O CÂMBIO COMO INSTRUMENTO DE POLÍTICA ECONOMICA : UMA PROPOSTA DE MODELAGEM DO SETOR EXTERNO BRASILEIRO.

Heriberto Wagner Amanajás Pena

5.1 -  Do índice  para a determinação da tcr

No deflacionamento  da taxa de câmbio nominal como medida proposta para a determinação da taxa de câmbio  real, se faz pela retirada do peso inflacionário utilizando diversas índices. A grande controvérsia no entanto  persiste, exatamente no fato de que não existe índices de preços que incluam somente a computação de preços de bens e serviços internos (nontradables), ou não de bens e serviços internacionais (tradables), porém como foi dito no tópico anterior estas listas estão sujeitas a mutações de produtos comercializáveis e não-comercializáveis, o que torna o uso do deflator como conceitualmente correto. Por seguinte, como o debate tem o envolvimento de economistas de grande peso, este trabalho não aprofunda o debate,   nem se posiciona contra ou favor de nenhuma corrente, os que  prega a utilização do índice de preços ao consumidor , baseiam  o seu argumento na concepção de que o índice de atacado tem sua pauta uma proporção maior de bens de bens internacionais ou comercializáveis em comparação com o índice ao consumidor. Mas contudo, só  a discriminação da pauta de produtos comercializáveis e os não comercializáveis  nas listas dos índices não é suficiente, até porque como já foi dito ela esta sujeita a constantes mudanças, por isto o argumento  é reforçado por testes estatísticos que registram um coeficiente de correlação mais significativo, entre o saldo da balança comercial e a taxa de câmbio real deflacionada por  um índice de preços ao consumidor, enquanto o nível de correlação entre esse mesmo saldo da balança comercial para o mesmo período e a outra medição que utiliza preços no atacado é considerada irrelevante. Como este  trabalho não  defende nenhuma posição da adoção do índice de preços ao consumidor ou no atacado  para medição da taxa de câmbio real, todos os testes estatísticos foram efetuadas com os índices de preços, inclusive o nível de correlação com o saldo da balança comercial. Os resultados estatísticos estão expressos a seguir :
Tabela 01 - Cálculos para mensuração do nível de correlação entre o SBC e a taxa de câmbio real, deflacionada pelo IGP-DI.


Ano

1- SBC

2- TCR-          IGPDI

3- S=C-Cm

4- T=R-Rm

5-  S.T

6- S2

7- T2

1.990

10.753

1,41

8.072

-0,04

-352

65.158.652

0,00

1.991

10.579

1,35

7.898

-0,10

-819

62.379.840

0,01

1.992

15.308

1,77

12.627

0,32

3.995

159.443.425

0,10

1.993

12.938

1,66

10.257

0,21

2.117

105.207.914

0,04

1.994

10.440

1,35

7.759

-0,10

-804

60.203.492

0,01

1.995

-3.158

1,19

-5.839

-0,26

1.539

34.092.859

0,07

1.996

-5.554

1,20

-8.235

-0,25

2.089

67.813.728

0,06

1.997

-8.357

1,22

-11.038

-0,23

2.579

121.835.437

0,05

1.998

-6.474

1,29

-9.155

-0,16

1.498

83.812.360

0,03

1.999

-9.837

1,84

-12.518

0,39

-4.836

156.698.048

0,15

2.000

2.852

1,71

171

0,26

44

29.272

0,07

Soma

29490,0

16,0

 

 

7.049

916.675.027

0,60

Média

2680,9091

1,4536364

 

 

 

 

 

8- VAR

91667503

0,0596255

 

 

 

 

 

9-  D.P

9574,3147

0,2441832

 

 

 

 

 

10-COV

704,89036

 

 

 

 

 

 

11-CORR

0,3015112

 

 

 

 

 

 

  1-saldo da balança comercial;
  2-taxa de câmbio real;
  3-variável reduzida do saldo da balança comercial;
  4-variável reduzida da taxa de câmbio real;
  5-produto das variáveis reduzidas;
  6-variável reduzida ao quadrado;
  7-variável reduzida ao quadrado;
  8-variância das variáveis;
  9-desvio-padrão;
10-covariância;


11-coeficiente de correlação.

