BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

ENERGIA, ECONOMIA, ROTAS TECNOLÓGICAS. TEXTOS SELECIONADOS

Yolanda Vieira de Abreu y otros




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1.2 TECNOLOGIA APROPRIADA: DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS

A palavra “tecnologia” vem do grego (techné e logos) que significa o conjunto dos conhecimentos sobre os processos e meios de transformação dos objetos de trabalho, e vem sendo utilizada desde 1615 no idioma inglês, tendo o significado de discurso ou tratado sobre as artes (GAMA, 1986). A origem da idéia de tecnologia apropriada remonta o início do século XX, quando Gandhi desenvolve uma abordagem para manutenção e disseminação das tecnologias tradicionais nas vilas indianas. Ele incentivou a produção de alimentos e fertilizantes naturais para atendimento das necessidades dos habitantes dessas vilas por meio de cooperativas familiares e com tecnologias tradicionais condizentes com as condições financeiras, culturais e demográficas da Índia. Defendia, essencialmente, que a tecnologia deveria ser desenvolvida a partir de uma abordagem integrada de desenvolvimento socioeconômico e cultural para atender demandas locais. Esta abordagem foi esquecida até a década de 1960, quando ocorre sua re-emergência por meio do conceito de tecnologia apropriada (HERRERA, 1981). Em 1961, Ernest F. Schumacher, economista, introduz o termo “tecnologia apropriada” exatamente a partir de sua identificação com as obras de Gandhi na Índia. Mais tarde em seu livro “Small is Beautiful”, enfatiza quatro critérios para esta tecnologia: pequeno, simples, barato e pacífico (SCHUMACHER, 1973).

Segundo Abiko (2003), para definir tecnologia e seu campo de atuação, deve-se esclarecer inicialmente que tecnologia não deve ser confundida com técnica. Estes dois termos possuem conceitos bastante diferenciados. A técnica, ao contrário da tecnologia, é tão antiga quanto o homem. O homem ao produzir fogo ou construir ferramentas e armas, estava utilizando-se de uma técnica, o que permitiu que sobrevivesse e pudesse se impor sobre os animais (VARGAS, 1994). Já a tecnologia, foi definida por Vargas (1994), como a solução de problemas técnicos por meio de teorias, métodos e processos científicos, pode se traduzir como juntar o “fazer com as mãos” e o “desenvolver e criar com a mente” de forma formal e subjetiva. A tecnologia transforma o conhecimento tácito, sendo aquele que o indivíduo adquiriu ao longo da vida, que está na cabeça das pessoas, que é informal e que se passa de geração em geração de forma oral, em conhecimento formal, escrito, estudado, analisado e que pode se adaptar e desenvolver a fim de melhorar nosso conhecimento da realidade ou facilitar a vida do ser humano na Terra.

O termo tecnologia apropriada, segundo Goldemberg (1978) pode ser definido como sendo um processo de estabelecimento dos efeitos sociais e ambientais de uma tecnologia proposta antes que ela seja desenvolvida, e a tentativa de incorporar elementos benéficos, nas várias fases de seu desenvolvimento e utilização. A tecnologia é o conjunto dos conhecimentos de que uma sociedade dispõe sobre ciências e artes industriais, incluindo os fenômenos sociais e físicos, e a aplicação destes princípios à produção de bens e produtos. Ainda segundo o mesmo autor uma tecnologia para ser considerada apropriada deve apresentar os seguintes aspectos sociais e econômicos:

1. Satisfazer as necessidades das camadas mais pobres da população;

2. Preservar o meio ambiente;

3. Ser adequada em relação aos recursos naturais disponíveis;

4. Depender de fontes de energia disponíveis no local de sua aplicação.

Dentre estes critérios, o mais adequado no contexto da tecnologia apropriada é o de satisfazer as necessidades das camadas mais pobres. Portanto, esse tipo de tecnologia para ser aplicada deve ser simples, de pequena escala, de baixo custo e intensivo uso no trabalho. Os principais benefícios podem ser observados em pequenas comunidades rurais, permitindo a substituição de técnicas antigas e obsoletas, sem que haja danos no processo produtivo. Assim, o produtor continua explorando ao máximo todo o potencial dos recursos locais em matérias primas, energia e equipamentos sem nenhum prejuízo à produção.

É importante considerar que quase metade dos estabelecimentos brasileiros do tipo familiar (49,8%) depende exclusivamente da força física dos seus integrantes para realizar as tarefas agrícolas necessárias à produção, como arar, semear, capinar e colher (GUANZIROLI et. al., 2001). A introdução de tecnologias apropriadas no meio rural torna o trabalho mais leve e produtivo, promovendo desenvolvimento e inclusão social neste setor.

Para muitos, tecnologia apropriada é sinônimo de tecnologia atrasada, superada pelos avanços sistematicamente proporcionados pela incorporação de novos conhecimentos gerados pelas atividades de P&D (RODRIGUES & BARBIERI, 2008). Entretanto, para agricultores que dispõem de pouca infraestrutura tecnológica em seu sistema produtivo, a inserção desta tecnologia, mesmo com toda sua simplicidade, pode sim incrementar características agronômicas nos sistemas produtivos promovendo o desenvolvimento econômico e social. Esta tecnologia é adaptada ao local e às necessidades do usuário e, por isso, diferentes grupos culturais e geográficos poderão obter resultados diferenciados conforme sua aplicação. Assim, cada produtor irá adotar o mecanismo que melhor atender sua demanda imediata, lançando mão de toda base tecnológica possível à sua condição espacial, social e financeira.

Assim ocorre no Estado do Tocantins, onde grande parte da agricultura familiar é caracterizada como de subsistência, cujos ocupantes são populações tradicionais como quilombolas, indígenas e ribeirinhos. A transferência da tecnologia apropriada permite que estas comunidades cresçam, produzam excedentes e se desenvolvam de forma sustentável.

Um dos entraves para à difusão de modelos de tecnologia apropriada é a multiplicidade de tipos de agricultores familiares e a insuficiência de pesquisas e desenvolvimento. Falta treinamento nas diversas instituições, tanto governamentais, quanto privadas, direcionadas a criar soluções para resolver problemas dos agricultores familiares através do desenvolvimento de projetos de tecnologias aplicáveis à realidade dos mesmos.


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