Pelo que acima foi exposto, o Socialismo constitui a única alternativa para evitar o Colapso da actual civilização humana e a única possibilidade de permitir que a "colónia" humana sobre o planeta continue a expandir-se numericamente até aos limites suportáveis pelos equilíbrios e ciclos naturais, Os perigos que impendem sobre a Humanidade são graves e de resolução urgente, todos eles apontando, na persistência da hegemonia capitalista, para um colapso humanitário: - nos países pobres: pobreza extrema resultante tanto da dinâmica de desigualdade social do capitalismo como da devastação ecológica que esse modelo predador provoca, conflitos sociais, fomes, doenças, mortes massivas, refugiados, Estados falidos e guerras, nos respectivos territórios e expandindo-se; - nos países periféricos do capitalismo: escassez energética generalizada, altas de preços de produtos combustíveis e alimentares, decadência dos sistemas de saúde, educação e previdência social, conflitos sociais agudos, degradação e ruína urbana, conjunturas revolucionárias; - no âmbito global: desordem económica e financeira persistente, crises energética e alimentar, conflitos sociais agudos, rupturas institucionais e geo-estratégicas, corrida aos armamentos, crise democrática, guerra nuclear generalizada. O Socialismo oferece a oportunidade para a realização plena dos ideais humanistas das mais diversas correntes do pensamento que deles se reivindicam: - o pensamento liberal, assente na Liberdade e Soberania individual e que prossegue hoje a sua luta pelos direitos humanos; - os pensamentos social-democrático, socialista, comunista e anarquista, que radicam na luta das classes trabalhadoras pela sua emancipação social e económica; - todas as crenças religiosas que apelam à Felicidade e à Solidariedade humanas; - os sentimentos patrióticos e comunitários de diversos matizes que reivindicam a auto-determinação das sociedades e a descentralização de poderes; - os homens e mulheres da Cultura e do Conhecimento que consideram as Luzes do espírito como a fonte primária para a enformação social; - os pacifistas que renegam qualquer forma de violência; - os ecologistas que pugnam pelo respeito pela Natureza nas suas diversas manifestações; - os profissionais da técnica e da gestão que se dedicam à descoberta e implantação dos processos e modelos tendentes à optimização do esforço humano na produção; - os profissionais e voluntários das áreas da saúde e da acção social que se confrontam diariamente com os seres humanos desgastados física e espiritualmente e socialmente excluídos pela exploração e a dinâmica capitalistas; - e, ainda, todos os micro, pequenos e médios camponeses e empresários submetidos à dominação do capital financeiro e das trans e multinacionais, que queiram trilhar o caminho do desenvolvimento proposto pelo proletariado, no qual continuarão, por várias gerações, a desempenhar um papel activo como lideres produtivos.
O Socialismo não é uma Utopia. Todos os ingredientes para a sua realização já se encontram presentes na sociedade actual: - a convicção democrática dos povos e a crise da democracia representativa; - o firme desejo de Liberdade e de Soberania individual que continua bem vivo dentro de cada um, como última trincheira de resistência à exploração e à dominação e como mola impulsora do espírito crítico e de iniciativa; - um extraordinário potencial técnico-científico e de gestão de recursos a partir do qual será possível a satisfação das necessidades fundamentais de toda a Humanidade; - uma forte consciência comunitária que, apesar de tudo, persiste e se consolida como "via de saída" dos graves problemas sociais actuais; - uma Natureza bela e generosa, "disposta" a acolher harmoniosamente a Humanidade, a sua criação mais refinada, a sua própria auto-consciência; - uma poderosa e diversificada infraestrutura Cultural, o Conhecimento e a experiência que todos os povos acumularam no decurso das suas longas epopeias pelo mundo. Na luta pelo Socialismo, tal como aqui concebido e se procurou "ilustrar", há duas urgências principais: - Derrotar o belicismo, as ameaças e o uso da violência à escala internacional; - Imprimir, no seio de todas as sociedades, dinâmicas sociais participativas de auto-organização social que criem as condições para a superação dos modelos políticos autoritários e "representativos", no sentido da Democracia Radical. Vencidas hegemonicamente estas duas Causas à escala mundial, o processo de reorganização das sociedades no sentido do Socialismo poderá ser muito mais rápido e fácil do que hoje, perante as adversidades presentes, se poderá antecipar. Contudo, até se chegar lá, ainda a Humanidade no seu conjunto e muitos povos em particular, terão de passar por períodos de grande conflitualidade social e política, tanto maior quanto as consequências sociais e ambientais do Capitalismo decrépito se venham a agravar e quanto maior a resistência que os "acumuladores de capital" e os seus instrumentos de violência venham a oferecer à marcha da História. O Socialismo, tornar-se-á hegemónico à escala mundial e constituirá uma nova forma de organização da sociedade humana, baseada na Paz, na Cooperação, na Liberdade e na Harmonia com a Natureza. Os elementos culturais da civilização predadora, baseada na divisão da sociedade em classes, irão persistir durante várias gerações, mantendo acesa a luta no plano cultural. No Socialismo, todas as questões pendentes herdadas do capitalismo, de ordem social, económica e territorial-ambiental poderão ser tratadas com serenidade, sem colisões dramáticas, de forma democrática e adaptativa. A "política", entendida como uma arena de confronto entre interesses antagónicos, dissipar-se-á na dinâmica das interacções sociais, na constante auto-reorganização dos nós de articulação social, em função das necessidades, na Cultura Social. A "economia" perderá a sua importância como "eminência parda" da sociedade e transformar-se-á num dos domínios da actividade Cultural, a Cultura Produtiva. Os cidadãos dedicar-se-ão, cada vez mais, aos restantes domínios da Cultura, à ideologia como antecipação do futuro, aos valores, ao conhecimento e à renovação simbólica. O Socialismo será, por isso, essencialmente, uma Civilização Cultural. O Socialismo representará a forma de existência da Sociedade Humana Global. Assim o acreditamos e, por essa razão, tanto o defendemos e procuramos afirmar. Epílogo
Fizemos, os leitores e o autor, uma longa mas rápida viagem sobre um território a que se poderá chamar Socialismo. Foi tão rápida que nela se confundiram imagens relativas à tomada do Poder, à transição, à plena marcha e ao "socialismo desenvolvido". Com essa viagem, com algum sabor a aventura, procurou-se dar alguma resposta à questão colocada por Immanuel Wallerstein reproduzida no início deste texto, a qual é compartilhada por muitos milhões de cidadãos em todos os continentes. Poderemos não ter conseguido uma resposta tão satisfatória que leve esses muitos milhões e, para além deles, muitos outros, a desfazerem-se das suas dúvidas e indecisões e a abraçar resolutamente a luta pelo Socialismo. Mas mesmo que tenha sido só mais um, já terá valido a pena.
Elogio da Dialéctica (Bertold Brecht)
A injustiça avança hoje a passo firme. Os tiranos fazem planos para dez mil anos. O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são. Nenhuma voz além da dos que mandam. E em todos os mercados proclama a exploração: isto é apenas o meu começo.
Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem: Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.
Quem ainda está vivo nunca diga: nunca. O que é seguro não é seguro. As coisas não continuarão a ser como são. Depois de falarem os dominantes Falarão os dominados. Quem pois ousa dizer: nunca? De quem depende que a opressão prossiga? De nós. De quem depende que ela acabe? Também de nós. O que é esmagado, que se levante! O que está perdido, lute! O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha? Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã. E nunca será: ainda hoje.
CRÍTICAS, SUGESTÕES E OUTRAS OBSERVAÇÕES
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