BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

ENERGIA, ECONOMIA, ROTAS TECNOLÓGICAS. TEXTOS SELECIONADOS

Yolanda Vieira de Abreu y otros




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CAPITULO VIII. SOBRE O CONSUMO DE LENHA DOMICILIAR RURAL NAS REGIÕES BRASILEIRAS

Arlindo Kamimura
Geraldo F. Burani

RESUMO

A lenha é ainda uma importante fonte de energia na geração direta de calor. Sua importância no Brasil é percebida na indústria, comércio/serviços e nos domicílios rurais. Enquanto que nos dois primeiros segmentos sua comercialização se dá de forma regular, no sentido contábil e fiscal, no setor residencial sua oferta é geralmente realizada num circuito irregular e informal, dificultando sua contabilização em balanços energéticos. O objetivo deste trabalho é apresentar uma proposta metodológica para avaliação do consumo da lenha nos domicílios rurais baseada no consumo de seu concorrente direto, o GLP - gás liquefeito de petróleo.

Palavras chave: balanço energético; consumo de lenha; setor residencial

8.1. INTRODUÇÃO

A utilização da lenha pela humanidade como fonte de energia remonta à época da descoberta do fogo. Sua relevância como fonte energética permanece e deverá continuar por muito tempo ainda, tanto nos países em desenvolvimento, como nos países desenvolvidos, principalmente nas áreas fora dos centros urbanos. Assim, sua importância como fonte de calor para cocção, aquecimento de água e ambiental torna sua presença obrigatória em qualquer estatística ou balanço de energia. Entretanto, sua contabilização representa sempre um problema metodológico, basicamente por dois motivos. Em primeiro lugar, dada sua grande diversidade e não homogeneidade estrutural – forma, densidade, teor de umidade e, portanto, seu poder calorífico torna-se difícil a tarefa de contabilização, mensuração e padronização de suas propriedades físico-químicas. Em segundo, dada a não uniformidade dos meios de extração, manejo, disponibilização e comercialização acontecerem, na maioria das regiões rurais brasileiras, em bases tradicionalmente informais no setor residencial, as estatísticas oficiais de sua oferta e consumo deixam muito a desejar, no que concerne à confiabilidade e precisão. A unidade de medida usualmente adotada para a lenha é o metro cúbico stere (m3st), que tem tanta precisão métrica como a utilização do termo “feixe de lenha”. Assim, um feixe de lenha no Rio Grande do Sul pode não ter as mesmas propriedades e características de um feixe de lenha no Rio Grande do Norte, por razões óbvias. Entretanto, neste trabalho, em benefício da coerência, considerar-se-á o “feixe de lenha” ou, no caso, o metro cúbico stere (m3st) como uma unidade de medida homogênea e de métrica consistente para todo o Brasil, com as propriedades físicas e químicas estabelecidas e definidas no BEN - Balanço Energético Nacional.

O consumo de lenha nas residências rurais para cocção e aquecimento apresenta uma grande discrepância de valores entre as várias regiões do Brasil. Uma mostra do espectro de variância dos resultados obtidos nas diversas estimativas existentes na literatura é apresentada na tabela 1 e exemplifica a citada incerteza deste dado nos domicílios brasileiros.

Tabela 1: Algumas estimativas do consumo mensal de lenha nos domicílios rurais

1.) Balanço Energético Nacional (Brasil 2006) 268,56 kg / domicílio

2.) A. T. do Vale ET alii, (Goiás 2003) 316,20 kg / domicílio

3.) Mata, H. T. et al (Minas Gerais 2000) 765,9 kg / domicílio

4.) CEMIG, Minas Gerais 1985, em 2.) 360 a 543 kg / domicílio

5.) Oliveira (semi árido Paraíba 1992), em 2.) 282 a 288 kg / domicílio

6.) Uhlig A. (Brasil 2008) 135 kg / domicílio

A realização de uma série de Balanços Energéticos Estaduais pelos pesquisadores do IEE/USP – Instituto de.Eletrotécnica e Energia financiada pela Diretoria de Gás e Energia da Petrobrás [Burani et alii, (2005), (2006), (2008), (2009a), (2009b), (2009c), (2009d), (2009e); Kamimura e Almança, (2007)] permitiu a constatação, in loco, do enorme grau de incerteza associado ao problema proposto, principalmente em relação à apresentação física, extração, comercialização e formas de utilização. Por outro lado esses trabalhos propiciaram um razoável conhecimento qualitativo e quantitativo, tanto do cross section quanto da dinâmica relacionados à questão do energético chamado lenha, fundamental para as estimativas efetuadas nos vários estados brasileiros. Um fato relevante constatado nestes estudos foram as diversas formas de utilização da lenha nos equipamentos residenciais rurais, isto é, foi observado uma nítida competição entre o fogão à lenha e o fogão à GLP, ambos presentes na maioria das residências. A utilização de uma forma ou de outra depende essencialmente da disponibilidade de oferta e do preço da lenha, fonte de energia preferencial na maioria dos domicílios rurais. Um modelo teórico não linear de substituição entre formas de energia desenvolvido pelos pesquisadores do IEE/USP [Kamimura et alii (2006); Kamimura et al (2008)] foi utilizado como balizador dos resultados deste trabalho.

O objetivo deste trabalho é, portanto, relatar a metodologia adotada pelos pesquisadores do IEE/USP, na estimativa do consumo residencial rural da lenha nos diversos Balanços Energéticos realizados em diversos estados brasileiros.


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