Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales
ISSN: 1988-7833


A INVISIBILIDADE DOS MBYA GUARANI NO LITORAL NORTE: UMA LEITURA A PARTIR DOS ALUNOS DA ESCOLA MUNICIPAL JOSÉ PAULO DA SILVA

Autores e infomación del artículo

Fabiano de Souza Marques*

César Augusto Costa**

fabiano_desouzamarques@yahoo.com.br

Resumo: O presente artigo científico visa trazer uma reflexão, junto aos alunos da escola municipal onde, leciono a partir de um questionário quantitativo, fazendo questionamentos sobre como os alunos enxergam os Mbya guarani nas suas mais diversas formas de entender o mundo; pois, os indígenas são vizinhos e habitam perto da escola e de suas casas.Esse artigo fez a dialética entre o capitalismo, inclusão e a aculturação dos Mbya guarani da aldeia Sol Nascente,“TEKOA KUARAI RESE” , levando em consideração a sua forma de viver no ambiente, onde estão inseridos a partir da “Cosmovisão e Cooperação”.Compreendendo o descaso da sociedade e das instituições, que ali compartilham do mesmo território; e também trazendo a luz para a sala de aula sobre a invisibilidade que a sociedade local dá para os indígenas. Os mesmos vivem a mercê da ajuda de uma sociedade que não a enxerga. Assim criei um questionário que será analisado a partir de reflexões sociológicas, em um ambiente da sociologia e da educação. Esse artigo tem a intenção de estabelecer a dialética entre esses atores culturais, modelados de um lado por um sistema capitalista e de outro por um sistema cooperativo e ambos ambivalentes em suas diferenças.Levando em conta que usei um questionário com perguntas relevantes ao tema a uma turma de 14 alunos do 6º Ano do ensino fundamental,com idade entre 11 e 15 anos.

Palavras chaves: Educação, Cultura, MbyaGuarani, Meio Ambiente, Sociologia.

The invisibility of the Mbya guarani in the north coast:
A reading from the school students municipal José Paulo da Silva

Abstract: This scientific article aims to bring together a reflection to the students of the municipal school where I teach from a quantitative questionnaire making inquiries about how they (students) see the Guaraní indigenous people living around the city where they live. On the issues of inclusion and acculturation of the Guarani Indian Tribe Rising Sun, taking into account their way of living in the environment where they live from the "Worldview and Cooperation".Understanding the indifference of society and the institutions that share the same territory and bring light to the classroom on the invisibility that the local society gives to the Indians. They live at the mercy of the help of a society, who do not see them, so I created a questionnaire that will be analyzed from sociological reflections and sociology of environment education andacculturation. So this article is intended to establish the dialectic between these cultural actors, modeled on one side by a capitalist system and the other a cooperative system and both ambivalent in their differences.

Key-words: Education;MbyaGuarani ; Culture; Environment; Sociology.



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Fabiano de Souza Marques y César Augusto Costa (2017): “A invisibilidade dos Mbya Guarani no Litoral Norte: Uma leitura a partir dos alunos da Escola Municipal José Paulo da Silva”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (enero-marzo 2017). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2017/01/mbya.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss1701mbya


Introdução
A história brasileira desde a época das primeiras diretrizes estabelecia um sistema de ordem, ditada por um sistema eurocêntrico. Tal visão eurocêntrica os apontava como os mais “evoluídos” culturalmente, e assim proferiam as suas condutas educacionais.O ato de educar é muito parecido com o ato de lapidar uma rocha, enquanto rocha bruta, ela permanece em estado natural, mas durante o tempo ela é lapidada por processos exógenos que modificam a sua matéria e a transformam em pedra. Na humanidade, fazendo uma relação com a rocha, ninguém nasce um empresário, padeiro ou padre, ele vive a partir da cultura. A natureza humana e sua condição humana fazem o caminho para a humanização e ver processos que os fazem um ser social. Será que a escola tem o “poder” de mudar a sociedade? Ou ela se adapta conforme a sociedade onde está inserida? Do ponto de vista histórico, podemos indicar que:
A partir da constituição do Estado Brasileiro a História tem sido um conteúdo constante do currículo da escola elementar. O Decreto das Escolas de Primeiras Letras, de 1827, a primeira lei sobre instrução nacional do Império do Brasil, estabelecia que “os professores ensinariam a ler, a escrever, as quatro operações de aritmética (...), a gramática da língua nacional, os princípios de moral cristã e de doutrina da religião católica e apostólica romana, proporcionadas a compreensão dos meninos; preferindo, para o ensino de leitura a Constituição do Império e História do Brasil.(PCN, 1997, p.19).

