Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales
ISSN: 1988-7833


A RACIONALIDADE DE DESCARTES E OS ASPETOS DO SAGRADO

Autores e infomación del artículo

Roberto Carlos Amanajas Pena*

Maria do Livramento Amanajas Pena**

Universidade do Estado do Amapá, Brasil

robertoamanajas@yahoo.com.br

RESUMO
O presente artigo relata o nascimento da filosofia em um período crítico, esta sofre a influência de deuses mitológicos, a partir desse aspecto, a filosofia tem a função de formular nova identidade sobre a ótica cosmológica e não imaginativa para o caos. Assim, a religião é um foco de inúmeros e intermediários conceitos oriundos de sua aplicação na esfera humana, isso leva com que, a introdução da filosofia da religião estude com mais peculiaridade suas propriedades dentro do espaço religioso. Dentro desta perspectiva, o núcleo da religião é um espaço crítico e analítico, convêm desenvolver uma atitude racional para atuar como senso filosófico, ou seja, a filosofia da religião pesquisa este ponto em aberto para ajudar na sua interpretação sobre o sagrado e o numinoso. O objeto da Filosofia da Religião é o entendimento sobre as teses sobre o sagrado diante das questões sociais. A religião é estudo da história, filosofia, psicologia, sociologia, psicanálise e demais ciências que estabelecem essa ligação de consciência com a humanidade, ou seja, com fenômeno social. Isso relata que, a consciência humana está em evolução para alcançar plena resposta a suas propriedades em relação à religião. Sendo assim, o pensar religioso torna como fruto para um propósito da observação politica social e econômica voltado para as classes que perpetuam ao poder. Assim, a Filosofia da Religião se preocupa em conceituar suas faculdades, para o entendimento e explanação do mundo, voltadas para um restrito pensamento para a adequação do sujeito e objeto. No entanto, a Filosofia da Religião não desconhece o entendimento religioso aplicado no social, como maneira de comportamento dos indivíduos, apenas esclarece as doutrinas existentes no comportamento do homem. Assim, a Filosofia da Religião atua diretamente na essência do saber, do conhecimento e de suas raízes no cognitivo, abrindo a amálgama a unificar uma condição para o pensamento, de maneira óbvia tendo suas propriedades conceituadas de forma racional.     

RESUMEN
En este artículo se describe el nacimiento de la filosofía en un período crítico, este sufre la influencia de los dioses mitológicos, desde ese punto de vista, la filosofía tiene la función de formular una nueva identidad en la perspectiva del cosmos y no imaginativo para el caos. Así, la religión es un foco de numerosos intermediarios conceptos desde su aplicación en la esfera humana, esto lleva a que la introducción de la filosofía de la religión el estudio con más particularidad sus propiedades dentro de la esfera de la religión. Dentro de esta perspectiva,  el núcleo de la religión és un espacio crítico y un método analítico, acuerdan desarrollar una actitud racional para actuar como el sentido de la filosofía, es decir, la filosofía de la religión estuda este punto abierto para ayudar en la interpretación de el sagrada y el numinous. El objeto de la filosofía de la religión es la comprensión de la tesis sobre el Sagrado Rostro de cuestiones sociales. La religión es el estudio de la historia, filosofía, psicología, sociología, psicoanálisis y otras ciencias que establecer esta conexión de la conciencia de la humanidad, es decir, con un fenómeno social. Se informa de que la conciencia humana está evolucionando para lograr la plena respuesta a sus propiedades en relación con la religión. Así pues, el pensamiento religioso da como fruto de un propósito de la observación de la política social y el costo para las clases que perpetuar el poder. Así, la filosofía de la religión en la conceptualización de sus facultades, para la comprensión y explicación del mundo, apuntando a un pensamiento restringido para la adecuación del sujeto y objeto. Sin embargo, la filosofía de la religión no es ajeno al entendimiento religioso aplicado en el ámbito social, como una forma de comportamiento de las personas, sólo aclara las doctrinas que existen en el comportamiento humano. Así, la filosofía de la religión actúa directamente sobre la esencia del conocimiento, del conocimiento y de sus raíces en cognitivas, abriendo el camino para unificar una condición del pensamiento, de la manera obvia que sus propiedades evaluadas de manera racional. 



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Roberto Carlos Amanajas Pena y Maria do Livramento Amanajas Pena (2017): “A racionalidade de Descartes e os aspetos do sagrado”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (enero-marzo 2017). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2017/01/descartes.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss1701descartes


INTRODUÇÃO

A Filosofia da Religião resgata aplicações e conceitos fundamentados de outras ações e fenômenos de doutrinas existenciais que, sofrem uma adequação religiosa ao longo do tempo, ou seja, princípios lógicos que estão acima das questões humanas, sendo assim, a religião inicia seu percurso na questão mitológica e se torna cenário para este estudo racional e suprassensível que, é a própria difusão de considerações elaborados dos distintos princípios filosóficos e suas correntes. Sendo assim, a filosofia da religião relaciona seus pensamentos desde a trajetória da própria filosofia em afinidade com pensamentos primitivos que migram para a religião.     
Neste sentido, o significado da filosofia da religião é estruturar uma tendência que vai abordar os fato e a distinção sobre a questão religiosa do pensar racional, o elemento da filosofia é esclarecer determinantes de entendimento lógico. Afinal, a filosofia tem como objeto de estudo o pensar humano e a teoria do conhecimento que são base de toda à interpretação do estudo de caso. Porém, explanaremos o Sagrado como categoria a priori do sistema racional, ou seja, de uma realidade existencial para o espiritual.      
A filosofia de Descartes parte de uma teoria do conhecimento. A análise da filosofia da religião é puramente reflexiva aos pensamentos deste filósofo, ou seja, refletir sobre a forma critica a essência da religião no núcleo social indutivo é examinar a posteriori a religião sobre discurso da própria razão. O pensamento Descartes está fundamentado com base no subjetivismo, sua ideologia é extrair da própria consciência valores intrínsecos por meio, do método e do cogito sum “o penso logo existo”. Desse modo, constrói sua verdade em cima da própria dúvida, ou seja, a dúvida gera as múltiplas opiniões, é claro que, não é possível estabelecer uma racionalidade direta sem obstrução por meio, da dúvida, estabelecendo o cogito numa forma autônoma para a ação de Deus.
            Contudo, a confiança no cogito funda ao antropocentrismo uma realidade evidenciada pelo fato, ou melhor, gera a própria certeza na razão e não condiciona outra função ao cognoscente a não ser o pensar. Apesar da certeza na razão, junto a esta condição, elabora a partir da aspiração do homem a construção de outra certeza que, seja viável, uma confiança que, não provenha do intelecto e sim, da vontade que é a fé. Por fim, na ideia do irracional, obtemos uma relação com o termo contraditório à razão de Descartes, ou seja, desse modo, alimenta uma alternativa que está além da interpretação do homem, não aos dados empíricos, mas aos dados do cogito, por isso chamamos de irracional.         
              

