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A UTOPIA NEGATIVA: LEITURAS DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA

Jacob J. Lumier




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O Praticismo

Segundo T.W. Adorno, se o caso é rejeitar a vileza, como parece ser no ideal superior de cultura, a mirada fu-turista se confunde ao atribuí-la ao predomínio da cha-mada cultura material sobre a espiritual ao invés de ques-tionar o "praticismo", pois que “o verdadeiramente digno de ataque seria a separação da consciência de sua rela-ção social, do lugar em que conseguiria sua essência”, mas que idealisticamente a mirada futurista toma por se-paração instituída na sua própria filosofia eterna.

A compreensão da sexualidade como conexão material do espiritual, designando o que é a espiritualidade em estado real, tal como vivida na ansiedade dos indivíduos, instaura o ponto de vista desde o qual a Crítica desarticula a separação e a contraposição rígida do espiritual e da vida prática, montada na ideologia do futurismo com seu ideal superior de cultura substituindo a felicidade pelo Bem supremo, como visto.

Deste ponto de vista da espiritualidade real, o proble-ma da neutralização da cultura pela sociedade de capita-lismo organizado, neutralização notada no desprezo pelos bens culturais da tradição, como o teatro shakespeareano, não se resolve pela introdução de uma esfera superior.

Esse problema da luta contra a cultura de massa se e-quaciona pondo em relevo a conexão que existe entre a cultura massificada e a função social de reconciliar os homens com as más condições de vida e de afastá-los da crítica destas más condições, função conservadora esta permitindo que o mundo se fixe como cristalizado (ib.p.114).

Em contra de A. Huxley, T.W. Adorno sustenta que a questão crítica sobre a cultura de massa não se reduz a censurá-la porque dê demasiado ao homem, ou porque lhe torne a vida bastante segura; tampouco se reduz à afirmação como invariável da necessidade de intensifica-ção e refinamento da consciência.

***

Na promessa humanista da civilização o humano inclui em si, junto com a contradição da coisificação, também a coisificação mesma.

A compreensão da sexualidade como conexão material do espiritual designa o que é a espiritualidade em estado real, tal como vivida na ansiedade dos indivíduos, e desarticula a contraposição rígida do espiritual e da vida prática na ideologia do futurismo.

T.W. Adorno se opõe ao posicionamento da visão fu-turista que, seguindo nisto o molde da tradição romanes-ca que tomou por objeto o conflito entre o homem vivo e as petrificadas circunstâncias, constrói humanidade e coisificação em rígida contradição. Essa orientação tal como observada no The Brave New World desconhece a promessa humanista da civilização ao esquecer que o humano inclui em si, junto com a contradição da coisifi-cação, também a coisificação mesma.

Essa qualidade da condição humana de incluir em si a coisificação mesma vale não somente como condição antitética da ruptura libertadora, mas vale também positi-vamente como a forma mesmo frágil e insuficiente que realiza a moção subjetiva, que realiza a comoção do sujeito, seu abalo, mediante o exclusivo procedimento de objeti-vá-la, isto é: uma des-subjetivação (cf.ib.p.110).

Daí a censura ao futurismo por desconsiderar que o indivíduo com sua possessão ou personalidade já é pro-duto da coisificação, posto que, por desconsiderar isto, o futurismo lança a coisificação como maldição sobre o futuro (sem penetrar como acrescenta T.W. Adorno na presença dessa mesma instância, sem penetrar na benção do passado).

Tem-se, então, que o ponto de vista da sexualidade como conexão material do espiritual introduz uma preci-são de análise sobre o objeto da reflexão estético-sociológica.

Por sua vez se pode destacá-lo no ensaio de T.W. Adorno sobre Kafka ao explicitar o paralelo entre a atitu-de artística diante do sofrimento e a psicanálise, isto é, o freudismo .

Nesse ensaio é posto em relevo que a busca do marco zero do pensamento artístico caracterizando a instância em que este pensamento encontra seu material e pode então se exercer, mostra que esse material por sua vez é fornecido pelos estados abalados que a sociedade eva-nescente causa aos homens e trata como desperdício.

T.W. Adorno observa o seguinte: (a) as entidades psí-quicas tomadas pelo freudismo em vista do desmascara-mento do mundo aparencial, como o são os atos falhos, os sonhos e os sintomas neuróticos, são tomados por Kafka como “o lixo da realidade”, como os produtos do desperdício que são separados da sociedade evanescen-te exatamente pelo novo que se forma; (b) toda a grande arte domina a ascese diante do futuro sem, todavia, es-boçar numa visão a imagem da sociedade nascente, mas efetua a montagem de tal imagem em fragmentos com os produtos do desperdício; (c) que o artista ao arrancar a máscara que recobre o sofrimento submetido aos contro-les racionais, não se limita como o faz a psicologia a fi-car junto do sujeito, mas o artista penetra até o meramen-te existente detectado no fundo subjetivo com a caída da consciência ao perder toda a afirmação .

Será exatamente esse meramente existente detectado com a caída da consciência que T.W. Adorno porá em relevo em sua análise da des-subjetivação levando à ataraxia como subjetividade estacionária na fantasia futu-rista (regressão da aspiração aos valores no indivíduo).


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