E hoje, em pleno século XXI vivemos uma contradição na educação, onde as escolas permeiam o sistema mercantilista, mas usam em seus PPP (Planos Políticos Pedagógicos), discursos humanistas e inclusivos baseados pela competição do capitalismo. Mas, como ensinar em uma época de um materialismo exorbitante onde o capitalismo selvagem, é perpendicular em relação à sociedade atual? Será que o PPP da escola onde leciono tem um viés humanístico ou capitalista?
O mercado de trabalho é rígido demais; precisa tornar-se flexível, quer dizer, mais dócil e maleável, fácil de moldar, cortar e enrolar, sem oferecer resistência ao que quer que se faça com ele. Em outras palavras, o trabalho é flexível na medida em que se torna uma espécie de variável econômica que os investidores podem se considerar, certos de que serão as suas ações e somente elas que determinaram a conduta da mão de obra. (BAUMAN, 1999, p. 112).

A rigidez do sistema econômico vigente que existe no mundo globalizado anda subjetivamente entre apostilas e livros didáticos nas prateleiras e estantes das escolas públicas brasileiras, e assim contribuem para um sistema febril capitalista que visa o lucro. Esse sistema vem carregado de uma cultura de consumo vertiginosa: Em meio a esses circuitos inter-regionais, ressurge transformada a pergunta sobre o que se pode entender na América Latina – e também nos Estados Unidos – por produção capital própria (CANCLINI, 2007, p.98).
As nossas crenças podem ser mercantilizadas, nem a religiosidade escapa do viés materialista do capitalismo, exemplo são as nossas cidades a cada momento abre um “templo da salvação” em cada esquina, prometendo o paraíso, mas antes têm que “contribuir” com o dízimo. Pois o neoliberalismo afronta a educação ele manipula o sistema educacional a partir de promessas de inclusão que são burladas pelo seu próprio organismo pedagógico. A autonomia existente no ensino superior parece estar na mira do ensino médio, porque ela libera o capital para dentro dos muros da escola.
Então, percebo na disciplina de sociologia, a importância pedagógica para o desenvolvimento humanístico, e a sua contribuição para o desenvolvimento intelectual do aluno. Assim, em um país com um regime democrático como o Brasil, os alunos e a sociedade como um todo sofre nas mãos de políticos inescrupulosos, percebemos a importância de uma educação de qualidade que prima pelo crescimento sócio humanístico.
A fabricação do culpado (12 de abril): Num dia como o de hoje do ano 33, dia a mais dia a menos, Jesus de Nazaré morreu na cruz. Seus juízes o condenaram por incitação à idolatria blasfêmias e superstição abominável. Alguns séculos depois, os índios das Américas e os hereges da Europa foram condenados por esses mesmos crimes, exatamente os mesmos, e em nome de Jesus de Nazaré foram castigados com açoite, forca ou fogo (GALEANO, 2012, p.126).

