BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

A UTOPIA NEGATIVA: LEITURAS DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA

Jacob J. Lumier




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Futurismo e Ansiedade

Assim encontra a censura ao ideal da cultura que su-pera e hipostasia o espiritual em face da vida prática e da satisfação das necessidades, censurado por eternizar o estado da divisão do trabalho e da vida social e por des-considerar que todo o espírito e todo o espiritual estão re-feridos à existência como ao seu cumprimento, sendo im-plicitamente uma indicação para a vida prática.

No dizer de Theodor W. Adorno, nem o sonho mais ir-real deixou de compreender em si objetivamente a modi-ficação da realidade material (...); nem emoção alguma nem interioridade alguma jamais houve que não significa-ra em última instância exterioridade também (...); se lhes subtrai essa intenção, por sublimada que seja, espírito, emoção, interioridade se convertem em mera aparência e falsidade .

Quer dizer, a Crítica repele a imagem de que, por e-xemplo, a paixão shakespeareana de Romeu e Julieta, em sua interioridade, com o esquecimento de si mesma que a caracteriza, possa ser tida como mero espetáculo da alma, como um valor de filosofia idealista, um em-si autárquico. Insiste que a alusão à união física dos corpos alí expressa significa ansiedade e neste sentido é real-mente espiritualidade, pois que a noção de espírito por esta alusão está rebaixada de sua idealização.

Mas a coisa não é assim tão simples. O procedimento por seleção desenvolvido por T.W. Adorno tem em vista notadamente pôr em relevo as linhas de imaginação da nova sociedade, por mais paradoxais que possam parecer. Lembra-nos esse autor, em acordo com Herbert Marcuse, que o progressivo domínio sobre a natureza e sobre a sociedade na civilização técnica elimina toda a transcen-dência, tanto física quanto psíquica. E prossegue: “a cultu-ra em si mesma rótulo complexo de uma das faces da con-tradição, vive de não-cumprimento, nostalgia, fé, esperança, em palavra única: vive do que não é, mas que se anuncia na realidade, ainda que a cultura assim viva de infelicidade” (apud T.W. Adorno, op.cit, p.118).

Desta forma, por via da censura ora notada e para-além do confronto com a orientação de filosofia idealista, não surpreende que veja sobressair o vazio esteticamen-te relevante da fantasia futurista ao glorificar o cotidiano da vida por sua transcendência, sem notarcomo essa transcendência não descansa em si mesma, mas quer sa-tisfazer-se.

Tanto mais que neste glorificar apenas se projeta a ausência de emoção, o vazio da sexualidade fisiologica-mente limitada que caracteriza o “The Brave New World” como utopia negativa.

Vazio de sexualidade este que, portanto, é relevante para a reflexão estético-sociológica porque tem alcance na desmagização da cultura; porque destrói o encanto do mundo, o qual não pode conservar-se por si mesmo (nes-se vazio).


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