BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

ENERGIA, ECONOMIA, ROTAS TECNOLÓGICAS. TEXTOS SELECIONADOS

Yolanda Vieira de Abreu y otros




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1.4.3 Implantação das Hortas

Vários fatores são considerados no processo de implantação de uma horta. Todos eles devem ser trabalhados de forma conjunta, visando proporcionar condições ótimas para o desenvolvimento das culturas e consequentemente incremento na produtividade.

O primeiro passo é a escolha da cultura a ser trabalhada e a observação das condições de solo, clima, água entre outras que a cultura demande. A escolha de um local apropriado para o cultivo é muito importante. O local deve ser plano, com boa drenagem e luminosidade, se localizar longe de fossas sépticas, além de possuir disponibilidade contínua de água para irrigação. Para melhor condicionamento das culturas trabalhadas, na construção dos canteiros é recomendada à utilização de solos de textura areno-argilosa, ou franca arenosa.

Definido o local e as culturas a serem cultivadas, realizou-se a limpeza da área utilizando enxadas e, para o transporte do material utilizou-se carrinho de mão. Em seguida, com o auxílio do ancinho foram desagregados os torrões e utilizando estacas e linha realizou-se a demarcação dos canteiros, preparando-os nas dimensões recomendadas de 2 a 5 metros de comprimento, 1,20 metros de largura e altura mínima de 15 centímetros. O espaçamento recomendado a ser utilizado entre canteiros é de 0,50 metros, devendo ser construídos sempre no sentido Leste-Oeste para melhor aproveitamento da luminosidade. Com os canteiros demarcados o próximo passo foi o revolvimento do solo com a utilização de enxadão e enxada. Em seguida espalhou-se um carrinho de mão de esterco (podendo utilizar composto orgânico) em cada m² de canteiro. O solo foi misturado a este material iniciando o levantamento do canteiro onde são cultivadas verduras (alface, couve, taioba, brócolis, repolho, espinafre entre outros); raízes, bulbos e tubérculos (batata, cebola, beterraba, cenoura, batata-doce, inhame entre outras); legumes (tomate, abóbora, abobrinha, pimentão, quiabo, jiló entre outras); condimentos (cebolinha, salsinha, pimenta, gengibre, alho entre outras).

Os espaçamentos entre plantas e entre linhas (Fig. 03) variam de acordo com as hortaliças cultivadas.

Culturas como tomate, pimentão, couve, jiló, berinjela, abóbora e pepinos são cultivados em covas, que devem ser abertas com antecedência mínima de 18 dias do plantio ou transplante, nas dimensões de 0,2 x 0,2 ou 0,3 x 0,3 metros de largura e 0,2 a 0,3 m de profundidade. O espaçamento entre covas varia de acordo com a hortaliça a ser plantada, como mostrado na tabela 01.

Dependendo da cultura trabalhada, a semeadura foi realizada diretamente no canteiro ou inicialmente em bandejas de células de isopor, sendo posteriormente transplantadas. No caso da utilização de bandejas, foram preenchidas com terra e esterco na proporção de 1/4 de esterco e 3/4 de terra. A semeadura nas bandejas foi realizada manualmente com 15 a 20 dias de antecedência as datas de plantio. Após a semeadura, as bandejas foram acondicionadas em área coberta por sombrite (50% de sombreamento), e irrigadas constantemente de forma a mantê-las sempre úmidas, até que a cultura atinja o tamanho ideal para ser transplantada no canteiro. A estrutura, isto é, a área com sombrite em que as bandejas foram dispostas, é construída utilizando-se madeira morta adquirida no próprio imóvel. As dimensões ideais da instalação são de 2 metros de largura x 3 metros de comprimento x 2 metros de altura (Fig. 04).

A irrigação das mudas nas bandejas foi feita utilizando regadores. Para a irrigação dos canteiros utilizou-se uma tecnologia apropriada na qual se substitui os microaspersores por hastes de cotonetes presos a mangueira de polietileno. Os materiais necessários à implantação do sistema são: mangueira polietileno ¾”; registro ¾”; joelho ¾”; caixa de cotonetes (150 unidades); Te ¾”; cola; redutor de 1” para ¾”; cano ¾” e braçadeira ¾” (RURALTINS, 2010). A quantidade de material a ser adquirido vai depender do tamanho do projeto. As mangueiras funcionam como linhas principais e de derivação permitindo que todos os canteiros e covas sejam alcançados, enquanto a haste de cotonete funciona como microaspersor.

As mangueiras foram perfuradas utilizando prego aquecido, sendo que no local da perfuração é fixada uma haste do cotonete. A outra extremidade da haste foi vedada utilizando fogo, e logo abaixo da vedação realizou-se um pequeno corte transversal de onde sai o jato d’água, assim, o cotonete se transforma num microaspersor (Fig. 05).

Este jato d’água chega a alcançar 1 metro de distância, aumentando a eficiência na utilização da água. Após montado o sistema, basta girar a haste para a direção que se deseja irrigar. Com esse sistema utilizou-se uma linha de irrigação por canteiro (pode ser utilizado também entre covas). Esta tecnologia substitui perfeitamente os microaspersores convencionais, e muitas são as vantagens de sua utilização.

Além do baixo custo de implantação, 85% inferior a outros materiais utilizados em irrigação de hortas, este mecanismo permite a otimização no uso da água, considerando que a altura em que a haste se encontra do solo é pequena reduzindo a perda por deriva, pode funcionar 24 horas por dia, exige pouca mão de obra e facilidade de automação por estar ligada a uma torneira comum abastecida por água proveniente da caixa d’água.