Esse artigo leva em conta a minha experiência como professor de alunos Mbya guarani da “Aldeia Sol Nascente” na escola onde leciono. Essa pesquisa quantitativa fez análisesdos mais diversos resultados, contextualizando com a sociologia. A questão que me guiou nesse artigo vem da pergunta-chave: Como os alunos (de uma escola municipal ribeira à aldeia) enxergam os indígenas guaranis dessa aldeia(se é que os enxergam?). E quais as suas percepções sobre a cultura Mbya Guarani?
Hoje, Guarani é considerada língua oficial em países como Bolívia e Paraguai, juntamente com a língua espanhola. No Brasil há tribos Guaranis em estados como Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Quando uma cultura é mais forte do que outra cultura, e dependendo da intensidade com que ela atua, uma aniquila a outra em prol de si mesma, com ou sem intencionalidade. Quem domina quem? Será que essa cultura do trabalho não vem carregada de preconceito diante dessa sociedade capitalista, levando em conta os aspectos básicos do lucro?Historicamente os eventos que ocorreram com os indígenas que aqui estavam, são reflexos de uma cultura europeia cristã de expansionismo, levando em conta os interesses das coroas portuguesas e espanholas, embora a diferença daquela época do descobrimento em relação aos dias de hoje são a indiferença da sociedade brasileira.
Além de Laguna, os escravistas paulistas também podiam ancorar seus barcos na foz dos rios Mampituba e Araranguá,onde verdadeiras feitorias os aguardavam.Depois da viagem, os índios que sobreviviam amargariam o trabalho compulsório nos engenhos açucareiros do litoral e principalmente,na própria economia do trabalho paulista.   A formação desses estoques humanos a serem negociados cabia a traficantes indígenas, que facilitavam o trabalho das “bandeiras”. (CUNHA, 2014, p.53)

            No caso dos MbyaGuaranis da Aldeia Sol Nascente, tenho uma relação estreita por ser professor de alguns alunos da aldeia, pois alguns meninos e meninas da aldeia estiveram   na escola estudando a dois anos atrás.Essa aldeia está localizada na margem da RS 389 (Estrada do Mar).Então várias questões eram levantadas pela minha consciência, principalmente como docente na ora de passar os conteúdos propostos e nos debates sobre vários temas diante aos meus colegas de outras áreas do conhecimento.
            O que fizemos para receber esses alunos Mbya guarani? O que fiz como docente para incluir em minhas aulas esses meninos e meninas? Faço aqui uma reflexão sobre essa “inclusão”, escrevo aqui a minha experiência como professor, mas a minha inquietude sobre o tema inclusão, principalmente o da cultura guarani, foi e é sufocante, levando- em conta os aspectos de preservação cultural.
            Muitas vezes, em sala me deparei com o desafio de ensinar a disciplina que leciono, mas questionava, por que ensinar essa ou aquela disciplina? O que eles irão fazer com que eu estou ensinado? Será que eles não têm mais a me ensinar? E os seus deuses como incluí-los em minha aula, sua música, sua língua como inserir? Várias eram as minhas indagações.
            A teoria é muito importante nessa hora, mas levando-se em conta a prática, sabe-se que os desafios são outros. Quando recebemos orientações temos que proporcionar a “socialização”. Mas somente socializar? Ensinar matemática, geografia, história, português e inglês? Para quê? Para atuar no “mercado de trabalho”. Temos que ter o cuidado pedagógico, pois quando recebermos indígenas em nossas escolas, não podemos de forma alguma menosprezar a sua história a cultura que pode estar sendo ocultada pelo tempo. Lembro que certa vez, em uma aula um desses alunos, só para lembrar eles estão inseridos com outros 26 alunos que não pertencem a sua aldeia, fui fazer uma colocação e aluna indígena não respondia para mim. Levei muito tempo para entender que na aldeia existe uma hierarquia,ela falava pouco comigo, diferentes dos meninos que eram mais ativos. Parece que soa meio machista na cultura branca, mas foi o que percebi naquele momento.
            Então, imagine a dificuldade que enfrentei para dar aula em uma sala de aula, complexa e heterogênea?Para muitos teóricos da área da educação, seria um laboratório importante, tendo indígenas junto com alunos da rede pública. Mas como a prática é bem diferente da teoria, tentei fazer do limão uma limonada; trouxe para as minhas aulas alguns temas relevantes, comecei a fazer a chamada na língua guarani, instruído pela aluna guarani. Claro, tive que oportunizar a descoberta do nome de cada aluno na língua guarani, inclusive o meu “Karai”.E a partir daí, começamos a pedir para aluna as alunas fazerem pulseiras com os nossos nomes, inclusive a minha. Nesse contexto estava dando aula sobre o Brasil físico e utilizando o conhecimento “empírico” se é assim que devo dizer do aluno indígena. Levei um tempo, até conseguir entendê-los. Então temos que seguir um sistema, engessado e burocrata em que se encontra a escola?
Nietzsche, que pensava os pensamentos que moram no corpo, tinha horror ao sistema. “Desconfio de todos os sistematizadores e os evito”, ele dizia. ”A vontade de construir um sistema é uma falta de integridade”. A razão é séria. Exibe o sistema. O corpo é brincalhão. Ri da razão. (ALVES, 2011, p.34)

