BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

A UTOPIA NEGATIVA: LEITURAS DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA

Jacob J. Lumier




Esta página muestra parte del texto pero sin formato.

Puede bajarse el libro completo en PDF comprimido ZIP (158 páginas, 763 kb) pulsando aquí

 


Estruturas Econômicas e Gênero Romanesco

A Redução ao Implícito

Na medida em que se verifica na sociedade produtora para o mercado, a ligação entre as estruturas econômicas e as manifestações literárias tem lugar no exterior da consciência coletiva.

A sociologia do romance mais diretamente voltada pa-ra a arte e literatura de avant-garde ultrapassa a tentativa tradicional de mostrar que a biografia e a crônica social constitutivas do romance em sua fase mais antiga refleti-am mais ou menos a sociedade da época.

Admite-se a inovação pela qual se passa a investigar a correlação sociológica entre a forma estética romanesca ela mesma, por um lado, e por outro, a estrutura do meio social no interior do qual a primeira se desenvolveu.

Conforme já mencionado, a hipótese desenvolvida por Lucien Goldmann a respeito de tal correlação funcional afirma que a forma romanesca é a transposição no plano literário da vida cotidiana na sociedade individualista de produção para o mercado, e que existe uma homologia rigorosa entre a forma literária do romance, por um lado, e por outro lado, a relação cotidiana dos homens com os bens em geral e com os outros, naquela sociedade.

O esquema psicossociológico da conjectura acima põe em relevo o advento do valor econômico de troca, como alterando as formas sociais pré-capitalistas, nas quais a produção era conscientemente regida pelo consumo futu-ro, isto é, pelas qualidades concretas dos objetos, por seu valor de uso.

Quer dizer, na relação cotidiana dos homens com os bens em geral e com os outros em uma sociedade in-dividualista de produção para o mercado observa-se a supressão no plano da consciência dos homens da rela-ção aos valores de uso, a qual no dizer de Lucien Gold-mann passa por uma redução ao implícito por efeito da mediação do próprio valor de troca.

Visando pôr em relevo que a ligação entre as estrutu-ras econômicas e as manifestações literárias tem lugar no exterior da consciência coletiva, esse autor faz uma com-paração do comportamento econômico dos indivíduos em uma sociedade produtora para o mercado e nas outras formas de sociedade anteriores, dizendo-nos que nestas últimas a estrutura mental da mediação não é observável já que a economia é considerada natural.

Quando um homem precisava de um vestimento ou ele o produzia ele-mesmo ou o demandava a um indivíduo capaz de produzi-lo, o qual, por sua vez, fosse em virtude de certas regras tradicionais, fosse por razões de autori-dade ou de amizade ou ainda, fosse em contrapartida de certas prestações devia ou podia lhe fornecer tal vesti-mento.

Por contra, nas sociedades de mercado, quando se quer obter um vestimento importa conseguir o dinheiro necessário a sua compra. Por exemplo: o produtor de roupas é indiferente aos valores de uso dos objetos que ele produz. A seus olhos estes não passam de um mal necessário para obter aquilo que unicamente lhe interes-sa: um valor de troca suficiente para assegurar a rentabi-lidade de sua empresa. Daí se nota a mediação como substitutivo de toda a relação ao aspecto qualitativo dos objetos e dos seres, caracterizando o predomínio da rela-ção aos valores de troca, quantitativos.

Nada obstante, é fato que tal substituição não suprime totalmente os valores de uso da consciência coletiva dos homens, dado este permitindo a Lucien Goldmann subli-nhar que o caráter dos valores da vida econômica com-porta um paralelo com o caráter dos valores perquiridos na forma romanesca, a saber: os valores de uso tomam um caráter implícito, exatamente como o caráter dos valo-res autênticos no mundo do romance.

Mas não é tudo. Para acentuar tratar-se de uma homo-logia rigorosa, Lucien Goldmann toma por um fato prin-cipal de sua análise psicossociológica que, como consu-midor último oposto no ato mesmo da troca aos produ-tores, todo o indivíduo na sociedade produtora para o mercado se encontra em certos momentos da jornada em situação de vislumbrar os valores de uso qualitativos, que ele não pode alcançar a não ser pela mediação dos valores de troca.


Grupo EUMEDNET de la Universidad de Málaga Mensajes cristianos

Venta, Reparación y Liberación de Teléfonos Móviles