POTENCIALIDADES LOCAIS, TURISMO E DESENVOLVIMENTO LOCAL CARIRI PARAIBANO

Luiz Gonzaga De Sousa

3.1.5 Formação do Desenvolvimento local

            A formação do desenvolvimento local parte das fortalezas internas que indicam as potencialidades do entorno microrregional, ou as economias que estão disponíveis na localidade, o turismo se apresenta como uma forma viável em implementação de renda e incremento do nível de emprego em toda a extensão do Cariri paraibano, visto os ganhos advindos da mão-de-obra, das matérias-primas e artesanatos existentes em toda a circunvizinhança (Discussão in loco, 2008).
            Não existe a obrigatoriedade que se inicie qualquer processo de desenvolvimento local com mega eventos, para gerar altos níveis de renda e emprego para toda a microrregião; entretanto, constata-se que os eventos simples de cidades pequenas, com participação engajada, de todos os que habitam a localidade, deixam mais benefícios para a população, com firmeza e gradativamente alimentando um desenvolvimento social (ARROYO, 2007 e CAVESTANY, 2000).
Um primeiro exemplo de tais benefícios sociais, cita-se Monteiro, pois a cidade é bastante visitada para apreciar o artesanato de renda renascença que é vendida em toda a microrregião, assim como no exterior, ocupando um grupo grande de rendeiras no município, de vendedores desse produto, e outros comerciantes que movimentam o comércio local, especificamente com a demanda de matéria-prima que é utilizada em tal trabalho coletivo.
            Nos finais de semana a economia e a sociedade se movimenta com os amantes de esportes radicais, quando jovens partem para a serra do Peru para praticar o rapel; outros fazem caminhadas em trilhas sinuosas, dadas as suas altas serra ou montanhas e grandes lajedos que fascinam a demanda por este tipo de atividade esportiva ou conhecimento, importante como determinante turístico, cujo pequeno negócio tem a sua presença e ganhos como dizem alguns populares.
            No Município, também existem os sítios arqueológicos que aguçam a curiosidade de pessoas que querem entender como viviam os antepassados do local, e aquelas que almejam estudar os escritos ou figuras que estão marcadas em pedras expostas ou em cavernas; cujo Cariri paraibano está repleto de tais inscrições rupestres que contam a história desse povo em seu modus vivendi em termos de hábitos e costumes locais (Visita ao local, 2009).
            Os visitantes não perdem tempo em dar uma passadinha em Zabé da loca, que se notabilizou com a sua flautinha, de maneira autodidata, embeleza a música do Nordeste inteiro e até mesmo do exterior; pois, as apresentações e as visitas feitas a este local chama a atenção dos pequenos negociantes para montagem de sua barraca e conseguirem alguma renda e isto é benefício social e desenvolvimento local de baixo para cima.
            Em conversa com Secretários de Turismo, eles disseram que os eventos de finais de ano, como a festa da Padroeira, acolhe uma média de 80 mil transeuntes na cidade ou no município, como visita aos parentes da cidade ou como curiosos, que gostam de ver a tradição (hábitos e costumes) da localidade; e, aí também está presente a geração de emprego e de renda, de curto prazo, mas que beneficia a localidade que está em evidência para uma melhora do local.
            Em verdade, nos finais de semana, ou em tempos de festas na cidade, tipo da Padroeira de final de ano, ou Santo Antonio, São João e São Pedro, os visitantes acorrem a estes recintos para conhecerem estes ambientes festivos; pois, o pequeno comércio sempre é acionado para suprir a presença dos turistas que buscam lazer e obter informações acerca do local, mais uma vez os ganhos surgem para melhora na qualidade de vida do local (CAVESTANY, 2000).
            Um segundo exemplo que fica evidenciado um desenvolvimento local é a cidade de Cabaceiras que possui um potencial turístico fabuloso, economicamente viável, que ainda é pouco explorado pelas comunidades, ou agentes econômicos, e atores sociais, cuja participação das autoridades locais, especificamente do Prefeito e da Câmara de Vereadores, ao proporcionarem a logística necessária ao processo de desenvolvimento, o município apresenta uma melhor qualidade de vida a seu povo, como dizem alguns populares.
