O CÂMBIO COMO INSTRUMENTO DE POLÍTICA ECONOMICA : UMA PROPOSTA DE MODELAGEM DO SETOR EXTERNO BRASILEIRO.

Heriberto Wagner Amanajás Pena

3 - OS ATAQUES ESPECULATIVOS E OS DESAJUSTAMENTOS CAMBIAIS CONTRA AS MOEDAS, DECORRENTES DAS MOVIMENTAÇÕES DE CAPITAIS NO MERCADO FINANCEIRO

            A grande causa de ataques especulativos contra as moedas nacionais esta fundamentada numa política denominada de desregulamentação financeira, que por sua vez só se tornou explícita dos principais governos capitalistas na década de 1980. no entanto, essa política se impôs de forma causal, ou seja, como efeito da crise do sistema internacional de pagamentos criado em Bretton Woods, em 1944. Este sistema tinha por sua vez uma não obrigatoriedade de manter regimes cambiais com taxas fixas, mas negociáveis apenas multilateralmente, isto no entanto possibilitaria a alteração da taxa cambial desde de que contasse com o consentimento do dos outros países membros do FMI. Alterada a taxa de câmbio, cabe ao poder público intervir no mercado de câmbio vendendo ou comprando divisas, de modo a perpetuar a cotação de sua moeda dentro de uma estreita faixa de variação com limites inferiores e superiores  em torno do novo valor declarado. Desse modo,a grande intenção era que cada governo deveria dispor de reservas cambiais suficientes para poder regular de forma adequada o mercado de divisas, e mais do que isto o governo em última instância deveria subordinar o movimento internacional dos capitais, por seus cidadãos a objetivos nacionais. No entanto, o comprometimento de garantir a conversibilidade do dólar em ouro a uma taxa declarada, não conseguiu perpetuar, pois, os EUA  cargo chefe desta política sofreu um ataque especulativo contra a sua moeda e ao mesmo tempo não teve competência suficiente para negociar com os outros governos um realinhamento das taxas cambiais que por sua vez iriam permitir o reequilíbrio  das contas externas do país, desta forma a decisão final por parte  dos americanos foi o de quebrar o compromisso da conversibilidade do dólar e dessa forma liquidando em parte o sistema internacional de pagamentos até então em vigor, pois, o que se pretendia com esse sistema era uma regulamentação  mais rígida sobre o controle de capitais adotando-se para isso o uso das taxas fixas de câmbio assim defendidas em Bretton woods e dessa forma se constituiu uma estrutura regulatória. Mas por outro lado, nem todos os países adotavam o sistema com a rigidez desejada e como conseqüência países europeus que iniciaram esse processo relaxaram em alguns desses controles, e como também já foi dito os EUA não resistiram aos ataques especulativos e o sistema internacional de pagamentos que foi improvisado para substitui o de Bretton Woods, consagrou por assim dizer a livre flutuação das taxas de câmbio, deixando a mercê  de cada governo definir o seu regime cambial.

