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A UTOPIA NEGATIVA: LEITURAS DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA

Jacob J. Lumier




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Interpretação e Fantasia

Do ponto de vista da standardização, a questão do acesso à obra literária de avant-garde passa pela prevalência da inter-pretação , sobre o princípio da satisfação pela fantasia, e se impõe em modo diferenciado e autônomo, com as significa-ções simbólicas envolvendo a própria fantasia, a exemplo do Ulysse, de James Joyce, em que a rebelião contra a lingua-gem conceitual conforma a fantasia.

Tem-se então que a sociologia literária de T. W. A-dorno orienta-se para a busca do individualismo, levando às seguintes constatações:

(a) – no século XX, o indivíduo como leitor ou recep-tor da narrativa literária encontra-se numa relação de comunicação social;

(b) – o mundo da comunicação social, o mundo dessa relação emissor-receptor de significações simbólicas ou mensagens da indústria cultural, como esfera do que é mediatizado, é um mundo administrado, que funciona a exemplo da maquinaria e que é percebido pelo indivíduo sob a censura da organização ou dos aparelhos organizados, co-mo a experiência do Sempre Igual ;

(c) – a essa experiência classificada sociologicamente como standardização corresponde o indivíduo como incapaz de afirmar diretamente os valores humanos.

Deste ponto de vista a questão de chegar ao valor esté-tico da obra literária torna-se bastante complexa, não sendo mais admitido que o princípio de satisfação pela fantasia seja diretamente acessível.

Cabe então à sociologia literária levar em conta que o valor estético, como a qualidade pela qual a obra de litera-tura alcança os traços da nova sociedade nascente, isto é, como significação simbólica, exige os procedimentos de mediatização dialética em que se verifica a coisificação do mundo.

Desta sorte, juntamente com a prevalência da interpretação sobre o princípio da satisfação pela fantasia - até então especifi-cidade do fato literário, sobretudo no aspecto da relação obra/público - passa a impor-se em modo diferenciado e autônomo, sem paralelo com o romance realista, a ques-tão do acesso à obra literária de avant-garde.

Verificam-se então as significações simbólicas envol-vendo a própria fantasia, a exemplo do Ulysse de Joyce, em que a rebelião contra a linguagem conceitual confor-ma a fantasia e não o contrário.

Por um lado, podem observar as significações da pró-pria fantasia permitindo chegar à compreensão provisória de que o fracionamento da frase em Joyce seja fruto de sua mirada artística sobre o Hamlet, de Shakespeare, e que, portanto aquela revolta contra o discursivo se deve-ria ao procedimento artístico de composição do sonambu-lismo ou da linguagem sonambúlica.

Por outro lado, a abordagem da sociologia literária de T.W. Adorno torna então imprescindível que seja explici-tado o caráter sociológico dessa linguagem sonambúlica, como significação simbólica ou penetrada pela mediatiza-ção, a significação produzida pela e na indústria cultural, de que se faz a montage, sendo confirmado que a rebeli-ão contra a linguagem conceitual conforma a fantasia, e não o contrário.

Desta sorte, a reflexão estética passa a incluir a socio-logia literária na medida em que, se exercendo sobre o futurismo como perspectiva própria ao mundo adminis-trado, faz com que essa perspectiva seja desenvolvida como Crítica da Cultura, o que será conseguido, por sua vez, a partir da análise da fantasia futurista no “The Brave New World”, de Aldous Huxley, análise esta desenvolvi-da por T. W. Adorno no início dos anos de 1940, em termos de utopia negativa.

O mundo standardizado da comunicação social encontra a sua perspectiva no futurismo que, "desideologi-zado", revela-se uma projeção da utopia negativa, à luz da qual é possível chegar à significação simbólico-cultural da literatura e arte de avant-garde.

Note-se para encerrar, que essa orientação da refle-xão estética em direção ao exclusivamente mediatizado imprime um caráter específico ao estatuto da realidade, solucionando o problema da crise de objetividade literá-ria.

Nos quadros intelectuais dessa reflexão, a realidade cuja montage ocupa a literatura e a arte de avant-garde só pode ser alcançada pelas significações produzidas na e por a indústria cultural e a cultura de massa, onde os gestos prevalecem sobre as palavras.

Diferente do realismo literário do século XIX, que valo-rizava a intermediação dos agrupamentos sociais e cor-rentes da vida moral, como qualidades da realidade a ser pintada, na Crítica da Cultura por sua vez, a realidade de-tectada, a realidade em estado de montage é aquela que, sendo produzida na e por a indústria da produção em massa, tem existência social no mundo administrado da comunicação social, onde é verificada como realidade coisista.

Desta forma, os quadros de referência tornados opera-tivos na Crítica da Cultura já são igualmente produzidos e integrados no mundo administrado, tomado este por si mesmo, e compreendem os gêneros de vida que corres-pondem e são identificados à indústria cultural.

Para reconstituir tais quadros operativos ou categorias como aplicações da Crítica da Cultura há que aprofundar o seguinte: (a) – que T. W. Adorno efetua a montage de sua Crítica da Cultura procedendo à desarticulação da ideologia do futurismo, em vista de (b) – reaproveitar o futurismo assim desideologizado, tornando-o operativo como perspectiva da reflexão estético-sociológica, na medida em que o integra como projeção da utopia negati-va.

Palavras Chave: Objetividade literária/ realidade coisista/ montage/ supressão do objeto do romance/ reportagem/ interpretação/ significação cultural/ standardização/princípio de satisfação pela fantasia/ significações simbólicas/ Sempre Igual/ Desmitologização da cultura/.

Categorias: Estética sociológica/ Crítica da Cultura/ Futu-rismo/ Indústria Cultural/ coisificação/ Fantasia/ Significação cultural/ significações simbólicas/ valor estético.


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