BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

A UTOPIA NEGATIVA: LEITURAS DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA

Jacob J. Lumier




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Reflexão estética e objeto literário

Na abordagem personalista o objeto do romance é antes de tudo objeto literário: é a fantasia posta em questão na análise da crise do romance dito psicológico, de tal sorte que a refle-xão estética reporta-se sobre a união em ato do autor, per-sonagem e leitor.

Entretanto, dentre os estudiosos da sociologia e filoso-fia literária não é somente T. W. Adorno quem inclui o problema do monólogo interior no âmbito de uma refle-xão sobre a crise da objetividade proposta nos anos de 1950. Mas, já nos anos quarenta, a presença de Proust é justamente tomada como igualmente decisiva pela ensaís-ta Nathalie Sarraute , para enfrentar a crise do romance centrado na vida mental dos personagens, incluindo as narrativas em primeira pessoa, como se convencionou a designação romance psicológico assim classificado para diferenciar dos dramas históricos ou coletivos, ou dos romances focados nas mudanças dos costumes.

Para essa autora, célebre romancista e refinada ensaís-ta, em modo diferente da sociologia crítica da cultura, o objeto do romance é antes de tudo o objeto literário: é a fantasia posta em questão na análise da crise do romance psicológico, de tal sorte que a reflexão estética reporta-se sobre a união em ato (de leitura e de composição) entre o autor, o personagem e o leitor.

O problema do caráter inteligível e das qualidades hu-manas deve ser investigado a partir das próprias descri-ções oferecidas pelos romancistas nas manifestações dos seus personagens. Dessa maneira, antes de voltar-se ao exame da representação da essência obscurecida pela consciência alienada, dá-se prioridade à experiência do fato literário como tal.

Não que o aspecto crítico da cultura seja desatendido nas análises de Nathalie Sarraute, mas que a sua apreci-ação do romance trata a experiência da leitura na pers-pectiva do fato literário, com independência em face do envolvimento prévio nas significações ou in-significações culturais.

A ação dramática não será, pois, necessariamente to-mada em comparação com o que T. W. Adorno designa “cena da câmara escura do teatro burguês”. Entenda-se: na abordagem crítica da cultura, a ação dramática do ro-mance está envolvida em uma técnica da ilusão, que re-serva previamente ao leitor o papel limitado de realizar algo já realizado, e participar assim do caráter ilusório do conteúdo representado - ainda que esse caráter ilusório vá sendo suprimido na história literária conforme se pas-se de Flaubert para Proust, Gide, Thomas Mann ou Musil e desemboque no que, referindo-se a Joyce, T. W. Ador-no chama “reabsorção da distância estética".

Não que, por sua vez, a análise crítica da cultura seja desprovida de interesse específico para a sociologia lite-rária.

Sua orientação é verificar como visto a situação do romance em face da realidade no momento antirrealista do romance. Nada obstante, desse modo vem a ser favo-recida a prevalência da relação com o leitor, ainda que por fora e em detrimento da união autor-personagem-leitor, porquanto a asserção de que a alienação se con-verte em meio artístico, para um tipo de romance cujo im-pulso é decifrar o enigma da vida externa, exige pôr em relevo além da fantasia a ambigüidade do romance como técnica de comunicação.

Não há obra de arte moderna que tenha valor sem que ao mesmo tempo encarne o espanto, a perplexidade, sendo desta forma, por prestarem testemunho do que experimentou o indivíduo da era liberal, que tais obras servem à liberdade.

Desta forma, tem-se por um lado o monólogo interior de Proust, tomado como via determinada de linguagem, que faculta ao narrador fundar um espaço interior na narração, permitindo-lhe por sua vez evitar o discursivo e escapar às convenções da representação objetiva.

Por outro lado, a anulação da diferença entre o real e a descrição do imaginário que acompanha a reabsorção da distância estética como processus histórico-literário, a reabsorção da distância entre o comentário do narrador e a relação com o leitor – já detectada em Proust e comple-tada em Kafka e em Joyce – se insinua em meio ao pró-prio monólogo.

Isto se verificando de tal sorte que, reabsorvendo-se em uma segunda linguagem (monológica) destilada da primeira (discursiva), e em crescimento junto com a mas-sa de todos os que permaneceram alheios à primeira lin-guagem, o mundo coisista da representação torna a se apresentar à narração.

Daí a conclusão de T. W. Adorno de que não há obra de arte moderna que tenha valor sem que ao mesmo tempo desfrute da dissonância e da frouxidão; sem que encarne o espanto, a perplexidade, sendo desta forma, por prestarem testemunho do que experimentou o indiví-duo da era liberal, que tais obras servem à liberdade.


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