A RACIONALIDADE DE DESCARTES

O filosofo francês Rene Descartes tem seus fundamentos na corrente racionalista que, tem por alicerces básicos o sujeito pensante, ou seja, é a corrente que diz: A única fonte para alcançarmos a verdade pura e por meio de nossa razão. Ou melhor, através da subjetividade humana. Nesses critérios estabelecidos por Descartes, comprova a forma analítica do pensar, ele nega inteiramente absolvição de dados que não seja obtido por meio da nossa razão, neste sentido, isso remete a inteira responsabilidade de traços de que não esteja vinculado ao pensamento a dados impulsionados por outra forma de apreensão nesse caso o “empirismo”. Afirma Descartes:

Desse modo, considerando que nossos sentidos as vezes nos enganam, quis supor que existia nada que fosse tal como eles nos fazem imaginar. Por haver homens que se enganam ao raciocinar, mesmo no que se refere as mais simples noções de geometria e cometem paralogismos, rejeitei como falsas, julgando que estava sujeito a me enganar como qualquer outro, todas as razoes que eu tomara ate então por demonstrações. Enfim, considerando que todos os próprios pensamentos que nos ocorrem quando estamos acordados podem também ocorrer enquanto dormimos, sem que haja nenhum nesse caso que seja verdadeiro, decidi fazer de conta que todas as coisas que ate então haviam entrado no meu espirito não eram mais verdadeiras do que as ilusões de meus sonhos. Logo em seguida, porem, percebi que, enquanto eu queria pensar assim que era tudo falso, convinha necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. Ao notar que esta verdade penso, logo existo, era tao solida e tao correta que todas as mais extravagantes suposições céticos não seriam capazes de abala-la, julguei que podia acata-la sem escrúpulo como o primeiro da filosofia que eu procurava. 1

Nesta relação existente, entre o sujeito perante o objeto é para o mundo racionalista uma interferência com base naquilo que é evidente e claro para a limpidez do pensamento, e o objeto e uma dessas impuridades apreendidas no mundo para emudecer a forma do pensar humano, como afirma Descartes “nunca nos devemos deixar persuadir senão pela evidencia de nossa razão”.
O racionalismo de Descartes é aspirado no mundo grego, a partir de Platão onde esta filosofia separa-se em: mundo das ideias e mundo sensível. Neste sentido, tornam evidente e clara que, este passo da filosofia foi amadurecido, e para Descartes por meio do inatismo constrói sua afinidade a partir de Platão. Em Platão, a filosofia se torna uma abertura definitiva para o mundo racional e para superar a escola cética. Neste sentido Descartes condiciona a fórmula a priori para o pensar humano “o cogito sum” ou seja, o penso logo existo, uma condição única, separada nesta ocasião das demais correntes filosóficas. O cogito é uma maneira de conjugar toda sua extensão como: afirmar, negar, sentir, imaginar, crer. Essa observação ajusta, com base no cogito, cada sensibilidade no seu próprio conceito puro, adequando de maneira óbvia do pensar humano em sua própria autenticidade. Descartes estudou a filosofia agostiniana e como recurso ao cogito, também a tomista para sustentar suas ideias inatas a respeito da mente humana.

Sem duvida, Descartes era liberal. Mas seu método é rigoroso e tenta superar o ceticismo em busca de nova certeza, também sobre Deus. Não aceita a teoria dupla da verdade. Tenta harmonizar fé e razão.
Descartes tem algumas coisas em comum com a tradição agostiniana como, por exemplo, a intuição, ideias inatas etc. O a priori da formula penso, logo sou é a intuição ou capacitação imediata do cogito, ou, a intuição do ser no pensar. 2 
  

O método aplicado pela filosofia de Descartes estabelece uma distinção e clareza às demais filosofias que, são filosofias que conjugam com outras correntes secundárias a filosofia de Descartes e tem como fonte de conhecimento a razão imposta pela consciência que vem do eu pensante. Sendo assim, ela se aplica na base do subjetivismo, e não está contida na realidade das coisas, na matéria e na existência, pois, sua ação primaria é desenvolvida na própria mente, na consciência na memória. Comenta Descartes:

O primeiro era de nunca aceitar alguma coisa como verdadeira que não conhecesse evidentemente como tal, ou seja, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada mais incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e distinta e meu espírito, que eu não tivesse motivo algum de duvidar dele.
O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades  que eu analisasse em tantas parcelas quantas forem possíveis e necessárias, a fim de melhor resolve-las.
O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para elevar-me, pouco a pouco, como que por degraus, até o conhecimento dos mais compostos e presumindo até mesmo uma ordem entre aqueles que não se precedem naturalmente uns aos outros.
E o último o de elaborar em toda a parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir.3

Seu desenvolvimento ocorre pela reminiscência inata, se recordamos de algo aplicado na sua adequação torna a consciência como fruto operante para manifestar sua habilidade como consciência ativa na introdução por parte do conhecimento inato. Assim explica os autores: Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.:

Contudo, não se pode concretizar algo sem que seja evidenciado no real. Mas o modo de apreciação racionalista no que tange para tal linha, é absolutamente definido que essa construção seja a inicial na moldura da consciência racional, porém, este fato construído a partir de uma base sensível nos faz acreditar que não é capaz de influenciar a razão a consolidar pelo mecanismo de sua representação. Observa-se com isso, uma enorme tendência a explicar como o racionalismo independe do sensível para provar sua tese inata, constrói-se a base deste inatismo consciência típicas de conhecimento racionais. Conhecimento este que, ao realçarem representações da mente com o propósito material, confirmam que a trajetória do homem foi à consciência que vive até os dias atuais, ou seja, e consciência de necessidade de sobrevivência, isto, coloca a razão em termos singelos como a anteceder na representação das coisas-em-si. Contudo, assenta a razão como a atributo final para limitar nossa representação, ou seja, a razão humana é a única fonte que determina a real existência da verdade.4

Neste caso, a ação do eu pensante é chamar para si toda a reponsabilidade de explicar a verdade como fonte única porque? Por que a verdade só pode ser interpretada a base de ação por meio de quatro juízos. Esses juízos são determinantes para elucubrar o conteúdo da verdade exposta no processo. Mas, se um deles abdicar um de seus conceitos relativos para alçar a verdade oculta, torna-se inviável a aquisição por parte do método, o qual deseja ser transparente para todo o processo em questão.      

