BRASIL E CORÉIA DO SUL: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DA DINÂMICA DAS EXPORTAÇÕES NO COMÉRCIO INTERNACIONAL, 1985-2002.

Heriberto Wagner Amanajás Pena

3. MATERIAL E MÉTODOS


 O objetivo desta seção é oferecer uma descrição de como se realizará a análise dos setores exportadores do Brasil e Coréia do Sul na dinâmica do comércio internacional. as dimensões e as mudanças significativas na composição desse comércio exigem um tratamento diferenciado quando, o que se pretende é auferir comparações entre setores exportadores de duas economias.
Para alcançar os objetivos propostos de analisar a inserção dos setores exportadores presentes no item 1.2 deste trabalho se fará uso de indicadores quantitativos adequados e desenvolvidos por metodologia da Cepal com intuito de medir em essência a dinâmica de inserção destacando os pormenores e a heterogeneidade,  comparativa das duas economias.

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O estudo da dinâmica dos setores exportadores do Brasil e Coréia do Sul se apoiará no método comparativo e histórico. A escolha do método comparativo compreende uma decisão que pretende explicar semelhanças e diferenças entre caminhos opostos de decisão de estratégias econômicas, ou orientações econômicas. Tem-se o propósito de comparar fatos de natureza análoga, a fim de se detectar o que é comum a eles.
            A escolha deste método é importante em vista de que o mesmo permite ser utilizado para explicar, ainda que sob condições adversas como: distancias geográficas, distinções culturais, políticas e econômicas, um ponto de semelhança e divergência entre os fatos.
            Por seguinte, além do método comparativo, este projeto se baseará no histórico, pretendendo compreender como os fatos e acontecimentos ocorridos no passado estejam sendo projetados no que diz respeito as suas influências na sociedade contemporânea, segundo paradigmas e categorias políticas, econômicas, culturais, entre outras (FACHIN,2003).

3.2 ÁREA DE ESTUDO

            A análise do dinamismo das exportações do Brasil e Coréia do Sul tem a finalidade principal, em análise econômica, de revelar a posição competitiva de seus setores exportadores a partir de suas estratégias de inserção no comércio internacional. A comparação do dinamismo externo desses países é proposital, pois, adotaram a substituição de importações no inicio de suas industrializações, são países de industrialização tardia conhecidos como os novos países industrializados e o setor externo sempre foi um componente importante da demanda agregada.
            A estrutura das exportações de Brasil e Coréia do Sul será analisada a partir da matriz de competitividade e especialização destacando: a mudança na estrutura das exportações de cada país; as variações na participação de mercado de um setor ou grupo de setores; as modificações na importância das importações mundiais. Portanto, a combinação das mudanças na estrutura de comércio desses países, com as modificações do padrão do comercio internacional, determina em grande medida os modelos de comércio e a competitividade.
            Outro componente da análise em que os resultados foram interpretados diz respeito, ao posicionamento do Brasil e Coréia do Sul nos mercados mundiais a partir de quatro conceitos de setores em que compõem a estrutura exportadora desses países, a saber: setores ótimos; oportunidades perdidas; setores em declínio e setores em retrocesso que serão definidos no capítulo metodologia. As exportações desses países foram direcionadas ao mercado importador descrito pelo quadro-1 a seguir conhecidos como países industrializados.
            Nesse sentido, as exportações de Brasil e Coréia do Sul foram destinadas para esse grupo de 24 países, compondo o mercado importador mundial e as mudanças na estrutura de demanda internacional também são dadas pelos países descritos no quadro-1. A análise do dinamismo de Brasil e Coréia do Sul se fará com base no crescimento da demanda internacional para aqueles setores mais competitivos assim como os ganhos e perdas de mercado no período analisado para esses dois países.
Quadro 1 – Descrição do mercado importador para as exportações de Brasil e Coréia do Sul no período de 1985 a 2000.


                                           Mercado Importador (Países Industrializados)

Europa Ocidental

América do Norte

Alemanha;

Islândia;

Canadá

Áustria;

Itália;

Estados Unidos

Bélgica e Luxemburgo;

Noruega;

 

Dinamarca;

Países Baixos;

Outros Países Industrializados

Espanha;

Portugal;

Austrália

Finlândia;

Reino Unido;

Israel

França;

Suécia;

Japão

Grécia;

Suíça;

Nova Zelândia

Irlanda;

Mônaco;

 

Fonte: TradeCAN, 2002.
           
