BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

ENERGIA SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE

Yolanda Vieira de Abreu y otros




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7.3 Panorama sobre o padrão de consumo e desenvolvimento capitalista

Atualmente vivemos em um período de crise estrutural, tanto social, como política, moral, ambiental, econômica. Essa crise é derivada do tipo de desenvolvimento e de política implantados após a Segunda Guerra Mundial, principalmente nos países em desenvolvimento, e se caracteriza pela falta de limites físico, político e econômico, premiando o individualismo a as leis de mercado. Esse conjunto de características traz em seu bojo a injustiça social, uma maior distância entre pobres e ricos, a corrupção política e a falta de ética onde “tudo esta a venda”. Em um ambiente com essas características, as pessoas se fecham cada vez mais e vivem com medo do próximo, o Estado, por sua vez, capturado pelo setor privado, prioriza as políticas macroeconômicas e as que satisfazem ou perpetuam as leis de mercado, esquecendo-se do social.

Dentro deste contexto histórico, as mudanças que serão necessárias para que a sociedade contemporânea possa enfrentar o desafio ambiental e social, passam pelas transformações dos seus valores individuais e social, como também pela imposição de limites e regulamentação do mercado.

Os novos valores sociais, econômicos, políticos, científicos etc, deveriam ser divididos em duas partes:

* os valores universais e

* os valores individuais

Nos valores universais poderiam incluir o respeito à vida, de modo geral, ao meio ambiente, às minorias étnicas, determinariam também um código de ética a ser seguido, relacionadas as condições de vida no Planeta Terra (direito de poluir a Terra através de guerras; a explorar o universo; de fazer testes com seres humanos e animais, determinando mutações nesses seres; etc.). Os valores individuais poderiam ser repensados pela sociedade, respeitando as diferenças individuais. Deveria ser transformado o conceito de “status” na sociedade, repensar o significado de “ter mais para o ser mais”. A busca incessante de bens de consumo não tem contribuído para a preservação e a melhoria da espécie humana. Na elaboração de qualquer um desses dois valores, devem ser levados em conta as diferenças culturais, religiosas, raciais, regionais e do patamar de desenvolvimento.

Portanto, é muito importante e necessário reavaliar os valores da sociedade capitalista ocidentais. Esses valores têm levado a um consumismo desenfreado e ao individualismo. Tal comportamento obteve como resultado: a degradação do ser humano social, do ambiental e ao intenso uso dos recursos naturais. Porém, esse padrão de consumo tem se difundido com rapidez depois da Segunda Guerra Mundial a partir dos países capitalistas desenvolvidos para os países em desenvolvimento. Isso tem causado grandes distorções nos processos de industrialização e de consumo dos países periféricos. No entanto, o padrão de consumo nestes últimos ainda não pesa muito, porque a maior parte da população que está excluída do mercado. Porém, caso fosse expandido o padrão de consumo, com a mesma intensidade dos norte-americanos para todos outros países, em poucos anos os recursos naturais teriam se exauridos, o que colocaria em risco a própria vida na Terra.

A imposição de limites físicos, econômicos e políticos, deve ser determinada de modo a não permitir a exploração dos recursos naturais de modo insustentável. Esse item é contestado por alguns tecnocratas que defendem o desenvolvimento tecnológico. Para esses, a tecnologia poderia solucionar os problemas futuros advindos da exploração e extinção dos recursos naturais e da poluição proporcionada por eles. No entanto, os limites devem ser estudados, implantados e monitorados pelo Estado e pelas ONGs. Quando se fala de meio ambiente e de recursos naturais o melhor é usar a lei da precaução.

A imposição de limites é muito importante, principalmente, quando se trata da civilização ocidental, que a partir de certo ponto de sua evolução, ajudada pelo seu modo judaico/cristão de ver o mundo, assumiu que o homem era o centro do universo e tudo que existia no planeta tinha sido criado para servi-lo. Esse sentimento contribuiu para o desenvolvimento tecnológico desde a Revolução Industrial até os nossos dias. Contudo, hoje quando se contabiliza o saldo positivo e negativo dessa evolução, em relação ao meio ambiente e aos recursos naturais, tem-se certeza que precisamos considerar a preservação e a sustentabilidade do planeta, em qualquer projeto de desenvolvimento.

