 
      
              As  diferenças de desempenho quanto ao processo de inserção externa são  reverenciados nesta seção a partir de comparações com o dinamismo  internacional. Nesse sentido, quanto maior a participação do país em setores  com demanda internacional crescente, mas competitivo se tornam suas  exportações. 
              A  concentração da estrutura exportadora nacional é característica fundamental  para definir a qualidade da inserção externa através do posicionamento  competitivo da matriz de exportação e da contribuição setorial. O dinamismo das  exportações nesse sentido, também são resultados de políticas industriais  ativas que condicionaram mudanças significativas na estrutura industrias e na  promoção da competição externa.  
              Os  produtos com maior importância em valor no total das exportações brasileiras  estão identificados de acordo com o market-share (tabela-14). Nesse sentido, as participações no  final do período somaram 42,51%, o que significa que quase a metade do valor  exportado pelo Brasil foram gerados em 2000 nesses setores: (0711) - Coffee,  whether or not roasted or freed of caffeine; coffee husks; (7923) - Aircraft,  mechanically propelled (other than helicopters), of na; (2815) - Iron ore and  concentrates, not agglomerated; (0585) - Fruit juices (including grape must)  and vegetable juices, whether; (2222) - Soya beans; (2517) - Chemical wood  pulp, soda or sulphate; (8510) – Footwear; (0813) - Oil-cake and other residues  (except dregs) resulting from the ext; (6841) - Aluminium and aluminium alloys,  unwrought; (6725) - Blooms, billets, slabs and sheet bars (including tinplate  bars).
              A importância desses produtos em valor para estrutura exportadora  brasileira é relevante, porém quando se comparam com a demanda mundial, estes  produtos tão concentrados na pauta brasileira não figuram entre os vinte mais  importantes do comércio internacional, o que significa que o Brasil esta  concentrando suas vendas externas em produtos que apresentam reduzida parcela  de valor na contribuição das exportações mundias. 
              Alguns setores da economia  brasileira como: (0711) - Coffee, whether or not roasted or freed of caffeine;  coffee husks; (2815) - Iron ore and concentrates, not agglomerated; (0585) -  Fruit juices (including grape must) and vegetable juices, whether; (8510) -  Footwear; (0813) - Oil-cake and other residues (except dregs) resulting from  the ext, diminuíram sua importância no valor exportado pela pauta brasileira de  37,36% para 23,09% entre o período de 1985 e 2000. 
              Esta mudança foi acompanhada pelo  crescimento de outros produtos, dentre os quais estão: (7923) Aircraft,  mechanically propelled (other than helicopters); (2222) Soya beans; (2517)  Chemical wood pulp, soda or sulphate; (6841) Aluminium and aluminium alloys,  unwrought; (6725) Blooms, billets, slabs and sheet bars (including tinplate  bars), que aumentou a sua composição no valor exportado de 5,48% para 19, 42%.  Isto significa que algumas commodities diminuíram em importância e outras  aumentaram, mas contudo não houve mudança estrutural, de maior qualidade na  pauta, que possibilitasse um maior ajustamento com a demanda internacional. 
              O reflexo da composição das  exportações brasileiras seguiu influenciado pelo menos até 1990 pela  centralização institucional, subsídios e minidesvalorizações cambiais. A  política de apoio às exportações procurou aumentar e diversificar a pauta sem,  todavia alterar a estrutura de barreiras às importações que constituíam um  elemento central de estratégia de desenvolvimento industrial por substituição  de importações.
              A política de promoção às  exportações até 1990 se baseou na estabilidade de um modelo institucional  fortemente centralizado em torno de uma agencia federal (a CACEX- Carteira de  Comércio Exterior do Banco do Brasil) – que acumulava funções de promoção,  financiamento, concessão de incentivos, entre outras e se valeu de diversos  instrumentos fiscais e creditícios, sobretudo nos anos 70 e inicio dos 80, e de  uma política cambial favorável às vendas externas, a partir de 1968. a  intensidade do uso de diferentes instrumentos variou no tempo, mas os  incentivos cambiais, creditícios e fiscais estiveram sempre presente, até que a  pressão de parcerias comerciais e a crise fiscal regulatória do Estado levassem  o “modelo CACEX” ao seu esgotamento, no final dos anos 80. (IGLESIAS; VEIGA,  2002).
