Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales
ISSN: 1988-7833


CONFLITOS LINGUÍSTICOS E IDENTITÁRIOS ENTRE AS LÍNGUAS, ESPANHOL E GUARANI EM UMA ESCOLA RURAL NO PARAGUAI

Autores e infomación del artículo

GASPARIN, Marlene Niehues

UNIOESTE/Foz, Brasil

marlenegasparin@hotmail.com

Resumo: Este trabalho tem por finalidade observar os conflitos linguísticos numa escola rural localizada no município de Yuty, no departamento de Ca’azapá, no território paraguaio onde os próprios irmãos de nacionalidades se afrontam perante um fator cultural, linguístico e identitário, acarretado por questões socioculturais e políticas. O Paraguai é um país que possui duas línguas oficiais constitucionalizadas, o espanhol e o guarani, assim, depois de várias observações feitas teoricamente e, mediante entrevista com professores da escola a respeito deste fato, é bastante notável o quão as realidades vivenciadas e compartilhadas pela população paraguaia nesse contexto são heterogêneas, divergentes e, ao mesmo tempo, ‘híbridas’. A escola, no entanto, configura-se como uma instituição bilíngue que apresenta em seu currículo reconhecer e trabalhar com as duas línguas oficiais do país, e reconstruir assim, uma ideia de identidade nacional, no entanto, a maioria dos alunos não utilizam a língua espanhola na prática oral, e isso demarca vários conflitos, sejam eles, políticos e ideológicos.
Palavras-chave: Conflitos linguísticas, Bilinguismo, Identidade, Cultura



Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

GASPARIN, Marlene Niehues (2016): “Conflitos linguísticos e identitários entre as línguas, espanhol e guarani em uma escola rural no Paraguai”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (abril-junio 2016). En línea: http://www.eumed.net/rev/cccss/2016/02/guarani.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/CCCSS-2016-02-guarani


Introdução

No Paraguai, as línguas, o espanhol e o guarani, têm o mesmo papel no sistema político da nação, no âmbito de oficialidade, porém quando são postas na prática real, esses papéis são totalmente divergentes; o guarani é bastante resistente e enraizado no espaço onde menos existem influências da língua espanhola, ou seja, em lugares mais afastados dos centros de comercialização, que são a população do campo e do interior; já o idioma espanhol é tido como um idioma dos mais favorecidos, idioma de prestígio e de ascensão social. Segundo Meliá (1997) o uso das duas línguas está regido por fatores, tanto sociais, como regionais, pois elas são deslocadas “em dois campos semânticos que dificilmente se sobrepõem1 ”. A língua espanhola é tida como língua de inserção mundial do colonizador e a língua guarani como língua minoritária em relação ao espanhol, mas majoritária em relação às demais línguas indígenas usadas no país, que são silenciadas. De acordo com Villagra-Batoux (2008, p. 55) “é, pois inegável que o espanhol se encontra acima de uma hierarquia, o segue o guarani, que por sua vez, precede às línguas dos diversos grupos étnicos2 ”. Neste caso, o grande dilema de um país com falantes bilíngues pode permitir muitos pontos de controvérsias, pois cabe pensar que existem indivíduos que não têm conhecimentos de uma das línguas, se utiliza de uma delas para se comunicar no seu dia-dia. Considerando o exposto, o objetivo desse artigo é compreender como ocorrem os conflitos gerados pelo contato entre as línguas, guarani e espanhol, numa escola rural no Paraguai.
Segundo a Constituição da Republica do Paraguai (Artigo 140) sabe-se que o Paraguai não possui apenas o idioma guarani e espanhol em seu território, existem várias outras línguas usadas principalmente pela população indígena, “as línguas indígenas, assim como as das outras minorias, fazem parte do patrimônio cultural da Nação”, mas não irei pôr, aqui, em discussão as línguas minoritárias por não ser o objetivo deste trabalho. Assim, parto do princípio em trabalhar com os dois idiomas aqui reconhecidos e discutidos que são os idiomas oficiais do país, que, por conseguinte, constituem o ensino bilíngue no país. Esta pesquisa, certamente, poderá contribuir para esclarecer e entender melhor as realidades linguísticas do Paraguai diante das faces culturais e identitárias por elas geradas.
Para o desencadeamento deste artigo, serão abordadas as questões referentes às realidades linguísticas no Paraguai, de suas demarcações em determinadas esferas sociais, e o conflito entre as duas línguas, espanhol e guarani em uma instituição de ensino. Neste primeiro momento serão discutidos conceitos a respeito da oficialidade das duas línguas e de suas divergências na prática locais.