Nossos conteúdos andam engessados, amarrados. E aí muitas vezes o docente, pela sua inexperiência não busca o além da cartilha que foi lhe passada,faz da sua aula a ladainha de uma estrada única,uma educação bancária e vertical. Percebo que a minha inquietação em planejar me deixava incomodado, porque ensinar algo que contribuísse para suas vidas pois somos regidos por um sistema que visa o lucro.A escola tem um papel na sociedade, um deles é contribuir para o bem apreender e o sujeito a evoluir; mas, que escola é essa que auxilia na construção do individuo?  Será que seus Mbya guarani da Aldeia Sol Nascente não trabalharem serão punidos?
O treinamento das escolares deve ser feito da mesma maneira; poucas palavras, nenhuma explicação, no máximo um silêncio total que só seria interrompido por sinais – sinos, palmas, gestos, simples olhar do mestre, ou ainda aquele pequeno aparelho de madeira que os Irmãos das Escolares Cristãs usavam; era chamado por excelência o “Sinal” e devia significar em sua brevidade maquinal ao mesmo tempo a técnica do comando e a moral da obediência. (FOUCAULT, 1987, p.140)

            Saindo da sala de aula e passando pelas calçadas da cidade de Osório, o que vemos quando nos deparamos com os nossos indígenas? A vida do cotidiano transborda o naturalismo, vivemos imersos em uma a cultura do capital e esse torna a vida em pares,mais do que isso padroniza ambientes, pessoas, e principalmente acultura por ser mais incisivo, hoje ainda por ser mais midiático o capital gera o individualismo padronizado. O conhecimento se adquire na escola ou ele é lapidado por uma gama de técnicas pedagógicas? “... todo conhecimento é uma construção...” (MORIN, 2005 p.96).
Reintroduzir o conhecimento é tarefa da escola, pois o sujeito já traz uma gama de experiência,inclua a esses aspectos os indígenas guaranis, pois eles entraram em minha sala de aula com conhecimentos empíricos. Alunos enxergam esses guaranis?Ou eram vistos como alienígenas, pois eles passaram pela escola, lembrando que esses alunos do 6º Ano Aano não tiveram contato em sala de aula, por isso o foco da pesquisa (analisar as percepções daquela turma que não teve contato, mas que por uma ou outra ocasião os virão nos corredores ou nas ruas?
Partindo das considerações acima, e estando este pesquisador engajado com tais questões é que se constituiu o presente artigo: “A invisibilidade dos Mbya Guarani no litoral norte: uma leitura a partir dos alunos da Escola Municipal José Paulo da Silva”, ao qual está estruturado em três tópicos. No primeiro, procuramos contextualizar a Aldeia Sol Nascente. O segundo apresenta de forma breve, o contexto do presente estudo, a Escola Municipal de Ensino Fundamental José Paulo da Silva.No terceiro, procuramos trazer a análise de dados e os resultados à luz do grupo que foi realizada a pesquisa. Por fim, finaliza-se o presente trabalho com as considerações finais do nosso estudo. 
1 Contextualização “TEKOA KUARAI RESE”, da Aldeia Sol Nascente: Educação, Cosmovisão e Cooperação Mbya Guarani

