BRASIL E CORÉIA DO SUL: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DA DINÂMICA DAS EXPORTAÇÕES NO COMÉRCIO INTERNACIONAL, 1985-2002.

Heriberto Wagner Amanajás Pena

4.1.1 As commodities mais importantes no mercado internacional

            A análise das commodities mais importantes no mercado internacional considera como variável determinante à porcentagem das exportações no final do período, ou seja, em 2000 quais foram os produtos mais consumidos no mundo em valores? Isto significa uma fração percentual do valor exportado de um determinado produto x pelas importações totais do mercado importador (países industrializados) no ano final.
            Dessa forma como critério de avaliação se analisam os vinte produtos mais importantes no mundo, aqueles que apresentam elevados percentuais de consumo do total das importações mundiais. As cotas de mercado desses produtos são fundamentais para posicionar a demanda mundial num determinado ponto do tempo, ou no início do período ou no final dele.
            Esses produtos mais importantes do comércio internacional se caracterizam por representar elevadas cotas em valor das importações mundiais, são produtos que apresentam alto potencial de demanda e superior sensibilidade às variações na renda mundial, encerrando expressivas exportações em dólares correntes. São, por assim dizer, os verdadeiros produtos que deveriam fazer parte da estrutura exportadora de um país que busca uma inserção mais dinâmica no comercio internacional.

4.1.1.1 Análise agregada

            Em termos agregados, ou seja, a um dígito da classificação padrão do comércio internacional, os setores mostram-se mais consolidados e permitem uma análise macroeconômica. Nesse sentido, apenas quatro setores dos dez são classificados como setores ótimos, pois foram os únicos que apresentaram aumento na porcentagem das importações no final do período dentre eles temos as seções: 7; 8; 5 e 9.
            Os resultados revelam algumas peculiaridades como a presente na seção (6)- de bens fabricados classificados principalmente por material, que se mantém entre as três seções mais importantes do comércio, mas diminui a sua participação na demanda mundial em 2000 se caracterizando como um setor em declínio.
            Outros setores como o (7)- de maquinarias e equipamentos de transporte aumentou significativamente sua participação no total importado em 2000, o que justifica uma variação percentual no crescimento de 37,71%, esta seção também apresentou a maior contribuição na parcela da demanda mundial, no entanto a maior variação no agregado correspondeu à seção (9)- de artigos e transações não classificadas em outro lugar variando entre períodos o equivalente a 38,13%.
            Esses quatro setores: maquinarias e equipamentos de transportes; artigos fabricados múltiplos; substâncias químicas e produtos relacionados e artigos e transações não classificadas em outro lugar, juntos representaram 50,96% das importações em 1985 e 67,60% em 2000, computando uma variação de 32% entre os períodos estudados, indicando que estes foram o conjunto dos mais importantes do comércio internacional no agregado.
            A importância do conjunto destes setores para o comércio internacional está em conseguir expandir no tempo a participação nas importações mundiais, concentrando em dois setores mais de 50% do valor negociado nos países industrializados, é o que se alcança caso agregue-se à participação das seções  (7 e 8) ou (7 e 6).
            Os demais setores: bens fabricados classificados principalmente por material; combustíveis de minerais, lubrificantes e materiais relacionados; comidas e animais  vivos destinados ao consumo imediato; materiais crus, não comestíveis, menos combustíveis; bebidas e tabaco  e animais, óleos vegetais e gorduras correspondentes às seções 6, 3, 0, 2, 1, e 4 foram classificados como setores em declínio por apresentarem redução na porcentagem das importações na comparação entre períodos.        
Tabela-3 As commodities mais importantes do comércio internacional a um dígito do SITC


