TURISMO E DESENVOLVIMENTO ESTUDOS DE CASO NO CENTRO DE PORTUGAL

Paulo Carvalho

3.2 A percepção dos gestores/administradores quanto ao presente e futuro das estâncias termais portuguesas

O inquérito por questionário foi estruturado em duas partes, precedidas pela justificação e âmbito desta investigação e por uma análise inicial introdutória referente ao enquadramento da estância termal e perfil de cada inquirido.
Relativamente a este último, a análise revela um equilíbrio entre ambos os sexos, uma idade média próxima dos 40 anos e com grau académico superior (Licenciatura) nas mais diversas áreas de formação. Estes ocupam cargos como director operacional e termal, administrador, gestor, coordenador e presidência, e permanecem nas actuais funções, em média, há cerca de 6 anos (quadro 1).
A parte I deste questionário estava organizada em torno de um conjunto de questões essenciais à compreensão da dinâmica da actividade e espaços termais: 1) A realidade actual do termalismo e estâncias termais em Portugal; 2) Motivos do estado actual de funcionamento das estâncias termais; 3) O carácter urgente e os motivos da reestruturação do sector termal; 4) A reestruturação da actividade termal e espaços termais – 4.1) Outros serviços e actividades que deveriam oferecer para uma optimização dos equipamentos, património, espaço e dinamização das estâncias termais; 5) As principais dificuldades e obstáculos à reestruturação das estâncias termais; 6) Os principais pontos fortes e oportunidades à reestruturação das estâncias termais.

Quadro 1: Perfil dos inquiridos

    Termas

Sexo

Idade

Habilitações Literárias

Área de Formação

Função desempenhada

Duração da função

Monfortinho

Masculino

37

Licenciatura

Gestão/Adm. de empresas

Director termal

2 anos

Ladeira de Envendos

-

-

-

-

-

-

Luso

-

-

-

-

-

-

Curia

Feminino

38

Bacharelato

Turismo

Assistente de Direcção

9 anos

Vale da Mó

Masculino

68

Licenciatura

Ensino Básico

Gestor de Concessão

7 anos

Alcafache

Masculino

55

Licenciatura

Engenharia Mecânica

Presidente Conselho Administração

11 anos

Carvalhal

Feminino

31

Licenciatura

Relações Públicas

Directora Operacional

6 anos

Cavaca

Masculino

30

Mestrado

Turismo e Gestão

Gestor Financeiro/
Director de Unidade

1,5 anos

Felgueira

-

-

-

-

-

-

Sangemil

Feminino

36

Mestrado

Marketing

Coordenadora de Marketing

1 ano

S. Pedro do Sul

Masculino

38

Licenciatura

Direito

Administrador Delegado

6 anos

Fonte: Silva (2010)

A análise deste conjunto de pontos permitiu sintetizar os principais resultados e apresentar as principais conclusões e tendências (Silva, 2010).
Assim sendo, a primeira abordagem aos inquiridos no sentido de conhecer a sua “Percepção da realidade actual do termalismo e estâncias termais em Portugal”, permitiu, através dos resultados obtidos, concluir que estes posicionam a situação do termalismo português num nível intermédio (média de 3,3), em direcção a uma perspectiva positiva, transparecendo a vontade de mudança, mas que coloca a descoberto preocupações estruturantes que afectam a actividade e os espaços, já que os elementos caracterizadores da realidade actual apresentados abarcam mais opções de cariz positivo do que negativo (quadro 2).
Este conjunto de responsáveis reconhece assim que as estâncias que têm apostado na diversificação e qualificação de serviços têm beneficiado em termos de atractividade, opção que alcançou um valor médio de 4,3 (concordo), que a vertente se saúde e bem-estar já ocupa um lugar de destaque nas termas, e na sua opinião, o termalismo em Portugal presta um serviço de qualidade, mas cuja progressão está bastante condicionada pelo carácter sazonal, intrinsecamente relacionado com a actividade termal, apontando ainda a falta de investigação científica completa e moderna sobre as águas mineromedicinais e sua aplicação, como elementos justificativos da presente situação.
Em sentido oposto, para os inquiridos, o que menos se coaduna com a realidade é a opção “todas as estâncias termais portuguesas têm condições para se tornarem destinos turísticos de massa” e a opção “o serviço termal reflecte o facilitismo dos concessionários na aquisição de recursos não qualificados”, que reuniu consenso nas respostas ao fixarem-se no nível 2, discordo, constituindo elementos que, na voz dos responsáveis termais, não reflectem de todo o momento termal actual.