A política de oficialidade e a política de bilinguismo em foco

É difícil falar das oficialidades das duas línguas sem falar da política linguística que a envolve. Segundo Calvet (2002, p. 145) a política linguística é “um conjunto de escolhas conscientes referentes às relações entre língua (as) e vida social, e planejamento linguístico a implementação prática de uma política linguística”. Bourdieu (2008) ao abordar sobre o sistema de unificação de língua, explica o abrangente papel que esta determinação desencadeia.
A língua oficial está enredada com o Estado, tanto em sua gênese como em seus usos sociais. É no processo de constituição do Estado que se criam as condições da constituição de um mercado lingüístico unificado e dominado pela língua oficial: obrigatória em ocasiões e espaços oficiais (escolas, entidades publicas, instituições políticas, etc.), esta língua de Estado torna-se a norma teórica pela qual todas as práticas linguísticas são objetivamente medidas (BOURDIEU, 2008, P. 32).
A ideia de um país bilíngue (espanhol e guarani) é uma construção ideológica historicamente dada que visa a unificação de língua, língua pura e bem delimitada (BLOMMAERT, 2011). Essa concepção ainda aparece no sistema educacional, e é bem notória quando se observa, por exemplo, os livros didáticos dos professores e alunos, pois parece haver uma intensificação dessa ideia de purismo linguístico. A escola, como bem coloca Bourdieu (1989), é resposta do Estado e está constituída por fatores que são direcionados pelo Estado no seu sentido ‘físico e simbólico’.
O Paraguai foi declarado como um país bilíngue oficialmente no ano de 1992, pela Constituição Nacional do Paraguai reconhecendo as duas línguas, espanhol e guarani, como idiomas oficiais do território paraguaio “o Paraguai é um pais pluricultural e bilíngue, são idiomas oficias o castelhano e o guarani. A lei estabelecerá as modalidades de utilização de uma e da outra 3” (Artigo, 140), sendo assim, os dois idiomas são colocados na mesma posição dentro de um olhar político, e se contrapõem dentro de um olhar social e prático. Entre essa ‘norma teórica’ e ‘práticas linguísticas’ existe uma grande fronteira, principalmente, quando as duas línguas representam o mesmo valor no âmbito oficial e se limita quando se trata de práticas sociais mais amplas.
Quando não existe uma unificação entre papel e uso real de duas línguas em contato, há sempre um conflito marcado, Hamel (2002, p. 52) chama a essa ocorrência de “conflito linguístico”, referindo-se não a uma disputa entre línguas, mas sim, a uma luta entre diferentes grupos marcados por fatores socioeconômicos, étnicos e/ou socioculturais diferentes. O Paraguai possui duas línguas oficiais e as duas línguas trabalham com papéis totalmente diferenciados dentro de determinados campos ou atividades sociais. De acordo com Alcaine, (2004) essa questão de hierarquização entre as duas línguas, do papel dado a cada uma delas do ponto sociopolítico e cultural mostra que idioma guarani corresponde a um status de língua subordinada ao espanhol, em termos de poder.
Em termos de poder y solidariedade o castelhano é a língua que ocupa os espaços de poder - administrativo, educação, meios de comunicação, macroeconomia, etc. – e o guarani os reservados à solidariedade – âmbito familiar, afetivo, relação com os vizinhos, pequeno intercâmbio comercial, etc. (...) o guarani é também, a língua de identidade e coesão nacional, ainda que, em contradição, não tenha uma valorização prestigiosa para a ascensão social 4 (ALCAINE, 2004, p. 214).
O guarani traz consigo um referencial de um símbolo indentitário nacional, como expressão máxima de nacionalismo, “o guarani é um distintivo nacional e a menção é obrigada em todos os discursos políticos e na simbologia nacional” 5 (MÉNDEZ, 2013, p. 17), de certa forma, percebe-se que esta língua, dentro dos programas educacionais, aflora as riquezas de tradição, principalmente dentro da literatura como um emblema cultural do país. É muito pouco a influência do guarani em algumas práticas sociais, sejam estes, nos programas de TV (noticiários, novelas, programas educativos, encontros religiosos, etc.), nos jornais, nas revistas, e também, nos próprios livros didáticos. Este último item citado é bem significativo para observar que as duas línguas não desempenham um papel comum, todos os materiais determinados e elaborados pelo Ministério de Educação e Cultura, são distribuídos em todo o território nacional, portanto, todas as matérias são escritas no idioma espanhol, exceto a disciplina especificamente do guarani, sendo que o guarani é um idioma que abrange maior quantidade de falantes em todo o território.
