação contemporânea das reivindicações identitárias, abalado pelos progressos do multiculturalismo, o território, foi ultrapassado pelos avanços de uma mundialização que pretende unificar as regras, os valores e os objetivos de toda a humanidade.
(Badie, 1995:13).

O objetivo deste artigo é conceituar o termo território a partir de uma perspectiva interdisciplinar. Assim, suas diferentes abordagens metodológicas são a proposta deste artigo que busca apresentar reflexões sobre esse conceito a fim de propor uma abordagem interdisciplinar para o seu estudo. A estrutura do trabalho é, num primeiro momento, contextualizar o território, enfatizando suas diferentes perspectivas, através de vários autores dedicados à pesquisa desse assunto como são, Sposito (2004) e Candiotto (2004) que apresentam um panorama dessas concepções; além da análise da perspectiva específica de autores como Santos (1996), Raffestin (1993) e Ratzel (1990). Em seguida, apresenta-se o conceito de Interdisciplinaridade por meio de autores como Raynaut (1990), Jantsch e Bianchetti (2011), discutindo sobre as mudanças que estas pesquisas cada vez mais voltadas para a interdisciplinaridade vêm experimentando. E, por fim, observa-se como o processo de estudos dos territórios surge mais vivo e útil a partir do estudo do conceito de Interdisciplinaridade aplicada.
Esta pesquisa se justifica pela importância que os estudos interdisciplinares vêm suscitando em diversos meios de circulação de conhecimento. A interdisciplinaridade aplicada ao objeto de estudo amplia as possibilidades de sentido e pode proporcionar aos sujeitos pesquisadores associações de ideias antes não consideradas. Isto porque quando o objeto estudado e observado com uma visão monocular, ou seja, a visão caracterizada pela capacidade de uma pessoa conseguir olhar através de apenas um olho, acaba-se possuindo uma noção de profundidade limitada.
Por sua vez, quando a interdisciplinaridade é aplicada ao estudo a visão se amplia e os resultados poderão ser mais abrangentes. Logo, esta é a principal justificativa de aplicar a interdisciplinaridade nesta pesquisa sobre território.
Por outro lado, a ideia de território permite a problematização do domínio do “ter”, do “pertencer” e abordado a partir da perspectiva interdisciplinar o torna uma experiência com várias faces de conhecimento que se inter-relacionam, atingindo possíveis novas experiências e conclusões do objeto em foco. Desta forma, tendo-se em vista a complexidade deste termo – território – e as diferentes abordagens metodológicas existentes, este artigo busca apresentar reflexões a fim de propor uma abordagem interdisciplinar para o estudo do mesmo. A abordagem metodológica escolhida para o desempenho deste trabalho é a qualitativa, o que segundo Richardson (1999), não pretende numerar ou medir unidades ou categorias como o faz o método quantitativo, e sim, pretende analisar um problema.
Este método, em si mesmo, justifica-se por tentar entender a natureza de um fenômeno social, neste caso, o território. Esta problematização ademais de social é também geográfica e histórica e envolve poder, logo, será analisada do ponto de vista interdisciplinar.
Segundo Haesbaert (2004), nesta perspectiva,

O território envolve sempre, ao mesmo tempo, uma dimensão simbólica, cultural, através de uma identidade territorial atribuída pelos grupos sociais, como forma de “controle simbólico” sobre o espaço onde vivem (sendo também por tanto uma forma de apropriação), e uma dimensão mais concreta, de carácter político disciplinar: uma apropriação e ordenação do espaço como forma de domínio e disciplinamento dos indivíduos” (HAESBAERT, 2004, p. 93-94).

Isto é, observa-se o conceito de território em diálogo com o poder e a cultura, detalhando as suas formas, tanto materiais como simbólicas, já que é o resultado da produção de um espaço que se constrói diferencialmente segundo vivências, percepções e concepções particulares.