Quadro 2: A realidade actual do termalismo e estâncias termais em Portugal

Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

Item

Méd.

Mo

Mín.

Máx

DP

As estâncias que têm apostado na diversificação e qualificação de serviços têm sido casos de sucesso em termos de atractividade

4,3

4

4

5

0,46

A vertente de saúde e bem-estar está a ganhar expressão nas termas portuguesas

4,1

4

4

5

0,35

O termalismo em Portugal presta um serviço de qualidade

4,1

4

3

5

0,64

O carácter sazonal da actividade tem prejudicado o progresso das estâncias

4,1

4

3

5

0,64

As estâncias termais portuguesas têm contribuído para o desenvolvimento dos territórios locais

4,1

4/5

3

5

0,83

Há falta de investigação científica completa e moderna sobre as águas e sua aplicação

4,1

4

2

5

0,99

A maior parte do alojamento nas imediações das termas sofre com as oscilações sazonais da actividade termal

4,1

4

2

5

0,99

Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

Todas as estâncias termais portuguesas têm condições para se tornarem destinos turísticos de massa

2,0

2

1

3

0,76

O serviço termal reflecte o facilitismo dos concessionários na aquisição de recursos não qualificados

2,1

2

1

3

0,83

Todas as estâncias portuguesas têm condições para se manterem em actividade todo o ano

2,3

2

1

4

1,04

As estâncias de gestão pública estão associadas aos apoios sociais, à terapêutica e por consequência a uma maior especialização da clientela

2,4

3

1

4

1,06

As estâncias termais portuguesas ocupam lugar de destaque nos circuitos turísticos globais

2,4

3

1

3

0,74

Resultados globais da questão 1

3,3

4

1

5

0,87

Fonte: Silva (2010)
Ao definirem e justificarem o “Estado actual de funcionamento das estâncias termais” os inquiridos, perante os itens apresentados, destacam numa posição cimeira, com uma média de 4,5 (aproximando-se do nível concordo totalmente), a falta de investigação científica na área como a principal razão da situação actual (quadro 3). Nesta linha, a legislação obsoleta que vigorou durante décadas, a falta de planos estratégicos e de cooperação com outros agentes territoriais votando as termas ao individualismo, tal como a falta de investimento na recuperação da imagem turística e a débil ou mesmo ausência de animação termal são outros dos aspectos apontados como estando na base do actual estado de funcionamento das estâncias que, em termos médios, se situam numa posição acima do nível intermédio (3), pendendo para um cenário funcional menos desejável e favorável, tendo em conta que se trata de uma questão composta por itens de cariz negativo, cujas respostas, nos níveis mais altos (4 e 5) da escala, revelam uma tendência mais negativa.
Pelo contrário, na sua opinião, o quadro actual de funcionamento não se deve, nem à imagem repulsiva que a actividade e estâncias emanam, nem à informação termal desactualizada, opções que são rejeitadas em uníssono pelos inquiridos com uma média de respostas situada entre os níveis 1, discordo totalmente e 2, discordo.
Tendo em conta o cenário que traçaram nas questões anteriores, e nesta linha de reflexão, os gestores/administradores partilham de forma unânime a opinião da necessidade premente de revitalização do sector termal em Portugal apontando as principais razões para tal (quadro 4) e que se centram fundamentalmente na necessidade das estâncias se acentuarem e consolidarem enquanto pólos de desenvolvimento local e regional, em reactivarem o seu papel no imaginário turístico do público e em captarem um público mais jovem, no sentido de revitalização da frequência (média de 4,3), evocando a imagem turística e o papel de outrora de que as mesmas eram detentoras.

Quadro 3: Motivos do estado actual de funcionamento das estâncias termais

Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

Item

Méd.

Mo

Mín.

Máx.

DP

Falta de investigação científica na área

4,5

4/5

4

5

0,53

Legislação obsoleta e descontextualizada que vigorou durante décadas

4,0

4

2

5

0,93

Ausência de planos estratégicos

3,9

4

3

4

0,53

Individualismo

3,9

4

3

4

0,35

Ausência ou deficiente animação termal

3,9

4

2

5

0,83

Falta de investimento na recuperação da imagem turística

3,8

4

3

5

0,89

Falta de integração com os produtos turísticos locais e regionais

3,8

4

2

4

0,71

Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

Imagem repulsiva

1,6

1

1

3

0,74

Informação termal desactualizada

1,9

1

1

4

1,13

Pouca ou nenhuma informação termal

2,1

1

1

4

1,13

Fraca atractividade

2,4

3

1

3

0,74

Perda de prestígio

2,4

3

1

4

1,06

Resultados globais da questão 2

3,2

4

1

5

0,94

Fonte: Silva (2010)