              De fato, as contravenções geradas  pelos mecanismos de concorrência e estrutura de   mercado do comércio internacional, dada as claras limitações do  desempenho interno da economia brasileira não foram reduzidas pela não atuação  do Estado no segmento econômico, mas exatamente o contrário, esses instrumentos  de políticas públicas é que foram postos em favor de uma estratégia de  desenvolvimento industrial buscando uma inserção no mercado externo.
              Na comparação com a  estrutura exportadora brasileira, a Coréia do Sul além da concentração dos dez  produtos mais importantes equivalerem a 48,25% da pauta, desse percentual 7  produtos estão entre os vintes de maior participação nas exportações mundiais.  Esses são setores que apresentam a maior parcela de mercado em valor negociado  no comércio internacional, o que indica que a Coréia do Sul está se  especializando em setores de elevado valor adicionado e com demanda mundial crescente.
              Esses setores de maior participação  nas exportações da Coréia do Sul e identificados pelo SITC na tabela-6 são  descritos a seguir em ordem de importância: (7764) – Electronic microcircuits;  (7810) - Passenger motor cars ( other tam public-service type vehicles); (7599)  - Parts, n.e.s. of and accessories for the machines of headings 751; (7525) -  Peripheral units, including control adapting unit; (7643) – Television,  radio-broadcasting, radiotelegraphic and radiotelepho; (7523) - Complete  digital central processing units; digital processors; (7524) - Digital central  (main) storage units, separately consigned. Estes sete setores respondem por  43,74% das exportações da Coréia do Sul e 15% do total das importações mundias,  revelando-se setores altamente competitivos.
              A estratégia de orientação para fora  no caso da Coréia do Sul, iniciada a partir da década de 60 contribuiu para  atual estrutura exportadora na medida em que identificou as industrias  promissoras para exportação de produtos intensivos em mão-de-obra, e a partir  disso implementar, mediante o critério de desempenho, um conjunto de incentivos  financeiros e técnico-administrativos, a fim de dar as empresas beneficiadas as  condições de operar em escalas eficientes e aproveitar as vantagens dos baixos  salários. Deste modo à política industrial sul-coreana pretendia estimular as  industria, antes substituidoras de importação, a iniciar a competição no  mercado internacional.
              O desempenho exportador atual da  Coréia do sul foi obtido através de duras políticas industriais seletivas, em  função da estratégia do governo em combinar preços com concessão de subsídios e  incentivos a reais setores promissores. Deste modo o regime de comércio foi não  neutro, dada o estabelecimento de mecanismos de proteção criados pelo uso de  instrumentos de regulação com a finalidade de estimular a produção em larga  escala e a preços competitivos no comércio internacional.
              Em 1985 os vinte produtos mais  importantes do comércio internacional participavam com 18,12% das exportações  mundias, esse percentual atingiu o índice de 30,49% em 2000, demonstrando um  crescimento real em valor exportado de 68,26% entre períodos. Este crescimento  em valor exportado por estes produtos concentra uma considerável parcela do  comercio mundial e países em desenvolvimento como a Coréia do Sul que exportam  uma boa parte desses produtos seguem impulsionando suas vendas externas através  da demanda mundial.
              A vantagem econômica de concentrar a  pauta de exportação nos produtos mais importantes do comércio internacional  estar na melhoria nos ganhos do comércio; diminuição da vulnerabilidade  externa; melhor estabilidade da receita com exportação; maior integração ao  comercio mundial; melhor participação da divisão internacional do trabalho e  ganhos de bens estar social, entre outros.