Códigos

Commodities mais importantes

Setores

Ano inicial

Ano final

Importações  ano base %

Importações ano final %

7

 maquinarias e equipamentos de transportes 

otimos      

1985

2000

29,67

40,86

8

 artigos fabricados múltiplos 

òtimos      

1985

2000

11,22

14,22

5

 substâncias químicas e produtos relacionados 

 òtimos      

1985

2000

7,557

9,048

9

 artigos e transações não classificadas em outro lugar  

òtimos      

1985

2000

2,515

3,474

6

 bens fabricados classificados principalmente por material 

declínio   

1985

2000

15,1

13,39

3

 combustíveis de minerais, lubrificantes e materiais   relacionados 

declínio   

1985

2000

17,81

8,452

0

 comidas e animais  vivos destinados ao consumo imediato

 declínio   

1985

2000

8,523

5,979

2

 materiais crus, não comestível, menos combustíveis 

declínio   

1985

2000

6,157

3,317

1

bebidas e tabaco 

declínio   

1985

2000

1,031

1,007

4

animais, óleos vegetais e gorduras.

 declínio   

1985

2000

0,416

0,248

Fonte: Tradecan, 2002.
           
            A figura-7 abaixo plota o crescimento percentual dos setores ao nível de um dígito do SITC, verifica-se que alguns setores além de aumentarem sua participação nas exportações mundiais em 2000, subiram em importância em nível mundial na comparação com os outros no ano de 1985. Foi o caso das seções 8, 5 e 9 (artigos fabricados múltiplos, substâncias químicas e produtos relacionados  e artigos e transações não classificadas em outro lugar, respectivamente) estes setores concomitantemente aumentaram sua porcentagem nas importações mundiais e subiram no ranking dos mais importantes do comércio.
            A figura-7 identifica que o setor de artigos fabricados múltiplos representava em 1985 a quarta maior parcela de exportação mundial e em 2000 esse coeficiente já era o segundo maior. Da mesma forma, o setor de substâncias químicas e produtos relacionados  no inicio do período era o sexto, no final do período havia subido para a quarta colocação. Enquanto o setor de maquinarias e equipamentos de transportes se manteve como o mais importante nos dois períodos, o setor de artigos e transações não classificadas em outro lugar   correspondente a seção 9, aumentou uma posição saindo da oitava e se posicionando na 7º colocação.
            Os setores correspondentes às seções 6; 3; 0; 2; 1 e 4 apresentaram perdas percentuais nas importações dos países industrializados e classificaram-se como setores em declínio e quanto suas posições em termos de importância mundial ou mantiveram suas colocações ou pioraram no ranking dos setores  mais importantes.  

        
As mudanças na posição internacional desses setores mais importantes é relevante na medida em que acusa uma certa medida de competitividade baseada na parcela das exportações mundiais. Aqueles setores que tem aumentado a sua market-share nas importações dos países industrializados ou pelo menos tem mantido a sua presença ao longo do tempo baseado nesse critério, têm-se apresentado como legítimos setores competitivos. Porém quando se considera a fundo a competitividade, a pergunta certa a ser feita não seria qual a participação na porcentagem das exportações de um determinado setor ou grupo de setores. Mas porque aquele determinado setor é líder na participação mundial das importações? e mas, como este mesmo setor  têm se mantido liderando o crescimento do valor importado em determinado período de tempo. (PORTER, 1990). 