É curioso perceber que a maioria dos que utilizam, ou necessitam utilizar, os livros didáticos, ler jornais, assistir programas televisivos não são falantes do idioma espanhol. Enquanto o espanhol é mais reconhecido e enaltecido quando se fala em termos de poder e de prestígio. Dessa forma, a contribuição de Meliá, (2012) mostra o quão desvinculado estão as duas línguas dentro de uma essência unitária.
Em princípio, pois, seriam duas línguas comuns neste país: guarani e castelhano. Portanto, na prática, o guarani carece de todos os atributos próprios de língua oficial, como seria o uso público. Nem o estado nem os meios de comunicação – salvo alguma tímida exceção – usam a língua própria do país que é o guarani quando na realidade é a mais comum na relação comunitária. O guarani está ausente do que se pode chamar vida moderna: tecnologia, comércio, cultura formal, administração pública6 (MELIÁ, 2012, p. 90).
Muitas vezes existem motivos intencionais que levam os falantes a ter interesse em adquirir a segunda língua, seja ela, espanhola ou guarani, e também, interesses que levam a negar e rejeitar uma determinada língua, “a queixa frequente que ouvimos dos paraguaios e mais de paraguaios classe media e alta que não sabem o guarani é, precisamente porque lhes foi privado o direito de saber guarani, na família e por parte do Estado7 ” (MELIÁ, 2012, p. 91). Fala-se em segunda língua, pois há bastantes indivíduos monolíngues no espanhol e no guarani. Para os guarani falantes a aprendizagem do espanhol evidencia um êxito social a ser alcançado, enquanto que, para os espanhol falantes aprender guarani é uma questão de negação, pois o guarani é visto de maneira negativa, portanto, essa “rejeição linguística” 8 (ORTIZ SANDOVAL, 2012, p. 148) é mais intensificado no setor urbano por ser, o guarani, considerado um idioma subalterno. Então, nem sempre existe um bilinguísmo totalitário entre toda a população. Em muitos casos, segundo Hamel (2012, p. 113) se poderia caracterizar esse fenômeno linguístico, não especificamente como ‘bilingüismo’ e sim como ‘di-linguísmo’.
Para Hamel (2012, p. 51) essas realidades linguísticas em que uma tem poder sobre a outra em determinados espaços sociais mais amplos se dá o conceito de diglosia, segundo ele, “na sociolinguística a relação entre uma língua dominante e outra dominada foi caracterizado com o conceito de diglosia 9”. Meliá, (2012, p. 94) por sua vez, aponta que graças ao conceito da diglosia, sabe-se que as duas línguas não estão no mesmo pé de igualdade, e também, salienta para a questão de que aprender uma segunda ou mais línguas é sempre vantajoso, porém, quando se trata de sociedades, esse argumento perde a força, pois em certos âmbitos existem línguas que não representam uma necessidade de uso, neste caso o guarani visto por indivíduos, principalmente os do setor urbano, que proíbem e rejeitam o seu aprendizado.
A perspectiva levantada pelo Ministério de Educação do Paraguai, diante da implantação do ensino bilíngue nas escolas, se apoia na ideia de formar indivíduos bilíngues coordenados, isto é, competentes nas duas línguas oficiais do país para desempenhar qualquer prática social (PERES, 2001). Todavia, diante dos contextos sociais locais, de realidades linguísticas diferenciadas, esse desenho precisa ser flexibilizado e adaptado, pois, na prática, é difícil um ensino bilíngue reconhecer as diferentes realidades sociolinguísticas dos alunos. Segundo Penner (2012), essa ideia inovadora não procede, pois, os alunos convivem com diferentes práticas linguísticas e culturais diferentemente das implantadas pelo Estado e os próprios professores também, não têm formação específica em uma ou outra língua.