  Tabela-15 Classificação dos produtos mais  importantes a 4 dígitos do SITC no comércio mundial, na economia  brasileira  e coreana, medidos pela  porcentagem das exportações entre o período de 1985 a 2000.          
| Classificação | Setores exportadores mais importantes do Mundo | Brasil | Coréia do Sul | |||||||
| Período | Ranking | SITC | (1)-PeWrFy% | Ranking | SITC | (2)-PeWrFy% | SITC | (3)-PeBrFy% | SITC | (4)-PeKsFy% | 
| 1985/2000 | 1 | 7810 | 6,42 | 11 | 7721 | 0,91 | 0711 | 5,46 | 7764 | 14,18 | 
| 1985/2000 | 2 | 9310 | 3,12 | 12 | 7924 | 0,88 | 7923 | 5,37 | 7810 | 9,99 | 
| 1985/2000 | 3 | 7849 | 2,58 | 13 | 7641 | 0,85 | 2815 | 5,04 | 7599 | 5,40 | 
| 1985/2000 | 4 | 7764 | 2,52 | 14 | 7643 | 0,84 | 0585 | 4,77 | 7525 | 5,23 | 
| 1985/2000 | 5 | 7599 | 2,21 | 15 | 7523 | 0,83 | 2222 | 4,55 | 7643 | 4,66 | 
| 1985/2000 | 6 | 5417 | 1,40 | 16 | 8942 | 0,83 | 2517 | 4,05 | 7523 | 2,48 | 
| 1985/2000 | 7 | 7525 | 1,14 | 17 | 7788 | 0,73 | 8510 | 3,95 | 7524 | 1,78 | 
| 1985/2000 | 8 | 7524 | 1,10 | 18 | 8939 | 0,71 | 0813 | 3,86 | 7788 | 1,68 | 
| 1985/2000 | 9 | 7649 | 1,02 | 19 | 7132 | 0,67 | 6841 | 3,03 | 6251 | 1,55 | 
| 1985/2000 | 10 | 6672 | 0,96 | 20 | 8219 | 0,66 | 6725 | 2,42 | 7849 | 1,26 | 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir do  TradeCan, 2002.
  (*) Legenda: (1) e (2) porcentagem das exportações dos países  industrializados no final do período; (3)- porcentagem das exportações do  Brasil no final do período; (4) porcentagem das exportações da Coréia do Sul no  final do período. 
                
              De um modo  geral, os produtos mais importantes da pauta brasileira se encontram  concentrados em setores com menor participação das exportações mundias, nesse  sentido, isto é um aspecto importante que caracteriza certo grau de  vulnerabilidade do setor externo. De outro modo, o Brasil segue se  especializando em setores que não estão inclusos entre os mais importantes do  comercio mundial.
              De acordo com a classificação da  tabela-6 os produtos mais importantes das exportações brasileiras somaram o  equivalente a 42,51% da pauta em 2000, porém quando se compara com os vinte  produtos mais exportados no comércio mundial, a situação não é confortável, o  Brasil não exporta nenhum desses produtos. Como a concentração da pauta se  manifesta em setores de baixa tecnologia, a tendência é que aumente a  vulnerabilidade externa brasileira, ou seja, a possibilidade de gerar receitas  na presença de instabilidades internacionais fica comprometida. 
              A vulnerabilidade externa também  aumenta quando existe uma concentração na pauta de produtos de baixo dinamismo  internacional, produtos que a demanda tem manifestado uma tendência declinante  ao longo do período estudado. Nesse sentido, o ideal para financiar os déficits  em transações correntes e participar de maneira mais eficiente da divisão  internacional do trabalho ampliando as cotas de mercado em produtos de elevada  variação de demanda externa.
              As estratégias adotadas pelo Estado  sul-coreano de uma inserção mais competitiva ao mercado internacional são  justificadas principalmente pelas transformações observadas na estrutura  econômica mundial ao longo de duas décadas, e pela soberania coreana em manter  ativa sua estratégia de menor submissão aos ditames da globalização,  preservando sua especificidades e com isso o Estado passou a ser o principal  condutor de políticas publicas que priorizou grandes projetos de  desenvolvimento nacional (LACERDA, 2004).
              A permanência de uma estrutura  exportadora da Coréia do Sul concentrada nos setores mais importantes do  comércio internacional ao longo de mais de quinze anos, assegura uma política  industrial de fomento na ciência e tecnologia e instrumentos de ação  governamental que se afastava das interpretações de livre mercado incorporadas  no Consenso de Washington, porém essas medidas eram consideradas legítimas pela  Organização Mundial do Comércio (OMC), mas as intervenções estatais tinham  especificidades de redefinir a substituição de importações através de  fomentos  a peças e componentes para  utilização em alta tecnologia (AMSDEN, 2004).