A Aldeia Sol Nascente “TEKOA KUARAI RESE” localiza-se às margens da estrada RS389, conhecida como Estrada do Mar, pertencente ao município de Osório em uma área de aproximadamente45 Hectares, ação mitigadora pela duplicação da BR 101 a margem  esses indígenas são oriundos da localidade de Maquiné, Barra do Ouro - RS.
A Aldeia Sol Nascente encontra-se numa área de gramíneas entre um capão de árvores nativas residual de Matas de restinga. Essa Aldeia é composta por 15 famílias. Cada família possui sua casa, o cacique Adelino é quem coordena aldeia e seu sucessor direto, é o seu filho Sérgio.
Dentro da Aldeia há uma escola que ensina guarani até o 4º ano para as crianças.  partir da série seguinte,seguem as escolas da rede pública da região, se assim quiserem.Pois a partir daí, saem para fazer as tarefas pertinentes à aldeia.Quem dá aulas em guarani e português é um membro da aldeia, que teve sua formação  e orientação dada pela 11ª CRE, Coordenadoria Regional de Educação, sendo ele pertencente a aldeia,e orientado por uma profissional formada em história e especialista em educação indígena.
Há uma forte relação da cosmovisão dos Guaranis com a cultura, a natureza e o céu. A cosmovisão é importante para a implantação de projetos de sustentabilidade com esses povos e pouco conhecida por pesquisadores que não são índios. Em geral a cosmovisão é definida como a maneira particular de ver, pensar, ordenar, e sentir o mundo. No entanto, deve-se buscar entender as vivências das pessoas no mundo em que vivem, além de compreender como essas pessoas percebem o mundo a sua volta (fenomenologia). Portanto, considerando a cosmovisão do ponto de vista fenomenológico, o mundo não é apenas o espaço que as coisas ocupam e não é algo preenchido por seres inertes. O mundo em que habitamos como indivíduos é o espaço, um espaço co-construído pelos dois pólos, mundo e indivíduo. Espaço semântico que abre um horizonte de possibilidades de sentidos e de direções, de orientações, e de significado. Então a cosmovisão implica a cultura, tanto dos indivíduos como a dos grupos sociais, a cultura é, portanto, o modo de ver, como, sobretudo de viver o mundo (AFONSO, MOSER e  AFONSO, 2014, p. 754).
Para os guaranis da Aldeia Sol Nascente “TEKOA KUARAI RESE”, o Sol (grande deus) é uma pessoa que ilumina todos os dias. E que de um lado ficam as pessoas que são iluminadas e do outro ficam os deuses. O deus da chuva é Tupã.A origem mística dos coletivos Guaranis, as formas de ensino e aprendizagem de seu modo de serem, os cuidados e tratamentos corporais e da natureza, como entende seus deuses e como ensinam as crianças constituem em forma contrária do capitalismo mais colaborativa e ampliada de enxergar a natureza.
O Guarani, em termos gerais, não se interessa em acumular bens e riquezas, nem em ser empreendedores. Eles apresentam baixo nível de consumo e se negam a vender sua produção, baseados em princípios de reciprocidade. Não gostam de ser perturbados por estranhos e relutam em entrar em negociações. Os roçados são cultivados para alimentar a família, e não para produzir excedentes para a venda. Os mais velhos, que são pessoas muito influentes, têm um forte desejo de passar aos mais jovens os conhecimentos que adquiriram com seus ancestrais. (ALRS/CCDH. Coletivos Guarani no Rio Grande do Sul: 2010 p. 73).
            Na aldeia Sol Nascente, “TEKOA KUARAI RESE”, eles plantam e cultivam a lavoura, numa economia de subsistência, porém a terra (chão) fica cada vez mais pobre. Plantam para consumo próprio confeccionam seu artesanato e vendem para arrecadar meios para sobrevivência. Eles são motivados a produzir por órgãos que os orientam seguindo as suas tradições e outros órgãos como EMATER, FUNAI e outros.
Os guaranis são orientados a viver em um sistema socioeconômico e não simplesmente econômico.Pois é da essência guarani a reciprocidade de cooperação. Eles não tem interesse em vender seus produtos para gerar lucro: Sua cultura  é baseada em um sistema cooperativo de subsistência.

