BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

A UTOPIA NEGATIVA: LEITURAS DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA

Jacob J. Lumier




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A individuação:

Um problema de sociologia da literatura

►O termo “individuação” foi adotado ao que se sabe nas teorias metapsicológicas por influência de Schope-nhauer , que fala do principium individuationis. Em geral, o conceito é utilizado para dar conotação ao processo pelo qual uma pessoa se torna ‘in-dividual’, afirma uma unida-de indivisível ou um ‘todo’.

Em sociologia, o principium individuationis tornou-se ob-jeto de estudo depois que, nos anos de 1920, os seguido-res do culturalismo abstrato do filósofo Heinrich Rickert – dentre os quais Max Weber – insistiram no indivíduo e no individual como foco das significações, e estudaram o mundo histórico como essencialmente singular, toman-do-o como cultura histórica que se individualiza nos fatos particulares.

Desta forma, os estudos sobre desenvolvimento da personalidade foram ultrapassados, e a afirmação do indi-víduo como um todo, verificando-se no mundo histórico, passou a consistir na interpretação do sentido interno de suas condutas particulares.

Será esse princípio individuationis que a sociologia verifi-cará como problemático na literatura, notadamente no gênero romanesco .

►Sem embargo, em sua postura metodológica e vi-sando compreender, ajuizar e classificar as obras com valor estético, o sociólogo toma o fato literário como não-reduzido às significações, sejam estas culturais, sociais, psicológicas.

A significação é frequentemente considerada como atri-buto de uma visão de mundo mais ou menos coerente. Se fosse tomada como único critério estético diminuiria os escritores, tornando-os insignificantes em face dos pen-sadores.

Por contra, em seu ponto de partida, o sociólogo toma o objeto literário como configuração de valor, na qual não é somente certo número de idéias que se encontram dota-das da máxima eficácia estética, mas também certo núme-ro de emoções.

Desta forma, ao se orientar para a apreensão do de-sejado em literatura, o sociólogo assume um ponto de vista interior ao fato literário, trazendo para o campo sociológico as experiências individuais indiretas e variadas de todos os subterfúgios, achados, disfarces, fugas, simulações, etc.

Isto não quer dizer que os ensinamentos sejam despre-zados em favor da fantasia. Se as experiências literárias podem aportar alguma "lição", importa que os indivíduos reconhecem tais experiências indiretas porque, em sua engenhosidade, delas se ocupam.

►Em relação à sociologia da literatura do século XX, há um aprofundamento no individualismo para focar-se na própria individuation burguesa, na possibilidade mesma do que constitui ou diferencia um indivíduo de outro indivíduo em contexto de alienação.

Admite-se que a objetivação do humano nas estruturas correlaciona-se ao surgimento da subjetividade, como aspiração aos valores que, entretanto, restam em estado de aspiração, compreendendo uma cultura difusa, vaga, sem pertença, uma cultura que não se individualiza.

Daí a simples subjetividade como pensamento letarga-do, perplexo, chegando à ataraxia, a qual não deve ser confundida às alienações mentais subjetivas, esquizofre-nias ou delírios patogênicos em face da realidade, fre-quentemente provocados no envolvimento do indivíduo em alternativas irreconciliáveis para o sentimento de feli-cidade.

Embora haja domínio conexo entre a estética socioló-gica e as teorias metapsicológicas, o alcance crítico da sociologia literária sobressai.

Tanto que, ao pesquisar a composição romanesca em seu contexto de alienação, o sociólogo observa que a busca da individuação é colocada diante da coisificação não somente como (a) condição da ruptura libertadora – por-tanto condição negativa –, mas (b) como forma positiva, isto é, forma que torna objetivo o trauma subjetivo (torna objetiva a consciência desprovida de auto-afirmação).

Tal o sentido positivo da coisificação – formulado a-cima no "item b" – para a busca da individuação em lite-ratura romanesca: forma do caráter de mercadoria assu-mido pela relação entre os homens.

Daí a idealização de um retorno à memória da infância, que fixa um tempo perdido, quase uma tendência à in-trospecção, ao fechamento, de que nem Proust nem mesmo o freudismo escaparam.

Tanto que T. W. Adorno equiparará na arte de avant-garde a caída da consciência , uma vez desprovida de auto-afirmação em um conteúdo particular, à caída do sujeito individual como engenho , lembrando a imagem de mônada leibntziana, fechada, sem janelas, mas que, na perspectiva artística, deve ser referida ao foco irradiador da narrativa de Kafka, por exemplo, ou, no dizer mesmo de Adorno: “a mônada sem janelas prova ser lanterna mágica, mãe de todas as imagens, como em Proust e em Joyce” .


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