Fazem parte também das suas escolhas, e de forma vincada a avaliar pela média de respostas apurada, acima da posição 4 (concordo), motivos como a rentabilização dos investimentos que têm sido realizados em algumas estâncias, como uma oportunidade fundamental à sua reestruturação, assim como, a necessidade em optimizar os patrimónios termais, enquanto factores de diferenciação, em prol de um aumento da atractividade termal.
Paralelamente, estes não consideram que as técnicas e equipamentos termais obsoletos e desajustados à realidade actual e o esgotamento do modelo actual de oferta termal constituam argumentos plausíveis que justifiquem a reestruturação do sector, cuja média de respostas se situa entre os níveis discordo totalmente e discordo.
Em relação à “Reestruturação da actividade e espaços termais” traduzidas em acções e intervenções, mais uma vez os inquiridos são peremptórios e elegem a realização e manutenção de pesquisas científicas actualizadas das propriedades terapêuticas das águas mineromedicinais como uma acção primordial, obtendo uma média de 4,5 (quadro 5).

Quadro 4: O carácter urgente e motivos da reestruturação do sector termal

Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

Item

Méd.

Mo

Mín.

Máx.

DP

A necessidade de acentuar e consolidar o seu papel enquanto pólos de desenvolvimento local e regional

4,3

4

4

5

0,49

A necessidade em reactivar o seu papel no imaginário turístico do público

4,3

4

4

5

0,49

A necessidade de captar o interesse do público jovem

4,3

4

4

5

0,49

A complexidade da actividade turística global e dos interesses e motivações da procura actual

4,1

4

3

5

0,69

A necessidade de rentabilizar o diverso património termal

4,1

4

4

5

0,38

A necessidade de rentabilizar muitos investimentos já realizados em algumas estâncias termais (quer em termos de alargamento de mercados quer em termos temporais)

4,1

4

4

5

0,38

A necessidade de criar um produto atractivo, completo e integrado que responda às necessidades actuais, de médio e longo prazo

4,1

4

3

5

0,69

Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

As técnicas e equipamentos termais obsoletos e desajustados à realidade actual

1,9

2

1

3

0,69

O actual modelo de oferta termal está esgotado e deixou de ser apelativo

2,0

2

1

3

0,58

Resultados globais da questão 3

3,6

4

1

5

0,68

Fonte: Silva (2010)

Quadro 5: Reestruturação da actividade termal e espaços termais – principais acções

 

Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

Item

Méd.

Mo

Mín.

Máx.

DP

 

 

Realizar e manter pesquisas científicas actualizadas das propriedades e dos efeitos terapêuticos das águas mineromedicinais

4,5

4/5

4

5

0,53

 

Captar o público mais jovem

4,4

4

4

5

0,52

 

Qualificar o alojamento na área de influência termal

4,4

4

4

5

0,52

 

Mais e melhor complementaridade entre as estâncias termais e as unidades de alojamento

4,4

4

4

5

0,52

 

Embelezar os espaços exteriores

4,4

4

4

5

0,52

 

Aumentar e/ou melhorar as acessibilidades

4,4

4

4

5

0,52

 

Criação e afirmação da marca termas

4,4

4

4

5

0,52

 

Optimizar o espaço envolvente para a realização de várias actividades de animação turísticas e culturais

4,4

4

4

5

0,52

 

Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

 

Reduzir os preços do tratamento clássico

2,3

1

1

4

1,39

 

Privatizar algumas estâncias termais

2,9

3

1

5

1,36

 

Evitar dependência face ao Serviço Nacional de Saúde/Segurança Social no que diz respeito ao termalismo terapêutico especializado

3,0

3

2

4

0,76

 

Apostar num mercado-alvo de classe média-alta e alta

3,4

4

2

4

0,74

 

Preços acessíveis nos programas de saúde e bem-estar

3,5

3/4

3

4

0,53

 

Alargamento a mercados indiferenciados

3,5

4

2

4

0,76

 

Resultados globais da questão 4

4,0

4

1

5

0,55

Fonte: Silva (2010)

