BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

ENERGIA, ECONOMIA, ROTAS TECNOLÓGICAS. TEXTOS SELECIONADOS

Yolanda Vieira de Abreu y otros




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1.4.4 Resultados do Projeto Quintal Verde

O projeto Quintal Verde associado ao Sistema Mandala e suas tecnologias apropriadas, beneficiou aproximadamente 11.000 famílias e 8.000 estudantes de escolas públicas estaduais e municipais através da implantação de hortas (RURALTINS, 2008). É importante considerar que grande parte do que se produz nas hortas é consumido nos próprios lares e nas escolas. As folhas, raízes, legumes são largamente utilizadas nas merendas escolares. O incremento na dieta, proporcionando alimentação adequada, é fundamental para o processo de aprendizagem e disposição para as tarefas do dia a dia. Os alunos criam o hábito de consumir alimentos saudáveis e estimulam os pais a consumirem em casa e o processo acaba atingindo toda a família.

Além do que, os agricultores, graças à utilização das tecnologias apropriadas anexas ao projeto, conseguem elevar substancialmente a produtividade de suas hortas. Este fato permite que o excedente da produção seja disponibilizado no comércio da cidade ou nas feiras livres, fundamental para o escoamento da produção e aumento da renda. O RURALTINS, através do Programa Federal de Aquisição de Alimentos (PAA) Compra Direta Local, compra à produção dos agricultores familiares, entrega nas instituições sociais cadastradas e estes alimentos são distribuídos para comunidades, famílias e escolas que se encontram em situações de insegurança alimentar. Desta forma, além dos produtos disponibilizados nas feiras, o agricultor tem a possibilidade de vender seus produtos diretamente para o Estado, o que fundamenta a necessidade da aplicação destas tecnologias que promovem a elevação da produção. O programa Compra Direta além de gerar renda para o trabalhador rural contribui promovendo o desenvolvimento local.

O sucesso da implantação do Quintal Verde e do Sistema Mandala estimulou a difusão de tecnologia para o desenvolvimento da produção vegetal no Estado (SEAGRO/TO, 2007). O RURALTINS prevê que durante o ano de 2010, aproximadamente 123.940 pessoas receberão sementes de hortaliças e verduras para cultivarem hortas nos quintais, nas escolas, em comunidades e/ou no campo. Para este projeto está previsto o recurso no valor de R$ 2.168.911,00. Ainda, dentre as atividades previstas pelo RURALTINS, está à realização de 20 feiras e encontros da agricultura familiar, que estimulam e orientam os agricultores a comercializarem seus produtos (RURALTINS, 2010).

1.5 BIODIGESTORES

A disponibilidade energética no meio rural, principalmente em pequenas comunidades, vem sendo debatida já por algum tempo, entretanto, na maioria das vezes não se estudam todas as possibilidades de oferta deste bem, levando em consideração as potencialidades locais e fontes de energia disponíveis. Segundo Quadros (2010), um grave problema enfrentado pelos agricultores familiares é a escassez de fontes energéticas para fins produtivos, principalmente cocção, resfriamento, aquecimento e iluminação. Na maioria das áreas rurais os combustíveis mais limpos para cocção (querosene, GLP e gás natural) são escassos ou inexistem, devido à falta de infraestrutura de distribuição e comercialização (SANGA, 2004). O conjunto destes fatores, quando o objetivo é produção energética, força o agricultor a suprir sua necessidade utilizando um bem que ele possui de sobra em sua propriedade: a lenha. Esta matéria prima ainda é a principal fonte de calor utilizada nas cozinhas dos pequenos produtores, entretanto, além dos impactos ao meio ambiente, a queima de lenha para uso doméstico causa graves problemas de saúde principalmente em mulheres e crianças, que ficam expostas diariamente à fumaça.

Visando reverter este quadro, a busca por fontes renováveis e alternativas de energia é um fator importante, por possibilitar atender as demandas de famílias rurais. Nesse sentido, o desenvolvimento de alternativas tecnológicas apropriadas que permitem a utilização eficiente da biomassa, com vistas à geração de energia, é uma das possibilidades a ser considerada. Segundo Esperancini et al., (2007), existem hoje diversas alternativas tecnológicas de aproveitamento da biomassa para geração de energia, que propiciam o uso mais racional dos recursos disponíveis na propriedade e são tecnicamente viáveis para a agricultura familiar. Neste contexto, o biodigestor desperta grande interesse pela tecnologia de biodigestão anaeróbia de resíduos animais e vegetais. Tal tecnologia propicia solução adequada, tanto ambientalmente, quanto economicamente, da alocação dos resíduos e ao mesmo tempo diminuindo custos fixos de produção de bens oferecidos pelo agricultor.

Segundo Afonso (2006) o mesmo biodigestor que trata os dejetos animais pode ser ligado ao esgoto doméstico das residências funcionando como um sistema de tratamento de esgotos para pequenas comunidades urbanas.

Complementando os aspectos técnicos que utiliza o sistema de tratamento de biodigestores, vale citar que biodigestores são estruturas fechadas para onde são conduzidos, por tubulações, o esterco e a urina dos animais. Nesse local, o material entra em processo natural de fermentação, por meio de bactérias anaeróbicas (que se desenvolvem na ausência total de oxigênio), e, ao fim do processo, são produzidos gases, resíduos pastosos e efluentes líquidos, sendo que os três subprodutos têm valor econômico.

O gás (metano, diferente do GLP que é o butano) pode ser utilizado para os mesmos fins: a geração de energia, aquecimento de pocilgas e aviários no inverno e até em fogões domésticos. O material sólido vira adubo natural para as lavouras. Já os efluentes líquidos alimentam algas em tanques que depois viram comida para peixes criados em açudes (ASSIS, 2004).

A energia gerada através do biogás é renovável e pode substituir completamente a lenha e o gás de cozinha na produção de produtos primários, a exemplo de farinha, rapadura, requeijão, doces, biscoitos e bolos, incentivando as agroindústrias familiares. Pode também ser utilizado como combustível para motor gerador de energia elétrica e implementos agrícolas. Segundo Afonso (2006), este gás também pode ser utilizado no aquecimento de instalações para animais sensíveis ao frio (frangos e leitões de até 15 dias de idade, por exemplo) ou no aquecimento de estufas de produção vegetal.

Além do biogás, outro produto importante gerado através da utilização de biodigestores é o biofertilizante, que é um fertilizante líquido orgânico que atua diretamente na nutrição das plantas através da melhoria das propriedades físico-química e microbiológica do solo.

A utilização de biodigestores como tecnologia apropriada em comunidades rurais, permite ao produtor criar sua própria fonte energética através de produtos disponíveis em sua propriedade, evitando a dependência de produtos externos e caros. Para tanto, é preciso considerar que o sucesso desta tecnologia já foi comprovado por vários agricultores que, através de investimentos mínimos, implantaram modelos de biodigestores adaptados às características da propriedade e hoje se beneficiam por possuir uma fonte energética contínua da qual o proprietário tem total controle sobre seu uso e dos produtos a serem utilizados de forma a obter o biogás e o biofertilizante.


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