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LOGÍSTICA AGROINDUSTRIAL: DESAFIOS PARA O BRASIL NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI

Joaquim Carlos Lourenço




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Capitulo II – Fundamentação Teórica

“É a teoria que decide aquilo que podemos observar.”

Albert Einstein

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A seção apresenta o marco teórico clássico e mais recente sobre a temática logística, sob o escopo da gestão agroindustrial, um referencial teórico e bem atualizado de autores já consagrados, na literatura da logística empresarial, para um maior e mais perceptível entendimento de seus significados e extrema relevância nos processos de distribuição logística. Diversos autores conceituaram logística nos mais variados níveis, porém, as definições de alguma forma sempre estão relacionadas à distribuição, armazenamento, fluxo de produtos e informações e aos métodos de gerenciamento da cadeia de suprimentos, como pode-se observar nas sessões à seguir.

2.1 Origem e Evolução Histórica da Logística

A origem da palavra logística vem do grego “Logistikos”, do qual o latim “Logisticus” é derivado, ambos significando cálculo e raciocínio no sentido matemático. A logística teve sua origem nos primórdios, a partir das necessidades observadas pelo homem em viver em grupos que, por sua vez, se tornariam as comunidades de hoje. Mas, com o crescimento desse grupo surgiu à necessidade de suprir-lo de alimentos, com quantidades cada vez maiores, nasce, então, o abastecimento, na sequência, a embalagem, o transporte e a armazenagem. Assim, a logística como se conhece hoje é resultante de um longo processo de evolução que começou nas organizações militares.

Na área militar, a palavra logística representa a aquisição, manutenção, transporte de materiais e de pessoal, mas a logística não se limita apenas ao transporte, mas também ao suporte, preparativos administrativos, reconhecimentos e inteligência envolvidos na movimentação e sustentação das forças militares. (SANTOS et al.,2004).

O planejamento quanto ao suprimento e movimentação de tropas, entre outros, traçava os primeiros sinais logísticos, ainda que restritos ao lugar onde se travavam as batalhas. Em períodos de guerras, os exércitos tinham que movimentar grandes quantias de materiais a grandes distâncias, em que se pensava em um tempo extremamente curto. Foi aí que a logística ganhou sua importância altamente proficiente, no planejamento, direção e execução das atividades militares não abrangidas pela tática e estratégia. (DEMARIA, 2004).

O desenvolvimento da logística está intimamente ligado ao progresso das atividades militares e das necessidades resultantes das guerras. Na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), a logística teve um papel preponderante. A relevância do apoio logístico chegou a ultrapassar, em muitos casos, a dos fatores tático e estratégico. Entretanto, com o fim da Segunda Guerra Mundial, os exércitos tinham um grande contingencial de estrategistas ociosos e para não desperdiçar seus talentos, os generais agregaram esse pessoal nas empresas estatais.

Foi a partir de então, que começou a surgir a logística empresarial, que estranhamente, somente num passado bem recente é que as organizações empresariais reconheceram o aspecto vital que o gerenciamento logístico pode ter para a obtenção da vantagem competitiva. Em parte, deve-se esta falta de reconhecimento ao baixo nível de compreensão dos benefícios da logística integrada.

Contudo, segundo Segalla (2006), a crescente internacionalização da economia mundial tem levado as organizações a buscar novas abordagens para atingir maior competitividade nas operações de comércio internacional. Sem dúvida, a integração econômica e comercial entre países fomentou o fenômeno da globalização e aumentou a circulação de mercadorias, dinamizando a competitividade na troca de bens e serviços entre as nações. Com o aumento brutal da circulação de mercadorias e a pressão incessante por reduzir custos e aumentar as vendas, as empresas voltaram os olhos para a importância de desenvolver uma cadeia de suprimentos eficiente.