Essa colocação de ensino bilíngue nas escolas implica que o ensino se fará nas duas línguas oficiais do país, ou seja, no início da vida estudantil será respeitada e utilizada a língua materna do aluno, seja esta guarani ou espanhol. Supõe-se que cabe aos professores a competência nas duas línguas para articulá-las e desenvolver da melhor maneira seu trabalho de alfabetizador. Já, no caso em que a língua do aluno não é nenhuma das línguas oficiais, deve-se escolher umas dessas línguas para iniciar a alfabetização, deixando clara a supressão da língua materna do aluno pela língua dominante.
De acordo com Demelenne (2007, p. 10), esse desafio da educação bilíngue no Paraguai vem enfrentando divergências entre o modelo de bilinguismo e suas práticas. O primeiro ponto é que os professores falam o guarani, porém, em sua maioria, não dominam sua escrita por falta de materiais escritos nessa língua. Por outro lado, existe a pressão dos pais que querem que os filhos aprendam a língua espanhola por ser mais útil e mais privilegiada. Em relação às duas línguas oficiais do país, o autor aponta que o Paraguai não está constituído pelo bilinguismo, mas sim por duas línguas diferentes, já que cada língua se manifesta em contextos e âmbitos diferentes, possuem papéis divergentes dentro do sistema de oficialidade e também na comunicação cotidiana dos sujeitos paraguaios, já que, muitas vezes estão inseridos num contexto plurilíngue e transitam entre essas línguas tornando-as funcionais em suas diversas práticas.
É importante mostrar para o complemento deste estudo, mas que não é o foco principal deste trabalho, de que os dois idiomas, espanhol e guarani, vêm enfrentando diversos conflitos como pudemos observar acima, portanto, ultimamente há uma expansão de projetos para a divulgação da língua guarani, como por exemplo, no Brasil em 2013, ocorreu o 1° Seminário de Língua, Literatura e Cultura Guarani em São Paulo10 com o intuito de evidenciar a relevância dessa língua. Também, no mês de março deste ano, a língua guarani foi consolidada como língua oficial e histórico do MERCOSUL.
A seguir, se fará uma discussão a respeito dos conflitos linguísticos no contexto escolar, evidenciando que, nem sempre acontece o que é determinado pelas Leis institucionais bilíngues.
Os confins linguísticos nas escolas
Ambas as línguas são sumamente importantes de acordo com o âmbito e o contexto no qual se utilizam. A maioria da população das zonas rurais fala e utiliza a língua guarani, de modo que existe maior quantidade de falantes monolíngues no guarani no setor rural, pois o guarani constitui a língua materna dessa maioria. Evidenciando assim, a tendência de um não bilinguismo. Segundo Meliá (1997) cada uma das línguas, espanhol e guarani, se concentram em diferentes campos sociais e com diferentes indivíduos no âmbito da linguagem.
O bilinguismo claramente social do Paraguai pode-se caracterizar também, como bilingüismo rural-urbano. Porque, ainda que seja verdade que em Assunção se fala também o guarani, é cada dia mais claro a tendência que mostra as concentrações urbanas para o monolinguismo espanhol, enquanto no campo, a proporção de monolíngües em guarani alcança um índice elevadíssimo11 (MELIÁ, 1997, p. 46).  
No ano de 1992 a Constituição da Republica do Paraguai consolidou a oficialidade das línguas, espanhol e guarani no país, essa mudança de lei, também correu no processo educacional nacional, tendo em vista que cada uma das línguas funciona de maneira diferente em determinados campos sociais, sendo estes, no rural e urbano “o ensinamento no início do processo escolar se realizará na língua oficial materna do educando. Será instruído assim mesmo, no conhecimento e no uso de ambos os idiomas oficias da Republica 12” (Artigo, 77).
A seguir, apresento uma colocação de um professor de língua espanhola e guarani o qual entrevistei a respeito do seu trabalho com as duas línguas dentro da sala de aula. Segundo ele, a Lei que propõe o ensino das duas línguas provoca tantos conflitos, que os alunos não conseguem ser ‘competentes’ em nenhuma das línguas, devido ao fato de que os materiais didáticos geralmente estão escritos na língua espanhola e os professores precisam desenvolver as aulas na língua jopara, pois os alunos são falantes dessa língua, e esses fatores certamente acarretam certos conflitos.

