ECONOMIA SERGIPANA

Cid Olival Feitosa

Gênese e trajetória de uma indústria periférica

Os primeiros estabelecimentos industriais1 nordestinos, e sergipanos, em particular, a parte os engenhos tradicionais de açúcar e as manufaturas caseiras começaram a ser instalados a partir de meados do século XIX, como indústria complementar ou subsidiária da economia de exportação e dela dependente quanto ao crescimento do mercado interno e quanto à importação de maquinaria2 . Esse desenvolvimento industrial estava ligado à agricultura da cana-de-açúcar e do algodão, que permitiu a implantação de usinas de açúcar e fábricas de fiação e tecelagem, visando fortalecer a economia regional no mercado internacional e estimular o crescimento do mercado interno (ANDRADE, 1988).
Suzigan (2000) lembra que os capitais necessários ao desenvolvimento industrial foram originalmente acumulados quer diretamente na produção dos produtos básicos de exportação – açúcar e algodão, no caso sergipano – , ou indiretamente, em atividades ligadas à economia de exportação, tais como comércio de importação e exportação, comércio interno, transporte e bancos.
Em Sergipe, foi com a diminuição da intermediação comercial da Bahia e, conseqüentemente, o estabelecimento de relações diretas com o mercado externo e outras praças do mercado nacional, que se viabilizou a fundação de casas comerciais exportadoras na Província. Estas, além de executarem suas atividades de exportação e importação de produtos nacionais e estrangeiros, passaram a diversificar suas atividades, permitindo-lhes acumular capitais necessários para investir no setor industrial (PASSOS SUBRINHO, 2001). Ademais, a proximidade com as principais matérias-primas e a demanda de tecidos grosseiros para ensacar os produtos de exportação e vestir parte da força de trabalho foram outros fatores que contribuíram para o desenvolvimento industrial sergipano.
Assim, semelhante ao que aconteceu em outras regiões do país, a década de 1880 marcou o nascimento da indústria em Sergipe: em 1882 foi instalada a primeira fábrica têxtil – a Sergipe Industrial Cia., em Aracaju – e em 1888, o Engenho Central de Riachuelo. A partir da década seguinte 3, o estado experimentaria um significativo aumento no número de indústrias instaladas. Segundo o Recenseamento Geral do Brasil, publicado em 1950, antes de 1890 havia em Sergipe 17 estabelecimentos fabris. Do início dessa década até o ano de 1907, o incremento na abertura de novos estabelecimentos foi de aproximadamente 505,8%, totalizando 103 indústrias, concentradas, principalmente, nos ramos têxtil e açucareiro. Vejamos, porém, a gênese desse desenvolvimento industrial.


1 Cano (1998b, p. 48) chama atenção para o fato de que “a implantação industrial anterior a 1930 não pode ser chamada, a rigor, de ‘processo de industrialização’. (...) Só a partir de 1933, quando (...) o movimento de acumulação industrial é o motor determinante da economia, é que se pode falar de industrialização”.

2 Para uma análise detalhada acerca do início da indústria brasileira ver: Furtado (1987), Cano (1998a), Mello (1998), Aureliano (1999), Suzigan (2000), Tavares (1981), Castro (1980), Singer (1968).

3 O crescimento industrial verificado a partir da década de 1890 em todo o país é atribuído, dentre outros fatores, à política do “Encilhamento”, a assistência governamental à agricultura após a abolição da escravidão, à nova legislação sobre sociedades anônimas. Para maiores informações ver Cano (1998a), Mello (1998), Suzigan (2000), Stein (1979).

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