Surgiu, então, o conceito de logística integrada que significou considerar como elementos de um sistema todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos, desde o período de aquisição dos materiais até o ponto de consumo final; assim como os fluxos de informações que gerem os produtos em movimento. As novas tecnologias têm permitido um maior nível de automatização, integrando as atividades de concepção, produção, gerenciamento e comercialização, proporcionando às organizações uma maior produtividade e flexibilidade às mudanças. (VIEIRA NETO, 2004).

Dessa forma, a gestão das cadeias de suprimento tornou-se fundamental para a sobrevivência no mundo globalizado e exige profundas mudanças nas empresas e especialmente no ambiente de negócios onde atuam, demandando infra-estrutura, políticas públicas e competências cada vez mais adequadas ao momento atual.

Sendo que as novas exigências para a atividade logística no mundo passam pelo maior controle e identificação de oportunidades de redução de custos, redução nos prazos de entrega e aumento da qualidade no cumprimento do prazo, disponibilidade constante dos produtos, programação das entregas, facilidade na gestão dos pedidos e flexibilização da fabricação, análises de longo prazo com incrementos em inovação tecnológica, novas metodologias de custeio, novas ferramentas para redefinição de processos e adequação dos negócios.

A logística do amanhã traz em seu conteúdo o planejamento estratégico, a adoção dinâmica de novas tecnologias, parcerias e alianças e a visão futura de curto, médio e longo prazo. Hoje, quando todas as empresas buscam colocar os seus produtos ao consumidor final, de maneira competitiva e eficiente, no tempo e lugar certo, a logística se sobrepõe como elemento essencial à sobrevivência das mesmas.

2.1.1 Conceituação de Logística

O termo logística vem sendo muito utilizado ultimamente, sobretudo em função do crescimento dos centros urbanos, da distância entre os centros de produção e os de consumo, da necessidade de diminuição de custos e de perdas de produtos e da competição entre fornecedores/distribuidores. (ARAÚJO, 2005).

No Brasil, o uso do termo ainda é algo muito recente, só a partir dos anos noventa, com a abertura comercial e a desvalorização do real, o termo ganha força. Hoje, o termo logística vem sendo discutido com freqüência cada vez maior.

A logística se constitui num sistema de distribuição global, formado pelo inter-relacionamento dos diversos segmentos ou setores que a compõem. Compreende a embalagem e a armazenagem, o manuseio, a movimentação e o transporte de um modo geral, a estocagem em trânsito e todo o transporte necessário, a recepção, o acondicionamento e a manipulação final, isto é, até o local de utilização do produto pelo cliente. (MOURA, 1998, p. 51).

Corroborando com esse pensamento, a enciclopédia eletrônica Wikipédia (2006), descreve a logística como um conjunto de planejamento, operação e controle do fluxo de materiais, mercadorias, serviços e informações da empresa, integrando e racionalizando as funções sistêmicas desde a produção até à entrega, assegurando vantagens competitivas na cadeia de abastecimento e a conseqüente satisfação dos clientes.

Já para Novaes (2001), logística é o processo de planejar, implementar e controlar eficientemente o custo correto, o fluxo e armazenagem de matérias-primas, estoques durante a produção e produtos acabados, e as informações relativas a essas atividades, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender aos requisitos do cliente.

O planejamento logístico busca, de um lado, otimizar as atividades da empresa de forma a gerar retorno através de uma melhoria no nível de serviço a ser oferecido ao cliente e, de outro lado, prover a empresa de condições para competir no mercado, por exemplo, através da redução dos custos.

De acordo com Christopher (2001), a logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, a movimentação e a armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de informações correlatas), por meio da organização e de seus canais de marketing, de modo a maximizar, pelo atendimento dos pedidos a baixo custo, a lucratividade presente e futura.

A logística se caracteriza como um novo campo de gestão integrada, comparativamente com as tradicionais finanças, marketing e produção e as empresas têm se engajado continuamente nas atividades de movimentação e armazenamento.

A novidade resulta no conceito de gerenciamento coordenado das atividades relacionadas, em vez de praticadas separadamente e no conceito de que logística agrega valor ao produto e aos serviços. (BALLOU, 2001).