              A inserção competitiva da Coréia do  Sul pode ser visualizada na comparação com o market-share do Brasil e da  composição da demanda mundial representado pelos setores 6, 7 e 8 em nível de  um digito do SITC. O comportamento gráfico no agregado do setor 6, discrimina  uma associação negativa ao longo do período  em relação à demanda mundial para este setor, em determinados triênios  observa-se uma queda da demanda mundial concomitante com um aumento da parcela  exportada pela Coréia do Sul caracterizada por pequenos desvios mas tendência  de longo prazo declinante. No entanto, a parcela nas exportações brasileiras  desse setor vem aumentando a partir de 1985, oscilando muito pouco em torno de  uma tendência ascendente, porém o aumento do valor exportado na pauta  brasileira não coincide com o posicionamento da demanda mundial, que em 1985  representava 20% da estrutura de consumo e em 2000 diminuiu para 14, 56%.
              O pequeno desvio que se nota no  comportamento das exportações da Coréia do Sul em relação à demanda agregada do  setor 6, acusa que a economia sul-coreana esta mais sintonizadas as mudanças de  demanda internacional nesse setor. Isto significa, que a queda de importância  desse setor na demanda mundial, também diminuiu a sua participação nas  exportações da Coréia no longo prazo, ou seja, as pequenas variações de curto  prazo apontam essa tendência, porém apesar da diminuição de participação na  demanda mundial, o setor 6 em termos de um dígito ainda se classifica entre os  três mais importantes do comércio, logo a geração de valor nesse setor não  representa de forma alguma um desperdício.
              Os setores 7 e 8 somados ao 6  completam os três mais importantes do comércio internacional, àqueles que  apresentam a maior demanda em valor. O que se nota é uma elevada participação  desses setores na estrutura exportadora da Coréia do Sul condizente com sua  política industrial de promoção de setores de alta tecnologia, entre eles estão  os mais importantes da pauta sul-coreana a quatro dígitos: (7764) -  microcircuitos eletrônicos; (7810)– automóveis para passageiro; (7599) – partes  e componentes para máquinas; (7525) – unidades periféricas em geral; (7643) –  aparelhos de rádio, televisão; (7523) – unidade de processamento  (microprocessadores) de centrais digitais e processadores digitais; (7524) –  Central digital e unidades de armazenamento, entre outros.
              A demanda internacional apresenta  tendência crescente para os setores 7 e 8, exatamente os setores de maior  participação na Coréia do Sul acrescido do setor 6, no entanto a presença nas  exportações brasileiras nos dois primeiros em 2000 foi de 10,44% e 6,65%  na pauta com tendência ascendente para o  primeiro  e descendente para o segundo.  Para o setor 8 nota-se um crescimento das exportações de 1985 até 1994, quando a  participação nas exportações mundiais começa a diminuir, e o Brasil começa a  perder mercado em setores com demanda internacional crescente, quanto ao setor  7 apesar da baixa participação nas exportações existe uma associação positiva  quanto ao crescimento da participação deste setor com a demanda internacional.
              A característica crucial do setor 7  no período estudado é exatamente a elevada participação na composição da  demanda mundial em termos agregados e a retomada de ganhos de mercado a partir  de 1996. Neste setor o destaque é a elevada participação que ele detém na pauta  sul-coreana, e sua participação vêm crescendo desde 1985, isto revela um certo  direcionamento da política industrial seletiva neste setor e condizente com o  dinamismo internacional do setor em termos agregados. 
              Em 2000 a participação do setor 7 na  pauta da Coréia do Sul foi equivalente 63,96%, este resultado esta associada à  correção de mecanismos de mercado presente pela própria dinâmica do comércio  internacional e pelas relações sociais de produção. A especialização em setores  de alta tecnologia foi variável dependente da maciça interferência do Estado em  setores selecionados, que oferecessem maiores ganhos de escala dados à  concorrência internacional. Outra confirmação da política industrial da Coréia  em setores intensivos em capital foi a baixa participação na sua pauta em  produtos básicos, intensivos em recursos naturais, os setores (0 e 2)  exportavam juntos o equivalente a 6,57% do valor das exportações totais e em  2000 esse percentual foi de 3,36%, e esta tendência foi progressiva em diminuir  a participação desses setores no valor exportado.
