SAÚDE DO TRABALHADOR: UMA ANÁLISE SOBRE A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO HOSPITAL OPHIR LOYOLA EM BELÉM-PA

SAÚDE DO TRABALHADOR: UMA ANÁLISE SOBRE A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO HOSPITAL OPHIR LOYOLA EM BELÉM-PA

Maria Estrela Costa de Sousa (CV)
Marcelo Santos Chaves
(CV)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará

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2.4 O LOCAL E OBJETO DA PESQUISA

O contato com o local da pesquisa se deu no período do estágio supervisionado, iniciado em novembro de 2006 a dezembro de 2007, no hospital Ophir Loyola. Durante esse período foi possível compreender a dinâmica das ações das assistentes sociais na instituição.  Mediante esse processo pode-se identificar o objeto de investigação, a partir do momento que foi observado a forma de trabalho realizado pelas assistentes sociais no ambulatório e nas clínicas, haja vista que a demanda se constitui grande para o atendimento.
Para entender melhor como o ritmo de trabalho repercutia na saúde das assistentes sociais devido à carga física e emocional foram realizadas observações dos atendimentos das profissionais, convocações de pacientes para internação, encaminhamentos realizados etc.
Vale mencionar que durante as observações na Clínica da Cabeça e Pescoço foi possível uma apreensão clara disso, pois houve participação direta no atendimento ambulatorial auxiliando a profissional, foi ainda realizada visitas nas enfermarias, entrevistas sociais com os pacientes, auxílio na viabilização de exames para o paciente, convocações para internações, seleção de Autorização de Internação Hospitalar – AIHs para autorização na Secretaria Municipal de Saúde – SESMA e observações nas reuniões de equipe 1 com médicos e assistente social, o que permitiu verificar a vivência da assistente social nas suas atividades.
Também foram obtidas conversas com as assistentes sociais durante o período de estágio, o que somou para a devida percepção do ritmo diário da mesma. Dessa forma, foi realizada investigação com as assistentes sociais de cinco clínicas: Cabeça e Pescoço, Cirurgia Abdominal, Ginecologia, Mastologia e Urologia.
Para a obtenção dos dados necessários à concretização da pesquisa foi preciso inicialmente se debruçar sobre as planilhas2 referentes às internações e a produção ambulatorial, a partir das informações coletadas foi o momento da catalogação dos dados essenciais e posteriormente à enumeração dos eventos encontrados como: o atendimento ambulatorial das assistentes sociais mês a mês de julho de 2006 a junho de 2007, o estado civil dos pacientes, assim como o gênero e a procedência de origem dos pacientes que internam nas referidas clínicas.
Como descreve Setubal (2002) a pesquisa constitui um processo histórico que arquiteta conhecimento não ortodoxo, mas a mesma vem resultar da escolha e empenho do pesquisador no sentido de construir um conhecimento específico. No caso do Serviço Social, uma profissão que exige a intervenção direta do profissional, a pesquisa foi, por algum tempo, deixada de lado. Como a pesquisa não reduz a realidade em conhecimento, uma vez que ela continua sendo realidade mesmo depois da sua problematização, o conhecimento desta realidade passou a ser uma necessidade para a própria sobrevivência profissional.
A pesquisa não representa só uma situação problematizada, que precisa para sua explicação, ou mesmo ser apoiada em um referencial teórico, em instrumentos, em recursos técnico-operacionais e mediações, mais do que isso ela representa e é a própria mediação no processo que objetiva a relação entre o pesquisador e seu objeto. Esse movimento desenvolvido pelo sujeito ao construir o objeto não é verificado através de mediações valorativas de uma categoria sobre a outra, contudo mediante modalidades intermediadas por situações exógenas e endógenas.
Nessa perspectiva, com o desenvolvimento da pesquisa fazem-se novas descobertas e questionamentos, a partir da “(...) criação, questionando a situação vigente, sugere, pede, força o surgimento de alternativas”. (DEMO, 2003, p.34). É por isso que esse autor coloca a vantagem da dialética, por questionar não somente o método, mas a própria realidade, uma vez que a ideologia não aparece apenas no sujeito, mas também na realidade social por ser ela histórica e prática. Se expressa como diálogo inteligente, assim como, integra o cotidiano; dessa forma pesquisar é: “(...) sempre dialogar no sentido específico de produzir conhecimento do outro para si, e de si para o outro (...)” (Idem, p.39). Ela também é o 1º princípio da ciência. Logo, pesquisar é descobrir e construir conhecimento para a sociedade.

1  A reunião de equipe ocorre às quintas-feiras com a finalidade de avaliar os casos mais complexos e urgentes para a realização de cirurgias.

2  As planilhas com os dados da pesquisa foram adquiridas na coordenação da Divisão de Arquivo Médico- DAME, porém na mesma não continha as variáveis renda e escolaridade dos pacientes para complementar a pesquisa.