BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

A UTOPIA NEGATIVA: LEITURAS DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA

Jacob J. Lumier




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Dostoievski, Proust, Kafka

E a Crise do Romance no contexto da Indústria Cultural:

Linhas em Torno do Monólogo Interior

Epígrafe

Não se deve hipostasiar ou divinizar a contraposição da ciência e da arte. A obra romanesca de Marcel Proust liga-se a conhecimentos que são mais do que meras impressões das que se trata em arte, porém são difíceis de captar com a rede científica. São conhecimentos necessários e constritivos acerca do homem e das conexões sociais, cuja objetividade não pode ser reduzida à vaga plausibilidade, mas é compo-nente da experiência humana individual preservando-se reunida na esperança e na desilusão, experiência não--generalizável que, como recordação, confirma ou refuta as observações de Proust para ele mesmo.

Reflexão Estética e Crítica da Cultura

A ligação entre sociologia da literatura e sociologia do conhecimento está presente nas análises de T. W. Adorno notadamente em sua reflexão sobre o problema da crise de objetividade literária, incluindo as suas observações no ensaio intitulado PROUST , datado de 1950.

Em relação à forma do ensaio compreende-se o écri-vain como aquele que especula acerca de objetos específi-cos já pré-formados na cultura, tendo sua atividade inse-rida em uma formação social particular, em cujo universo simbólico o “Homme de Lettres” já esteja presente em al-gum modo, com maior cultivo ou não: é que não pode haver ensaio como forma literária sem que a liberdade de pensamento introduzida com o Iluminismo seja recor-dada e exortada.

Duas perspectivas servem de referências para T. W. Adorno desdobrar a sua reflexão e análise:

(1º) – a compreensão de que o ensaio fala sempre de algo já formado, ou no melhor dos casos, algo que já em outra ocasião existiu. → (a) É, pois, da essência do en-saio não tirar coisas novas de um vazio, mas limitar-se a ordenar em modo novo coisas que já em algum momento foram vivas. → (b) Posto que se limite a ordená-las em modo novo, ao invés de dar forma a algo novo a partir do in-forme, o ensaio se encontra vinculado a tais coisas que foram vivas, tem que dizer sempre a verdade acerca delas e achar expressão de sua essência;

(2º) – a compreensão de que a forma do ensaio ainda não deixou para traz o caminho de independência, per-corrido já há tempo por sua irmã a poesia: o caminho que afasta de uma primitiva e indiferenciada unidade com a ciência, a moral e a arte.

T. W. Adorno nos indica que vai buscar essas compre-ensões ao Lukacs jovem, o autor de A Alma e as For-mas (“Die Seele und die Formem", Berlim, 1911).

***

A análise de T. W. Adorno se inicia por confrontar como insuficiente e situar no mesmo plano, por um lado, a concepção de Lukacs que designa forma crítica ao ensaio, e, por outro lado, a concepção positivista, cuja orientação afirma que, ao escrever sobre a arte, não se deve aspirar em absoluto a uma exposição artística e à autonomia formal.

O ensaio se diferencia da arte por seu meio, por utili-zar conceitos na expressão, e por sua aspiração à verdade desembaraçada de aparência estética.

Quer dizer, é dogmático pretender falar em modo não-estético do que é artístico ou estético, e se o ensaio não começa por derivar as formações culturais de um algo subjacente se enreda na organização cultural da preemi-nência e prestígio dos produtos do mercado.

Neste caso se situa, pois, o mau ensaio, por diferença da forma do ensaio.

As biografias de romances situam-se na referência do mercado. Trata-se de uma tendência já desenhada em Saint-Beuve , de quem no dizer de T. W. Adorno prova-velmente descende o gênero do ensaio moderno. Essa tendência, juntamente com uma literatura cultural sobre perfis, combinada aos filmes sobre pintores impressionis-tas e personagens bíblicos teria promovido não só a neu-tralização das formações culturais particulares, mas sua conversão em mercadorias.

Tal processus servindo à expansão da indústria cultu-ral houvera sido favorecido por autores como Stefan Zweig, cujo livro sobre Balzac aceita e utiliza sem crítica os clichês esfarrapados, para desembocar como nota T. W. Adorno na chamada psicologia do homem criador.

Neste livro, se representa a cultura como ridícula pre-sunção iletrada de elegância, reduzindo-a nas categorias de personalidade e irracionalidade. Desse modo, o ensaio se confundiria ao folhetim literário.


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