              Na  verdade a política industrial sul-coreana manteve como alta proporção de suas  exportações produtos provenientes apenas dos setores (6, 7 e 8) induzindo sua  inserção a setores de alta tecnologia, pois a geração de valor nos setores (1,  3,4 e 5) no período analisado não foi elevada. a mudança na composição da pauta  da coréia do sul em termos tecnológicos ocorreu mais precisamente entre 1965 a  1984, de tal forma que no período analisado o desempenho exportador se explica  mais pelos resultados da própria política industrial.
  Os resultados da inserção externa de Brasil e Coréia do Sul permitem  sustentar que existem diferenças quanto ao dinamismo dos setores exportadores  desses países e que as causas do sucesso sul-coreano encontram-se numa mudança  de orientação de mercado, que reuniu políticas industriais seletivas a setores  competitivos e uma intervenção estatal que assegurasse o mínimo de proteção a  estes setores.
              A consolidação de uma estrutura  exportadora altamente concentrada em termos agregados nos setores: (6)-bens  fabricados e classificados principalmente por material; (7)- maquinarias e  equipamentos de transporte e (8)- artigos fabricados múltiplos, identificam na  estrutura exportadora sul-coreana uma alta integração com a demanda  internacional que para estes setores equivalem 68,47% das importações mundias  no ultimo período (1995-2000).
              Enquanto os resultados atestam uma  forte correlação entre a demanda mundial e as exportações da Coréia do Sul no  agregado, no ultimo período a especialização setorial das exportações  brasileiras a um dígito foram provenientes dos setores: (0)- comidas e animais  vivos destinados ao consumo imediato; (2)- materiais crus, não comestíveis,  menos combustíveis e (7)- maquinarias e equipamentos de transportes, somando  juntos uma participação de 63,12% do valor exportado sendo que 42,62% foram  originados em setores intensivos em recursos naturais e que apresentam demanda  internacional decrescente.
              Nesse sentido, em termos agregados a  inserção externa das exportações brasileiras revelaram-se desfavoráveis e  vulneráveis concomitantemente. Desfavoráveis porque aumentou a concentração da  pauta em setores com demanda declinante no comércio internacional e elevou-se a  vulnerabilidade pela especialização nos setores intensivos em recursos  naturais, que oferece reduzida demanda externa e elevada volatilidade de preços  internacionais.
              Nos últimos quinze anos de comércio  exterior brasileiro se observou que os setores competitivos da matriz de  exportação, ou aqueles que apresentaram ganhos de market-share nos três  períodos foram oriundos de setores que qualificam as vantagens comparativas da  economia brasileira, o que significa que em termos agregados as maiores  contribuições em todo o período estudado foram das seções (0)- comidas e  animais vivos destinados ao consumo imediato e (2)- materiais crus, não  comestíveis, menos combustíveis e atestam que as políticas industriais das  décadas passadas também tiveram seus efeitos reproduzidos adiante ou foram  novamente postas em práticas.
              Outro ponto desfavorável da inserção  das exportações brasileiras e que reforça a vulnerabilidade do setor externo  diz respeito a um aumento de participação na pauta de produtos caracterizados  com demanda externa declinante. A especialização nesses setores contribuiu para  um aumento da receita de exportação, porém, a pauta ganhou competitividade em  setores não dinâmicos no comércio internacional e as políticas protecionistas  decorrentes do modelo de substituição de importações motivaram o crescimento  industrial em setores não competitivos internacionalmente.
              A não integração ao comércio  internacional fragiliza a pauta de exportação a futuros choques internacionais  podendo provocar uma queda mais expressiva da demanda dos produtos estagnados e  uma rebaixa de seus preços externos. Em nível macro, essas condicionantes  dificultam a manutenção da receita de exportação e elevam os custos sociais de honrar  compromissos externos.
              Em termos desagregados a pauta de  exportação do Brasil confirma a não integração ao comércio internacional,  apesar de terem ocorrido melhorias significativas na estrutura exportadora  entre 1985 e 2000, quando se nota um aumento da participação nos setores de  demanda ascendente de 2,58% para 14,99% em 2000. Os ganhos de mercados nos  setores ótimos identificam avanço qualitativo na pauta em setores pertencentes  às seções (6;7 e 8).
