BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

A UTOPIA NEGATIVA: LEITURAS DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA

Jacob J. Lumier




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Crítica da Cultura e Surrealismo:

Para-além do Freudismo.

A "Montage" Surrealista

Mais do que uma animação psicológica, o valor estético do surrealismo deve ser buscado em relação ao problema da objetividade.

O movimento dos artistas, poetas e escritores surrea-listas mantém interesse atual na sociologia da literatura não só por haver introduzido a noção de arte de avant-garde nas primeiras décadas de um século XX em acele-rada modernização, mas, no âmbito de uma orientação para o resgate da experiência de objetos culturais antigos, por sua vinculação com a obra literária de James Joyce, divulgada na Alemanha e aparecida em versão francesa já nos começos dos anos vinte.

Sob a decadência da cultura liberal e do individualis-mo, essa identificação dos surrealistas com James Joyce pôs em relevo um contexto cultural de redução das signi-ficações estabelecidas, estimulando a reflexão estético-sociológica de pensadores como Theodor W. Adorno e Ernst Bloch, que apreciaram a relação da experiência dos objetos culturais com o surrealismo, desde o prisma da composição dos materiais artísticos e da objetividade.

Em contraste com a teoria que acentuava a suposta explicação psicológica desta arte, T.W. Adorno destaca o paradoxo de a obra de arte esperar explicação conceitual para o esquisito, para o que nela é estranho e surpreen-dente.

A explicação elimina o que necessitava ser explicado impondo o contra-senso de enquadrar o in-sólito por meio do sólito e habitual. Se acontecer de a obra de arte esperar a sua explicação é porque ela já favorece o con-formismo, mesmo se contrariamente à sua própria inten-ção.

Deste ponto de vista, nivelar o surrealismo com a teo-ria psicológica do sonho equivale a submetê-lo à vergo-nha do que já é oficial e já é aceite: não se devem tratar as ruínas do mundo no surrealismo como manifestações do inconsciente. Se assim fosse, símbolos como os de Salvador Dali nada teriam de escandaloso, mas seriam demasiado racionalistas e não passariam de projeções do complexo de Édipo ou categorias semelhantes.

Da mesma maneira, não se pode supor que na arte das “collages” e da escrita automática são os arquéti-pos de Karl Jung, que teriam encontrado sua linguagem gráfica liberada dos acréscimos do Eu consciente.

Por contra, o valor estético do surrealismo deve ser buscado em relação ao problema da objetividade em arte, e T. W. Adorno articula as suas observações em torno de uma frase atribuída ao Hegel de A Fenomenologia do Espírito, que fala da história como progresso na cons-ciência da liberdade .

A montage surrealista faz ver o paradoxo da modernidade: em vez de estar sempre sob a fixação do Sempre Igual da produção em massa, alguém pode ainda ter história.

Trata-se de mostrar que o surrealismo é toda outra coisa que não uma animação psicológica. As imagens desse movimento artístico não são neutralizadas, mas têm impacto exatamente no processus histórico, como pro-gresso na consciência da liberdade.

Se a ação ou efeito da montage como procedimento artístico do surrealismo serve-se do que é antiquado, o notável neste efeito é que acentua como sendo o parado-xo típico da modernidade o fato de, em vez de encontrar-se sempre sob a fixação do Sempre Igual da produção em massa, alguém venha ainda a ter história.


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