  1. Histórico e conceituação de Território

A conquista e luta por territórios já acontecia com povos antigos, mas é no início da formação dos Estados Modernos na segunda metade do século XV na Europa Ocidental, que o território começa a ser pensado como estratégia de constituição de uma nação, fazendo parte de um plano de expansão cultural e consolidação identitária, tornando-se ainda mais complexo. Nas palavras do geografo brasileiro Rogerio Haesbaert (2004):

O Estado Nação surge para promover tanto uma territorialidade no sentido de controle do acesso, quanto no sentido de classificar e mesmo nomear as pessoas conforme o seu lugar de nascimento. Toda existência “legal” dos indivíduos dependerá de sua condição territorial nacional. (HAESBAERT, 2004, p.107).

No século XVI, esse processo se intensifica e com ele crescem as doutrinas políticas que reforçam a noção de soberania dos Estados (SAQUET, 2007), e então a busca por novas terras fomentadas pelo mercantilismo para a concepção de território como receptáculo de investimentos econômicos.
Nesse período, a Geografia, atendendo às necessidades do Estado, constitui-se como disciplina, contribuindo para a análise e construção da noção de território, que nesse momento torna-se ampliado por vários conceitos como o de fronteira. Isso ocorre, pois fica ainda mais evidente o ponto de contato entre territórios pertencentes a diferentes estados.
O estudo do termo território pode, como outros vocábulos da língua portuguesa, levantar várias definições, as mais comuns apresentadas por dicionários o caracterizam como extensão de terra, pertencente a uma nação que é responsável e tem poder sobre o grupo de pessoal que circula neste espaço, bem como sobre as atividades sociais e composição natural; Como é possível observar em Houaiss (1999):

  1. Grande extensão de terra 2. área de município, distrito, estado, país etc. 3 área de uma jurisdição 4. a própria jurisdição 5. no Brasil e nos E.U.A., região que, não constituindo um estado, é administrada pela União 6. extensão ou base geográfica do Estado, sobre a qual ele exerce a sua soberania e que compreende todo o solo ocupado pela nação, inclusive ilhas que lhe pertencem, rios, lagos, mares interiores, águas adjacentes, golfos, baías, portos e tb. a faixa do mar exterior que lhe banha as costas e que constitui suas águas territoriais, além do espaço aéreo correspondente ao próprio território 7. eco área que um animal ou grupo de animais ocupa, e que é defendida contra a invasão de outros indivíduos da mesma espécie etim lat. territorìum,ìi 'grande área ou extensão de terra delimitada, parte da terra ou de uma terra sob jurisdição' sin/var ver sinonímia de terra. (HOUAISS, 1999, p. s/n).

