ENERGIA, ECONOMIA, ROTAS TECNOLÓGICAS. TEXTOS SELECIONADOS
Yolanda Vieira de Abreu y otros
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O Brasil detém liderança na geração e na implantação de tecnologias em agricultura tropical, acumulando conhecimentos e experiências em pesquisa, desenvolvimento, inovação e gestão de ciência e tecnologia. Além disso, possui capacidade material, humana e institucional instaladas, o que permite antever que se situa na fronteira da tecnologia para a agricultura de energia, da mesma forma na de alimentos. Paralelamente, o mercado doméstico de agroenergia é suficientemente grande para permitir ganhos de escala na produção e na absorção tecnológica, que o capacita a se tornar competitivo em escala internacional (MAPA, 2006).
Os atributos das matérias primas para a produção dos biocombustíveis são: aspectos agronômicos (teor de óleo e qualidade do farelo e torta, produção por unidade de área, ciclo da planta (sazonalidade), condições edafoclimáticas favoráveis, conhecimento do sistema de produção); aspectos tecnológicos (teor de ácidos graxos poliinsaturados, tipo e teor de ácidos graxos saturados, complexidade do processo de extração, presença de outros componentes no óleo, valor agregado de co-produtos); aspectos sociais (geração de emprego, melhoria da qualidade de vida das comunidades alvo, fixação do homem no campo); aspectos econômicos (geração de renda no campo, redução da importação de diesel, desenvolvimento da economia e liderança com maior autonomia de trâmites comerciais), e os aspectos ambientais (redução das emissões de gás-carbônico e compostos de enxofre, associadas à queima de diesel, dentre outros (CRESTANA, 2005).
O álcool ganhou espaço no cenário internacional como combustível limpo e renovável. Neste campo, temos a experiência adquirida em mais de 30 anos em armazenamento, transporte, adição à gasolina e comercialização. O cultivo e o beneficiamento da cana são realizados em grandes e contínuas extensões e o aproveitamento de seus resíduos é facilitado pela centralização dos processos de produção. O Estado de São Paulo é o maior produtor nacional de cana-de-açúcar. Entre os demais estados, destacam-se Paraná e Pernambuco. A mistura do álcool na gasolina contribuiu ainda para que o Brasil fosse um dos primeiros países a eliminar o chumbo da gasolina.
Já para a produção do biodiesel, as vantagens são várias, dentre elas: estimar um novo mercado para as oleaginosas, possibilitando a geração de novos empregos em regiões carentes do país e aumentando o seu valor agregado com a sua transformação em biodiesel e proporcionar uma perspectiva de redução da emissão de poluentes. E ainda contribuir para a fabricação de lubrificantes de boa qualidade, aumentando o desempenho do motor. O mesmo possui baixo risco de explosão; não libera resíduos no motor; aceita misturas com o diesel, em quaisquer proporções, além de ser utilizado puro nos motores do ciclo diesel, sem a necessidade de adaptações e sua armazenagem e distribuição podem ser realizadas utilizando a mesma infra-estrutura que a do óleo diesel convencional (LEIRAS et al., 2006).
A biomassa oferece também direcionamento adequado para os resíduos produzidos na fabricação do biodiesel, que, por meio do uso de biodigestores se produz o biogás, o resíduo gerado nesse processo ainda pode ser aproveitado como adubo orgânico e aplicado em áreas rurais (grandes propriedades e comunidades isoladas em todo o país). Outros tipos de resíduos como o lodo residual que é proveniente do tratamento de águas de esgoto urbano são considerados um desafio para engenharia sanitária e ambiental pela complexidade do processamento, volume gerado e disposição. Esse resíduo já está sendo aproveitado para produção de energia elétrica e termelétrica além de benefícios para área agrícola no manejo de solos. Vale à pena ressaltar que além dos dejetos e o esgoto serem usados por empresas de grande porte, as propriedades agrícolas e de criação de animais do oeste do Paraná, também utilizam para geração de energia movida a gás de aterros sanitários.
Os óleos residuais de frituras representam grande potencial de oferta. E um levantamento primário dos mesmos revela um potencial no país superior a 30 mil toneladas por ano. Algumas possíveis fontes dos óleos e gorduras residuais são: lanchonetes e cozinhas industriais, indústrias onde ocorre a fritura de produtos alimentícios, os esgotos municipais onde a nata sobrenadante é rica em matéria graxa, águas residuais de processos de indústrias alimentícias (SILVA et al., 2005).
Já Costa et al., (2007) dizem que o tempo de utilização do óleo varia de um estabelecimento para outro, principalmente pela falta de legislação que determine a troca do óleo usado. Por essa razão, considerando a grande diversidade de estabelecimentos que utilizam esses óleos, é difícil fazer um levantamento preciso da disponibilidade desse resíduo em grandes centros urbanos. E IVIG (2001) sugere que a conciliação do uso de insumos residuais, já disponíveis nos aglomerados urbanos, com insumos cultivados, seria uma opção para a produção de combustível para o transporte rodoviário urbano. Enfatiza ainda que nesse caso, é possível explorar o uso de óleos residuais de fritura como complemento à fabricação de biodiesel a partir de óleo de soja, que representa cerca de 90% da produção de óleos comestíveis no Brasil.