2 Contextualizando o local de estudo: a Escola Municipal de Ensino Fundamental José Paulo da Silva
            A Escola Municipal de Ensino Fundamental José Paulo da Silva está localizada no distrito de Atlântida Sul que pertence ao município de Osório, Rio Grande do Sul. Atende mais de 280 alunos, desde  a pré-escola ate as séries finais.
A turma de 6º Ano A,  tem em torno de 14 alunos, com idades entre 11 e 14 anos. Oriundos das mais diversas classes sociais. Alunos esses que são filhos das ocupações indevidas,de empresários locais,de plantadores de arroz, de empregados do comércio local e de empregados dos condomínios de luxo.

3 Análise de dados (resultados e discussão)
Este estudo teve a participação de alunos do 6º Ano A, idade entre 11 e 15 anos num total de 14 alunos da Escola Municipal José Paulo da Silva, na cidade de Osório, os quais responderam um questionário composto de seis (6) questões.
Tratou se de uma pesquisa exploratória, pois objetivamos proporcionar maior familiaridade com o problema, visando a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses a partir de um contexto específico. Entre as fases desta pesquisa foi realizada: a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com alunos da Escola e; c) análise de exemplos que estimulem a compreensão.

1-Você sabe que existem indígenas aquina cidade de Osório?

A pergunta feita aos alunos da turma foi se eles conheciamou sabiam da existênciade povos indígenas nas proximidades da escola onde estudam. Ficou claro que dos 14 alunos, apenas 08 não sabiam da existência; o restante 6 alunos não sabiam da existência dos indígenas da Aldeia Sol Nascente aqui na cidade.Percebemos assim que mais da metade da turma já conheciam os Mbya guarani  de alguma forma.

2.Você sabe onde fica a Aldeia “Sol Nascente”?

Nessa pergunta podemos perceber já um processo de invisibilidade do território, pois a aldeia Sol Nascente fica no caminho do escolar e apenas 4 alunos  sabiam onde ficava a aldeia e outros alunos não sabiam.Claro que podemos evidenciar outros fatores da invisibilidade da aldeia, porém ela existe, com placasde indicação de uma reserva indígena para redução de velocidade, a beira da estrada do Mar, RS 389.

3.Você conhece  alguma palavra guarani?
Nessa pergunta mostra o total desconhecimento e a pouca importância dessa cultura na nossa região. Apenas um aluno sabia de alguma palavra guarani e o restante sequer ouviram falar, lembrado que vários nomes estão na nossa volta, como: rios Ijuí, Jacuí,cidades de Imbé e Tramandaí entre outros.

4. A cultura é importante para você, levando em conta as memórias existentes em várias cidades, então você acha importante preservar a cultura local?

Nesse item a turma ficou dividida:oito alunos disseram que é importante conservar cultura eacham importante preservá - la, enquanto 6 alunos disseram que não,pois talvez já sofrem a influência externa dos pais e sociedade capitalista local.

5.Você concorda que os indígenas não tem que trabalhar como  nós ?

Nesse gráfico fica evidente a cultura do capitalismo moderno, dos 14 entrevistados 11 acreditam que o indígena tem que trabalhar como a sociedade na atualidade, lembrando que apenas 3 disseram que não. É enorme o risco que corremos em função disso para o futuro das civilizações nativas, do ponto de vista preservacional em todos os sentidos.

6.Você acha importante estudar a cultura guarani, entender como eles vivem?

Aqui houve outra resposta, a metade dos alunos considera importante estudar a cultura guarani local, enquanto a outra metade não vê assim.Isso é o reflexo do interesse de massa da sociedade consumista que padroniza tudo. Pois, o sistema capitalista não se propõe ao diferente, somente talvez quando encontre lucro em sua forma, que não é o caso dos Mbya guarani da Aldeia “TEKOA KUARAI RESE”, Sol Nascente, da Estrada do Mar.