Essa definição, por mais simples que pareça, revela a complexidade do assunto, que por sua vez envolve vários outros aspectos importantes a serem ressaltados. Assim, implica em política – a forma com que o Estado age dentro do território e se relaciona com outros; economia – já que uma a situação e o modelo econômico implicam numa relação entre as classes; identidade – pois além de haver uma identidade comum em todo o território, há também a identidade dos grupos que vivem no próprio território.
É nesse sentido que a geografia busca aprofundar o conceito e analisar quais fatores contribuem para a formação e transformação desse território. O pesquisador Sack (1986), por exemplo, propõe que a noção de território não pode ser dissociada da noção de terra enquanto área/local; da noção de fronteira enquanto espaço de comunicação e delimitação; e controle e repressão sobre determinada área, ou seja, poder.
Nesse sentido, Sposito (2004) aponta várias maneiras de analisar e conceber o território, ele cita alguns exemplos:
a)         A naturalista, que julga o território como elemento da natureza, inerente ao povo ou à nação e, por isso, o povo deve lutar para conquistá-lo ou protegê-lo.
b)         A cultural, em que o território é visto como espaço de interação do indivíduo onde seu limite de deslocamento orienta sua forma de apreensão da realidade. Aqui está presente muito mais o conceito de territorialidade do que o próprio de território.
c)         A teoria em que espaço e território são a mesma coisa, abrangendo as interações humanas e de mercado, bem como o impacto à natureza e relações estabelecidas com ela.
Além dessa divisão de enfoques por disciplinas, Haesbaert (2004), ainda, propõe 3 vertentes básicas para estudo do território:
a)         Política: Em que o enfoque é na relação espaço-poder, principalmente voltado ao poder do Estado sobre o território, que é um espaço delimitado e controlado.
b)         Cultural: Prioriza o foco simbólico e subjetivo, no qual o território é visto como apropriação simbólica de um grupo específico.
c)         Econômico: Prioriza a dimensão espacial das relações econômicas, concebendo território como fonte de recursos. Fonte de recursos em vários sentidos, o que está totalmente relacionado à forma como as pessoas presentes nesse território se apropriam dos recursos presentes e transformam a natureza.
Ratzel (1990) – geógrafo mais influenciado pelas ciências naturais – tinha uma visão mais naturalista e positivista de território, considerando-o como território independente de população e poder do Estado, ou seja, apenas como área de recursos naturais. Contudo, tentou estabelecer uma relação destes aspectos com os sociais e culturais, valorizando a terra como base que permite a existência e o desenvolvimento da população; e é nesse elo indissociável entre o natural e o social que o território se faz.
Enfoque que se difere do de Raffestin (1993), pois para o autor território é uma produção a partir do espaço, por isso é posterior a ele e sua constituição se dá quando a população presente nele desfruta ou se apropria de seus recursos naturais. Com o tempo, esse uso planejado e organizado do espaço gera uma relação mais íntima entre espaço e comunidade, essa relação, por sua vez, faz com que o povo tenha o desejo de manter a posse do território, já que é sua fonte de sustento e, segundo o autor, é aí que o território se torna Estado.
Sobre essa relação do povo com o território, Raffestin (1993) propõe duas formas de relações possíveis que variam de acordo com o nível de poder aquisitivo que consequentemente acarreta um nível de domínio social. Para o autor, atores hegemônicos (o que podemos entender como classe social mais favorecida e em sua maioria detentora dos meios de produção), o território é usado como recurso, ou seja, fonte de matéria para realização de seus interesses pessoais, enquanto que para os atores hegemonizados (pessoas de classe social menos favorecida) o território é um abrigo, assim, buscam sempre estratégias de sobrevivência para se adaptar aos locais onde estão.
Essa relação do homem com o solo e de sua luta pelo espaço que te provém sustento – nesse caso o território habitado – está relacionada às funções que Gottman (1984), atribui ao território: abrigo e segurança, e proporcionador de oportunidades. Concordando com essa noção de uso do território, Milton Santos (1994) define território como o uso de uma área, por isso o denomina território usado.
É por meio dessas e de outras considerações que Santos (1994) se mostra contra perspectivas do território que ignorem seu caráter híbrido e historicamente imutável. Se aproximando de uma perspectiva mais política do território como Raffestin (1993) e Souza (1995), que propõe que o território são as relações sociais projetadas no espaço, afirmando que o território “não é o substrato, o espaço social em si, mas sim um campo de forças, as relações de poder espacialmente delimitadas e operando, destarte, sobre um substrato referencial” (SOUZA, 1995, p.97). Assim, adentrando uma abordagem política, como propõe Haesbaert (2004), e Cultural, de acordo com a proposta de Sposito (2004), considera-se que o território demanda organização e suporta relações humanas e naturais que não podem ser vistas dissociadas da ideia de poder.