4.1.1.2 Análise desagregada

            A tabela-3 a seguir classifica em ordem de importância quais são esses produtos que apresentam as maiores parcelas do mercado importador mundial, e quanto estes vinte produtos juntos representam em valores, ou seja, qual a participação deles no total importado pelos países industrializados. As mudanças estruturais no comércio internacional nós últimos quinze anos tem colocado novos setores como os mais importantes da divisão internacional do trabalho, mas as modalidades de participação dos países na exportação desses produtos têm se diferenciado consideravelmente.
            A partir de um quadro diferenciado de participação dos produtos no total das importações mundiais, a tabela-3 mostra  o predomínio dos produtos mais importantes sendo aqueles pertencentes ao grupo de alta tecnologia e mão-de-obra mais qualificada. Contudo, a assertiva adequada parece ser “quanto maior é o conteúdo das exportações em mão-de-obra qualificada e tecnologia, maior é a participação do produto no percentual das importações mundiais e maior será sua importância nas importações dos países industrializados”.       
            A questão central que levanta a analise da tabela-3 é que países que redirecionaram suas bases industriais no sentido de nela incluírem produtos de alta intensidade tecnológica, iniciaram um processo de dinamização junto ao comércio internacional ao mesmo tempo em que esse mercado exigia reduções de custos baseados nestes princípios. A competitividade desses países em desenvolvimento seria uma questão de maturação desta base tecnológica para uma inserção em setores importantes no comercio.
            A análise dos resultados da tabela-3 segue baseada nos vinte produtos mais importantes do mundo ao nível de quatro dígitos com intuito de se obter uma maior desagregação dos setores. Entre o período de 1985 e 2000 todos os produtos pertencem a setores ótimos no comércio internacional, o que significa que a parcela de mercado individual de cada produto no final do período foi maior que no período inicial, ou seja, houve crescimento positivo entre períodos. Em 2000, os cinco mais importantes produtos no mercado mundial foram: Passenger motor cars; Special transactions and commodities not classified according to; Other parts and accessories, n.e.s. of the motor vehicles falling; Electronic microcircuits e Parts, n.e.s. of and accessories for the machines of headings 751, juntos estes produtos somaram 16.88% das importações mundias em 2000, ou seja, este grupo de produtos obteve uma receita em dólares neste ano equivalente a US$ 697.979.553,44 (milhões de dólares).
            Identifica-se na tabela-3 que em 1985 com exceção dos electronic microcircuits esse grupo de cinco produtos já eram os mais importantes por apresentar a maior parcela das exportações mundiais, o que revela que a demanda por produtos de alta tecnologia oferecia uma tendência ascendente e condições da demanda favorável pelos países industrializados. O aumento da participação nas exportações mundias desses produtos lhes caracterizam como os mais importantes.
            Para o período analisado,1985 a 2000 identifica-se que entre os vinte produtos mais importantes do comercio internacional todos são do grupo de manufaturas, que diferem apenas quanto ao grau de demanda externa medida pela importação dos países industrializados e pelo nível de incorporação tecnológica decorrente das especificidades de cada produtos.
            Em 1985, os vinte produtos mais importantes juntos obtiveram uma participação de 18,11% das importações totais, parcela de mercado que aumentou no final do período para 30,48% da demanda dos países industrializados em valores. Os vinte produtos mais importantes se concentram nas seções 7 e 8 exatamente aqueles produtos em que o nível de intensidade tecnologia e mão-de-obra qualificada alargam as margens do potencial da produtividade e possibilita uma maior inserção junto ao mercado mundial.
            As transformações estruturais nos processos produtivos têm ofertado um aumento da receita de exportação de paises que tem atendido a essas tendências, uma inserção competitiva aos mercados externos se tornou variável dependente do pacote tecnológico, que acusa como um dos setores mais importantes do comércio, aqueles que também lideram a corrida por investimentos em ciência e tecnologia, P&D. A liderança internacional desses produtos esta caracterizado por um mercado de concorrência monopolística, onde a principal barreira à entrada passa a ser o grau de sofisticação e incorporação tecnológica aos produtos, dificultando o acesso de possíveis entrantes e a permanência dos próprios concorrentes.
             Nesse sentido, as barreiras que se estabelecem no mercado quanto aos possíveis entrantes criam dificuldades adicionais aos países que somente agora começam a formular políticas de inserção externa nesses setores mais importantes, as articulações no mercado mundial acabam mobilizando-se em redes internacionais de produção deslocando processos e linhas de montagem para outros países e com isso antecipam-se as possíveis ações dos novos países competidores.
            Por seguinte, o aumento da produção compartilhada nos mercados mundiais tem expandido a exportação mundial dos países em desenvolvimento e contribuído para o boom dos vinte produtos mais importantes do comercio internacional, tanto na participação das importações dos países industrializados como em aumento do valor exportado por produtos ou grupo de produtos conforme se verifica na tabela-3. 


Tabela-4 As exportações mais importantes do comércio internacional desagregada a quatro dígitos do SITC, medida pela porcentagem das exportações no inicio e final de período (1985 e 2000).