Outra forma de tecnologia apropriada utilizada no sistema foram os biofertilizantes, que possuem compostos bioativos, resultantes da biodigestão de compostos orgânicos de origem animal e vegetal. Para sua produção foram utilizados somente insumos disponíveis na propriedade. Esta tecnologia consiste em preparar um produto totalmente natural cujas características nutricionais são parecidas à dos fertilizantes sintéticos. Este produto fornece macro e micro nutrientes essenciais ao desenvolvimento das culturas, aumentando consideravelmente a produtividade. O biofertilizante foi preparado em um tambor de 200 litros, na qual a proporção utilizada foi de 1/4 de esterco bovino e 3/4 de água (Fig. 06).

Através da fermentação anaeróbica, os nutrientes, hormônios vegetais e substâncias com ação fungistática contidos no esterco são disponibilizados na água. Após a mistura dos insumos, o biofertilizante está pronto para uso dentro de aproximadamente 15 dias. O produto foi utilizado na irrigação dos canteiros (procedimento conhecido como fertirrigação) uma vez por semana, na diluição de 1 parte do biofertilizante e 9 partes de água. A utilização do biofertilizante confere à cultura resistência ao estresse hídrico além de conter ação repelente a pragas, sendo eficaz no manejo de doenças. Outra opção de produto natural utilizado nos canteiros é a diluição de urina de vaca em água na proporção 1:20. Este produto também possui em sua composição alguns nutrientes e promove ação repelente a insetos assim como o biofertilizante.

Para substituir os adubos químicos, usualmente utilizados em grandes hortas, os produtores são orientados a produzir composto orgânico, através do processo conhecido como compostagem.

Este é um processo biológico de transformação de resíduos orgânicos sólidos em matéria orgânica homogênea e estabilizada, de cor escura e rica em partículas coloidais. Vários são os materiais que podem ser utilizados para o preparo do composto, desde restos de limpeza de açudes, folhas e galhos de árvores, palhas e capim, esterco de gado e frango até restos de cozinha (sobras de comida) (Fig. 07).

Não é recomendada a utilização de carne na produção do composto devido ao forte odor liberado no processo de decomposição. Os produtos orgânicos utilizados foram misturados com esterco de gado e montado a composteira (Fig. 08).

Cada leira foi construída em formato piramidal (pode ser trapezoidal), com uma base de 1,20 metros a 1,50 metros. A altura utilizada foi de 1,2 metros (pode variar entre um metro e 1,20 metros). É importante não diminuir este tamanho para não prejudicar a temperatura e a umidade do composto, uma vez que uma leira baixa perde calor.

O comprimento da composteira irá depender da quantidade de material na propriedade. Para calcular o comprimento de cada leira é preciso saber que o material orgânico, em geral, tem densidade baixa, de aproximadamente meio quilo por litro. Portanto, se o produtor tiver 100 quilos de material orgânico por dia, ele terá 200 litros de adubo. Uma leira de 1,5 metros de base, altura de 1,2 metros e produção mensal de 6 m3 de resíduo terá um comprimento de 3,5 metros aproximadamente. Este foi o procedimento realizado neste trabalho.

O material composto foi umedecido com freqüência, mas em pouca quantidade (de modo que ao ser apertado com as mãos não escorra água). A temperatura interna foi controlada para não ultrapassar os 60ºC, sendo monitorada e controlada com pequenas adições de água. Para o controle da temperatura foi utilizada uma barra de ferro introduzida no interior da pilha (esta barra, ao ser retirada deve estar quente de tal forma que o manuseador possa segurá-la sem queimar as mãos). Caso a temperatura esteja muito elevada, a pilha deve ser revolvida de forma a reduzir a temperatura. Após algumas semanas o material adquire uma coloração marrom escura, semelhante ao marrom café. Dá para perceber que o composto está pronto quando não sente "cheiro ruim" e sim um "cheiro de terra", além disso, a aparência é bem homogênea e a temperatura fica igual à do ambiente, geralmente demora entre 80 e 90 dias para o material estar pronto para utilização.

A matéria orgânica incorporada como composto traz inúmeras vantagens, principalmente para melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo e bromatológicas das hortaliças. A matéria orgânica quando aplicada já está em estágio avançado e desejável de decomposição, que é o húmus já plenamente ativo, o que a partir da matéria orgânica bruta necessitaríamos de um tempo muito grande no solo para acontecer. O composto estará asséptico e o húmus trará inóculos de microorganismos e animais inferiores, ativando a vida do solo. Assim, o composto trará para o solo direta e indiretamente fatores importantes de manutenção de produtividade, além de constituir de uma alternativa simples e de baixo custo.

Estas são as formas de tecnologias apropriadas utilizadas dentro do Projeto Quintal Verde e

Sistema Mandala. A implantação de projetos que fazem uso de formas de tecnologias apropriadas para sua instalação e condução em pequenas comunidades agrícolas, constitui um fator promotor para o desenvolvimento sustentável das famílias. A utilização de tecnologias relativamente simples como às citadas acima, apropriadas para utilização nas irrigações, adubação de hortas, métodos de controle fitossanitários que permitem a utilização de produtos naturais oriundos da propriedade, permitem aos produtores eliminar a necessidade de produtos externos ao imóvel, incrementando sua economia. As práticas utilizadas neste trabalho são extremamente econômicas, de fácil preparo e aplicáveis à agricultura familiar não só no Estado do Tocantins, mas em todo o país. Além de ser ecologicamente corretas por utilizarem somente materiais naturais adquiridos na propriedade, podem ser utilizadas na produção orgânica de alimentos, agregando valor aos produtos possibilitando a expansão da comercialização.


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