            Por seguinte, com a desregulamentação dos mercados financeiros abriu um amplo mercado mundial que aos poucos em decorrência de negociações multilaterais, foi cada vez mais se ampliando solapando na transferência de empresas multinacionais em busca de novos mercados e o numero dessas empresas se instalando nessas economias não parava de crescer, mas de fato a desregulamentação financeira não se restringe apenas as emigrações dessas empresas multinacionais, a mesma transcendeu  a todas as diversas formas de capitais como por exemplo: grandes e pequenas empresas; nacionais e multinacionais, produtivos e financeiros. Aqui o destaque maior é para o capital financeiro, pois com a desregulamentação dos movimentos de capitais se deu uma nova etapa da economia globalizada, e mais do que isto do próprio sistema capitalista intitulada de financeirização da riqueza, desta forma podemos dizer que “todos os capitais são pela sua natureza financeiros, e portanto são suscetíveis de se valorizar na esfera das aplicações” ( Paul, Singer). Isto quer dizer que mesmo os capitais produtivos das empresas podem se transformar em ações ou títulos que são frações do capital produtivo e podem ser negociados no mercado que corresponde a ciranda financeira, assim descrita porque o capital em alguns casos abandona completamente a esfera produtiva e especula na bolsa de valores. Por conseguinte, dado  processo que levou a uma desregulamentação no movimento de capitais em nível internacional aliado ao processo de globalização da economia ou também denominado de internacionalização, o fato é que as bolsas de valores do mundo todo estão mais expostas a freqüentes manobras especulativas e com elas as moedas nacionais dos diversos países, onde são transacionados diariamente ações, títulos de crédito, divisas, contratos futuros etc. Essas expectativas em torno das fusões entre grandes  grupos nacionais e estrangeiros, ou ainda fusões de ambos leva a um cenário favorável ao aumento da demanda por ações , títulos dessa empresa, o que eleva suas cotações, pois se caso as fusões se concretizem cada detentor de uma de suas ações também ganhará, recentemente as privatizações realizadas pelo atual  governo também elevaram as cotações e geraram ganhos a seus detentores. Atualmente falando, as possibilidades de uma crise financeira global são dadas pelo próprio processo de globalização, que torna os mercados cada vez mais sincronizados e qualquer instabilidade política ou econômica interna ou no cenário internacional pode vim a abalar os investidores, que são movidos por indicadores de confiança e principalmente sobre as expectativas quanto aos cenários esperados. De fato  as ações dos investidores atraem um fluxo de capital, que correspondem a volumes considerados de inversões e a entrada desses capitais compensam desequilíbrios nas contas externas de determinados países, pois, a maioria deles é formada de empréstimos cujo volume constituí a dívida externa, e desse modo chega-se a um ponto  de saturação onde esses capitais são remetidos sob a forma de juros compreendendo o serviço da dívida externa, gerando um déficit no saldo da balança de serviços e novamente para equilibrar o balanço de pagamento novos empréstimos terão que ser refeitos  e cada vez mais as necessidades de financiamentos externos  tornam-se excessivos, e quando tal processo se reflete o resultado é a saída de capitais mais volumosa, e um ataque sobre a moeda nacional que verá sua cotação diminuir em relação ao dólar gerando uma desvalorização abrupta do câmbio. Mas contudo,  essa é uma hipótese com fundamentos empíricos, porém a grande questão dos ataques especulativos contra as moedas nacionais esta fundamentada principalmente não no déficit em conta corrente, mas no afluxo de capitais sempre imigrando onde as lucratividades são as melhores possíveis, ou seja, onde as remunerações são maiores e outro ponto importante a se mencionar, é que os capitais que buscam aplicações  meramente financeiras se encontram quase livres dos controles governamentais além de exercerem uma relação de interdependência entre as diversas bolsas de valores no mundo todo, em virtude das diversificações das aplicações entre os diversos países. Quando, os investidores decidem movidos por cenários e expectativas favoráveis como por exemplo os banqueiros que  administram fundo de pensão e outras formas de poupança colocar seus capitais, é necessário para a compra de ações e títulos a aquisição de moeda nacional o que provoca um aumento na demanda por moeda nacional e uma valorização da mesma. Essa apreciação se traduz em maiores volumes de bens e serviços importados e diminui as exportações gerando déficits no saldo da balança comercial e uma maior necessidade de financiamento externo, para sanear o déficit também em transações correntes e equilibrar o balanço de pagamentos. Nesse sentido, os desequilíbrios externos a maioria das vezes é ocasionado pela afluência de capitais de fora. Todavia, o processo de globalização das economias tende a reforçar também uma internacionalização de capitais e os intermediários financeiros são os responsáveis pelos deslocamentos dos valores de capitais baseados em informações que comparam as perspectivas e os riscos oferecidos pelos diversos países, e mais do que isto são eles que avaliam que o endividamento externo de um país tornou-se excessivo demais e o mesmo não consiga honrar seus compromissos com o serviço da dívida ou com o pacote estabelecido com o Fundo Monetário Internacional (FMI). E portanto, quando decidem retirar os capitais investidos no país devem converter em moeda forte e como o volume aplicado em ativos financeiros corresponde a uma parcela considerável de divisas para esse país, o resultado é um ataque especulativo contra a moeda nacional. Portanto, a globalização como mutação do próprio sistema capitalista de produção solapou  numa explosão no volume dos fluxos de capitais internacionais e por isto o resultado é uma maior volatilidade não só nesse capital como também na taxa de câmbio e na taxa de juros.

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