Ranking

Códigos

Commodities mais importantes

Setores

Byear (1)

Fyear (2)

PeBy% (3)

PeFy% (4)

MsBy$
(5)

MsFy$
(6)

1

7810

Passenger motor cars ( other than public-service type vehicles),

Ótimos       

1985

2000

5,69

6,43

79895063,07

265631849,70

2

9310

Special transactions and commodities not classified according to

Ótimos        

1985

2000

1,30

3,13

18313361,43

129322283,30

3

7849

Other parts and accessories, n.e.s. of the motor vehicles falling

Ótimos       

1985

2000

2,43

2,58

34102432,78

106697672,00

4

7764

Electronic microcircuits

Ótimos       

1985

2000

0,80

2,53

11180120,65

104571803,30

5

7599

Parts, n.e.s. of and accessories for the machines of headings 751

Ótimos       

1985

2000

1,13

2,22

15862940,27

91755945,14

6

5417

Medicaments (Including veterinary medicaments)

Ótimos       

1985

2000

0,48

1,40

6713979,34

57911441,45

7

7525

Peripheral units, including control adapting unit (connectable di

Ótimos       

1985

2000

0,75

1,15

10506077,80

47330520,24

8

7524

Digital central (main) storage units, separately consigned

Ótimos       

1985

2000

0,21

1,11

259326,45

45767177,38

9

7649

Parts, n.e.s. of and accessories for the apparatus and equipment

Ótimos       

1985

2000

0,61

1,02

8536035,65

42323995,48

10

6672

Diamonds (other than sorted industrial diamonds), unworked, cut o

Ótimos       

1985

2000

0,88

0,96

12405799,86

39885283,49

11

7721

Electrical apparatus for making and breaking, for protecting and

Ótimos       

1985

2000

0,59

0,92

8279256,42

37916167,32

12

7924

Aircraft, mechanically propelled (other than helicopters), of an

Ótimos       

1985

2000

0,39

0,88

5454764,18

36456089,51

13

7641

Electrical line telephonic  and telegraphic apparatus (including

Ótimos       

1985

2000

0,25

0,85

3542994,71

35199117,96

14

7643

Television, radio-broadcasting, radiotelegraphic and radiotelepho

Ótimos       

1985

2000

0,10

0,85

1433510,10

35100568,93

15

7523

Complete digital central processing units; digital processors con

Ótimos       

1985

2000

0,35

0,84

4857102,57

34555526,12

16

8942

Children's toys, indoor games, etc.

Ótimos       

1985

2000

0,43

0,83

6026942,95

34355937,99

17

7788

Other electrical machinery and equipment, n.e.s.

Ótimos       

1985

2000

0,47

0,74

6541923,26

30480672,21

18

8939

Miscellaneous articles of the materials falling within division 5

Ótimos       

1985

2000

0,42

0,71

5963337,09

29523384,01

19

7132

Internal combustion piston engines for propelling vehicles of div

Ótimos       

1985

2000

0,51

0,68

7157384,40

27903356,86

20

8219

Other furniture an parts thereof, n.e.s.

Ótimos       

1985

2000

0,33

0,67

4665963,32

27493445,23

  Fonte: Elaborado pelo autor a partir dce informações do Trade CAN,2002.
 * Legenda: (1) – período inicial; (2) - período final; (3) – porcentagem das exportações no período base; (4) – porcentagem das exportações no final do período; (5) – importações dos países industrializados no ano base em milhões de dólares; (6) – importações dos países industrializados no final do período em milhões de dólares.


