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A UTOPIA NEGATIVA: LEITURAS DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA

Jacob J. Lumier




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A Subjetividade da Utopia negativa e

A supressão do mito.

Com efeito, a desarticulação da imagem ideológica projetada pelo futurismo ao tratar a coisificação como profecia, como uma maldição sobre o futuro, põe em evidência a redução de espírito e natureza ao nível neutra-lizado do que é “contrário absoluto da absoluta coisifica-ção” e que norteia a configuração mesma da subjetividade estacionária na utopia negativa (Cf. Ib, pág. 105).

Nota T.W. Adorno o entendimento diferente que o tema central da filosofia burguesa assume na fantasia futurista, pelo tratamento do culto do instrumento toma-do como separado de toda a destinação objetiva, trata-mento este levando à supressão do mito.

Assim a unidade de natureza e espírito que foi conce-bida na especulação idealista como a suprema reconcilia-ção desaparece na utopia negativa, notando-se em lugar disso que espírito e natureza se aliam contra a civilização tida idealizadamente como aquela que a tudo absorve e não admite nada que não lhe seja análogo.

Quer dizer, a contraposição de espírito no sentido dos bens culturais da tradição, por um lado e, por outro lado a natureza como paisagem, isto é, imagem como criação-sem-dominar mais além da sociedade, termos esses dos quais se concebia em maneira mítica a suprema reconci-liação, simplesmente desaparecem e com isso o mito.

O Complexo de Impotência

A cultura de massa organiza o tempo livre para fazer deste um Standard do decoro infantil.

Para chegar à subjetividade estacionária da utopia ne-gativa é preciso considerar as concepções especulativas de espírito e de natureza que passam por redução, seguintes: (a) – que o espírito como espontânea e autônoma síntese da consciência só é possível na medida em que se encon-tra frente a algo não-abrangido, frente à natureza não previamente elaborada pelas categorias do conhecimento filosófico;

(b) – que somente é possível a natureza na medida em que há espírito que se sabe contrário da coisificação e a transcende em vez de feitichizar-se sumindo nela (Cf. Ib., págs. 105, 106).

O desaparecimento de ambos na utopia negativa é ob-servado na descrição do tipo de sujeito respectivo e na redução que este sujeito efetua levando os homens à impossibilidade absoluta de movimentos antes articula-dos, isto é, à ancilose.

Inclui-se nesta categoria o sujeito da atração e da cu-riosidade em face do mar que contempla sentado desde seu automóvel ouvindo ao rádio canções publicitárias. Junte-se a esta sedução negada do mar a conduta que lança no sumidouro tudo o que não corresponde aos mais recentes métodos de produção, inclusive o passado, e te-rão o esquema da subjetividade na utopia negativa, ou melhor, o esquema de uma des-subjetivação pura a que se identificam os sujeitos-objetos (a) – em sua incapaci-dade para perceber e pensar o que não é como eles mesmos; (b) - em sua auto-suficiência cega de sua pró-pria existência; (c) – em sua imposição da pura utilidade subjetiva.

Quer dizer, uma des-subjetivação identificando-se aos sujeitos-objetos do antiespírito universal assim realizado, produzidos cientificamente e limpos de todo o mito, mas que resultam infantis (Cf. Ib, pág. 106).

Na fantasia futurista observam-se dessa maneira cer-tas involuções já existentes no cotidiano da civilização técnica e da sociedade em regime avançado do capita-lismo organizado que tendem a se converter em disposi-ções com que a cultura de massa organiza o tempo livre para fazer deste um Standard do decoro infantil.

Trata-se da substituição de todos os fins por meios, substituição esta levada a cabo a partir do que T.W. A-dorno chamou como disse culto do instrumento separa-do de todo o destino objetivo, como por exemplo a "re-ligião do automóvel" (implícita publicitariamente em ou-tros tempos com FORD em vez de LORD e o signo do modelo T em lugar da cruz) incluindo a afecção fetichista em possuir perfeitos equipamentos de toda a natureza.

T.W. Adorno sublinha que essa Standardização é o sedimento mesmo da fantasia futurista. Essa fantasia estende o princípio da desmagização do mundo ao ab-surdo, tendo por motivação inicial a universal analogia de todo o produzido massivamente, coisas e homens.

Aliás, nessa analogia de coisas e homens afirmada na produção em massa, T.W. Adorno redescobre uma equi-paração com a metáfora schoppenhaueriana da fábrica da natureza preparando multidões de crianças em pares de gêmeos.

Pesadelo de infinitos sósias, essa equiparação se es-tende até a produção da consciência standardizada de inúmeros homens pela communication industry: o mun-do da fantasia futurista assenta-se na tríade “Community, Identity, Stability” (Cf. Ib, pág. 102).

Seus truques respectivos são: (a) – todo o indivíduo está incondicionalmente subordinado ao funcionamento do todo, com o “World Controller” operando no sentido de que seja impossível a alguém defrontar-se com uma questão problemática; (b) – as diferenças individuais têm sua anulação garantida pela Identity combinada à (c) – Stability, como o final de toda a dinâmica social.

A panacéia que efetua essa garantia de estática social observada sociologicamente como Standardização é o Conditioning.

Tal "condicionamento" visa à produção de determina-dos reflexos ou modos de comportamento por modifica-ções planejadas no mundo circundante, mediante o con-trole técnico das chamadas condições de vida.

A fantasia futurista estende o controle à total pré-formação do homem, desde a geração artificial dos em-briões e a direção técnica da consciência e do inconsci-ente nos primeiros estágios da vida, até o “death conditi-oning”, isto é, um training que suprime das crianças o medo da morte, com o procedimento de fazê-las contem-plar agonias ao mesmo tempo em que se as faz degustar doces para que sempre associem a idéia de morte aos mesmos.

Na utopia negativa desse mundo gerado no Conditio-ning, T.W. Adorno põe em relevo o seguinte:

(a) – que o efeito final do Conditioning como adapta-ção sobre si mesmo é a interiorização e a aprovação da pressão e da opressão sociais por cima da tradição pro-testante: “os homens se submetem a amar o que têm de fazer sem sequer saberem que isso é submissão” - assim se assegura subjetivamente sua felicidade e se preserva a ordem;

(b) – que a penetração dessa ordem torna ultrapassa-das todas as idéias de que a influência da sociedade no indivíduo seja uma influência mediada pela família do-méstica e a psicologia;

(c) – que, como filhos da sociedade no sentido mais li-teral, os homens coincidem substancialmente com ela, tornados dóceis expoentes da totalidade coletiva e estan-do condicionados socialmente, isto é, não simplesmente equiparados ao sistema dominante por um desenvolvi-mento posterior, mas numa relação eternizada em nível biológico (Cf.ib.pág.102, 103).

A interpretação crítica é de que a fantasia futurista in-dica que a reprodução da estupidez realizada antes in-conscientemente no ditame da mera miséria vital, está nas mãos da triunfal cultura de massa, uma vez eliminada aquela miséria.


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