BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

A UTOPIA NEGATIVA: LEITURAS DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA

Jacob J. Lumier




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A Ausência do Sujeito

Goldmann admite que o bom fundamento dessa hipó-tese sobre a ligação das duas estruturas homólogas é confirmado ao se considerar o paralelismo entre, por um lado, a transformação da vida econômica, tal como nota-da no fim do século XIX e início do século XX, com a substituição da economia de livre concorrência dando lugar a uma economia de cartéis e monopólios, suprimin-do a função do indivíduo, e, por outro lado, a transfor-mação paralela da forma romanesca, que desemboca na dissolução progressiva e no desaparecimento do persona-gem individual, o herói.

Essa transformação no desenvolvimento da forma ro-manesca dá lugar ao seguinte:

(a) – às tentativas de substituição da biografia como conteúdo da forma romanesca pelas idéias de comunida-de e de realidade coletiva (instituição, família, grupo so-cial, revolução social, etc.);

(b) – ao abandono de toda a tentativa de substituir o herói problemático e a biografia individual por uma outra realidade; (c) – ao esforço para escrever o romance da ausência do sujeito, afirmando a não existência de toda a busca que progressa.

Neste ponto, podem destacar que, baseada na conjec-tura goldmanianna de duas estruturas homólogas, a nova sociologia do romance tem em vista não só restabelecer a especificidade e autonomia da forma romanesca, mas propõe-se recuperar seu estatuto particular e privilegiado em relação à classe burguesa.

O romance não é no dizer de Goldmann uma simples transposição imaginária das estruturas conscientes de tal ou qual agrupamento social particular, mas, antes disso, exprime uma busca por valores autênticos que não é defendida em modo efetivo por grupo social algum. Es-ses valores autênticos são os que a vida econômica tende a tornar implícitos em todos os membros da sociedade.

Da mesma maneira, o entendimento acima afirmado de que a especificidade e autonomia da forma romanesca se põem em relevo pela análise sociológica da redução ao implícito, análise esta desenvolvida ao longo de toda a exposição de Goldmann sobre a homologia das duas es-truturas, as quais se mostram como dois planos de uma única estrutura, revela-se, por sua vez, um entendimento sustentando a convicção de que a literatura romanesca, ao lado da criação poética moderna e da pintura contem-porânea, são formas autênticas de criação cultural, sem que se possa amarrá-las à consciência, mesmo que seja somente a consciência possível de um grupo particular.

Aliás, na constatação de tal autonomia, a nova socio-logia vai mais longe, e admite que, contrariando a opinião consagrada, o romance com herói problemático se revela uma forma literária sem dúvida ligada à história e ao de-senvolvimento da classe burguesa, mas constitui uma forma estética bem diferenciada, que não é a expressão da consciência real ou possível dessa classe.

Desta maneira, Goldmann encaminha uma solução pa-ra o problema da sociologia do romance.

Ao afirmar que se trata de uma forma literária ligada à história e ao desenvolvimento da classe burguesa está nos dizendo que essa classe social constitui o sujeito da cria-ção cultural da forma romanesca, sendo a esse sujeito coletivo que em última instância é referido o conceito de estruturas homólogas, como implicando uma relação inteligível.

Há, portanto, um aprofundamento da pesquisa de cor-relações sociológicas estendendo-se ao fenômeno do to-do do grupo social, de tal sorte que em suas análises das obras romanescas Goldmann é levado a distanciar dois escritores da burguesia como Proust e Balzac.

O primeiro é compreendido na origem do tema da au-sência como aprofundamento da forma romanesca, en-quanto que a obra de Balzac é relacionada à consciência real e possível da classe burguesa.

Nesta perspectiva, se há proximidade dos personagens de Balzac e Proust como remarcou Bernard de Fallois , haveria entre esses romancistas profunda diferença quan-to ao modo de tratar a realidade.


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