Entrevista com o professor Josué  

Marlene: ¿Como ves los principios pedagógicos de la escuela con respecto al uso e enseñanza en las lenguas?
Josué: Los principios pedagógicos absolutamente no están adecuados a la realidad del estudiante, son diferenciados… la política del lenguaje, en este ámbito seria ineficiente, pues no se cumple las expectativas de los objetivos en cuanto a crear bilíngues coordenados, de que el niño pueda aprender eficazmente ambas lenguas
Marlene: ¿Y cómo ocurre la interacción del profesor y del alumno en cuanto a los sistemas lingüísticos en sala de clase?
Josué: Mayoritariamente los alumnos son hablantes del guaraní, entonces la relación que se da en forma recíproca dentro de la actividad didáctica entre alumnos, docentes y contenidos, el canal es el guaraní […] El Ministerio nos cobra el uso de las dos, de manera que los alumnos hablen en las dos lenguas, pero es imposible, ellos no entienden, prácticamente cuando se les explica en español, en la realidad ellos lo que utilizan es la mescla de las dos.

Percebe-se que existe, para o professor Josué, uma barreira entre o aprendizado e o uso das duas línguas e que o professor não consegue trabalhar as duas línguas como exige o propósito pedagógico nos livros didáticos, quando pretende formar bilíngues coordenados, isto é, bilíngues competentes nas duas línguas oficiais do país, que seja capaz de utilizá-las em qualquer situação social (AGUERO, BRACHO, MANSFELD, GYNAN, 2011). A proposta pedagógica bilíngue parece estar dissociada das realidades sociolinguísticas dos alunos, dos contextos diferenciados, ignorando os grandes desafios que se enfrentam diante dessa diversidade. Torna-se delicado falar em competência linguística, como neste caso, pois há uma crença de que os alunos necessitam terminar o ensino médio para saírem bilíngues, capacitados para utilizar as duas línguas, sem mesmo essas línguas fazerem parte de suas realidades locais e de suas práticas de linguagem cotidianas. Segundo o professor, a língua mais presente na interação entre aluno e professor é a língua guarani [la relación que se dá en forma recíproca dentro de la actividad didáctica entre alumno, docente y contenido el canal es el guaraní] e logo, aparece na sua fala, que os alunos utilizam, não uma ou outra separadamente, mas as duas intercaladas [en la realidad ellos lo que se utilizan es la mescla de las dos], com isto, embora o professor se refira à língua ‘guarani’ e língua ‘espanhola’ de forma separada, se compreende que a língua ‘mesclada’, isto é, a língua jopara é mais utilizada em sala de aula.
De acordo com Ortiz Sandoval (2012, p. 148) o processo de aprendizado da língua guarani nas escolas do espaço rural, é incluído no currículo como língua de aprendizado obrigatório, portanto, os falantes do idioma guarani não conseguem ter domínio da escrita de sua língua materna, pois sua escrita é muito pouco trabalhada e o idioma guarani sempre foi uma língua oral.
Fronteira linguístico-cultural e identitárias
É interessante notar os limites que existem entre essas duas línguas em contato ou não, que se diferem quanto ao seu funcionamento real entre indivíduos como uma marcação de fronteira, pois as fronteiras sempre existem onde há diferenças, onde há um outro diferente “Ela obedece à lógica do mais-que-um” (HALL, S. WOODWARD, 2000, p. 106), “fronteira é essencialmente o lugar da alteridade” (MARTINS, 2009, p. 133).
 A fronteira de modo algum se reduz e se resume à fronteira geográfica. Ela é fronteira de muitas e diferentes coisas: fronteira da civilização, fronteira espacial, fronteira de culturas e visões de mundo, fronteira de etnias, fronteira da história e da historicidade do homem. E, sobretudo, fronteira do humano (MARTINS, 2009, p. 11).
E é nessa demarcação que está situado a população do Paraguai, seja em qualquer situação em que se encontra, sempre há um conflito entre suas línguas, identidades e culturas, as mesmas são marcadas por divergências significativas e que no ponto de vista é bastante complexa e intrigante para compreendê-las. E essas fronteiras também trazem fronteira de identidade.
As marcas culturais e identitárias são muitas variantes, mudam de acordo com as atividades sociais em questão. Na atualidade, a resposta da globalização para os movimentos culturais é muito precisa e fortemente marcante em questão de heterogeneidade cultural, pois se tornou e se torna cada vez mais abrangente e complexa, “as nações modernas são, todas, híbridas culturais” (HALL, 2006, p.62). A língua, certamente é um fator fortemente cultural, pois faz parte da característica e do convívio social dos indivíduos.