a) DESCARTES: A DÚVIDA GERA A VERDADE

Descartes parte de uma organização, um principio, uma regra, um sistema, desse modo, pratica-se uma analogia do núcleo central do problema em questão, nesse caso, a consciência turva para a consciência pura.  Para os racionalistas, interpreta-se a natureza das coisas sendo um desenvolvimento da mente, para a mente do homem é preciso que ela esteja pura ao do íntimo de suas habilidades, é necessário que ela preencha as lacunas que intermediam seu propósito, ou seja, seus espaços voltados ao vazio ou ao “nada”, ou melhor, desconstruir a dúvida. Sendo assim, todos os processos da mente em questão são atribuídos apenas ao subjetivismo, compromete uma especulação oriunda ao problema de fato, uma ação total ocupado por inteiro o espaço da própria razão.  Assim comenta Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.:

Quando pensamos no nada como propósito de algum fato que não se concretizou, então este nada está à espera de algum ponto que, se concretizará por via da concentração que, está em repouso para receber algum ponto ou o óbvio como fundamento para explicar o nada, ou seja, o nada é a existência ou o intervalo entre alguma coisa que não se concretizou e alguma coisa que se concretizará.
A dúvida por ser uma criação humana também pode gerar suas verdades provisórias, a partir da própria sensibilidade de caos, então é um ponto de negatividade que está sendo consumida pelo tempo. O nada é o intervalo entre a dúvida e a certeza, sendo assim, a dúvida cria hipóteses e especula as afinações do sensível, mas as verdades contidas na certeza concretizam o caminho que as várias especulações criadas pela dúvida anteriormente, e com isso, a fragmentação da própria verdade.
O homem precisa extrair da própria consciência racional limitações que supere seus estágios probatórios de vida, exatamente atribuir uma razão comunicativa no seio da sociedade final. Para isso, precisa embutir na sua consciência a positividade de mundo no que concerne à aplicação dessa vertente. Neste sentido, o propósito usual em busca da certeza será concebido com a superação mediante a sonolência que é o agente manipulador da dúvida.5
          
Entretanto, se o problema foi gerado por um ato ou seu recurso, tentar  resolver de maneira hipotética, ou seja, duvidosa ao ato, ao seu domínio a natureza racional utiliza o método para extrair e concentrá-lo na profundeza da dificuldade. Em razão dessa problemática, a natureza se explica de acordo com a razão, pois, a razão é o fato ocorrido com clareza e distinção, não existe razão sem ato. Assim comenta os autores: Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.:

A dúvida para Descartes é o fato não comprovado, ou o fato que está em aberto para a possibilidade de ser provado, mas esta comprovação está em repouso à espera do concreto, está em descanso dos fatos que não aconteceram ou que virão a acontecer. Neste sentido é gerada uma alternativa para o fato em intervalo, que é o fato não comprovado, o intervalo entre o pensar e o observar gera a partir, da nossa não comprovação, ou seja, uma dúvida, uma suspeita da contradição. Esse intervalo incide no estado de permanecia da verdade, para que, ocorra o fato evidenciado é preciso que esta verdade se conclua, para isso, é preciso que o nosso pensamento haja em função das coisas materiais, desse modo, quando acontece o juízo é sempre em função da algo ou alguma coisa que está sempre em repouso, esperando a movimentação de uma força que venha atribuir ao intervalo esse ato concretizado ou fato provado.
Contudo, em linhas gerais define-se que o problema está em diluir esse espaço que chamamos intervalo de pensamento, sendo que, este intervalo sofre variação de diversas concretizações para chegar a uma evidência única, ou seja, sofre uma composição de idéias a partir de sua origem que, no entanto, pode ou não suportar a questão da concretização ideária. Porém, este intervalo pode ser descrito sendo uma amálgama ou um liame de interseção ou ligação entre o pensar e o fazer. Mas que seria exatamente esta nomenclatura que designa este intervalo de pensamento? Ao analisar pelos fatos existenciais o homem é constante perturbador dos seus indícios de pensamentos, podemos destacar alguns intervalos de pensamentos como: vazio, nada, concentração, repouso, e a própria dúvida em-si. São as vias temporais que definem o propósito do pensamento humano, ao atribuir o nada como intervalo de tempo entre o pensar e o fazer, torna a própria evidência aceita como fato concretizado, a partir, da idéia do nada como intervalo de pensamento, é claro, que os conceitos não são finais e sim temporais, lidar com o pensar humano é extremamente complexo para definir algo exato.6

Para isso, é preciso que, haja um ato improvado para gerar definitivamente a questão duvidosa e transforma-la em evidência pela análise da ação, ou seja, como comentado acima é necessário que suscite um ato não premeditado, mas contingente que procure os pontos em abertos e esta sem a devida formulação alcance primeiramente as transformações hipotéticas, deste modo, o conteúdo analítico torna-se objeto de pesquisa ao objetivo alçado, em que, a própria dúvida do ato exposto, buscar-se-á a razão intermediadora para dúvida metódica. Comenta os autores: Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.

Se as dúvidas migram para a certeza como fim último da realidade, então a elaboração da idéia concreta parte de uma base tanto censurável quanto certa para a idéia final, sendo isso, a idéia que tentamos atingir é uma idéia sem a intervenção da dúvida metódica, parte sempre do objeto de filtragem ao acerto, mas é certo que, as primeiras dúvidas utilizam-se sempre como forma apenas de corrigir o que as outras (idéias) realizam para chegar a um objetivo final, uma concretização última para recomposição dessa lembrança agregada a mente que até então, precisa de uma forte ocasião para retornar ao processo de causa inicial da própria razão do conhecimento. 7

b) O ENTENDIMENTO DE DEUS

Contudo, todos os atos são pormenores exposto a nossa mente sendo ato oriundo ao sensível. Para entender Deus é preciso conhecer o espaço que vivemos, entender que as verdades das coisas são evidenciadas pelos nossos dados empíricos, ou seja, devem-se esclarecer atos impróprios do eu como: angustia, sofrimento, dor, aflição, agonia etc. Em partes a filosofia de Descartes foi compreendida pelo mundo com clareza e distinção, evidenciada pelo seu cogito do eu pensante partindo de um subjetivismo, que existe a respeito do mundo sensível e evidenciado pela razão de fato. Assim, para Descartes o entendimento de Deus parte de uma realidade objetiva e formal que são a posteriori, que é causa do eu pensante, que dá consequência ao entendimento objetivo, ou seja, construtivo a base da realidade empírica. E por ultimo, a causa a priori, que é chegar à definição de perfeição que Deus é um ser por total, Deus é ato puro e perfeito e torna a ideia clara e distinta. Como comenta em suas explanações Descartes na quarta parte do discurso do método.