            O crescimento do valor exportado desse grupo de vinte produtos mais importantes do comercio mundial esta relacionado com o crescimento das redes internacionais de produção. Em linhas gerais, se supõe que a maior integração dos países no sistema do comercio mundial mediante uma ampliação da liberalização dos mercados praticada a partir da década de 80, tem contribuído para o incremento dos setores destinados aos mercados externos e mais, países que perseguiram as políticas de substituição de importações ficaram fora deste processo devido ao seu alto índice de protecionismo.
            A abertura aos mercados externos possibilitou que as firmas transnacionais identificassem mercados promissores e vantagens comparativas em setores que oferecessem custos de fatores relativamente baratos, daí em diante a margem de ganho dessas empresas em se transferir para outros países aumentaria, então setores como os de eletrônica e automóveis estão fortemente influenciados por acordos de comércio preferencial, e processos de fabricação e montagem foram transferidos para outros países e contribuíram para o aumento da porcentagem das exportações mundiais.
           
            A figura-5 abaixo identifica o crescimento da porcentagem das exportações mundiais no primeiro e segundo período da série analisada, cabe sustentar que esses setores identificados como os mais importantes são também os mais globalizados, são setores que contam com grande dispersão geográfica de redes de produção impulsionadas pelas empresas transacionais, e os países em desenvolvimento que abriram suas economias a essas inversões tem em suas estruturas exportadoras uma parte considerável desses produtos, nesse sentido o papel desempenhado pelas transnacionais como as mudanças nos processos produtivos têm contribuído para o aumento da porcentagem das exportações desse grupo de produtos (WIR, 2000).
            Esses produtos mais importantes exercem uma estrutura concorrêncial baseada na criação continua de vantagens competitivas fundamentadas em tecnologias, os constantes investimentos em pesquisa e desenvolvimento desses produtos contribuem para a diferenciação do produto e aumento do valor exportado. O crescimento desses produtos esta diretamente relacionado com uma maior integração das estratégias e das variáveis: comércio e investimento externo.
            Tal situação tornou mais clara a importância da inovação como instrumento central da estratégia de inserção das empresas no comércio internacional. As vantagens competitivas dos setores exportadores esta associada a um sinônimo de P&D onde o papel da produção compartilhada e dos arranjos produtivos internacionais tem motivado o crescimento de produtos mais sofisticados e com maior demanda externa.
            Produtos que ocupam lugar de destaque entre os vinte mais importantes do comércio internacional pertencem a ambientes dinâmicos, onde os níveis de competitividade são rapidamente erodidos e a base para entrar em novos mercados torna-se rapidamente inadequada, o que torna necessário um esforço constante de expandir-se dentro deles ou se diversificar além deles.
            Nesse sentido, a conseqüência do aumento da porcentagem das exportações dos vinte produtos mais importantes no comércio internacional é variável dependente da criação de redes de produção e dos investimentos externos diretos recebidos por esses setores. A partir dos anos oitenta, as empresas transnacionais japonesas orientadas para exportação começaram a transferir suas bases de produção ao exterior, ao identificarem fortes tendências protecionistas nas outras nações industrializadas importantes. (Informe sobre Comércio e Desenvolvimento, 1996).
            O forte crescimento da parcela de mercado que ocupam os vinte setores mais importantes do comércio internacional, também são os maiores em geração de valor exportado e produtos de cadeias das transnacionais. A industria eletrônica é o setor mais importante no que diz respeito às inversões das empresas transnacionais japonesas e estadunidenses na Ásia oriental, durante os anos noventa este setor absorveu 45% dos investimentos externo direto (Informe sobre o Comércio e o Desenvolvimento, 1996).

1 - Passenger motor cars (other than public-service type vehicles),
2 - Special transactions and commodities not classified according to
3 - Other parts and accessories, n.e.s. of the motor vehicles falling
4 - Electronic microcircuits
5 - Parts, n.e.s. of and accessories for the machines of headings 751
6 - Medicaments (Including veterinary medicaments)
7 - Peripheral units, including control adapting unit (connectable di
8 - Digital central (main) storage units, separately consigned
9 - Parts, n.e.s. of and accessories for the apparatus and equipment
10 - Diamonds (other than sorted industrial diamonds), unworked, cut
11 - Electrical apparatus for making and breaking, for protecting and
12 - Aircraft, mechanically propelled (other than helicopters), of an
13 - Electrical line telephonic and telegraphic apparatus (including
14 - Television, radio-broadcasting, radiotelegraphic and radiotelepho
15 - Complete digital central processing units; digital processors con
16 - Children's toys, indoor games, etc.
17 - Other electrical machinery and equipment, n.e.s.
18 - Miscellaneous articles of the materials falling within division 5
19 - Internal combustion piston engines for propelling vehicles of div
20 - Other furniture an parts thereof, n.e.s.