            Para perceber melhor o dinamismo setorial das exportações de cada país a análise se dividiu em três períodos, interpretando dados mais agregados a um dígito correspondente a seção do SITC e os dados com maior nível de desagregação a quatro dígitos correlativo ao subgrupo do SITC. Os períodos foram: 1985/1990 antes da abertura da economia brasileira; o período pós-abertura brasileira e início do plano real 1990/1995 e por ultimo 1995/2000 caracterizando a vigência do atual plano real.
            A análise da situação de competitividade é sensível aos períodos de tempo e aos níveis de agregação setorial, nesse sentido as tendências de longo prazo identificadas foram interpretadas a partir da sua base de dados especificados. As mudanças estruturais nas exportações de Brasil e Coréia do Sul no período de 1985 a 2000 revelam trajetórias de inserção e políticas de promoção diferentes e mesmo opostas no comercio internacional.
            As mudanças estruturas no comércio internacional nos últimos quinze anos têm reforçado uma diferenciação no quadro de inserção externa de Brasil e Coréia do Sul. As experiências recentes de desenvolvimento desses países, marcadamente diferenciadas quanto as suas políticas de industrialização permitem perceber esta evidência e nesse sentido países em desenvolvimento que querem se beneficiar das oportunidades apresentadas pela transformação do mercado internacional tem que estabelecer estratégias governamentais que contemplem tanto o esforço de desenvolvimento tecnológico interno como políticas que busquem maximizar a transferência de tecnologia a partir das diversas modalidades de vinculação destes países com as empresas transnacionais.
            Isto significa dizer que as modificações no âmbito estrutural do comércio internacional operam modificações na demanda e oferta dos países que o integram e mesmo identificam as fragilidades pelas quais esses paises se inserem nesse sistema. As mudanças naturais das forças do livre mercado internacional são insuficientes para retirar da inércia às empresas domésticas de países em desenvolvimento como Brasil e Coréia, pela presença no mercado das assimetrias.
            A saída desta inércia segundo a interpretação alternativa, até mesmo de uma mudança da inconsistência de estratégias de industrialização como a substituição de importações que se mostra fragilizada a partir das mudanças estruturais na década de oitenta, seria uma intervenção estatal para corrigir estas falhas de mercado, pertencentes ao próprio sistema capitalista de produção e conduzir uma política industrial a setores com demanda em forte expansão no comércio internacional.


3.3 FONTE DOS DADOS

Com o propósito de contribuir para a analise do dinamismo internacional mediante um indicador que enfoque o critério de participação de mercado, a CEPAL, conta com um extenso banco de dados estatísticos de comercio exterior a partir de 1977 para 89 países e 20 agrupações regionais que estão organizados segundo o Standard Internacional Trade Classification (SITC).
A principal base de informações a ser utilizada e operacionalizada se fundamenta no Banco de dados das Nações Unidos para o comércio (COMTRADE), na classificação dos produtos exportados em 4 categorias de acordo com a evolução da demanda internacional entre o período de 1985 e 2000, se utilizará à classificação padrão do comércio internacional, procurando estabelecer uma análise em três períodos de tempo para perceber melhor a dinâmica das exportações, a desagregação dos setores será de um e quatro dígitos, procurando trabalhar com dados extremamente agregados e concomitantemente buscando identificar especificidades das estruturas produtivas, e identificar o que é comum a eles.
Os dados brutos que formam o COMTRADE são valores em dólares correntes das importações anuais, por produto e país de origem e compreendem 90% do comércio internacional. Os dados originais do COMTRADE antes de entrar na base de dados do TradeCAN, se processam de duas formas. Primeiro se calculam as agrupações regionais. TradeCAN oferece duas agregações amplas: as importações do mundo industrializado e as importações do mundo em vias de desenvolvimento, sendo que cada uma destas se subdivide em três grupos de países.
A segunda forma que os dados se processam antes de entrar no TradeCAN é o calculo de promédios moveis de três anos. Somente o ultimo ano (atualmente o 2000), da série de dados, é um promédio de dois anos. Todos os anos, exceto o 2000, se referem ao ano central de uma serie de três. Assim 1990, é o promédio anual das importações  do período 1989-1991.
A vantagem de trabalhar com promédios moveis de três anos, em substituição aos eventuais dados anuais é que evitam as flutuações cíclicas e se enfatizam as mudanças estruturais. Nesse sentido, TradeCAN é uma base de dados e um programa analítico que facilita a analise das tendências estruturais de longo prazo, na competitividade de curto prazo.