A isso acrescentei que, ciente de que conhecia algumas perfeições que eu não tinha, não era o único ser que existia, mas que devia necessariamente haver outro mais perfeito, do qual eu dependesse e de quem tivesse recebido tudo o que possuía...Além do mais, eu tinha ideia de muitas coisas sensíveis e corporais, pois, apesar de supor que estava sonhando e que tudo que via imaginava ser falso, não podia negar, contudo, as ideias a respito não existissem em meu pensamento...Se, no entanto, existissem alguns corpos no mundo ou então algumas inteligências ou outras naturezas que não fossem totalmente perfeitas, o ser delas poderia depender do poder de Deus, de tal maneira que não pudessem subsistir sem ele por um só momento.8      
         

Porém, o mundo sensível está repleto de dúvidas, confusões, equívocos, incompreensões e imprecisões, que faz parte da consciência múltipla que torna o mundo sensível exatamente em gerar dúvidas. Consiste em, como pode haver uma dúvida? O homem que está preso à matéria que é alimento temporário da dúvida e o alicerce para elucidar uma razoável percepção final para clareza e distinção do fato, ao passo que, a cada dúvida movimenta múltiplas opiniões ressaltadas sobre a dificuldade. Igualmente, leva-se a várias dúvidas expostas para um conceito, e isto, torna um ciclo vicioso, embutido de vários pensamentos dedutivo e não de efeito científico ou racionais. Ou seja, não e este lado racional que compete entendimento do sagrado, não está em averiguar os dados da matéria e sim do espirito.

c)  A EXPLICAÇÃO DE DEUS SEGUNDO DESCARTES

A explicação para a existência de Deus é que, Deus explica toda ação do conhecimento a ele mesmo, ocorre no sujeito pensante, definindo sua essência atribuída à perfeição, na lógica racionalista, todo ser pensante atua sobre a evidência de algo, porém se a clara e distinção não for provada, sua evidencia se torna nula, mas, Deus que é o ser infinito e que mesmo por meio do pensamento sua diretriz e a perfeição, definem ao passo que nada somos se a interpretação de Deus não houver traços lógicos. Neste sentido, se dependemos de algo perfeito para sobreviver em algo imperfeito existe algo de fato. Sua plenitude sobrevém por meio, de suas essências sobrenaturais ao homem, de fato, sua racionalidade lógica provém de um pensamento de vida criado a partir de uma continua e eterna soberania.

Se Deus goza eternamente essa felicidade que nós só conhecemos por instantes, tal coisa nos enche de admiração, e mais ainda se sua felicidade é maior. E maior é, seguramente. A vida reside nele, porque a atualidade do pensamento é a vida perfeita e eterna. Dizemos, pois, que Deus é um ser vivo, eterno, supremamente bom, de sorte que a ele pertencem a vida e a duração continua e eterna; pois isso é Deus...É evidente, pois, pelo que acabamos de dizer, que existe uma substancia eterna, imóvel e separada dos seres sensíveis. Fica também demonstrado que essa substancia não pode ter nenhuma extensão, que não possui partes e é indivisível, pois ela produz o movimento através do tempo infinito, e nada que seja finito pode ter um poder infinito. Toda extensão é finita ou infinita, e essa substancia, pela razão dada acima, não pode ter uma extensão finita; e tampouco pode ter uma extensão finita; e tampouco pode ter uma extensão infinita, porque tal coisa jamais existiu. Finalmente, ela e impassível e inalterável, pois todas as mudanças são posteriores à mudança de lugar. 9   

 
A racionalidade por meio do cogito obtém a mudança que ocorre no ser, nesse caso, no ser pensante, sua maturidade transforma a ideia mista e heterogênea em ideia pura, sendo assim, caracterizando a prova de Deus para a razão testifica o argumento ontológico para explicar a lógica da existência de Deus como ser a priori. Como relata Urbano Zilles em seu livro Filosofia da Religião.

As provas cartesianas da existência de Deus são, a rigor, três. A primeira tem como ponto de partida a ideia de Deus (aspecto existencial) e conclui que a realidade objetiva da ideia de Deus exige como causa a realidade formal que pensa, isto é, Deus. A segunda demonstração parte do eu pensante que tem a ideia de Deus e conclui que o ser que tem a ideia de Deus e não é Deus, tem que ser causado por Deus. A terceira prova parte da ideia de Deus (aspecto essencial) e conclui que o ser infinitamente perfeito contém em si uma existência que é a perfeição. 

A ideia inata é a causa primária que explica a existência de Deus, flui dentro da substancia do eu pensamento, ou seja, a substancia do pensamento que é interiorizar a sua evidência de fato e concluir que o pensamento é algo que já existe antes e de fato ao pensamento humano. Neste sentido, constrói com base no inatismo sua ação de deduzi-la ao mundo exterior, porém, por meio, do entendimento racional o inatismo sustenta a ideia de ser, temos o juízo de aceitar que Deus existe com finalidade de perfeição no homem, se Deus é o pensamento do pensamento sua ação total se resume apenas ao homem. É claro que, se pensarmos em Deus com atributos sensíveis este não é Deus, porem, se o colocar juízo a atributos racionais mediante o conhecimento inato, este sim, é Deus que, comporta toda forma de espirito ao homem.

Permaneceria sempre firme na decisão que havia tomado de não pressupor nenhum outro principio, salvo aquele de que acabo de servir para demonstrar a existência de Deus e da alma e de não aceitar coisa alguma por verdadeira que não me parecesse mais clara e mais certa do que me havia parecido anteriormente as demonstrações dos geômetras. Apesar disso, atrevo-me a dizer que não somente encontrei meio de me satisfazer em pouco tempo no tocante a todas as principais dificuldades que costumam ser tratadas na filosofia, mas também que percebi certas leis que Deus estabeleceu de tal modo na natureza e das quais imprimiu tais noções em nossas almas que, após refletir bastantes sobre elas, não poderíamos duvidar parece-me ter descoberto muitas verdades mais uteis e mais importantes do que tudo havia aprendido antes ou mesmo que havia esperado apreender. 10          