Na sequência, e reforçando o nível de concordância alto dos inquiridos face às opções apresentadas (acima do nível 4, concordo), salientam ainda a necessidade de captar públicos diversos, nomeadamente o mais jovem, assim como uma melhor e mais eficaz ligação aos territórios, produtos e ofertas envolventes, o planeamento do espaço termal e intervenções ao nível urbanístico e patrimonial como essenciais à reestruturação.
Em sentido inverso consideram que, na reestruturação termal, não é fulcral reduzir os preços do tratamento clássico, privatizar estabelecimentos termais e evitar a dependência face ao Serviço Nacional de Saúde/Segurança Social, cujas respostas se situaram ao nível do discordo e não concordo nem discordo.
Neste estudo quisemos ser mais específicos e pormenorizados no que diz respeito a “Outros serviços e actividades que se deveriam oferecer para uma optimização dos equipamentos, património, espaço, e dinamização das estâncias termais”. Os inquiridos destacam um conjunto que reuniu consenso nas respostas ao situarem-se no nível concordo, com uma média de 4,1 (quadro 6), avançando que dever-se-á apostar em programas terapêuticos para crianças com necessidades especiais, em percursos turístico-educativos, em rotas que incluam uma oferta diversificada, em programas de remise en forme e contra a obesidade infantil.
Já os Wine Bar com provas de vinho e os casinos foram os serviços menos contemplados com níveis de respostas elevados, situando-se num nível intermédio, não concordo nem discordo e concordo.Com uma área de 606 km2, uma população residente de 5197 habitantes em 2001 (menos 8,6% em relação ao valor registado em 1991) e uma densidade populacional de 8,6 habitantes/Km2, distribuem-se pelo Concelho as 8 Freguesias que o constituem, a saber: Alcórrego, Aldeia Velha, Avis, Benavila, Ervedal, Figueira e Barros, Maranhão e Valongo.

Quadro 6: Outros serviços e actividades que se deveriam oferecer para uma optimização dos equipamentos, património e espaço, e dinamização das estâncias termais

Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

Item

Méd.

Mo

Mín.

Máx.

DP

Programas terapêuticos para crianças com necessidades especiais

4,1

4

4

5

0,35

Percursos turístico-educativos – visitas guiadas temáticas dentro e no espaço termal adjacente

4,1

4

4

5

0,35

Rotas turísticas locais e/ou regionais que integrem outros produtos turísticos da região

4,1

4

4

5

0,35

Programas de "remise en forme"

4,1

4

3

5

0,64

Programas contra a obesidade infantil

4,1

4

3

5

0,64

Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

Wine Bar com provas de vinhos

3,3

3

2

5

0,89

Casinos

3,3

3

2

5

1,04

Resultados globais da questão 4.1

3,8

4

2

5

0,66

Fonte: Silva (2010)

Para além de caracterizarem a realidade actual, justificarem-na e apontarem caminhos no sentido da mudança, os inquiridos estão bem cientes das “Principais dificuldades e obstáculos à reestruturação das estâncias termais”, ao reconhecerem, em concordância (nível 4, concordo), serem a dificuldade em captar investimento, em estabelecer ligações com os territórios em termos de parcerias com os actores territoriais locais e regionais e operadores turísticos e o handicap em termos de investigação científica, os principais constrangimentos (quadro 7).
A vertente de doença e cura bastante enraizada no modelo de exploração das estâncias termais difícil de ultrapassar, a perda de propriedades terapêuticas e a inércia e apatia em termos de gestão são encarados como o menor dos obstáculos, por parte dos responsáveis pela actual oferta termal na região do TCP.
Contudo, não obstante os obstáculos admitidos, estes responsáveis apontaram os “Principais pontos fortes e oportunidades à reestruturação das estâncias termais”, dos quais destacaram o papel das estâncias enquanto indutoras de desenvolvimento local através das actividades e efeitos directos, indirectos e induzidos que lhe estão associados, tendo obtido a média mais elevada do conjunto (4,4), a importância das tendências actuais no que concerne à saúde e bem-estar, o aumento de recursos qualificados nas vertentes presentes nos espaços termais, a margem de progressão ainda grande no campo da investigação e os investimentos já realizados (quadro 8).

Quadro 7: Principais dificuldades e obstáculos à reestruturação das estâncias termais

Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

Item

Méd.

Mo

Mín.

Máx.

