PROPUESTA DE BASES PARA EL DISEÑO DE UN SISTEMA DE GESTIÓN ESTRATÉGICA DE INFORMACIÓN PARA LA DIRECCIÓN DE ENERGÍA RENOVABLE DEL MINBAS

Cleber José De Oliveira

Capítulo 1- Considerações sobre o gênero crônica
1.1 - A crônica e suas origens

A palavra “crônica” e suas variantes (chronica, cronicão, cronicon) estão etimologicamente ligadas ao termo Chronos, deus da mitologia grega que representa o tempo. Através de sua transposição de Chronos (grego) para Saturnus (latim); que significa “saturado de anos”, o termo passou a significar o registro dos fatos atuais, ou seja, assume para si o papel de registrar os fatos “reais”, é fruto da realidade do cotidiano social (Cf. ARRIGUCCI JR., 1987). Apresenta traços do folhetim, do conto e do ensaio. Tais afinidades se devem, principalmente, à “destinação para o consumo imediato; porém deles se distingue, porque não guarda nenhum compromisso com a sucessividade ou com a sequência cronológica” (ARRIGUCCI JR., 2001 p. 34).
                        Para Antonio Candido a crônica é um gênero ao rés-do-chão “Graças a Deus” (Cf. CANDIDO, 1981), e, por ser assim são consumidas diariamente em quantidade muito maior do que qualquer outro gênero literário, embora carreguem, como estigma, um certo déficit de prestígio, como se naturalmente lidas para o esquecimento. É uma espécie de janela dos fatos; pela crônica, respiramos um pouco da massa opaca de acontecimentos e também não nos entregamos à lógica pura do comentário objetivo é um gênero que se caracteriza pelo texto curto que estiliza uma linguagem simples, quase que coloquial aparecendo às vezes com um tom lírico, outras com certo humor, que varia do irônico ao mais sarcástico.
            A crônica moderna surge, no século XIX, quando a imprensa escrita atinge ampla difusão. Novos maquinários,  novos jornais, aumento no número de tiragens fazem surgir esse novo gênero dentro do jornal. Inicialmente, a crônica tinha a função de comentar, refletir num tom dissertativo, sobre questões políticas, econômicas, sociais, culturais. No Brasil,  os artigos eram publicados nos jornais por grandes escritores na nossa literatura. Machado de Assis, José de Alencar, Olavo Bilac freqüentavam os jornais com seus comentários e reflexões. Diferentemente de suas obras literários, o tom era leve e aparentemente despretensioso.  Na crônica brasileira, particularmente, pode-se cogitar que ocorre uma espécie de fusão de dois tipos de textos: o ensaio, do qual retoma certa repulsa pelo rigor acadêmico, levando a um tratamento mais informal dos assuntos abordados, e o folhetim de onde absorve a dimensão ficcional dos eventos e temas descritos por esta forma literária. Essa mescla ratifica a identidade da crônica brasileira, como espaço heterogêneo.  Assim sendo, pode-se dizer que crônica teve um desenvolvimento específico no Brasil, não faltando historiadores literários que lhe atribuem um caráter exclusivamente nacional. Com efeito, a crônica como a entendemos, hoje, não é comum na imprensa de outros países.
            Como informa Antonio Candido, aquela característica acima aludida (o coloquialismo na linguagem escrita) é recorrente na crônica desde a segunda metade do século XIX, é característica da produção de vários autores, inclusive a do parnasiano Olavo Bilac. Ainda segundo Candido, mesmo Bilac é “[...] obrigado a amainar a linguagem, a descascá-la dos adjetivos mais retumbantes e das construções mais raras, como as que ocorrem na sua poesia e na prosa de suas conferências e discursos. É que nelas parece não caber a sintaxe rebuscada [...]” (CANDIDO, 1981-4, p.17-18). Temos então um bom exemplo da força da crônica como gênero discursivo, pois foi capaz de fazer um escritor reconhecidamente apegado aos moldes tradicionais de escrita, como Bilac, se despir provisoriamente de sua erudição e conservadorismo gramatical.