Hall (2011, p. 50) ao estudar a identidade cultural na pós-modernidade afirma que “uma cultura nacional é um discurso – um modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos”. Portanto, ao construir sentidos e representações sobre a “nação”, as culturas nacionais constroem identidades. Tais sentidos são incorporados em narrativas que se relatam sobre a nação, ainda conforme o autor, a identidade surge não somente “da plenitude da identidade que já está dentro de nós como indivíduos, mas de uma falta de inteireza que é 'preenchida' a partir do nosso exterior, pelas formas através das quais nós imaginamos ser vistos por outros (HALL, 2011, p. 39).
E não é diferente ao se tratar desses traços dentro da sociedade paraguaia, em que existem confrontos entre línguas, cultura e identidade dentro de um mesmo território e que se manifestam em todos os ambientes sociais. A cultura faz parte dos costumes, das tradições, e das características dos indivíduos, de certa forma, construída histórico e socialmente.
 A cultura não é apenas um conjunto de obras de arte ou de livros e muito menos uma soma de objetos materiais carregados de signos e símbolos. A cultura apresenta-se como processos sociais e parte da dificuldade de falar dela deriva do fato de que se produz, circula e que se consome na história social. Não é algo que aparece sempre da mesma maneira (CANCLINI, 2009, p. 41)
As identidades culturais não são fixas nem estáveis, e a população paraguaia vivencia essa realidade a todo instante em que se relaciona com os outros ao seu redor. O individuo apresenta e se representa continuamente de acordo com o contexto em que está submetido, como aponta Hall (2006, pg.13) “dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas”.
De acordo com Ortiz Sandoval (2012, p. 148) o processo de aprendizado da língua guarani nas escolas do espaço rural, é incluído no currículo como língua de aprendizado obrigatório, portanto, os falantes do idioma guarani não conseguem ter domínio da escrita de sua língua materna, pois sua escrita é muito pouco trabalhada e o idioma guarani sempre foi uma língua oral.
Durante minhas observações, era comum ver os professores trazerem os conteúdos na língua espanhola. Por exemplo, ao abordar um tema de literatura espanhola, eles partiam do espanhol, mas posteriormente precisavam retomar todas as questões já ditas, na língua dos alunos, para que pudessem compreender e elaborar as atividades. Um fato também curioso diante dessa prática é que os alunos têm dificuldade ou resistência de falar o espanhol, embora seja a língua que mais utilizam na escrita. Uma possível explicação para esse fato é que, por trás da língua espanhola há certa marca ou atributo simbólico e de dominação, fazendo com que os alunos se neguem a utilizá-la, principalmente por vergonha dos colegas.
Esse é um dos fatores que acontece bastante nesse contexto, os alunos, em vista de que o espanhol não faz parte do seu repertório linguístico (prática oral) eles olham para essa língua como algo distante deles, como algo que não os pertence, sentem que é a língua de um mundo exterior a eles e, embora alguns soubessem falar sentem certo receio em utilizá-la. Assim como ouvi um aluno dizer “Cheve iñestraño la oñe’eva la españolpe” [Eu acho estranho quem fala espanhol] (DIÁRIO DE CAMPO 06/11/14). Conforme Corvalán (1993 apud PERES, 2001) o espanhol é considerado a língua oficial dos negócios, dos meios de comunicação e tem um valor instrumental maior que a língua guarani, pois se considera como língua que permite o acesso social e profissional, enquanto que o prestigio do guarani é mais voltado para um significado simbólico que leva consigo a história, cultura e costumes dos grupos indígenas e dos campesinos e, que o usam nas situações mais informais. Sendo assim, os alunos carregam essa ideia de que o espanhol é mais valorativo e, que faz parte de uma classe ou categoria que não pertence a eles. 
De acordo com Bourdieu (1989, p. 141) essas práticas são categorias de percepção do mundo social e são produto da incorporação das estruturas objetivas do espaço social. E, por conseguinte, levam os indivíduos a olharem para o mundo social tal como ele é, a aceitaram-no como forma naturalizada, mais do que a “rebelarem-se contra ele, a oporem-lhe possíveis diferentes” e pensar no sentido da posição como sentido daquilo que se pode ou não se pode implica num sentido de limites “isso não é para nós”. De acordo com o autor, os conflitos tanto identitários, culturais como linguísticos, muitas vezes são tomados como algo natural que faz parte da realidade e da rotina de determinado contexto, contudo, são fatores que estão permeadas por diferentes lutas (simbólicas) de poder.
Tendo a língua como um fator de identidade cultural, toma-se consciência de que onde existe linguagem, também existem identidades, e elas não necessariamente são fechadas e isoladas, sempre há traços de outras realidades pertencentes a outros grupos sociais, porem a essa mistura, também, é denominado, segundo Pires Santos, (2004 p. 200) de “linguagem hibridas” e nem por isso passa a perder sua essência identitária, pelo contrário, também, revela uma “identidade hibrida”. O individuo muda sua face em cada momento e em determinados comportamentos. Como por exemplo, quando é necessário assumir um papel mais formal, as pessoas que geralmente se comunicam no idioma guarani em seu entrono, tentam utilizar a língua de mais prestigio, para demonstrar que tem um mais alto nível de competência e conhecimento.
