BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

A UTOPIA NEGATIVA: LEITURAS DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA

Jacob J. Lumier




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A Ironia

Deste ponto de vista estético, se a degradação carac-terizando a busca romanesca fosse superada pelo escri-tor, se este escrevesse de um lugar para-além da busca inautêntica que lhe fornece o conteúdo, a história da de-gradação romanesca seria somente um fato diverso, ba-nal. Todavia, tal alternativa não procede, posto a ironia típica do romance, admitindo-se daí a incontestável auto-nomia do escritor a respeito dos seus personagens.

A superação pelo escritor da decadência ou degradação universal que rege o universo da criação imaginária cons-titutiva do romance não pode ser senão igualmente de-gradada, uma superação inautêntica, abstrata, conceitual, discursiva e não vivenciada como realidade concreta.

Por outras palavras, se a história da busca degradada permanece sempre a única possibilidade de exprimir as realidades essenciais – daí história – é porque a ironia do romancista alcança não somente o herói, de quem ele conhece o caráter problemático , mas alcança também o caráter abstrato (por isso insuficiente e inautêntico) da sua própria consciência. Note-se que, por valores autênti-cos devem-se compreender não os valores que o crítico literário ou o leitor estimam ser autênticos, mas aqueles que, sem serem manifestamente presentes no romance, organizam em modo implícito o conjunto do seu univer-so simbólico, valores estes que são específicos de cada romance e são diferentes de um romance para outro.

Do ponto de vista estético-sociológico não se pode al-cançar uma definição da forma romanesca sem compre-ender a ironia como afirmação da tomada de consciência do caráter inautêntico, não somente em relação à busca empreendida pelo herói, mas abrangendo toda a esperan-ça ou toda a busca possível .

O romance aparece então como um gênero literário em que os valores autênticos de que sempre trata não pode-riam estar presentes na obra sob a forma de personagens conscientes ou de realidades concretas. Esses valores só existem sob uma forma abstrata e conceitual na consci-ência do romancista, onde revestem um caráter ético.

Daí, considerando que as idéias abstratas não têm lu-gar numa obra literária romanesca, onde constituiriam um elemento heterogêneo, chega-se à formulação fundamen-tal e conclusiva seguinte: tendo em conta aquilo que na consciência do romancista é abstrato e ético, o proble-ma do romance é fazer disso o elemento essencial de uma obra onde tal realidade ética não pode existir a não ser sob o modo de uma ausência não tematizada ou de uma presença inautêntica. O romance revela-se desta forma o único gênero literário onde a ética do romancis-ta torna-se um problema estético da obra .


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