Fonte: Conjuntura Econômica/ Agosto de 2001.
Cálculos  do Autor.

Por seguinte, os testes estatísticos foram efetuados com o índice geral de preços disponibilidade interna (IGP-DI) e o saldo da balança comercial, assim como o proposto para identificar qual o nível de correlação entre as duas variáveis. Os resultados auferidos estão de acordo com a associação entre as variáveis, e como a própria definição de correlação prega a variação se dá entre (-1 e +1), e uma correlação próxima dos extremos (-1 ou +1), é considerada forte, em torno de 0,5 moderada e próxima de zero fraca. Para este fenômeno estudado no período compreendido entre 1990 à 2000, o nível de correlação foi de 0,3015 ou seja, como se aproximou de zero a mesma é considerada fraca.

O gráfico 01 descreve o comportamento do saldo da balança comercial de cada ano, no período estudado de 1990 à 2000 e as variações na taxa de câmbio real deflacionada pelo índice geral de preços disponibilidade interna (IGP-DI), adotando-se como ano base para o deflacionamento, agosto de 94=100.

 

Tabela 02 - Cálculos para mensuração do nível de correlação entre o SBC e a taxa de câmbio real, deflacionada pelo IGP-M

Ano

 1-  SBC

2-TCR-IGP-M

 3-   S=C-Cm

4- T=R-Rm

  5- S.T

 6-    S2

7- T2

1.990

10.753

1,54

8.072

0,06

477

65.158.652

0,00

1.991

10.579

1,23

7.898

-0,25

-1.982

62.379.840

0,06

1.992

15.308

1,87

12.627

0,39

4.913

159.443.425

0,15

1.993

12.938

1,86

10.257

0,38

3.888

105.207.914

0,14

1.994

10.440

1,41

7.759

-0,07

-550

60.203.492

0,01

1.995

-3.158

1,16

-5.839

-0,32

1.874

34.092.859

0,10

1.996

-5.554

1,21

-8.235

-0,27

2.231

67.813.728

0,07

1.997

-8.357

1,22

-11.038

-0,26

2.880

121.835.437

0,07

1.998

-6.474

1,27

-9.155

-0,21

1.931

83.812.360

0,04

1.999

-9.837

1,83

-12.518

0,35

-4.370

156.698.048

0,12

2.000

2.852

1,69

171

0,21

36

29.272

0,04

Soma

29490,0

16,3

 

 

11.328

916.675.027

0,82

Média

2680,9091

1,480909091

 

 

 

 

 

8- VAR

91667503

0,082109091

 

 

 

 

 

9- DP

9574,3147

0,286546839

 

 

 

 

 

10-COV

1132,7851

 

 

 

 

 

 

11-CORR

0,412899

 

 

 

 

 

 

  1-saldo da balança comercial;
  2-taxa de câmbio real;
  3-variável reduzida do saldo da balança comercial;
  4-variável reduzida da taxa de câmbio real;
  5-produto das variáveis reduzidas;
  6-variável reduzida ao quadrado;
  7-variável reduzida ao quadrado;
  8-variância das variáveis;
  9-desvio-padrão;
10-covariância;


11-coeficiente de correlação.

Fonte: Conjuntura Econômica/ Agosto de 2001.
Cálculos  do Autor.

 

            Na tabela 02 observou-se um nível de correlação entre as variáveis que revela uma associação positiva entre o saldo da balança comercial e a taxa de câmbio real deflacionada agora pelo índice geral de preços de mercado ( IGP-M), e o cálculo revelou um grau de  correlação da ordem de 0,4129, e nesse sentido podemos dizer que a mesma se situa em torno de 0,5 podendo assim ser considerada como uma correlação moderada.