O avanço tecnológico teve como consequência um crescimento desenfreado da população, do consumo, da degradação do meio ambiente, do uso excessivo dos recursos naturais, que no futuro pode destruir seu próprio criador - o homem. Não é necessário ser contra a tecnologia, porém esta deve ser desenvolvida com a finalidade de contribuir para facilitar a vida do homem de hoje e garantir a qualidade de vida da futura geração. Deve ser direcionada também com o objetivo de preservar o meio ambiente e economizar recursos naturais (aumentar a eficiência com que os materiais e a energia são utilizados). O sistema capitalista pode absorver as exigências de limites. No entanto, atualmente, este gostaria que fosse a seu modo, através dos preços e do mercado, e não pela mudanças de valores. Uma vez que as externalidades precificadas, significaria custos para os capitalista, que começariam a pensar em desenvolver tecnologia que os ajudassem a preservar o meio ambiente.

O capitalismo, através dos meios de comunicação e de outros meios, leva seus costumes e estilo de vida aos países periféricos, que por fim adotam um tipo de desenvolvimento que é totalmente incompatível com sua realidade. Esse sistema ao invés de incentivar a produção de bens de consumo, que podem ser adquiridos por muitos e implantar políticas de redistribuirão de renda a fim de diminuir a miséria, prefere continuar incentivando a produção dos bens suntuosos e descartáveis para poucos. Depois, esses poucos consumidores não podem sair às ruas, porque tem uma multidão de miseráveis que os assustam.

O sistema capitalista está em uma encruzilhada: ou ele redefine seu comportamento e veste uma nova roupagem, permite o acesso das populações excluídas do mercado aos bens essenciais, ou entrará em um desequilíbrio cada vez maior, não podendo prever os resultados.

Multidões de miseráveis não hesitarão em tentar salvar suas vidas como puderem. Tais ações já podem ver nas ruas das grandes cidades. Por exemplo, na Suíça, onde a ordem e a segurança era quase total em décadas anteriores, hoje já se pode ver cartaz instruindo os cidadãos a segurarem suas bolsas, notícias nos jornais de roubos de lojas etc., por causa da miséria e da guerra nos países vizinhos, pessoas entram no país clandestinamente e tentam salvar suas vidas e de seus parentes a qualquer custo. Algumas vezes estes cidadãos aos serem presos conseguem uma qualidade de vida melhor dentro das prisões de países como a União Européia, os países escandinavos e outros, do que se tivessem livres em um país em desenvolvimento ou subdesenvolvido.

A questão do meio ambiente traz à consciência de que o Planeta Terra é um só, não existe divisão entre Norte e Sul. Caso os homens continuem insistindo em explorar os recursos naturais até sua exaustão e degradar a natureza, todos os habitantes do planeta sofrerão as conseqüências. Aqui, infelizmente, estarão também incluídos aqueles que não contribuíram para sua degradação. Por isso, creio que haverá muita pressão, dentro e fora dos países desenvolvidos para que desenvolvam um novo estilo de vida e de valores.

7.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A questão ambiental é real e urgente, mesmo os que acreditam que a tecnologia pode substituir a falta de recursos naturais compreendem que as conseqüências ambientais, dos seus efeitos em cadeia, do uso intensivo dos recursos naturais, dos combustíveis fosseis e de outras ações, não podem ser revertidas automaticamente e nem no curto prazo. A prevenção e o uso eficiente dos recursos naturais ainda são a saída imediata e depois o desenvolvimento de um novo padrão de consumo e de comportamento individual e de toda a sociedade poderá ser a solução.

Portanto, uma política efetiva de ação para enfrentar os desafios ambientais e sociais, necessariamente, tem que ser de longo prazo, incluir a ideia que o novo estilo de desenvolvimento deve ser pensado localmente, tendo uma visão global dos resultados que podem ser obtidos, a partir da interação do Estado, das ONGs e da população, para que seja legitimado e bem sucedido.

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