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A UTOPIA NEGATIVA: LEITURAS DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA

Jacob J. Lumier




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Impotência e Condicionamento

Desta sorte, a miséria como fixação racional da irra-cional relação de classes anuncia a superfluidade dessa relação mesma, a superação de seu caráter natural como ilusão na história descontrolada da humanidade, ficando a subsistência de classes para a diferenciação administrativa na distribuição do produto social.

Tal é a imagem da utopia negativa ao manter os em-briões e as crianças pequenas das castas inferiores em uma atmosfera rarefeita em oxigênio, como se os manti-vesse na mesma atmosfera dos bairros de barracos, só que construídos artificialmente.

Todavia, T.W. Adorno observa que Aldous Huxley es-tende este complexo de impotência também na classe superior: a consciência daqueles que desfrutam sua pró-pria individuação está submetida à Standardização por causa de sua identificação com o in-group, isto é, por uma sorte de identificação heteropática que, ao invés de levar aos conteúdos da consciência coletiva, levam aos juízos pelo condicionamento (conditioning), estando o grupo constituído sobre a virtude de não-entender, sobre o vazio de significação (na reflexão estético-sociológica de T.W. Adorno o déjà vu se experimenta lá onde há au-sência de significação).

A Standardização projetada na fantasia futurista valerá como quadro operativo da Crítica da Cultura em T.W. Adorno na medida em que dá contas do processus de restabelecimento da corrente mítica como decadência da fala.

O novo tabu da utopia negativa decorre de que quanto mais se converte a existência social em ideologia de si mesma, tanto mais assinala como pecador àquele cujos pensamentos se sublevam ante a idéia de que o que existe é justo precisamente pelo fato de existir.

Será dessa forma que a fantasia futurista se prestará à desarticulação ideológica, posto que a antimitológica obediência ao existente restabelece a corrente mítica. E T.W. Adorno a detecta não mais nas regras que proíbem uma conversação, mas na restrição imposta pela própria tendência objetiva afirmando a decadência da fala ela mesma. Ou seja, a Standardização projetada na fantasia futurista valerá como quadro operativo da Crítica da Cul-tura em T.W. Adorno na medida em que dá contas desse processus de restabelecimento da corrente mítica como decadência da fala.

Com efeito, segundo nosso autor a transformação vir-tual do mundo em mercadorias; a decisão prévia sobre aquilo que se pensa e se faz realizada pela máquina so-cial torna ilusória a fala. Esta é acometida de ancilose sob aquilo que no futurismo se chamaria “a maldição” do sempre igual, até reduzir-se a uma sucessão de juízos analíticos (no sentido do a-priori de Kant que reconduz a um intelecto arquétipo).

Quer dizer, a conversação na utopia negativa se refere somente ao que já está previamente relacionado no catá-logo da onipresente indústria.

Tanto que T. W. Adorno classificará de faina vazia to-do o diálogo que pretendera encontrar algo que não se soubera já: desprovido dessa idéia de que o diálogo leva a encontrar algo não já-conhecido, o próprio diálogo mos-tra-se maduro para desaparecer. A arcaica iloquacidade aparece então como a qualidade da comunhão dos perfei-tos coletivizados que, nômades com voz, prescindiriam de toda a comunicação (Cf.ib.pág. 105).

Será a este estágio da arcaica iloquacidade que T.W. Adorno se referirá em seu já mencionado ensaio sobre Kafka em termos de o permanente déjà vu, o déjà vu de todos, finalidade oculta da arte de avant-garde do grande autor judeu-alemão: “a disponibilidade, a tecnificação e a coletivização do déjà vu

(Cf.ib.pág. 269)”.


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