O gráfico 02 descreve a evolução dos saldos da balança comercial ao longo do período estudado, assim como o comportamento da taxa de câmbio real deflacionada pelo índice geral de preços de mercado (IGP-M). Por seguinte, é importante que se diga que a medida para a medição da taxa de câmbio real foi escolhido para ano base, agosto de (1994=100). Essa comparação entre variáveis taxa de câmbio e saldo da balança comercial, mesmo sendo a preços constantes revela os desalinhamentos cambiais nesse período compreendido entre 1990 à 2000, e mas do que isto revela que mesmo ocorrendo desvalorizações na moeda nacional em relação à estrangeira, ou seja, desvalorização cambial ou também aumento da taxa de câmbio  ocorre uma proporcional elevação no valor das exportações em relação as importações, o que geraria um resultado esperado de aumento no saldo da balança comercial.

Tabela 03 - Cálculos para mensuração do nível de correlação entre o SBC e a taxa de câmbio real, deflacionada pelo IPA-DI.


Ano

 1- SBC

2-TCR-IPA-DI

 3-  S=C-Cm

 4- T=R-Rm

 5-  S.T

 6-    S2

 7-  T2

1.990

10.753

1,29

8.072

-0,17

-1.343

65.158.652

0,03

1.991

10.579

1,05

7.898

-0,41

-3.209

62.379.840

0,17

1.992

15.308

1,64

12.627

0,18

2.319

159.443.425

0,03

1.993

12.938

1,57

10.257

0,11

1.166

105.207.914

0,01

1.994

10.440

1,34

7.759

-0,12

-903

60.203.492

0,01

1.995

-3.158

1,25

-5.839

-0,21

1.205

34.092.859

0,04

1.996

-5.554

1,45

-8.235

-0,01

52

67.813.728

0,00

1.997

-8.357

1,34

-11.038

-0,12

1.284

121.835.437

0,01

1.998

-6.474

1,42

-9.155

-0,04

333

83.812.360

0,00

1.999

-9.837

1,94

-12.518

0,48

-6.054

156.698.048

0,23

2.000

2.852

1,73

171

0,27

47

29.272

0,07

Soma

29490,0

16,0

 

 

-5.104

916.675.027

0,62

Média

2680,91

1,456364

 

 

 

 

 

8- VAR

9,2E+07

0,061925

 

 

 

 

 

9- D.P

9574,31

0,248848

 

 

 

 

 

10- COV

-510,35

 

 

 

 

 

 

11-CORR

-0,214

 

 

 

 

 

 

  1-saldo da balança comercial;
  2-taxa de câmbio real;
  3-variável reduzida do saldo da balança comercial;
  4-variável reduzida da taxa de câmbio real;
  5-produto das variáveis reduzidas;
  6-variável reduzida ao quadrado;
  7-variável reduzida ao quadrado;
  8-variância das variáveis;
  9-desvio-padrão;
10-covariância;


11-coeficiente de correlação.

Fonte: Conjuntura Econômica/ Agosto de 2001.
Cálculos  do Autor.

O nível de correlação da  tabela 03, gerou resultados considerados relevantes entre as variáveis saldo da balança comercial e taxa de câmbio real deflacionada pelo índice de preços no atacado disponibilidade interna (IPA-DI), ou seja o coeficiente encontrado através dos cálculos foi de –0,2142 o que revela uma correlação considerada forte por se aproximar do extremo -1.

            Todavia, a correlação entre essas variáveis mostra um grau de associação negativa entre as mesmas.