            Alguns eventos já possuem bons resultados econômicos e sociais em Cabaceiras: tipo visita ao Lajedo de Pai Mateus, e ao seu Hotel Fazenda; a Festa do Bode Rei; Sítio arqueológico; a cidade cenográfica; e, alguns outros pontos interessantes que geram grandes benefícios, maiores do que os custos sociais para a municipalidade, com presença forte dos pequenos negócios locais, ao mesmo tempo, que chamam a atenção de turistas ou de visitantes que almejam conhecê-la.
            Com isto, já existe um processo de circulação de recursos financeiros na cidade, tanto da circunvizinhança como de pessoas que vêm de outros lugares mais distantes; daí, aparecerem os vendedores em seus diversos tipos de negócio, uma demanda por hospedagem, uma busca por produtos do entorno, quais sejam agrícolas, ou industriais, ou de serviços, bem como de artesanato próprio da microrregião e até de visitas para conhecimento das coisas locais.
            Da mesma forma, os bares da cidade se movimentam bastante com a presença desses visitantes, na ocupação de carros de aluguel, micro-ônibus, mototáxi e alguns outros serviços que sejam necessários para tal demanda turística, como as feiras de artesanato que acontecem em todos os eventos da cidade e das circunvizinhanças, como explicaram 74% dos entrevistados no município em 2009.
            Em outra cidade, de tamanha importância, está o município de Boqueirão, com seus pontos turísticos, que, da mesma forma, podem ser catalogados para desenvolvimento local, como é o caso do açude Epitácio Pessoa, cuja sangria sempre é visitada pela população de Campina Grande, de Pocinhos, de Cabaceiras, de Queimadas, numa movimentação frenética dos pequenos negócios na localidade.
            Nessa cidade, já é de conhecimento nacional a fabricação de redes para dormir ou descansar, especificamente tipo artesanal, ou feito à mão, com uma grande produção de peças de redes e lençóis, conseqüentemente com um grande número de empregados locais e vizinhos, neste processo de produção, que aciona a economia da cidade e da circunvizinhança, na geração de benefícios socializados.
            Em Boqueirão, como em outros municípios do Cariri paraibano existem os famosos lajedos gigantes como demonstra a sua topografia encantadora, seguindo, do mesmo modo, a formação geológica das outras cidades microrregionais; Boqueirão possui um acervo turístico muito importante e está inserido na economia como dinâmica para outros setores na geração de emprego e renda, frente a presença de visitantes (Visita in loco, 2009).
Para um turismo economicamente viável, na cidade de São João do Cariri existem muitas curiosidades importantes, inicialmente com os sítios arqueológicos (inscrições rupestres), depois com os casarões antigos que descrevem a história do local; ao mesmo tempo, a maneira de vida em que as pessoas nativas trazem dos antigos, tais como a sua hospitalidade e os hábitos e costumes que caracterizam esse povo interiorano da Paraíba.
            Em igual importância, pode-se considerar um último município, como cidade significativa neste processo, que é Taperoá, cujo Cariri paraibano é mostrado nas filmagens dos livros de Ariano Suassuna, com a sua cidade cenográfica, bem como o local onde viveu o maestro Capiba (Severiano da Fonseca) e a sua família, no brilhantismo das festas dançantes na cidade; do mesmo modo, encontra-se lá farta confecção de artesanato, tal como a cidade é e deve ser conhecida (Visita em loco, 2009).
            O importante nessa microrregião é um fato interessante, que é quanto ao bom volume da produção de mel (IBGE, 2009), constituindo um produto de vasto mercado no país e no exterior, cujo preço está bastante valorizado; com isto, poder ser incentivado para forte investimento na produção deste produto de significante rentabilidade para a economia doméstica, com destaque para as cidades de São João do Cariri, Barra de São Miguel e Caturité, com estímulo no aumento de emprego e produção, que geram desenvolvimento local.