4 Conclusão

Então será que nós enxergamos os Mbya Guarani? Mas a pergunta pode ser outra: Como os enxergamos? Os percebemos como pessoas pedindo algo e vendendo o seu artesanato? Parece que não os vemos como nossos ancestrais, mas sim como pessoas mendigando nas calçadas. Na realidade, temos uma questão histórica talvez a se definir. Constatamos, então que o processo cultural não se define apenas em uma década. Passamos por eles nas ruas e olhamos com olhar muitas vezes de indiferença na calçada do comércio osoriense, como aponta um importante pensador:
Quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados, mais as identidades se tornam desvinculadas – desalojadas – tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem “flutuar livremente”. Somos confrontados por uma gama de diferentes identidades (cada qual nos fazendo apelos, ou melhor, fazendo apelos a diferentes partes de nós), dentre as quais parece possível fazer uma escolha. (HALL, 2006, p.75).
Talvez essa questão esteja na pós-modernidade, também no processo espaço temporal do sistema cultural global e local, ou em um currículo que nos coloque de frente com essa cultura. Será que não interessa para nossa sociedade esses conhecimentos?
Não basta saber quais as características físicas e comportamentais que definem o que é um jaó (Crypturellusundulatus), é preciso saber quais usos podem ser feitos de suas penas, quais proibições alimentares pesam sobre sua carne, qual sua ligação com outras espécies de animais e plantas, e com o mundo sobrenatural e sobre – humano. (SILVA, NUNES E MACEDO, 2002, pág.113).

            Quantos de nós já percebemos essa influência na linguagem, em nome de cidades e rios, chás entre outros. Talvez estejamos sobrepondo outra cultura, por sermos “economicamente evoluídos”. Somos refém de um contexto, que nos foi repassado com certo sentimento de temor. Então, se sobrepor a uma cultura é possível que ocorra risco ao seu desaparecimento, os indígenas que não trabalham nessa sociedade capitalista que não produzem estão correndo sérios riscos de desaparecerem.
Elementos da natureza que atuam de graça na produção, qualquer que seja a função que nela desempenhem, não operam como componentes do capital, mas como força natural gratuita do capital, isto é, como produtividade natural do trabalho que no sistema capitalista como toda força produtiva assume o aspecto de produtividade do capital. (MARX, 1991, p.857).

Constatamos que aquilo que desdenhamos na atualidade pela nossa comodidade do bem viver, pelo nosso bem estar econômico e social talvez possa ser cobrado por outras gerações no futuro. Mas por não ter onde trabalhar e não ser produtivo a essa sociedade do capital os indígenas são um peso morto, levando em conta o pensamento do capital, pois o mesmo considera a especulação como cerne da sua sobrevivência. O capitalismo é o machado que corta a lenha, sem ver o tipo de caule que ali está exposto. No caso dos indígenas, as perguntas que ficam é são sérias: Será que estamos ou somos preparados como sociedade, para entendermos nossos indígenas?Será que somos preparados como professores para receber em nossas salas de aulas meninos e meninas que não têm hábitos comuns a sociedade capitalista, como ver televisão, ir ao shopping Center, usar um tablet, ou comer alimento embalado e esquentado em um forno elétrico?
No mundo moderno, a ficção do romance desnuda a absurda contingência oculta sob a aparência de realidade ordenada. No mundo pós-moderno, ela enfileira unidas cadeias coesas e coerentes, sensatas, a partir do informe acúmulo de acontecimentos dispersos. Os status da ficção e do “mundo real” foram no universo pós-modernos invertidos. Quanto mais o “mundo real” adquire os atributos relegados pela modernidade ao âmbito da arte, mais a ficção artística se converte no refúgio – ou será antes na fábrica? (BAUMAN, 1998, p.157).

Enquanto nossas crianças forem ensinadas pelas escolas a serem sujeitos competidores, não vejo uma estrada para solidariedade e no respeito a outra cultura.Não posso ser pessimista, mas para respeitar uma outra cultura é necessário enxerga-lá,com respeito a existência de outros povos.
Vemos nossos indígenas pedindo algo e vendendo o seu artesanato em nossas calçadas. Parece que não os vemos como nossos ancestrais, mas como “pessoas mendigando” nas calçadas. Na realidade existem questões históricas, talvez a se definir. Pois o processo cultural não se define apenas em uma década. Passamos por eles nas ruas os olhamos muitas vezes com indiferença. Talvez essa questão esteja, na pós-modernidade, também no processo espaço temporal do sistema cultural global e local, em estreito, mas distante processo de compreensão do outro, pelo menos respeitar a cultura do outro.
Mesmo aqui, no entanto, a traiçoeira incongruência do estranho não termina. O estranho solapa o ordenamento espacial do mundo – a batalha coordenação entre proximidade moral e topográfica,a união dos amigos e a distância física e psíquica: ele está fisicamente próximo, mas permanece espiritualmente distante (BAUMAN, 1999, p.69).