Para Lambert et al (1998), a integração de todas as áreas gerenciais da empresa com a logística é de fundamental importância para a empresa. O gerenciamento logístico, tendo a contribuição das pessoas, dos recursos naturais, financeiros e de informação, interage com as ações gerenciais, buscando desenvolver de maneira eficiente e eficaz as atividades logísticas, com o objetivo de prover a empresa de vantagem competitiva, agregar valor aos produtos e atender, assim, às necessidades dos clientes. Contribuindo com tal raciocínio, Porter (1999) destaca que o levantamento de informações sobre o mercado no qual a empresa está inserida e suas respectivas necessidades são de grande validade no processo de planejamento da mesma, bem como, na definição de como serão utilizados os recursos disponíveis, alocando-os da melhor maneira possível.

Essa mesma lógica aplica-se, também, a qualquer empresa, sempre na busca de melhor gestão e da realização em termos de eficiência e de eficácia no fluxo de insumos e de produtos.

Nesse sentido, a logística é um modo de gestão que cuida especialmente da movimentação dos produtos, nos diversos segmentos dentro de toda a cadeia produtiva de qualquer produto, inclusive nas diferentes cadeias produtivas do agronegócio. Assim, envolve o conjunto de fluxos dos produtos em todas as atividades a montante, durante o processo produtivo, e a jusante, como todo o conjunto de atividades relacionadas a suprimentos, às operações de apoio aos processos produtivos e às atividades voltadas para a distribuição física dos produtos na comercialização, como armazenagem, transporte e formas de distribuição dos mesmos.

Conforme Ballou (2001), a logística agroindustrial é o processo de planejamento, implementação e o controle do fluxo e armazenagem eficientes e de baixo custo de matérias-primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do cliente.

Já para Glugoski (2008), logística é a forma racional e econômica de fazer com que produtos cheguem ao lugar certo, na hora certa e em condições adequadas. Uma definição um pouco mais complexa leva em conta a preocupação da logística com o planejamento e operação de sistemas físicos, informacionais e gerenciais necessários para que insumos e produtos vençam condicionantes especiais e temporais de forma econômica.

Seja qual for a definição, a novidade na logística agroindustrial é o cuidado com a integração entre as diversas atividades. Não tem sentido uma logística especializada exclusivamente na movimentação de produtos; é necessário que também se preocupe, e de forma integrada, com a aquisição de insumos, por exemplo. Um caso clássico: a soja. Ela pede uma logística adequada para a produção, para os insumos (fertilizantes, defensivos, maquinário), para movimentação e para exportação.

Sendo assim, de acordo com Glugoski (2008), não convém fechar grandes contratos no exterior se o campo não está pronto. O gestor tem que fazer bom uso dos diversos sistemas de que dispõe. Outro exemplo que Caixeta Filho (2001) cita, é que o armazém é um sistema físico, mas a decisão sobre armazenar agora ou depois, vender agora ou depois, faz enorme diferença para a logística e ao atendimento ao cliente mais à frente. Dessa forma, percebe-se como a logística supõe a integração entre as atividades.

Slack (1999) conclui que a logística integrada, ou seja, a gestão do suprimento dos materiais e da distribuição de produtos, batizada de Supply Chain Management (SCM) ou administração da cadeia de suprimentos, é a técnica de levar produtos e serviços dos pontos de origem aos pontos de destino, enquanto logística é mais comumente usada para designar apenas a distribuição de produtos.

A cadeia de suprimentos é definida por Arnold (1999) como a cadeia completa do suprimento de matérias-primas, manufatura, montagem e distribuição ao consumidor final. Assim, a cadeia de suprimento inclui todas as atividades e processos necessários para fornecer um produto ou serviço a um consumidor final, ou seja, os elementos básicos são os mesmos: suprimento, produção e distribuição.

Em linhas gerais, pode-se dizer que a logística está presente em todas as atividades de uma empresa. A logística começa pela necessidade do cliente. Sem essa necessidade, não há movimento de produção e entrega.


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