Observa-se com isso, a falta de clareza dos atos da certeza da verdade que está juntamente na palavra de espirito encontrada dentro do cogito, ou seja, do eu pensante. Contudo, cabe ao mundo encontrar a adequada essência da verdade em-si com propósitos que convertem sua natureza e ocorra à mudança heterogênea para homogênea, ocorrendo um equivoco ao problema ou ato gerado. Porem, a verdade de Deus é evidenciada em nós pela verdade do Espirito Santo. Ou seja, se o eu pensante estiver adequado para aceitar a conveniência entre o Espirito de Deus ele mudara a nomenclatura da palavra passando e convertendo sua consciência para o pensamento do pensamento. Assim comenta os autores: Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.:
O racionalismo cartesiano possibilita uma vida interior redigida unicamente, pelo direcionamento racional, mas para obter tal entendimento é preciso ter um caminho paralelo a do mundo sensível, isto é, um entendimento das coisas-em-si e mesmo, um entendimento gradual perante as demonstrações de juízo críticos ou por meio de apreciações formais. A corrente filosófica idealista conjuga por meios formais que o único alicerce para formar o conhecimento ou a verdade é a razão, sendo assim, a fonte mais antiga preeminente da verdade é a consciência humana, por isso, Descartes recorre ao seu entendimento para analisar com sapiência as ciência que compartilham tais sabedorias, explora a consciência humana com evidência no ponto racional, e é esta  a finalidade do racionalismo.    
No sentido mais amplo desse entendimento percebe-se que, descobrir um significado na vida para encontrar tal razão superior necessita sair do plano existencial e postar-se na esfera cognitiva do pensar, neste sentido, defende nossos ideais, como maneira em que pode integrar a realidade e a convivência racional para sobreviver ao consenso da vida. Possuir uma identidade existencial ou material que, liga por meio das evidências uma certeza de que o percurso que o próprio homem constrói para si é unicamente guiado por seu próprio hábito de pensar. Descartes constrói suas próprias certezas e seu julgar das coisas em-si, colocando o seu pensar subjugado ao existir, ou seja, o cogito em análise está definido se penso subjuga-se que logo existe algo existencial de maneira a subsistir perante o pensar. 11

Descartes parte do eu pensante para definir sua tese, a possibilidade de o cosmo ser parte de seu estudo e totalmente rejeitada por Descartes, sendo assim, Descartes tem como ponto de partida o sujeito e não o cosmo para definir a existência de Deus. Neste sentido, a razão era tratada como fundamento único para o estudo do homem, dentro desta perspectiva, o mundo filosófico é separado do conhecimento de Deus, o mundo filosófico tem a razão como faculdade própria do cogito, para interpretar e chegar à análise divina.  Dentro desta analise, o fato evidencial não depende da fé, ou melhor, de Deus para clareza e distinção, caberia à razão como atributo do cogito pensar em Deus, ou seja, o cogito depende do eu pensante para tornar esta ação evidente “a ação de pensar em Deus”.
Descartes distinguiu a coisa pensante e a coisa extensa. Disso decorrem consequências para a relação corpo-alma. O corpo é a máquina. A alma é espirito, constituído pelo pensamento, como consciência, como eu. É objeto da filosofia. Pelo espirito, capaz de pensar, o homem é livre...Por isso, ao tentar demonstrar a existência de Deus não parte do cosmos, e sim do próprio sujeito...Dizíamos que Descartes reconhece certa autonomia da razão em relação a fé.12

Entretanto, a introspecção é um instrumento somente a priori, ou seja, por se tratar de uma abstração está associado à ação psicossomática e parte de uma ideia interna, a intuição heurística atua como forma especulativa, ajuda a racionalização a proceder por meio de hipóteses cientificas. Sendo assim, a autonomia da razão em relação à fé é algo profundamente conceitual perante a evidência pressuposta. Ou seja, a própria razão assume um papel secundário ao interpretar sua origem. Assim relata os autores: Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.:
O propósito de Descartes ao estimular a mente humana como convenção para as decisões tomadas e criadas por meio, do conhecimento a priori e a intuição, é recorrer à razão como último critério do homem em habilitar suas resoluções hábeis, para obter o total domínio do seu entendimento. Por outro lado, a ciência é capaz de fragmentar a própria verdade impondo suas ilusões persuasivas na vivência das pessoas, o que caracteriza uma dissociação prática do juízo do homem, entre o bem e o mal. Esses juízos que, são caracterizados pela observação do mundo, em razão da sua própria consciência de vida, imposta pelos atributos que a mente impõe ao lado da razão o semblante da evidência. Sendo estes comprometidos com a linha direta do pensamento, que alias, é a única fonte para obtenção da verdade segundo os laços racionais. 13 

Porém, Descartes faz uma separação ao dissociar corpo-alma, ou seja, a alma estuda o ser da ideia perfeita (a ideia inata), outro fundamento que Descartes reconhece e a autonomia da razão em semelhança da fé. Descartes tinha que recorrer à razão para definir uma clareza, ou melhor, uma evidencia concreta, observou que, da mesma maneira que a revelação pura se da por importâncias da substancia primeira, a nossa consciência se da por necessidade de uma forma metasensorial.
De fato, examinando as funções que, por causa disso, podiam estar neste corpo, encontrava exatamente todas aquelas que podem estar em nós sem que pensemos nisso, nem, por conseguinte, eu nossa alma, isto é, essa parte distinta do corpo cuja função, como já foi dito anteriormente, é apenas a de pensar, para isso contribua, e que todas são as mesmas; esse fato permite dizer que os animais sem razão se assemelham a nós, sem que eu possa encontrar para isso nenhuma daquelas razões que, por serem dependentes do pensamento, são as únicas que nos pertencem enquanto homens, ao passo em que encontrava a todas em seguida, ao supor que Deus criara uma alma racional e que juntara a esse corpo de uma certa maneira que eu descrevia.14     

Nesse ponto, existe uma clareza no seu domínio, de recorrer algo puramente racional para explicar sua verdade, porém, a verdade não pode ser explanada de forma real ou verdadeira. Além disso, seria uma verdade relativa ou se deslocaria para um fundo cético. Como provar que a verdade seja inocente aos olhos da evidencia? Apenas se a razão investigasse sua outra metade, ou seja, investigasse sua consciência pura. Neste sentido, a consciência pura é tudo que deveria ser, ou seja, a consciência sempre precisa de algo para locomover as bases de sua razão, sendo imposta na faculdade própria do ser.
Entretanto, a consciência pura seria filtrar o âmago do ser impuro e purificá-lo por meio de um empenho metafisico e divino que seria Deus. Tentar entender Deus já seria uma excelência por nossa ignorância acidental, o divino manifesta tanto nas questões empíricas como subjetivas, e nesse caso, o inatismo pode alcançar em partes as virtudes de Deus.    

d) CRITICA AO PENSAMENTO DE DESCARTES
Em razão dessa problemática, a natureza divina não se explica de acordo com a razão, pois, a razão é o fato ocorrido com clareza e distinção no mundo existencial, não existe razão sem ato, por isso, o “cogito” ou penso logo existo não pode explicar a sua essência partindo do ato não concretizado, ou seja, esse fato parte de uma realidade e uma esfera lógica, por meio de um ciclo cotidiano nas formas incompreensíveis do homem e que seria a contradizer a razão no sentido irracional.