              No entanto, em termos desagregados  os dez produtos mais importantes da pauta brasileira em 2000, que contribuíram  com 42,5% do valor exportado não aparecem entre os vinte mais importantes do  mundo, desse percentual mais de 27% são oriundos de setores intensivos em  recursos naturais, que segundo as condições de demanda externa tendem a  permanecer e a evoluir com declínio.
              Portanto, as condicionantes do setor  externo brasileiro são: elevada concentração em setores com demanda externa  declinante, baixa integração as demandas mundiais, ganhos de competitividade em  setores estagnados causando aumento da vulnerabilidade. O mais grave é que dos  70,68% da pauta em 2000, equivalente aos quarenta produtos dos setores da  matriz de competitividade, 36,04% corresponde aos setores intensivos em  recursos naturais e que estão sujeitos a maiores variações nos preços e  instabilidades na receita.
              A maior fragilidade do setor externo  brasileiro decorre de uma elevada concentração em produtos intensivos em  recursos naturais, ao mesmo tempo em que a maior parte dos produtos que  oferecem posicionamento favorável no comércio internacional se caracterizam por  incorporar mais valor, serem mais sensíveis à elevação da renda mundiais e  quase sempre pertencentes às seções (6; 7 e 8), caracterizadas pelo uso  intensivos de tecnologias.  
                                           
              O mercado interno da economia  brasileira e as políticas de proteção às indústrias nascentes contribuíram para  o prolongamento e avanço do processo de substituição de importação. Contudo, a  atuação do Estado como interventor agiu no sentido de industrializar o país e o  fez baseado com tecnologias obsoletas, as indústrias aqui instaladas detinham  mercados nacionais cativos e o aumento da produção estava condicionado tanto ao  crescimento da demanda interna quanto das importações, esta sempre defasada tecnologicamente,  no final do processo a manutenção de uma política de alta proteção e um mercado  fechado contribuiu para uma não dinamização das exportações brasileiras.
              A falta de uma integração ao  comércio internacional ocorreu tanto pela ausência de políticas industrias  seletiva a setores competitivos no comércio internacional, quanto pelo não  ajustamento da substituição de importações a nova reestruturação produtiva  internacional, portanto a estratégia de desenvolvimento adotada pelo Brasil  reforçou uma inserção baseada em setores exportadores que o país já detinha  vantagens comparativas, mas que não condiziam com uma matriz dinâmica do ponto  de vista internacional.
              O desempenho exportador ficou  concentrado em termos de valor exportado a poucos produtos e na sua maioria  todos caracterizados por uso intensivo em recursos naturais. A inserção externa  através de manufaturas não baseadas em recursos naturais não apresentou boa  classificação quanto aos padrões de competição externa, mas encontram-se entre  as dez mais importantes da economia brasileira nos dados de 2000.
              Diferente da inserção brasileira a  Coréia do Sul mostrou que entre 1985 a 2000 suas exportações melhoraram o  market-share em setores com demanda externa ascendente. O bom desempenho é  descrito pelo aumento de participação nos setores ótimos que em 1985  representavam apenas 8,04% e em 2000 saltaram para 46,40% do valor exportado.
              Houve melhora na qualidade das  exportações sul-coreanas com um aumento da participação na pauta de 22,21% em  1985 para 53,64% em 2000 dos produtos dinâmicos em termos desagregados,  indicando uma forte especialização para setores com demanda internacional  elevada. Os ganhos de market-share configuram uma situação de aumento da  competitividade, na Coréia do Sul vinte dos quarenta produtos analisados  ganharam mercado contribuindo com 55,08% do valor exportado, dos quais 46,4%  foram produtos dinâmicos, reforçando a integração com a dinâmica internacional.
              As tendências analisadas na  estrutura exportadora no agregado se confirmam também na matriz detalhada da  Coréia do Sul, dos dez produtos mais importantes da sua pauta em 2000, nove  figuram entre os vinte mais importantes do comércio internacional. Dos nove  analisados, seis se encontram entre os dez mais importantes entre eles o  subgrupo (7810) –automóvel para passageiros e (7764)- microcircuits eletrônico  ocupando o 1º e 4º lugar no ranking internacional respectivamente.