            No que tange às indústrias de transformação, mesmo sendo micro e pequenas (Monteiro, Sumé, Boqueirão, Taperoá e Serra Branca) e comércio (Monteiro, Sumé, Boqueirão, Serra Branca e Taperoá), com a maior participação para os municípios que estão entre parênteses. Quanto ao nível de emprego como assalariado são expressivos Monteiro e Sumé, na indústria e no comércio com um número de grande significância para desenvolvimento local.
            Em todos os municípios subdesenvolvidos, ou atrasados aparecem os serviços caracterizado de pouca qualificação ou aprendido com a experiência, tipo: padarias, as famosas costureiras particulares, as marcenarias, as oficinas mecânicas de auto, as barbearias, os trabalhos em mercearias e algumas poucas atividades que se apresentam para suprimentos esporádicos da mão-de-obra local e na maioria das vezes para sobrevivência da população, cujo programa turístico propicia um desenvolvimento local.
            O que dinamiza a economia da microrregião atrasada e implementa um desenvolvimento local são as receitas do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), que são recursos advindos de 22,5% da arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), todavia, uma atualização baseada na Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional e no Decreto-Lei Nº 1.881/81), que fez com que o retorno aos municípios fosse menor, criando dificuldade à gestão municipal para o progresso (Recebedoria de Renda do Estado, 2008).
            No que se trata do Fundo de Participação dos Municípios - FPM, referido na alínea ‘a’, a matéria foi disciplinada inicialmente pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, alterada pelo Decreto-Lei nº 1.881, de 27 de agosto de 1981, e complementada pela LC nº 62/89, alterada por outra Lei Complementar nº 71, de 3 de setembro de 1992, e pela Lei Complementar nº 74, de 30 de abril de 1993, observando, hodiernamente, o disposto na Lei Complementar nº 91, de 22 de dezembro de 1997, com a redação dada pela Lei Complementar nº 106, de 26 de março de 2001, são fontes de renda que os Municípios pobres lançam mão para atividade interna.
            A dinamização ao desenvolvimento local microrregional é propiciado pelo FPM, pela Bolsa Família, pelas Pensões do INSS e os salários pagos aos trabalhadores rurais e/ou urbanos, que são os rendimentos que proporcionam qualidade de vida para a população e faz surgir algum progresso que a sociedade moderna disponibiliza, especificamente quanto a moradia, nível saúde e de alimentação, para reposição do capital social, e/ou humano.
            Outro determinante importante para desenvolvimento local é quanto aos valores agregados dos produtos gerados internamente no Cariri paraibano; isto quer justificar que a qualidade nos produtos locais, auxiliam em preços melhores no mercado, devido alguma eficiência no processo de transformação e comercialização, assim como, nas técnicas de beneficiamento que beneficiam a economia local em seu crescimento e bem estar para os habitantes do entorno (BUARQUE, 1999).
            Em considerando a questão do ensino em todos os níveis, alguns empresários de visão já implantam seus estabelecimentos de ensino privado na microrregião; pois, Monteiro, Boqueirão, Sumé, Taperoá, Serra Branca e Ouro Velho, já possuem escolas do fundamental privadas. Já ao nível de segundo grau, só existem escolas em Monteiro e Sumé; pois, no âmbito da pré-escola, verifica-se em Monteiro, Boqueirão, São José dos Cordeiros, Sumé, Taperoá e Ouro Velho e isto é fonte de desenvolvimento local (IBGE, Cidade@,  2009).
            Em suma, um dos meios de se processar um desenvolvimento local são os Programas sociais implantados e em execução que se encontra no local, como forte fator de inserção social e melhora na qualidade de vida (bem-estar) da população do entorno ainda em atraso, mas com potencial de progresso. Nesse clima, é que se gera a valorização do local, em termos de história, de geografia, de idiossincrasia, de identidade (pertencimento), como significante variável em desenvolvimento local, com participação efetiva dos munícipes, para unificação em busca de um sentimento comum.

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