O “irracional”, portanto, não e algo “desconhecido”, “não reconhecido”, de forma alguma. Fosse assim, ele nada teria a ver conosco, nem poderíamos dizer que é algo “irracional”. É “incompreensível”, “inapreensível” para a razão. Mas, pode-se experimentá-lo “sentindo”.15    

Desse modo, e notório pensar que o mundo está em processo paralelo, interpreta-lo racionalmente significaria tratar diversas origens a dados metaempíricos demostráveis a natureza de Deus. Contudo, isto leva-nos a pensar em sua lógica em determinados pontos que razão é uma das maneiras de explicação de Deus a posteriori para o mundo, ou seja, concretiza sua maneira de clareza e distinção imposta por Descartes e depende dos dados do pensar a tornar óbvio a natureza do cogito. Porem, não se exclui a percepção causada pelo dado sensível que recebe tal procedimento sobrenatural. Assim relata os autores: AUXILIADORA NOBRE LOPES, G; VILHENA CABRAL, I; SILVA CARDOSO, T; AMANAJÁS PENA, R.

Esse fenômeno além de transcender o entendimento humano, consegue contrapor-se a ele anulando-o, chegando-o a confundir, tornando-se além de compreensível paradoxal. Pois o “totalmente outro”, encontra-se, acima de toda e qualquer racionalização humana, chegando assim, a contrariar a própria razão. Tal fenômeno, assim, so pode ser elevado ao nível da manifestação religiosa irracional, que se mostra na psique do ser.
A mente humana não é capaz de apreender totalmente a compreensão do misterioso, logo, suas percepções são extremamente limitadas, a ponto de somente se deparar com o “totalmente diferente”, ou seja, uma realidade que não faz parte da razão humana mais que, ultrapassa o campo do inimaginável. Assim, em vista disso, a natureza humana não consegue mensurar a entidade sobrenatural escondida por trás do fenômeno do misterium.16    

e) PORQUE O SISTEMA DE DESCARTES NÃO PODE EXPLICAR A VERACIDADE SOBRE AS QUESTOES QUE ENVOLVEM O SAGRADO?

Para responder essa questão recorrermos à própria palavra de Deus “O meu povo foi destruído, por que lhe faltou conhecimento.” Oséias 4.6. Não se explica por meio da razão, podemos apenas sentir os efeitos de seus sinais e seus propósitos que ocorre por meio da fé, o ato racional impossibilita a compreensão do divino e sua revelação incondicional. Contudo, a razão não pode definir sendo a única fonte de verdade sobre o divino, ou seja, os conceitos elaborados sobre o sujeito pensante que determina sua matriz em relação ao objeto distinguir-se por uma esfera misteriosa e obscura em relação a razão, outros conceitos ao longo do tempo estão sendo alicerçado com veemência em afinidade ao cerne, o modo racional delimita os extremos em-si do fato ou ato em questão e trata da categoria a posteriori. Comenta os autores: AUXILIADORA NOBRE LOPES, G; VILHENA CABRAL, I; SILVA CARDOSO, T; AMANAJÁS PENA, R.

Ao longo da história buscou-se dar uma definição sobre o sagrado, a partir da definição ética e, também, descreve-lo enquanto uma representação, porem é importante frisar que segundo estudos a obra de Rudolf Otto, não é da concepção ética que provém o sentido de sagrado e nem a manifestação do mesmo, por isso é necessário desprender-se do aspecto moral e recorrer as características racionais para expressar através de conceitos claros e nítidos a manifestação do sagrado, configurando assim, o elemento racional como uma categoria a posteriori. Por isso, Otto expõe o sagrado como algo que não se decompõe e nem é apreendido por uma concepção moral, este é único. E o que é passivo de comunicação é apenas a manifestação deste, e não o elemento irracional – sagrado propriamente. Constata-se na obra O Sagrado, que a ordem da experiência humana com o sagrado segue do elemento irracional (ou sagrado numinoso, na expressão corrente de Otto) para o elemento racional, embora esta sequencia não implique ou signifique em derivação ou prolongamento do primeiro para o segundo, como uma extensão do elemento irracional no racional, e, sim, que trata-se apenas de etapas, visto que, para Otto, o numinoso17 é inderivável e parte da psique humana. Otto designou “O numinoso” como aspecto irracional do sagrado, pontuando que a intenção desse aspecto é garantir, preservar a particularidade do sagrado como categoria a priori. . 18 

f) O IRRACIONAL A PRIORI MEDIANTE O RACIONAL

Ao elucidar o significado da palavra irracional, buscar-se uma interpretação que venha impor um pensar coerente, ou seja, “racional” para o termo que alcança um contingente de ação em relação ao pensar humano, ou seja, o lado lógico do ser. Entretanto, pela ocorrência do lado interpretativo da própria inteligência do homem, ou limites que seja a profunda cicatrizante que dela permeiam seu direcionamento obscuro, o irracional estabelece um direcionamento misterioso à compreensão humana secundária. Com isso, o lado irracional elabora em seu elemento de extensão sobre a racionalidade outra e importante consideração sobre a lógica do termo, ou seja, ele torna um atributo dos pontos em que não se aplica o paradigma racional. Ocorrendo com isso, uma forma de entendimento racional sobre o sagrado, mas, uma forma de tentar explicar metafisicamente por meio irracional o elemento sobre a categoria a priori. Ressalta Otto:

Geralmente as pessoas se poupam do esforço de indicar precisamente o que querem dizer com isso, não raro dando-lhe sentidos os mais diferentes possíveis, ou utilizando-o desleixadamente em termos tão vagos, que os possíveis sentidos são os mais diversos face a lei, o irracional é a realidade nua e crua; diante da razão, o espirito; frente ao necessário, o acidental; face ao derivável, o meramente fortuito; diante do transcendental, o psicológico; face ao que é determinável a priori, aquilo que é reconhecido a posteriori; frente a razão, cognição e determinação pelo valor, o poder, a vontade e o arbítrio; impulso [Drang], instinto e as forças obscuras do subconsciente frente ao reconhecimento [Einsicht], à reflexão e ao planejamento inteligente; profundas psíquicas e sensações místicas na alma e na humanidade, inspiração, pressentimento, intuição profunda, vidência e por fim também as forças “ocultas”; ou em termos bem gerais: a ânsia inquieta e a fermentação geral da época, a busca pelo inaudito e jamais visto na literatura e nas artes plásticas. “O irracional” pode ser tudo isto e mais, sendo exaltado ou maldito como “irracionalismo” moderno, dependendo do caso.
Quem usa o termo hoje em dia tem obrigação de dizer em que sentido o faz... Por irracional não entendemos o vago e néscio, ainda não submetido a razão, nem a birra das pulsões individuais ou das engrenagens do mundo contra a racionalização. Usamos aquele linguajar presente, por exemplo, ao se dizer de evento tão singular, que por sua profundidade foge a interpretação inteligente: isto tem algo de irracional.19

Ao pensar que, a maneira de interpretar os conceitos sensíveis à categoria divina por parte do racionalismo, pode ou não constituir um aspecto sobre o ser elucidado entre outras possibilidades que não seja a própria razão, e organiza seus conceitos a investigar, por meio a priori sua identidade separada dos laços sensíveis, ou seja, o pensamento sobre o sagrado restringe a inteira responsabilidade de assegurar sua forma a priori para sua clareza e distinção, leva ao intuito que a ausência de conhecimento por meio do sobrenatural é a sua falta do próprio conhecimento em relação à natureza divina, ou seja, esta falta de conhecimento relativo a Deus nos consulta para um espantoso e igualmente sentido a outro aspecto comum em nossas vidas, e foge a completa e qualquer analise de entendimento racional.