              As transformações observadas na  estrutura de exportação da Coréia do Sul a condicionaram para uma inserção  competitiva e determinaram uma concentração em setores de alta tecnologia,  resultados de políticas industriais bem sucedidas implantadas pelo governo  sul-coreano de concessão de incentivos fiscais para investimentos em setores  estratégicos.
              Este salto no desempenho exportador  sul-coreano se deve em grande parte a correção de falhas nos mercados de produto  e fatores não ignorados pelo governo, mas que estavam relacionadas ao  aprendizado, diferenciação do produto e nível do pacote tecnológico que juntos  entravavam o desenvolvimento industrial sul-coreano.
              Nesse sentido, dada a importância  destas imperfeições para a edificação de um parque industrial, a saída  encontrada reuniu a implementação de políticas seletivas aos setores de alta  tecnologia e individualmente respeitaram-se às necessidades e especificidades  de cada setor, dadas as peculiaridades dos mercados para os quais ele  concorria. O regime de comércio se caracterizou como não neutro, com  significativas intervenções estatais e políticas tarifarias protecionistas com  relação às importações condicionadas ao desempenho exportador.
              Deste modo à Coréia do Sul serviu-se  de uma estratégia de intervenção seletiva e uma orientação voltada para fora, e  o esforço da intervenção governamental se estenderam ao campo tecnológico para  diminuir as externalidades e preparar os grandes conglomerados sul-coreanos  para a concorrência internacional. Na verdade, a grande mudança de estratégia  da Coréia do Sul foi à substituição de importações tecnológica que conduziu sua  matriz exportadora ao dinamismo internacional.
              No dinamismo exportador de Brasil e  Coréia do Sul se observa que diferente da visão neoclássica ou ortodoxa, houve  sim significativa intervenção estatal para corrigir falhas nos mercados e  implantar uma industrialização que melhorasse os termos de troca, a partir daí  o regime de comércio utilizou como instrumento certo grau de protecionismo que  variou em cada caso, mas bem diferente da neutralidade defendida pelos  neoclássicos porque a estrutura de comércio era de clara limitação das  importações.
               A grande virada sul-coreana para melhorar seu  padrão de inserção externa ocorreu através de um certo abandono dos princípios  originais da substituição de importações, que no Brasil se estendeu até finais  dos anos oitenta. A grande estratégia partiu do próprio estado sul-coreano que  exerceu uma intervenção não apenas funcional, mas sobretudo seletiva  implantando instrumentos que auxiliaram a fortificação de setores de alta  tecnologia mas que não se encontravam preparados para enfrentar a concorrência  externa.
              Nesse sentido, se fazia necessária  desenvolver mecanismos de proteção a estes setores através de políticas que  fossem seletivas, ou seja, individualizadas para cada setor, neutra em relação  ao mercado de forma a conduzir ao mesmo tempo a proteção e o desempenho  exportador e seletivo em relação às empresas que já estavam consolidadas como  grandes competidoras e com isso deveria existir precaução para não  beneficiá-las indiretamente.
              Portanto, aliado a mecanismos de  intervenção o governo sul-coreano utiliza praticas já observadas pelas  políticas de substituição de importações e ajusta estes mecanismos que  sofreriam limitações futuras para prosseguir tal como ocorreram no Brasil, em  virtude da limitação de recursos naturais e reduzido mercado interno da Coréia  do Sul, a uma preparação seletiva de setores intensivos em tecnologia que  apresentavam fatores dinâmicos como (aprendizado e diferenciação) e com isso  transforma o setor exportador numa matriz dinâmica no comércio  internacional.   
| En eumed.net: | 
|  1647 - Investigaciones socioambientales, educativas y humanísticas para el medio rural Por: Miguel Ángel Sámano Rentería y Ramón Rivera Espinosa. (Coordinadores)  Este  libro  es  producto del  trabajo desarrollado por un grupo interdisciplinario de investigadores integrantes del Instituto de Investigaciones Socioambientales, Educativas y Humanísticas para el Medio Rural (IISEHMER).  Libro gratis | 
| 15 al 28 de febrero  | |
| Desafíos de las empresas del siglo XXI | |
| 15 al 29 de marzo  | |
| La Educación en el siglo XXI | |