2. O Poder

Assim, assume-se que a organização do território é exercida pelo Estado, que por sua vez estabelece uma relação de poder de maneira explícita, tanto por parte dos gestores para com a população, bem como, desta população e lideranças para com outros Estados. Este poder é exercido de diversas formas, pela administração das áreas, de tributos, escolha de uma língua oficial e leis que determinam o que é e o que não é permitido, facilitando a defesa e o domínio.
Roberto Sack (1986) contribui com a reflexão, pois para ele a territorialidade humana está relacionada ao controle de uma área ou espaço, de maneira estratégica a fim de controlar cursos e pessoas, estabelecendo um poder estatal e simbólico sobre elas.
Raffestin (1993) aprofunda essa noção de poder, dividindo-o entre poder visível e identificável; e o poder presente em todas as relações, que está invisível aos olhos.  Esse segundo conceito está diretamente relacionado à fala de Foucault (1978), que propõe que o poder é produzido nas relações, independente de uma instituição específica.
Além disso, Raffestin (1993) afirma que toda construção da realidade é um instrumento de poder. Haesbaert (2004) corrobora com essa afirmação, pois relaciona o poder com a construção de uma identidade, não só enquanto povo pertencente a uma nação, mas enquanto sujeito; não só como produto do poder, mas como exercício dele:

Por isso, toda relação de poder espacialmente mediada, é também produtora de identidade, pois controlada, distingue, separa e, ao separar, de alguma forma, nomeia e classifica os indivíduos e os grupos sociais. E vice-versa: todo processo de identificação social é também uma relação política, acionada como estratégia em momentos de conflito e/ou negociação. (HAESBAERT, 2004, p.107)

Essas relações de poder, bem como o uso do solo, constituem parte essencial do território, pois sem as relações sociais de poder e o vínculo com o solo, muito possivelmente o território seria um espaço, ou seja, um lugar sem apropriação por parte de nenhum povo. Nesse sentido, pode-se compreender que o estudo do território é mais complexo e abrangente do que o conceito trazido pelo dicionário e que, na maioria das vezes, seu estudo demanda conhecimentos que vão além da geografia política.
De acordo com Haesbaert (2004), várias áreas do conhecimento estudam o território com enfoques diferentes:
a)         Geografia: Materialidade do território em suas diversas dimensões, incluindo interação homem-natureza.
b)         Ciência Política: Relação de poder, principalmente ligadas ao Estado.
c)         Economia: Território como espaço base para a produção.
d)         Antropologia: Dimensão simbólica dos povos primitivos.
e)         Sociologia: A intervenção do território nas relações sociais.
f)          Psicologia: A influência do território na composição da identidade pessoal.

Questionando todas essas delimitações disciplinares no estudo do território bem como diversas perspectivas específicas, Candiotto (2004), a partir de uma extensa leitura de significativos pensadores da geografia, reflete que a noção de território vai muito além de simplesmente estabilidade, delimitação ou enraizamento, território é mais do que tudo relação, movimento, fluidez e interconexão. Haesbaert (2004) aponta que especificamente na modernidade a territorialidade tende a ser mais ubíqua e mutável.
E é a partir dessa relação que se acredita ser pertinente a discussão do conceito de fronteira, que, de acordo com Pesavento (2001, p.8), “possibilita o surgimento de algo novo, híbrido, diferente, mestiço, de um terceiro que se insinua nesta situação de passagem”. Sposito (2004) concorda com essa ideia e analisa que mais do que uma linha, a fronteira é uma zona, um ponto de encontro de dados.
É tendo em vista toda a complexidade e os diferentes enfoques existentes que, nessa perspectiva integradora, de fluidez, propõe-se aqui a interdisciplinaridade como abordagem metodológica para estudo do território. “Dificilmente encontramos hoje um espaço capaz de “integrar” de forma coesa as múltiplas dimensões, ou lógicas econômicas, política, cultural, natural” (HAESBAERT, 2004, p.113).
A interdisciplinaridade surgiu como resposta teórico-metodológica às demandas sociais contemporâneas, como afirma Fazenda (1994), esta ideia será aprofundada no próximo tópico deste artigo.