 

Neste gráfico podemos observar as sucessivas evoluções no saldo da balança comercial e concomitantemente as variações na taxa de câmbio real deflacionada agora pelo índice de preços no atacado, que possui em sua pauta de exportações um volume bem considerado de bens comercializáveis no mercado internacional, ou seja, (tradables) o que torna-se uma crítica da corrente que defende o índice ao consumidor como sendo, o medidor ideal para o deflacionamento da taxa de câmbio nominal. Portanto, é exatamente  sobre o coeficiente de correlação entre o saldo da balança comercial e a taxa de câmbio nominal deflacionada pelo índice de preços ao consumidor que iremos nos prender na tabela seguinte, e mais do que isto procuramos  não nos posicionar, com relação ao debate e também não   aprofundar a questão, pois, a mesma é tão complexa e envolve economistas de grande peso, que concerteza nos faltaria argumentos para gerar uma defesa de nossa posição, por isso mais uma vez aqui deixamos claro que não  adotamos um posicionamento diante do debate sem portanto, nos envolvermos com ele até porque esse tema não esta diretamente ligado com o objetivo crucial deste trabalho, e mais do que isto esta controvérsia gera por si só premissas e conclusões para uma monografia alternativa.

Tabela 04 - Cálculos para mensuração do nível de correlação entre o SBC e a taxa de câmbio real, deflacionada pelo IPC.


Ano

 1- SBC

2-TCR-IPC

 3-    S=C-Cm

 4- T=R-Rm

 5- S.T

 6-   S2

 7- T2

1.990

10.753

1,80

8.072

0,24

1.901

65.158.652

0,06

1.991

10.579

1,36

7.898

-0,20

-1.616

62.379.840

0,04

1.992

15.308

2,04

12.627

0,48

6.004

159.443.425

0,23

1.993

12.938

1,87

10.257

0,31

3.133

105.207.914

0,09

1.994

10.440

1,37

7.759

-0,19

-1.509

60.203.492

0,04

1.995

-3.158

2,07

-5.839

0,51

-2.951

34.092.859

0,26

1.996

-5.554

1,06

-8.235

-0,50

4.155

67.813.728

0,25

1.997

-8.357

1,08

-11.038

-0,48

5.348

121.835.437

0,23

1.998

-6.474

1,14

-9.155

-0,42

3.887

83.812.360

0,18

1.999

-9.837

1,73

-12.518

0,17

-2.071

156.698.048

0,03

2.000

2.852

1,69

171

0,13

21

29.272

0,02

Soma

29490,0

17,2

 

 

16.301

916.675.027

1,42

Média

2680,91

1,56454545

 

 

 

 

 

8- AR

9,2E+07

0,14226727

 

 

 

 

 

9- D.P

9574,31

0,37718334

 

 

 

 

 

10-COV

1630,12

 

 

 

 

 

 

11-CORR

0,4514

 

 

 

 

 

 

  1-saldo da balança comercial;
  2-taxa de câmbio real;
  3-variável reduzida do saldo da balança comercial;
  4-variável reduzida da taxa de câmbio real;
  5-produto das variáveis reduzidas;
  6-variável reduzida ao quadrado;
  7-variável reduzida ao quadrado;
  8-variância das variáveis;
  9-desvio-padrão;
10-covariância;


11-coeficiente de correlação.

Fonte: Conjuntura Econômica/ Agosto de 2001.
Cálculos  do Autor.

 

Os resultados da correlação entre as variáveis saldo da balança comercial e a taxa de câmbio real deflacionada pelo índice de preços ao consumidor, gerou um coeficiente da ordem 0,4514 que revela por si só uma correlação moderada por se aproximar de 0,5 e mais do que isto demonstra uma associação positiva entre as variáveis de modo a dizer que aumentos da taxa de câmbio para o período estudado, provocaram elevações no saldo da balança comercial.

 

Neste gráfico, tem-se as variações do saldo da balança comercial e da taxa de câmbio real, dessa vez deflacionada pelo índice de preços ao consumidor, de modo que diga que de acordo com tal corrente, seria o índice ideal para o deflacionamento da taxa de câmbio nominal de nossa economia, no entanto este índice apresentou um coeficiente de correlação  moderado, e como já foi dito pelo fato de se aproximar de 0,5,. Isto posto, para o fenômeno estudado e o período compreendido na abordagem desta monografia, mas uma vez é importante que se diga que não  apoiamos nenhuma corrente pela falta de argumentos, apenas trabalhamos com todos os índices de preço como indicadores da inflação.

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