3.3.1 Ajuste dos dados


            Os dados sobre os valores e quantidades das exportações do Brasil e Coréia do Sul compreendem o período de 1985 a 2000 permitindo uma visão multidimensional dos dados a fim de compreender o processo de inserção externa desses países. As estruturas exportadoras são classificadas através de códigos usando-se vários sistemas numéricos de dígitos, quanto maior for à escala de dígitos igual também será o grau de especificação do produto. Nesse sentido, um ou dois números do dígito representam dados extremamente agregados, estes esquemas de códigos são revisados ocasionalmente e permite inferir melhores conclusões com maior nível de especificidades.
            1. O Sistema Harmonized (SH), o sistema harmonizado de designação e de codificação de mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonized, é um método internacional de classificação de mercadorias, baseado em uma estrutura de códigos e respectivas descrições.
            Este Sistema foi criado para promover o desenvolvimento do comércio internacional, assim como aprimorar a coleta, a comparação e a análise das estatísticas, particularmente as do comércio exterior. Além disso, o HS facilita as negociações comerciais internacionais, a elaboração das tarifas de fretes e das estatísticas relativas aos diferentes meios de transporte de mercadorias e de outras informações utilizadas pelos diversos intervenientes no comércio internacional.
            O Sistema Harmonized entrou em vigor no período de janeiro de 1988, mediante o convenio internacional do Sistema Armonizado de Designação e Codificação de Mercadorias. Este convênio estabelece que por SH deverá entender-se “a nomenclatura que compreende as partidas, subpartidas e os códigos numéricos correspondentes, as notas de seções, de capítulos e subpartidas, assim como as regras gerais para interpretação do Sistema Harmonizado”. 
            A composição dos códigos do HS, formado por seis dígitos, permite que sejam atendidas as especificidades dos produtos, tais como origem, matéria constitutiva e aplicação, em um ordenamento numérico lógico crescente e de acordo com o nível de sofisticação das mercadorias.
            2. O Standard International Trade Classification (SITC) que foi baseado na Liga das Nações da lista mínima de produtos para estatística do comércio internacional publicada em 1938. O conselho econômico e social da ONU incitou suas nações de membro para usar o SITC como padrão para as estatísticas de comércio.
            Em 1950 as Nações Unidas modificaram esta classificação com intuito de ajudar a equiparar a forma em que se levaram a cabo as consolidações das estatísticas do comercio exterior, o objetivo maior era estabelecer comparações, pois, o importante incremento de transações de mercadorias que se estava produzindo na época pedia uma classificação mais adequada. Desde então o SITC foi revisado diversas vezes.
            A primeira revisão, Rev. 1 do SITC, foi publicada em 1960, o segundo, Rev. 2 do SITC, foi publicada em 1975, e a terceira Rev. 3 do SITC, foi publicado em 1985, que aliás é considerado o nível de agregação mais utilizado na análise do comércio internacional. Cada vez que, o conselho econômico e social incitou seus membros a adotarem a revisão mais nova como o padrão para as estatísticas de comércio compilando.
            A estrutura geral do Sistema Padrão do Comércio Internacional (SITC) se classifica da seguinte forma: seção; divisão; grupo e subgrupo. As seções estão constituídas por apenas um dígito, a exemplo da seção 1 que corresponde a bebidas e tabaco. As divisões apresentam dois dígitos na sua constituição, como exemplo os dígitos 11 correspondem a tabaco, já é possível notar um grau de especificação maior do produto.
            Os grupos apresentam-se constituídos por três dígitos e com maiores graus de especificação em relação à seção e divisão, como exemplo os códigos 111 correspondem a bebidas não alcoólicas. Os subgrupos são constituídos por quatro dígitos e dessa forma apresentam um maior grau de especificação dos produtos, a exemplo da codificação 1121 que corresponde a vinhos de uvas frescas. A classificação padrão do comercio internacional consta atualmente de 10 seções, 63 divisões, 233 grupos e 786 subgrupos.  
Quadro-2 Classificação padrão do comércio internacional dividida em dez seções, organizadas a um dígito (agregado)


HEADING

DESCRIÇÃO

0

 comidas e animais  vivos destinados ao consumo imediato

1

bebidas e tabaco

2

 materiais crus, não comestíveis, menos combustíveis

3

combustíveis de minerais, lubrificantes e materiais relacionados 

4

             animais, óleos vegetais e gorduras.

5

 substâncias químicas e produtos relacionados 

6

            bens fabricados, classificados principalmente por material 

7

maquinarias e equipamentos de transportes 

8

 artigos fabricados múltiplos 

9

artigos e transações não classificadas em outro lugar   

Fonte : Elaborado pelo autor  sobre a base do programa computacional Análise da Competitividade dos países (TradeCAN, 2002).

            Neste trabalho, as analises se processarão ao nível de 1 e 4 dígitos, ou seja, procurando estabelecer comparações entre os setores exportadores de forma mais agregada possível e também com o maior grau de especificação dos produtos.

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