 Figura-5 Classificação dos vinte produtos mais importantes do comércio internacional com base na porcentagem das exportações.
Fonte: elaboração do autor, a partir do TradeCAN, 2002.

                No entanto, apesar do elevado crescimento das inversões em setores da industria eletrônica seus impactos se propagaram rapidamente na industria de transformação em geral, particularmente na eletromecânica, segmento que constitui o núcleo revitalizante do crescimento dos países na década de 80 do século passado (LAPLANE, 1992).    
            Nos anos oitenta e inicio dos 90 o setor industrial de bens eletrônicos já respondia por uma parcela expressiva da produção mundial, e desde então o crescimento de parcelas de mercado foram ampliadas através de políticas setoriais de progressos técnicos  incorporados na  produção que mantiveram esses produtos no ranking dos vinte mais importantes do comércio.

4.1.2 As Commodities mais dinâmicas


            A variação percentual de crescimento do comércio internacional para alguns produtos tem sido desigual. A não-uniformidade do valor exportado por produtos e setores individualizados é parte da análise do dinamismo das exportações mundiais a partir de 1985. Nesse sentido, as diferentes estratégias de desenvolvimento e de inserção externa aliada a políticas industriais seletivas têm colaborado para uma promoção das exportações em setores mais integrados no comercio mundial.
            O crescimento das redes internacionais de produção tem modificado o perfil da divisão internacional do trabalho para paises que tem feito bom uso de políticas de integração no processo de globalização. A partir de 1980 fica mais evidente a necessidade de mudança da estrutura exportadora dos países, devido a real manifestação de queda nos preços das exportações das commodities.
            Os valores e parcelas de mercado de algumas categorias de produtos no comércio internacional cresceram rapidamente nas exportações mundiais durante o período de 1985-2000. As fortes concentrações dos mercados regionais formados pelas transnacionais têm contribuído para este fenômeno. Tudo indica ser um movimento contínuo do valor exportado de um grupo limitado de produtos fazendo parte das estruturas exportadoras dos países em desenvolvimento.
            A analise do dinamismo desses produtos a partir de 1985 identifica os caminhos seguidos e aprofundados pelas políticas públicas dos países em desenvolvimento e as respectivas aproximações das estratégias de inserção com a integração aos mercados mundiais. A estrutura exportadora do Brasil e Coréia do Sul e a sua comparação com aqueles produtos mais exportados no mundo caracterizam o grau da sua integração competitiva.
            O dinamismo dos produtos mais exportados no comercio mundial é função da variação da porcentagem das exportações, ou parcela de mercado que um produto ocupa individualmente e sua variação ao longo do período analisado identifica tendências de longo prazo. Nesse sentido, os ganhos e perdas de mercado no curto prazo desse grupo de produtos caracterizam a sua dinâmica competitiva de longo prazo.
            Por seguinte, são dinâmicos aqueles produtos que oferecem uma variação positiva da porcentagem das exportações, identificando-se como setores ótimos no comércio internacional e o crescimento em valor exportado destes grupos de produtos leva a um aprofundamento da divisão internacional do trabalho pelas redes internacionais de produção. As linhas de montagem segmentada de produção localizadas em outros países permitem aproveitar diferenças nos custos dos fatores, e a re-importação pelos países nas quais operam as matrizes gera maior eficiência técnica e econômica, porém o recheio tecnológico e o valor adicionado continuam sendo incorporados pelas matrizes (GEREFFI, 1990).