3. Perspectiva da Interdisciplinaridade

A inquietação dos pesquisadores que se dedicam à interdisciplinaridade converge desde o início da década de 1960 e se amplia cada vez mais na compreensão dos paradoxos advindos da necessidade da busca de sentidos existenciais e/ou intelectuais (PINEAU, 2007).
É fato que a interdisciplinaridade surge na ciência para alguns como um método cientifico e para outros como um principio para a produção do conhecimento e mais concretamente para a pesquisa.
O prefixo “inter”, originalmente com o sentido de “reciprocidade”, nas palavras de Gusdorf (1990), não se reduz a uma justaposição: evoca também um espaço comum, um fator de coesão entre saberes diferentes [...]. Cada qual aceita esforçar-se fora do seu domínio próprio e da sua própria linguagem técnica para aventurar-se num domínio de que não é o proprietário exclusivo e desta forma ampliar as cognições.
Assim, “a interdisciplinaridade supõe abertura de pensamento, curiosidade que se busca além de si mesmo” (GUSDORF, 1990 apud POMBO, 1994, p. 2). Além disso, o termo está estreitamente ligado ao conceito de disciplina, sendo esta a sua raiz etimológica. Logo, não se pode negar que a própria disciplina aporta à especificidade e de aí parte para a abrangência que nos oferece a Interdisciplinaridade propriamente dita. No entanto, o conceito de interdisciplinaridade tem sofrido usos excessivos que podem gerar sua banalização.
Mas por que realizar uma pesquisa sobre, uma abordagem interdisciplinar?
Segundo Frigotto (2011), a interdisciplinaridade surge como necessidade nas ciências sociais e, em certo modo, impõe-se como problema fundamentalmente no plano material histórico-cultural e no plano epistemológico. Seria justamente neste ponto, relativo à necessidade de aplicação interdisciplinar sobre o nosso objeto – o território –, que esta pesquisa se desenvolve.
No caso da pesquisa ser estruturada, por exemplo, somente do ponto de vista geográfico seriam deixadas de lado abordagens como Poder; Língua; Tríplice Fronteira; Espaços comuns; Convivência; Etnias, Políticas; Educação e Identidade, entre outros.
Logo, podemos dizer que, o estudo de território se encaixa na pesquisa das ciências sociais e caso os sujeitos pesquisadores consigam entender a importância e a necessidade da perspectiva interdisciplinar sobre o objeto no decorrer dos estudos, os resultados serão mais otimizados e abrangentes.

Considerações finais

Este trabalho começou com uma pesquisa sobre o termo território a partir de uma perspectiva interdisciplinar que permitiu a problematização do domínio do “ter”, do “pertencer” e o tornou uma experiência com várias faces do conhecimento. Os estudos realizados na pesquisa permitem afirmar que o conceito território, por meio da perspectiva interdisciplinar, indica novos vieses para fazer avançar o conhecimento científico de forma inovadora. Assim, aplicando várias disciplinas ao estudo – História, Geografia, Sociologia, Educação, Política, – as conclusões surgidas do assunto aumentaram.
Logo, pode-se inferir que esta pesquisa interdisciplinar amplia as concepções sobre o termo território nas suas múltiplas definições, por mais simples que pareçam e que evidenciam em si mesmas a complexidade do próprio conceito, quando envolve vários aspectos importantes a serem ressaltados. A exemplo de como implica em política – a forma com que o Estado age dentro do território e se relaciona com outros; economia – já que uma a situação e o modelo econômico implicam numa relação entre as classes; identidade – pois além de haver uma identidade comum em todo o território, há também a identidade dos grupos que vivem no próprio território.  Assim, a organização do território é exercida pelo Estado, que por sua vez estabelece uma relação de poder de maneira explícita e este poder é exercido de diversas formas, pela administração das áreas, influenciando o território como um todo.

REFERÊNCIAS

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Neto, Antônio. J. Silva. (2011): Interdisciplinaridade em Ciência, Tecnologia e Inovação. Manole, São Paulo.


Recibido: 02/05/2017 Aceptado: 26/05/2017 Publicado: Mayo de 2017

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