A soja tem sido escolhida para produção mais imediata do biodiesel, uma vez que o preço do seu óleo sofreu redução nos últimos anos, a taxa de câmbio não é favorável para os exportadores e o regime tributário favorece a produção da soja, mas não o seu processamento. Esses fatos têm contribuído para uma enorme capacidade ociosa de esmagamento. Além disso, o óleo de soja é um subproduto da cadeia produtiva da soja e o biodiesel agrega valor a esse subproduto de oferta abundante no setor (PRATES et al, 2007).
Atualmente, dentre todas as matérias-primas com potencial para a produção de biodiesel no Brasil, a soja é a mais amplamente utilizada. O Gráfico 3.1 mostra esse fato ao retratar a média das matérias-primas mais utilizadas para a produção do biodiesel brasileiro.
A soja corresponde por quase 80% da fonte de matéria-prima utilizada para a produção de biodiesel e é cultivada em sistema de latifúndio, isto é, cultura extensiva de grandes áreas (NAE, 2005). Neste momento, é a oleaginosa mais utilizada para a produção de biodiesel por apresentar tecnologia agronômica e industrial, logística e infraestrutura já desenvolvidas e consolidadas e uma área plantada de, aproximadamente, 22.000.000 de hectares, além de contar com amplo sistema de produção e zoneamento agrícola (DURÃES, 2009).
Para o Arnoldo Campos (2009 apud BiodieselBr, 2009), a utilização da soja para a produção de biodiesel foi uma saída para a implementação do PNPB, pois a soja possui uma cadeia produtiva madura e as demais oleaginosas levam tempo para chegar a esse patamar e mesmo assim através de ações contínuas.
No entanto, a soja apresenta uma série de problemas que a impede de ser a melhor escolha como oleaginosa para a produção de biodiesel. Como por exemplo, a soja apresenta o menor teor ou rendimento de óleo em relação a outras oleaginosas como o dendê e a mamona (NAE, 2005). Por ser uma commodity mundial, seus produtos competem na indústria de bioenergia e de alimentos como observado na Figura 3.2 e ainda possui um mercado totalmente independente daquele em que se formam os preços do biodiesel (ABRAMOVAY; MAGALHÃES, 2007).
Los múltiplos usos da soja que vão desde farelo protéico para ração animal; óleo vegetal e outros utilizados na alimentação humana até, através do óleo vegetal utilizado como matéria-prima para o biodiesel (representado em negrito), para bioenergia.
Comparativamente com as demais oleaginosas utilizadas como matéria-prima para a produção de biodiesel, a soja, possui um dos mais baixos teores de óleo e um pequeno rendimento entre toneladas por hectare como observado no quadro 3.1.
Quadro 3.1 Características de alguns vegetais com potencial para a produção de biodiesel.
Espécies |
Origem do óleo |
Conteúdo do óleo (%) |
Meses de colheita |
Rendimento em óleo (t/ha) |
Dendê (Elaeis guineensis N.) |
Amêndoa |
26 |
12 |
3,0 - 6,0 |
Babaçu (Attalea speciosa M.) |
Amêndoa |
66 |
12 |
0,4 – 0,8 |
Girassol (Helianthus annus) |
Grão |
38 - 48 |
3 |
0,5 – 1,5 |
Colza (Brassica campestris) |
Grão |
40 - 48 |
3 |
0,5 – 0,9 |
Mamona (Ricinus communis) |
Grão |
43 - 45 |
3 |
0,5 – 1,0 |
Amendoim (Arachis hipogaea) |
Grão |
40 - 50 |
3 |
0,6 – 0,8 |
Soja (Glycine Max) |
Grão |
17 |
3 |
0,2 – 0,6 |
Fonte: elaboração própria com base em NAE, 2005, p. 40.
Todavia, o basilar problema que a soja causa como principal matéria-prima para a produção de biodiesel está na sua característica de ser uma cultura de “plantation”, isto é, de grandes propriedades e com isso excluir a agricultura familiar da cadeia produtiva de biodiesel e, consequentemente, não promover o SCS. Nesse sentido, Brum (et al, 2002) afirma que um contingente elevado, de pequenas e médias propriedades com até 50 hectares, não tem conseguido resultados suficientes para manterem a produção de soja. E para ele neste caso, ou tais produtores serão excluídos do processo produtivo de soja ou, paradoxalmente, outras atividades econômicas começarão a financiar a produção de soja em suas propriedades.
Nesse sentido, a cultura da soja, por suas características agronômicas, não se configura como uma atividade viável para agricultura familiar, pois exige grandes extensões de terra e elevado grau de mecanização. Assim, é pouco provável, que a introdução do biodiesel de soja na matriz energética nacional seja uma alavanca para o aumento de renda da agricultura familiar e a implementação do SCS. (MOURAD, 2008; ZONIN, 2008).
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1647 - Investigaciones socioambientales, educativas y humanísticas para el medio rural Por: Miguel Ángel Sámano Rentería y Ramón Rivera Espinosa. (Coordinadores) Este libro es producto del trabajo desarrollado por un grupo interdisciplinario de investigadores integrantes del Instituto de Investigaciones Socioambientales, Educativas y Humanísticas para el Medio Rural (IISEHMER). Libro gratis |
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