4.1.2.1 Análise agregada


            A figura-8 a seguir identifica no SITC a um dígito quais são as categorias mais dinâmicas do comércio internacional para o período de 1985 a 2000. As seções discriminadas se encontram no eixo das ordenadas descritas de 0 a 9, no eixo das abscissas temos a escala de variação da porcentagem das exportações do ano de 2000 em relação a 1985. Entre o período analisado, as seções que apresentaram maiores variações na market-share das exportações mundiais e, portanto os mais dinâmicos, foram: artigos e transações não classificadas em outro lugar; maquinarias e equipamentos de transportes; artigos fabricados múltiplos  e substâncias químicas e produtos relacionados .
             Ao nível de um dígito do SITC em que os dados se encontram agregados estes quatro setores acima, correspondentes às seções 9, 7, 8 e 5 apresentaram os maiores coeficientes de variações na parcela das exportações mundias, segundo a ordem acima 38,14%; 37,69%; 26,79% e 19,71% respectivamente. Estas variações percentuais indicam que houve crescimento na parcela de mercado desses setores na comparação entre 2000 e 1985 e o caracterizam como setores ótimos.
            Os demais setores correspondentes às seções (1, 6, 0, 4, 2 e 3) apresentam um deslocamento para a esquerda da abscissa, o que indica que a variação para o mesmo período foi negativa, ou seja, houve perda de participação das exportações em valor na comparação entre 2000 e 1985. A um dígito do SITC, isto significa que estes setores exportadores, dentre os quais temos: bebidas e tabaco, bens fabricados classificados principalmente por material, comidas e animais  vivos destinados ao consumo imediato, animais, óleos vegetais e gorduras, materiais crus, não comestível, menos combustíveis se classificam como setores em declínio.
            O dinamismo dos setores correspondentes às seções (9, 7 e 8) esta associado a uma estrutura de mercado altamente concentrada em tecnologia se constituindo esta na maior barreira à entrada de possíveis concorrentes, mercado este onde predomina as transnacionais que operam em redes de produção compartilhada e como exemplos temos: as industria têxteis; as linhas de montagem de automóveis para passageiros assim como a produção de autopeças; as máquinas e aparelhos elétricos, entre outras (WIR, 2002).
            Estes 4 grupos de produtos correspondente à seção 1 do SITC aumentaram o valor exportado em detrimento de maiores investimentos nos processos produtivos e incorporação de tecnologia nos produtos apresentados ao comércio internacional, aliado ao aproveitamento das diferenças nos custos de fatores entre países, o resultado foi um aumento das exportações mundias e o igual crescimento do valor naqueles grupos que incorporaram tecnologia.
             As inversões estrangeiras através dos investimentos diretos destinaram-se para setores de forte expansão após a introdução de mudanças na legislação. Durante o período de 1991-1999, das 1.035 mudanças introduzidas nas leis que regem o controle de investimentos diretos estrangeiros, 94% criaram um marco favorável que estimularam a motivação de investir e favorecer a corrente de inversões a setores exportadores (WIR, 2000).
            Porém, o incremento e a consolidação da produção internacional tem dado lugar a novos problemas de política econômica, sendo um deles a inserção desigual dos países e os benefícios correspondentes deste ingresso ao mercado mundial. Ainda que o valor das exportações mundias tenha aumentado consideravelmente como mostra a seção 5.2 deste resultado, o benefício maior de ganhos tem se concentrado em poucos produtos específicos, daí a importância das políticas publicas terem concentrado esforços para mudar a estrutura exportadora, para se evitar futuras perdas na exportação de determinados produtos e importações de outros. 
            A partir da década de 1980 o aprimoramento tecnológico no processo produtivo e na elaboração de substitutos para os produtos básicos (insumo), promoveu uma queda na demanda mundial destes produtos e acelerou o processo de deterioração das relações de troca em relação às manufaturas tecnológicas. Para se obter o mesmo valor exportado do período anterior era necessário aumentar a quantidade (volume) exportado, pois os aumentos dos preços internacionais já não eram mais possíveis.
