RACIONAMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA DE 2001: O ESTADO DO TOCANTINS
Yolanda Vieira de Abreu y Marcelo Romão Manhães de Azevedo
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O crescimento econômico brasileiro foi acentuado ao longo do século passado. Entre a era Dutra até o governo de FHC o país passou de primário-exportador para um país industrializado e moderno. Os projetos de industrialização urbana e rural desenvolvidos culminaram em um aumento substancial da complexidade da economia doméstica. Foram implantadas as indústrias de base (siderúrgica, petroquímica, mineração, cimento, papel e celulose, etc.), dando início à cadeia de produção de diversos bens finais, como automóveis, máquinas e equipamentos, plásticos, vestuário, eletroeletrônicos, etc.
Este processo foi acompanhado por um aumento da demanda de infra-estrutura de transporte de bens e pessoas, telecomunicações, energia elétrica, saneamento básico, saúde e habitação, assim como por um aumento da dívida externa e de um processo inflacionário. Somente com a implantação da moeda Real os preços foram estabilizados e a população agora retomava a assimilação do seu poder de compra. Esta mesma estabilização de preços, aliada ao aumento da renda familiar real e à disponibilidade de créditos com períodos para pagamentos mais longos ao consumidor para a compra de eletrodomésticos, contribuiu para aumentar as vendas destes produtos. Desta forma, entre 1995 e 2001 houve o aumento mais acentuado de demanda de eletricidade já visto desde 1970 e, somado à falta de investimentos no setor e a uma hidrologia bastante adversa desde 1996, provocou a falta de abastecimento de energia elétrica e no racionamento em 2001, acarretando uma redução permanente na curva de consumo de eletricidade.
De forma semelhante no Estado do Tocantins ocorreu este processo de aumento da demanda residencial de eletricidade. A implantação do Plano Real trouxe a estabilidade de preços, maior facilidade de crédito ao consumidor, aumento do poder aquisitivo da população e, como conseqüências destes fatores, o aumento do consumo de eletrodomésticos. A combinação destes fatores resultou em um aumento da taxa do consumo residencial de eletricidade 44% superior ao aumento da taxa do crescimento do número de domicílios particulares no período de 1995 a 2002. O quadro econômico propiciou o aumento das aquisições de rádios, televisões e geladeiras como influência da queda do índice de preço real de eletrodomésticos e a disponibilidade de crédito ao consumidor com prazos mais longos. Este quadro trouxe maior conforto e comodidade às famílias brasileiras. A crise de abastecimento e o racionamento de energia elétrica em alguns períodos fizeram com que o governo federal enfrentasse o problema com maior planejamento e investimentos para o setor de energia. Os últimos investimentos neste setor tinham sido realizados no II PND e vinham garantindo o crescimento econômico e social até a década de 1990. Porém, quando houve um novo processo de crescimento, desenvolvimento e melhoria do poder aquisitivo da população, percebeu-se um déficit acumulado neste setor devido a quantidades insuficientes de investimentos. Tal deficiência se deu nas áreas de transmissão e geração, sendo que a primeira apresentou o maior déficit e urgência na sua adequação. A partir deste momento percebeu-se que o setor precisava voltar a ter um planejamento a longo prazo, em nível nacional, conduzido pelo Estado.