Trazendo essas realidades para dentro das escolas Maher, (2007) aponta as influências que ocorrem entre culturas diferentes em um mesmo tempo e espaço, onde existe uma interligação entre os indivíduos.
Além de as identidades culturais não serem uniformes ou fixas, o que ocorre na sala de aula não é simples justaposição de culturas. Ao contrario: as identidades culturais nela presentes (tanto de professores quanto de alunos) embarram, tropeçam umas nas outras o tempo todo, modificando-se e influenciando-se continuamente, o que torna a escola contemporânea não o lugar de “biculturalismo”, mas de interculturalidade (MAHER, 2007, p. 89). 
Segundo a autora acima, não se pode olhar para as diferentes culturas dentro do âmbito escolar, como isoladas e sim inter-relacionadas umas com as outras, onde se complementam e/ou se modificam em todo momento dentro de um mesmo nível de concentração, Garcia Canclini, (2009, p. 41) coloca também, essa questão e nos diz que aprendemos a ser interculturais da maneira como nos relacionamos com os demais, do modo como nos adentramos a uma cultura diferenciada e nos deixamos influenciar pela mesma.
Portanto, Meliá, (2012) ao falar sobre as duas línguas em questão, aponta que nem sempre existe influência das línguas uma na outra, o contato entre as duas línguas, espanhol e o guarani, dentro da sala de aula, nem sempre provocam um intercambio ou uma interculturalidade, pois, na situação onde cada uma das línguas representa valores diferentes não ocorre uma ligação total.
(…) esse bilinguísmo raramente promoveu o aprendizado do guarani pelo espanhol – falante, enquanto que se dá o inverso, que o monolíngüe guarani aceita ao castelhano. São os guaranis – falantes que passam a ser bilíngües. Aqui é onde se faz patente a falta de interculturalidade entre línguas e sistemas de vida, que apenas entra como prótese incomoda e ao final rejeitada.13 (MELIÁ, 2012, p. 93)
Sendo assim, a língua, a cultura e a identidade fazem parte da vida dos indivíduos e quase sempre há um contagio de uma na outra, e que em certos momentos acarreta conflitos, porém, é visto também, como um fator positivo, pois no mundo atual, neste mundo de ‘misturas’ onde já não uma homogeneidade total, essa aceitação é necessária.
Conclusão
Diante dessas discussões colocadas acima, considera-se que o fenômeno linguístico é extremamente amplo e complexo, principalmente por fazer parte das ações sociais de interação entre indivíduos. Os conflitos linguísticos vivenciados no Paraguai também apresentam esse aspecto de amplitude. Entre as duas línguas oficializadas, o espanhol e o guarani, há muitas implicações políticas e socioeconômicas que perpassam a qualquer atividade de alteridade.
A respeito da idealização de uma nação bilíngüe vista por um olhar de suposição politicamente construído, na prática é vista como uma utopia, pois como observamos segundo vários estudos levantados, que não existe uma homogeneidade entre as duas línguas e os falantes em geral, o que realmente ocorre é uma divisão entre as línguas para determinados papeis sociais e varia de acordo com os diferentes contextos. O espanhol e o guarani não têm a mesma equivalência quando se trata de posições e valores sociais, o espanhol é muito mais intensificado e reconhecido em termos de poder e prestígio enquanto que o guarani carece dessa condição e vem carregado de enigmas de um idioma de patrimônio cultural e identitários. E essas barreiras marcadas por um poder linguístico, geram controvérsias quando se coloca em questão a população paraguaia como indivíduos bilíngues, pois, nem sempre esse fenômeno é comum a todos, as maiorias são monolíngues no idioma guarani, por ser mais marcado no setor rural, e este constitui a maior parte do território paraguaio. Todavia, no sentido de língua como identidade nacional percebe-se que a questão é muito mais ampla do que a simples vista, pois defini-la dentro desses padrões sociais torna-se evidente que língua não determina plenamente a identidade de uma nação.
Em meio a todas as atividades de interações sociais existe o ambiente escolar, onde se presencia um forte choque entre o uso das duas línguas no mesmo tempo e espaço, evidenciando o quão abrangente são os estudos linguísticos e culturais dentro de uma posição não essencialista.
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Documentos:
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1 “En dos campos semanticos que dificilmente se sobreponen” (Tradução minha).