            Por seguinte, países que continuaram concentrando suas bases de exportação em produtos básicos, desenvolveram dificuldades para ajustar suas contas externas, o equilíbrio das transações correntes só seria possível via financiamentos pelas contas de capital. Portanto, as mudanças na dinâmica dos produtos internacionais também modificou as relações externas de produção e países que seguiram dependendo de tecnologia criaram barreiras para uma inserção competitiva.
              Os produtos das seções (3,2 4, 0, 6 e 1) de combustíveis de minerais, lubrificantes e materiais relacionados; materiais crus, não comestível, menos combustíveis; animais, óleos vegetais e gorduras; comidas e animais  vivos destinados ao consumo imediato; bens fabricados classificados principalmente por material  e bebidas e tabaco confirmam a tendência de declínio dos produtos básicos e do valor exportado pela reduzida incorporação de tecnologia. O crescimento da demanda mundial se expande com uma associação positiva à renda do resto do mundo e o dinamismo de produtos específicos são aqueles que conseguem aumentar sua parcela de valor no período final pela alta sensibilidade de demanda identificada no conteúdo tecnológico incorporado ao produto.
            Existem muitas provas do crescimento da expansão da produção e exportação mundial durante os últimos 20 anos. O produto bruto associado a essa produção internacional e as vendas das filiais estrangeiras em todo mundo aumentou mais depressa que o PIB mundial. As vendas das transnacionais em todo o mundo (atingiu 14 bilhões de dólares em 1999, bem acima da marca de 3,7 bilhões em 1985) isso se deve ao crescimento conjunto dos investimentos diretos e a incorporação de valor através das redes internacionais de produção (WIR, 2000).
            Os produtos que incorporam tecnologia e fazem uso da pesquisa e desenvolvimento em seus processos produtivos tem extensas possibilidades de reduzir custos comparativos entre seus competidores e aumentar sua demanda externa pela redução no preço do seu produto, impactando pela alta sensibilidade e aumento do valor exportado. O crescimento do valor exportado de alguns produtos no comércio internacional foi causado pelos investimentos diretos estrangeiros, mas o papel das estratégias de desenvolvimento industrial que serviram como guia de inserção externa motivaram os países de industrialização tardia a dinamizarem ou não dinamizarem suas estruturas exportadoras.
            De outra forma, as estratégias de inserção externa como a promoção de exportação possibilitou que as mudanças no cenário internacional fossem captadas e ajustadas pela intervenção estatal no sentido de corrigir falhas nos mercados de produtos e fatores. De posse do uso de mecanismos de intervenção estatal poder-se-ia atender setores que oferecessem maiores ganhos no valor exportado do comercio mundial, produtos dinâmicos que apresentassem tendência de crescimento para o longo prazo
            A reestruturação na capacidade exportadora para atender a mercados com demanda internacional  ascendente implicaram em redefinições do papel do Estado, presentes principalmente nas economias em desenvolvimento cujas falhas de mercado são bastante visíveis. A condição de reversão histórica do perfil exportador estaria condicionada a políticas industrias seletivas a setores chaves do comércio e a utilização de instrumentos para proteção às industrias nascentes.                                                                       

            O dinamismo das exportações mundiais é fundamental para entender a inserção competitiva dos países de industrialização tardia, pois, as mudanças de tendência no mercado mundial deveriam ser incorporadas a partir de políticas públicas dirigidas a setores chaves para promover as exportações de futuros setores que oferecessem alto coeficiente de demanda.
            Outro determinante importante do dinamismo das exportações mundiais são as presenças das empresas transnacionais que impulsionam a produção internacional que hoje somam 63.000 empresas matrizes com 690.000 filiais estrangeiras e diversas outras vinculadas a elas por diversos arranjos produtivos, estas redes de vinculação econômica abrangem praticamente a todos os países e atividades econômicas e representa uma força na economia atual. As filiais das 100 maiores empresas transnacionais empregam mais de 6 milhões de pessoas e suas vendas ao estrangeiro são da ordem de 2 bilhões de dólares e suas atividades se concentram principalmente em equipamentos elétrico-eletrônicos, automóveis, produtos químicos e produtos farmacêuticos (WIR, 2000).

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Por: Miguel Ángel Sámano Rentería y Ramón Rivera Espinosa. (Coordinadores)

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