DP

Dificuldades em captar investimento

4,3

4

4

5

0,46

Dificuldades em estabelecer parcerias com os actores territoriais locais e regionais e operadores turísticos

4,3

4

3

5

0,71

Handicap em informação e investigação científica para novas aplicações das águas minero-medicinais

4,1

4

4

5

0,35

O mercado frequentador ser maioritariamente português

3,9

4

3

5

0,64

Dificuldades em interagirem com o território onde se inserem

3,9

4

3

5

0,83

Dificuldades em afirmar a marca "termas" como produto turístico de qualidade em Portugal

3,9

4

3

5

0,83

Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

  1. A vertente de doença e cura bastante enraizada no modelo de exploração das estâncias termais difícil de ultrapassar

2,1

2

1

3

0,64

Perda de propriedades terapêuticas de algumas termas

2,4

3

1

3

0,74

Inércia e apatia dos gestores/administradores

2,4

2

2

3

0,52

Resultados globais da questão 5

3,7

4

1

5

0,93

Fonte: Silva (2010)

Em sentido oposto, a massificação de alguns produtos turísticos e consequente perda de clientes é o aspecto que, na sua opinião, menos constitui uma vantagem para o sector termal, embora se situe no nível intermédio da escala de respostas 3 (nem concordo nem discordo).
Em termos globais, a média das respostas apuradas, face às questões apresentadas, situaram-se na sua maioria perto do nível 4 da escala de respostas (concordo), o que reflecte uma tendência positiva, sobretudo em termos de concordância dos inquiridos face às opções de resposta apresentadas para cada questão e sua importância, e indicia uma consciência da realidade e uma vontade geral de mudança, aproveitando-se e maximizando-se os aspectos positivos, as potencialidades, sem deixar, contudo, de identificar os obstáculos mas trabalhando no sentido de os minimizar assim como os seus efeitos.

Quadro 8: Principais pontos fortes e oportunidades à reestruturação das estâncias termais

Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

Item

Méd.

Mo

Mín.

Máx.

DP

Oportunidades enquanto indutores de desenvolvimento local através da criação de postos de trabalho e indução de outras actividades

4,4

4

4

5

0,52

A importância actual da saúde e bem-estar

4,3

4

4

5

0,46

O aumento de recursos qualificados tanto na área da saúde e bem-estar como na turística, de recreio e lazer

4,1

4

4

5

0,35

Campo aberto a novas investigações para potenciais aplicações preventivas e terapêuticas

4,1

4

4

5

0,35

A diversificação de gostos e interesses da sociedade actual

4,1

4

3

5

0,64

Os investimentos já realizados em algumas estâncias termais

4,1

4

3

5

0,64

Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos

  1. A massificação e perda de interesse por outros produtos turísticos

3,1

3

2

4

0,64

Possibilidade de integração com o produto TER

3,5

3/4

3

4

0,53

Resultados globais da questão 6

3,9

4

3

5

0,47

Fonte: Silva (2010)