Ao mesmo tempo, porem, o irracional nesse sentido coloca-nos diante de determinada tarefa, qual seja, de não sossegarmos com sua mera constatação, abrindo as portas ao capricho e ao palavrório entusiasta, mas de, mediante ideogramas, descrever seus aspectos de forma mais aproximada possível para assim firmar com “sinais” duradouros aquilo que flutua em suas oscilantes aparição do mero sentimento, e chegar a uma discussão unívoca e de validade geral, formando “doutrina sadia”, que apresente estrutura firme e busque validade objetiva, ainda que opere apenas com alguns símbolos conceituais em vez de conceitos exatamente correspondentes. Trata-se não de racionalizar o irracional, o que é impossível, mas de captá-lo e fixá-lo  em seus aspectos, assim fazendo frente ao “irracionalismo” do entusiástico discurso arbitrário, por meio de doutrinas “sadias” firmes.20

Porém, a maneira de como lidar com este termo leva para um conceito apenas do mundo existencial, para provar a existência de Deus, ou seja, a derivações destas opiniões e conceituar as várias opiniões racionais como derivações de um núcleo central que é o divino, é estabelecer por meio do irracional uma realidade a priori. Sendo assim, não se restringem em conflitar racional e irracional, os mesmos aspectos são próprios de entendimento para decifrar o ato a priori. Contudo, como faculdade e propriedade do ser, sendo mais um atributo fora da mente do homem agindo de maneira espiritual promovendo com isso, uma superação na essência do ser.  Assim comenta os autores: Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.:

O compromisso com Deus mediante as máximas de moralidade seguida pelo homem é o determinante que Descartes adota no aspecto prático, a responsabilidade diante do seu exercício social é a função que o torna praticante primeiramente, do método cartesiano, porém, sua virtude ética moral provém da obediência religiosa e política dos seus afazeres como membro de uma civilização, essas normas devem ser seguidas não para que o homem se torne dogmático no seu posicionamento diante do caos, mas se torne racional nos seus atos, ou seja, atuante antes as opiniões do mundo sensível e agente do racionalismo lógico. Descartes promove o seu entendimento baseando-se no livro do mundo, ou seja, fortalecendo o espírito em função do racionalismo, a sua mente construindo relações as limitações humanas e gerando interpretações conclusivas de mundo, com isso, descartar-se a dúvida do seio de sua interpretação e coloca-se a evidência como atributo a seguir, desse modo, a análise frontal que as máximas morais propõem, é colocar  o homem mediante sua posição sobre a verdade e esta é inteiramente fortalecida pela sua razão.
O que Descartes conhece como verdade é o que sua mente comprova pelo fato evidenciado, logo, gera-se um entendimento sobre o que é verdade, assim a verdade torna-se clara e distinta como reflexo da evidência, ou seja, para chegar ao óbvio, mas contudo, as situações momentâneas leva a verdades múltiplas diferentes umas das outras, verdades alojadas no período de espaço e tempo. Se a verdade é a evidência em conclusão sem especulações que comprovam os objetivos no mundo, então o que se presencia e que as verdades segundo Descartes origina-se no que a nossa mente pode entender como organização para o juízo crítico que fazemos das medidas que compõem a verdade. Sendo assim, o racionalismo se enquadra nesse tipo de verdade objetiva, possuindo uma vertente lógica. Com isso, a moral que evidencia o correto como modo de aplicação da verdade torna-se racional quando ela é testada e comprovada com precisão, alocada ao fato, na dialética de Platão as idéias se comprometem até encontrar a verdadeira essência da verdade. 21

Neste sentido, o irracional e pensamento são destinados somente para associar uma dualidade por parte do racionalismo critico, o sagrado é uma fusão de atributos para esclarecer uma ligação de méritos alcançados por determinação divina, pois, como o espirito necessita da alma e a alma do corpo para que o processo seja pleno nos desígnios divinos. O racionalismo de Descartes tem o fundamento e alicerce na teoria do conhecimento, como comentado acima estabelece na sua clareza e distinção mecanismo para dúvida metódica, ou seja, se preocupa em esclarecer o óbvio e não o sagrado se exime a chegar por meio racional perto de Deus, mas não esclarece uma definição precisa para definir o divino, o que em partes ocorreria uma dúvida para clarear sua evidencia.
            Com base nestas elucidações, explicar o irracional é uma das consequências que o racionalismo lógico não esclarece e nem se aclara, pois, seus resultados vibram como um princípio metaempírico ou sobrenatural em relação à clareza do que o racionalismo acende. Em linhas gerais, o princípio a priori de entendimento não está em combate com a questão do irracional, pois, suas relações são distintas de entendimento, ou mesmo, exprime uma adequação, para inspirar seu juízo indutivo a priori. O conhecimento puro não está contido nas questões sensíveis, no irracionalismo está na aplicação de percebe-se as coisas como não são, impondo-as que evidenciamos as coisas como são, o que segue está além do sensível e tentar achar explicação em terra incógnita.    