            Aos poucos, as crônicas deixaram de ter a intenção primeira de comentar e de informar e passaram a assumir um caráter mais descomprometido, cada vez mais leve e  com toques humorísticos. Os textos foram deixando de lado a preocupação argumentativa, opinativa e passaram a se aproximar mais da subjetividade e do lirismo da poesia. Essa reconfiguração criativa da crônica que se apresenta num tom mais pessoal, lírico ou humorístico e coloquial, como ocorreu no Brasil, faz  com que ela seja vista hoje como um gênero literário tipicamente brasileiro. Assim sendo, a crônica nasce nos jornais, mas nasce da necessidade de olhar o mundo de forma pessoal, subjetiva. Contrapõe-se à exigência de objetividade nas notícias e de imparcialidade no registro de fatos, que é a alma do jornal. Ao contrario  de tal  objetividade pretendida na maior parte das matérias jornalísticas, a crônica tem um olhar minucioso, particular sobre os fatos e acontecimentos. É o olhar que estranha o mundo, que vê o  detalhe, o aparentemente descartável.
            Esse gênero procura humanizar o mundo, procura dar sentido à realidade aparentemente caótica, resgatando a singularidade do sujeito num mundo em que as pessoas parecem peças de uma grande máquina. Procura a grandeza dos pequenos gestos despercebidos. Como afirma Antonio Candido,  “a crônica está sempre ajudando a estabelecer ou restabelecer a dimensão das coisas e das pessoas” (Cf. Candido 1981). Nesse olhar são inesgotáveis os temas de que ela pode tratar. Sem tentar esgotar as possibilidades, podem ser destacadas  algumas áreas temáticas privilegiadas pela crônica.
            Devido à sua própria origem, muitas vezes os cronistas partem das notícias de jornal para construir suas crônicas. Assuntos de diversas áreas, como política, sociedade, cultura, economia podem provocar comentários e evocar lembranças. É comum  criar verdadeiras narrativas, construindo personagens e imaginando detalhes para os fatos apresentados na mídia ou construir redes de intertextualidade ao relacionar diversos fatos publicados na mídia com outros, originários de outros suportes. Outras vezes, como contraponto às  abordagens a partir da urbanidade e da atualidade, presentes nos diferentes assuntos tratados no jornal, as crônicas procuram tratar de outro espaço e tempo, evocando experiências da infância e dos espaços rurais.
            Mesmo no tempo presente, muitos textos  buscam dar valor aos detalhes não percebidos na vida urbana, outras buscam também valorizar o cotidiano, enxergar o lirismo presente no dia a dia. Cria-se assim uma verdadeira poesia do cotidiano, materializada pelo foco pessoal do cronista  e pela articulação da palavra. A aparente gratuidade da crônica é representada por uma linguagem marcada por um estilo coloquial, bem próximo da oralidade, algumas vezes  sem respeitar as determinadas convenções da norma culta da língua. Ao mesmo tempo, é um trabalho criativo sobre os recursos lingüísticos, na medida em que a palavra é trabalhada em jogos de palavras, em diálogos ágeis e significativos na construção dos personagens e do enredo ou em comentários e digressões. O humor crítico e a ironia podem estar presentes nesses textos  reinterpretando determinados fatos ou  detalhes dos acontecimentos que passam despercebidos pelo leitor apressado dos jornais. 
            De subliteratura, passou a ser considerado um gênero literário respeitável e digno de estudo. E já era tempo. Afinal, a crônica vem sendo praticada assiduamente, no Brasil, por muitos dos nossos maiores escritores, desde que os jornais passaram a ser centros importantes da vida cultural e intelectual no país. Em 1854, o então jornalista José de Alencar começa a escrever uma seção diária no Correio Mercantil, intitulada Ao Correr da Pena, em que comenta os mais variados assuntos da vida do Rio de Janeiro e do país. Esses textos leves de temática cotidiana, com pitadas de lirismo e, muitas vezes, humor, podem ser considerados os precursores da crônica moderna. Seguindo esta mesma linha, Machado de Assis contribuiu durante toda a sua carreira com crônicas para diversos jornais. A produção do Machado cronista se inicia já em 1859 e se estende até 1904, com raras interrupções. 
            Do final do século XIX até hoje vários escritores se destacaram como cronistas. Além dos autores citados a crônica permeou também as penas de escritores como Olavo Bilac, Humberto Campos, Raquel de Queirós ou Rachel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, Rubens Braga, Paulo Mendes Campos e mais recentemente Arnaldo Jabor, Luis Fernando Veríssimo, cultivaram-na ou cultivam-na com peculiar engenhosidade, criatividade e assiduidade. Mas foi com Rubem Braga que a crônica chegou, hoje, a ser um dos gêneros mais lidos. 

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