2 Es pues innegable que el español se encuentra en la cima de una jerarquía, le sigue el guaraní que, a su vez, precede a las lenguas de los diversos grupos étnicos (VILLAGRA-BATOUX, 2008, p. 55).

3 “El Paraguay es un país pluricultural y bilingüe. Son idiomas oficiales el castellano y el guaraní. La ley establecerá las modalidades de utilización de uno y otro” (Artigo, 140). (Tradução minha).

4 En términos de poder y solidaridad, el castellano es la lengua que ocupa los espacios de poder y administración, educación, medios de comunicación, macro-economía, etc. y el guaraní los reservados a la solidaridad, al ámbito familiar, afectivo, relaciones con los vecinos, pequeño intercambio comercial, etc. Se considera, no obstante, que el guaraní es también la lengua de identidad y cohesión nacional, aunque paradójicamente, no tenga una valoración prestigiosa para el ascenso social. (ALCAINE, 2004, p. 214). (Tradução minha).

5 "el guaraní es un distintivo nacional y su mención es obligada en todos los discursos políticos y en la simbología nacional” (Tradução minha).

6 “En principio, pues, serían dos las lenguas comunes en este país: guaraní y castellano. Ahora bien, en la práctica, el guaraní carece de todos los atributos propios de lengua oficial, como sería el uso público. Ni el Estado ni los medios de comunicación – salvo alguna tímida excepción – usan la lengua propia del país que es el guaraní, cuando en realidad es la más común en la relación comunitaria. El guaraní está ausente de la que puede llamarse vida moderna: tecnología, comercio, cultura formal, administración pública” (MELIÁ, 2012, p. 90). (Tradução minha).

7 “La queja frecuente que escuchamos de paraguayos y más de paraguayos clase media y alta que no saben guaraní es precisamente lo contrario, que se les privó del derecho de saber guaraní, en la familia y por parte del Estado. (MELIÁ, 2012, p. 91) (Tradução minha).

8 “rechazo linguístico”.

9 En la sociolingüística la relación entre una lengua dominante y otra dominada se há caracterizado con el concepto de diglosia (HAMEL, 2012, pág. 51) (tradução minha).

10 https://sites.google.com/site/seminarioguarani/home (acessado dia 20/07/2014)

11 El bilinguismo claramente social de Paraguay se puede caracterizar también como bilinguismo rural-urbano. Porque, aunque es verdad que también en Asunción se habla guaraní, es cada día más clara la tendencia que muestran las concentraciones urbanas hacia el monolingüismo español, mientras en el campo la proporción de monolingües en guaraní alcanza un índice elevadísimo (MELIÁ, 1997, P, 46) (Tradução minha).

12 La enseñanza en los comienzos del proceso escolar se realizará en la lengua oficial materna del educando. Se instruirá asimismo en el conocimiento y en el empleo de ambos idiomas oficiales de la República (Art. 77)

13 (…) Ese bilingüismo raramente ha promovido el aprendizaje del guaraní por el castellano hablante, mientras que se da la inversa, que el monolingüe guaraní acepta sí el castellano. Son los guaraní-hablantes que pasan a ser bilingües. Aquí es donde se hace patente la falta de interculturalidad real entre lenguas y sistemas de vida, que apenas entra como prótesis incómoda y al fin rechazada. (MELIÁ, 2012, p. 93) (Tradução minha).


Recibido: 12/02/2016 Aceptado: 26/04/2016 Publicado: Abril de 2016

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