CONCLUSAO

Em destarte, os sistemas doutrinários que englobam a Filosofia da Religião são provenientes do entendimento socioeconômico baseado em classes que julga tais afinidades para relacionar seus propósitos inerentes à sociedade em que está inserida, aprisionada sobre o jugo de suas ideias relativas e conceitos que norteiam tal procedimento ao divino, ou seja, atribuem essas interpretações oriundas de um pensamento racional, irracional, ateu, cético e dogmático. Porem, suas condições estabelecem uma categoria de pensamento em que o fato provém da experiência como ato, e que, a evidência seria está comprovação de nunca omitir a certeza para a dúvida.
Entretanto, a filosofia da religião como esfera do pensamento a cognição e chama para si todo e qualquer instrumentação e estabelece a categoria racional a priori, desde já, nessa perspectiva propõe-se a analisar o conteúdo fundamentado no material e questões clássicas propostas por Descartes e assumido total assiduidade por parte do subjetivismo. E tem seu entendimento na lógica do raciocínio, como fundamento para o cogito sum, ou penso logo existo. 
A teoria do conhecimento apesar de ser uma relação do cognitivo distribui seus conceitos pelas várias épocas, construindo assim, uma condição não para o desenvolvimento imediato do homem, mas, a evolução do pensar humano. Contudo, esta divisão entre desenvolvimento e evolução ocorre de maneira sistemática ao pensamento não é tida para alavancar o saber e sim, como uma determinação própria do eu.    
Descartes em seu exposto, sobre a natureza divina utiliza do método da duvida para expor erros e equívocos, ou seja, para Descartes Deus não pode ser imperfeito se a duvida existe fora dele, dentro destas limitações à causa inicial ao pensamento de Descartes e o conhecimento inato, que já nasce ao passo que despertamos para o nosso saber interior. Sendo assim, essas mediações são influenciadas pelo racionalismo que esclarece pela clareza e distinção sua abertura para o enigma da verdade, ou melhor, achar por meio da razão o elemento primordial para o elo com o divino.
            A Filosofia da Religião é um estágio somente para clarear uma penumbra que atribuída à razão, soa como uma fuga para o homem, onde a própria razão descobridora da consciência primitiva e da liberdade deste ser volúvel tenta solucionar as ignorâncias do próprio ser para redescobrir a verdade por meio do sagrado ou numinoso. Contudo, tenta superar esse infortúnio e abre uma porta para interpretar outro lado da razão, que seria o imaginável, ou melhor, seria algo irracional já que, as aplicações dessas categorias são para o homem elementos mensuráveis ao seu equilíbrio. Desse modo, Descartes sincroniza que, o ser pensante é totalmente imperfeito, e a causa perfeita que é Deus torna ao lado racional incompreensível ao ser. Que o homem tem suas limitações sensíveis, que o fluxo extraído do cogito é o ser pensante que busca a causa perfeita. O teocentrismo é substituído pelo antropocentrismo nas suas verdades ultimas, a consciência passa a exercer uma função de liberdade pessoal em relação à ordem cósmica do universo.
Afinal a verdade de nossas verdades é Deus e Deus não é contradição e nem imperfeição. Deus não pode ser explicado pela razão humana, ou seja, se pela razão fosse explicado notoriamente seria alterado e confundido nas demais opiniões geradores de múltiplos pensamentos, Deus não pode ser confundido com realidades múltiplas, ele entre nos nossos pensamentos e no nosso cognoscente, para aliviar as doenças da alma e do corpo, para nos ajudar nas compreensões e nos entendimentos de alternadas filosofias do mundo. A natureza de Deus é a essência de tudo o que se pensa, sendo assim, segundo Aristóteles Deus é o pensamento do pensamento.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.: "O racionalismo de Descartes: às evidências da verdade", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Diciembre 2013, www.eumed.net/rev/cccss/26/racionalismo-descartes.html

ARESI, Albino. Homem Total e Parapsicologia editora Mens Sana ano 1984 São Paulo.

AUXILIADORA NOBRE LOPES Graça; VILHENA CABRAL Ione; SILVA CARDOSO Tatiani; AMANAJÁS PENA Roberto Carlos. Dessacralização do Sagrado Cristão em Friedrich Nietzsche e Rudolf Otto. Editado por la Fundación Universitaria Andaluza Inca Garcilaso para eumed.net ISBN-13: 978-84-15774-41-9 ano 2013.

BAZARIAN, Jacob. O problema da verdade. Editora Círculo do Livro.

HESSEM, Johannes. Teoria do Conhecimento. Editora Armênio Amado, Editor, Sucessor – Coimbra 1970.

DESCARTES, René. Discurso do método tradução Ciro Mioranza editora escala continental ano 2006. São Paulo.

LEOPOLDO E SILVA, Franklin. Teoria do Conhecimento. 9 edição São Paulo Brasiliense, 1992.

OTTO, Rudolf. O Sagrado: Os aspectos irracionais na noção do divino e sua relação com o racional. Editora Vozes 2 Edição ano 2011.

ZILLES, Urbano. Filosofia da Religião. Editora Paulus 7 edição ano 2009.

* Possui Graduação em FILOSOFIA pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Mestrado em CIENCIA DA EDUCAÇÃO pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Especialização em Filosofia Analítica da Educação e Especialização em Gestão em Economia Empresarial. Atualmente é Professor de Filosofia da Universidade do Estado do Amapá e da Universidade Paulista. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia.

** Possui graduação em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade Estadual do Ceará(2006), graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará(2009), especialização em Especialização em Supervisão Escolar pela Faculdade Fassem(2010), especialização em Gestão em Educação a Distancia pela Faculdade Fassem(2009) e Mestrado em Ciencia da Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos(2010). Atualmente é Coordenadora de Pós-Graduação da Senac e Professor consultor nível III da Universidade Paulista. Tem experiência na área de Educação.

1 DESCARTES, Rene. Discurso do Método. Quarta  Parte Pg. 30.

2 ZILLES. Urbano. Pg. 31

3 DESCARTES, Rene. Discurso do Método. Segunda Parte Pg. 21.

4   Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.: "O racionalismo de Descartes: às evidências da verdade", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Diciembre 2013, www.eumed.net/rev/cccss/26/racionalismo-descartes.html

5 Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.: "O racionalismo de Descartes: às evidências da verdade", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Diciembre 2013, www.eumed.net/rev/cccss/26/racionalismo-descartes.html

6 Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.: "O racionalismo de Descartes: às evidências da verdade", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Diciembre 2013, www.eumed.net/rev/cccss/26/racionalismo-descartes.html

7 Idem.

8 Discurso do Metodo. Pg. 32.33

9 Urbano Zilles. Filosofia da Religião. Pg.28

10 DESCARTES, Rene. Discurso do Método. Quinta Parte Pg. 36.

11 Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.: "O racionalismo de Descartes: às evidências da verdade", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Diciembre 2013, www.eumed.net/rev/cccss/26/racionalismo-descartes.html

12 ZILLES. Urbano. Pg, 31-32.

13 Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.: "O racionalismo de Descartes: às evidências da verdade", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Diciembre 2013, www.eumed.net/rev/cccss/26/racionalismo-descartes.html

14 DESCARTES, Rene. Discurso do Método. Quinta Parte Pg. 39-40

15 OTTO. Rudolf. O Sagrado. Pg. 172.

16 Dessacralização do Sagrado Cristão em Friedrich Nietzsche e Rudolf Otto. Pg. 77

17 Na reflexão ottoniana, o conceito de numinoso é derivado de numem e significa aquilo que é
próprio dos deuses e nele está o cerne irracional do sagrado em toda sua potência. Numen é algo
totalmente distinto de qualquer outra experiência. (MARCHI, 2005, p: 40)

18 Dessacralização do Sagrado Cristão em Friedrich Nietzsche e Rudolf Otto. Pg. 66-67.

19 OTTO. Rudolf. O Sagrado. Pg. 97.

20 IDEM. Pg. 98-99

21 Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.: "O racionalismo de Descartes: às evidências da verdade", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Diciembre 2013, www.eumed.net/rev/cccss/26/racionalismo-descartes.html


Recibido: 15/11/2016 Aceptado: 16/02/2017 Publicado: Febrero de 2017

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