Na segunda parte do questionário, onde a maioria das questões eram de selecção dicotómica entre duas afirmações (Sim/Não) e de resposta aberta na sua justificação, pretendeu-se recolher opiniões mais concretas e conclusivas, quanto ao termalismo português, e mais especificamente em relação às próprias estâncias de que este conjunto de gestores/administradores são responsáveis, sobre as vertentes das estâncias e o seu papel na sua revitalização, a qualificação e especialização de mercados, os modelos de gestão, a importância do ordenamento e planeamento do território, a promoção e as relações de complementaridade como factores intervenientes na dinamização e atractividade das estâncias, assim como os principais constrangimentos e oportunidades do sector e das estâncias termais que gerem culminando na opinião quanto ao futuro que perspectivam para as estâncias e a actividade termal.
No cômputo geral, todos os gestores/administradores concordam com o desenvolvimento da vertente turística, lúdica e de recreio nas estâncias termais através de uma necessária complementaridade entre esta e a vertente curativa clássica, inclusive nas próprias estâncias que gerem justificando esta posição pela crescente necessidade de dinamizar as estâncias, de captar novos mercados e de dar resposta a clientes cada vez mais diversificados e exigentes nas experiências que procuram, que não se esgotam no mero tratamento termal, o que os faz rejeitar em uníssono a especialização num só mercado assim como a selecção de mercados, especialmente um mercado de elite (classe média-alta). Contudo, a maioria (75% das respostas obtidas) admite que nem todas as estâncias portuguesas têm condições de base para desenvolver a vertente turística justificado pelo facto de algumas constituírem unidades de pequena dimensão e não possuírem condições e infra-estruturas básicas no que concerne à actividade turística, nomeadamente de alojamento e restauração na zona envolvente, muito embora, haja quem avance que muitas possuem boas condições infra-estruturais e equipamentos, localizadas em envolventes naturais e territoriais históricas e ricas bastando que trabalhem no sentido da complementação da oferta.
Todavia, na opinião dos inquiridos a abertura das estâncias termais a um público mais vasto (em termos de motivações) deverá ser pautada por algumas exigências consideradas essenciais ao seu desenvolvimento sustentável como a complementaridade da oferta, a existência de recursos humanos qualificados e de uma estrutura física do estabelecimento termal confortável, atractiva e adaptada aos diversos tipos de clientes e valências, exigências que, segundo estes responsáveis, deverão ser pautadas por um parâmetro transversal, a qualidade. Neste âmbito, a maior parte (75%) é favorável à categorização qualitativa das estâncias termais (5, 4, 3 estrelas), como forma de diferenciar serviços, promovendo altos patamares de qualidade e uma melhor base de informação à decisão do cliente, já que para 62,5% dos inquiridos, existem estâncias termais de má qualidade a operar em Portugal sendo necessário, na sua opinião, que haja um controlo mais rigoroso no que concerne à qualidade das mesmas e dos seus serviços. E é neste sentido que metade dos inquiridos (50%) defende um modelo de gestão de natureza privada, argumento que permitiria elevarem-se os padrões de qualidade e que a concorrência fosse uma realidade em igualdade de circunstâncias.
A influência da falta ou incipiente ordenamento e planeamento dos territórios termais na atractividade e dinâmica das estâncias parece ser um tema de parco interesse para os inquiridos a avaliar pelas não-respostas (50%), porém, as quatro respostas obtidas sublinham o carácter negativo deste factor, tendo em conta que há uma afectação ao nível da imagem, da acessibilidade, dos estilos de vida, da própria sociabilização assim como uma diminuição da qualidade de vida. A outra escala, 75% dos inquiridos concorda que é necessária a elaboração de um plano de acção para as estâncias termais nomeadamente ao nível da coordenação dos investimentos, da aplicação de objectivos a cumprir, constituindo um meio para a criação de linhas orientadoras que sirvam de base para a actividade termal e serviços relacionados localizados nestes territórios.
Relativamente às estâncias termais que gerem/administram, e avaliando a sua própria actuação e postura, todos os inquiridos revelam utilizar quatro ou mais meios de promoção das estâncias, dos quais se destaca as páginas na internet, panfletos, feiras e certames que são transversais a todas mas, apenas dois afirmaram participar em eventos internacionais (Carvalhal e S. Pedro do Sul).
Segundo a maior parte destes responsáveis as estâncias que gerem/administram não estão integrados em nenhum circuito ou rota turística regional, e apenas dois referem a respectiva região turística em que se inserem, no caso a Região de Turismo do Dão-Lafões, revelando um desconhecimento no que à pertença a um grupo diz respeito. Contudo, grande parte da amostra, 6 inquiridos, admitiu manter algum tipo de relação de complementaridade e troca mútua de sinergias com outros elementos do cluster termal indicando como principais parceiros o sector da hotelaria e restauração.
Os vários constrangimentos apontados tanto ao sector como à estância que gerem/administram, ao nível da falta de divulgação e promoção, de investimento, de mão-de-obra qualificada, de alojamento qualificado, de actividades e serviços complementares, da envolvente desqualificada e estruturas físicas dos balneários desactualizas, levam os inquiridos a encararem o futuro do termalismo português com algumas reservas apesar das capacidades que lhe reconhecem, mostrando-se bem mais optimistas em relação à respectiva estância da qual são responsáveis.
No término do questionário, os inquiridos referiram que a regulamentação, a organização, a fiscalização, a requalificação das infra-estruturas e a aposta na mão-de-obra qualificada, a construção de uma proposta com valor, a promoção associada a fortes campanhas de marketing e publicidade e a captação de investimento constituem os principais factores necessários às estâncias termais portuguesas para alcançarem o estatuto e dinâmica de muitas estâncias europeias.
Em linhas gerais, os resultados desta auscultação aos gestores/administradores por via de questionário, vêm corroborar o modelo de desenvolvimento para as estâncias termais que se defendeu ao longo da investigação mais alargada que efectuámos, um modelo que não é de todo uma novidade, pois outros estudos já o demonstraram, muito embora tarde a sua aplicação em moldes sustentáveis e sustentados, pelo que se tentou de certa forma perceber porquê através de determinadas questões. Trata-se de um modelo assente na complementaridade e articulação entre duas vertentes, a terapêutica clássica e a de saúde e bem-estar aliada à componente de turismo e lazer (Silva, 2010).

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