Precisamos além de professores com uma educação libertadora, de um currículo que nos coloque de frente com essa cultura, que proporcione o entendimento e que não fique só nos conteúdos transversais.
 Somos refém da história. Então se sobrepor a ela é um risco? Pois em algum momento aquilo que desdenhamos na atualidade pela nossa comodidade do bem viver, pelo nosso bem estar econômico e social talvez possa ser cobrado em algum momento por outras gerações no futuro.
Assim, os fatos sociais podem ser compreendidos como estruturais, à medida que se desenvolvem. No caso dos Mbya Guarani na escola onde leciono, entendemos que a dinâmica perpetuará ao longo dos anos, pois são os sujeitos os (professores e alunos) que colocaram as representações sociais em prática, havendo divergência entre estes indivíduos. O que fizemos como escola proporcionou a exclusão desses meninos e meninas. Esses mesmos alunos indígenas que poderiam ser uma oportunidade para a escola trabalhara inclusão.
Por meio da ação do homem na natureza a sua relação passa pela interação entre ambos, permeando eventos que os façam interagir. Os homens conhecem o mundo na forma que os desvendam e os tocam. E as suas técnicas foram formadas ao longo da história. Os vetores dessa relação são vislumbrados na técnica e hoje são apropriados pelo capitalismo.
Para o proprietário da terra, a mera propriedade jurídica não gera renda. Confere-lhe, entretanto o poder de impedir a exploração de sua terra até que as condições econômicas propiciem valorização donde retire o excedente, seja a terra aplicada propriamente na agricultura,seja em outros ramos de produção, como a construção, etc. Não podendo aumentar nem diminuir a quantidade absoluta desse campo de aplicação, mas pode alterar a quantidade existente no mercado. Por isso, conforme já observava Fourier, é uma característica de todos os países civilizados o fato de parte relativamente importante das terras subtrair-se a agricultura. (MARX, 1991, p. 870).

A nova forma do capital está vinculada a novas técnicas, agora não mais de sobrevivência e sim o uso de técnicas que possam fazê-los lucrar mais ainda. Nesse momento o capitalismo vive um dos mais verticais processos de mudança em sua estrutura, e levando-se em conta vários fatores. Percebeu-se que a razão pela qual a estrutura da dinâmica, deixou a invisibilidade aparecer. Então, é falsa a ação da sociedade democrática calcada no indivíduo, pois a ação veio de fora da escola,trazida pela carga pretérita dos alunos e professores que não os viram.

Referências bibliográficas
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* Geógrafo e Licenciado em Geografia, Pós-graduado em Sociologia no Ensino Médio, Metodologia de Ensino em Educação Ambiental, pesquisador, escritor, professor municipal de Osório do ensino fundamental na escola José Paulo da Silva em Atlântida Sul, onde também é professor dos alunos indígenas guarani da Aldeia Sol Nascente. É professor estadual em Osório, atua na E.E.Ed. Básica Prudente de Morais onde leciona as disciplinas no ensino médio de Sociologia, Geografia, Filosofia e Seminário Integrado no Politécnico. Especialista em Metodologia de Ensino na Ed. Ambiental. Pós graduando em Sociologia pela FURG /Pólo- SAP. “Coordenador do Projeto de Educação Ambiental “Pé na Areia”, no município de Osório - distrito de Atlântida Sul, RS - Brasil”. “Coordenador e orientador do projeto ‘Ciranda do Saber”, formação continuada para professores municipais de Osório na área das ciências humanas. E-mail: fabiano_desouzamarques@yahoo.com.br

** Sociólogo. Pós-Doutor em Direito e Justiça Social. Professor no Programa de Pós-Graduação em Política Social/UCPEL.


Recibido: 22/10/2016 Aceptado: 02/02/2017 Publicado: Enero de 2017

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