BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

VISÕES SOBRE A ECONOMIA COLONIAL: A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO

Yolanda Vieira de Abreu y Carlos Alexandre Aires Barros


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4.1.2.3 O negro na economia mineira: maior mobilidade social

A descoberta de ouro nas Minas no final do século XVII, mais precisamente na região de Vila Rica (atualmente Ouro Preto - MG), despertou o interesse da metrópole em estabelecer uma política de exploração do minério por intermédio de uma estrutura administrativa opressiva. Na concepção de Prado Júnior (2006, p.169) a mineração faz parte do projeto colonizador metropolitano.

A mão de obra utilizada nas minas era de origem africana. Seguindo o exemplo da economia açucareira, nas minas a demanda por escravo aumentava, ao passo que migraram muitos escravos do nordeste para a região mineira, além, obviamente dos escravos trazidos diretamente da África via tráfico.

Furtado (1995) diz que em nenhum momento a população escrava tornou-se a maioria da população. Porém, na região mineira, a forma como se organizou o trabalho permitiu ao escravo uma maior iniciativa, além de circular num meio social mais complexo. Além disso, muitos escravos trabalhavam por conta própria, repassando ao seu senhor uma quantia fixa periodicamente. Dessa forma, como acumulava um excedente, o escravo poderia comprar sua liberdade com o excedente que produzia.

O trabalho do escravo mineiro era penoso. Passava boa parte do tempo “curvado em dois (...) mantendo os pés dentro d´água”. Havia situações em que o escravo mais jovem, pelo fato de estar em fase de crescimento, acabava por tornar-se “cambaio” , isto é, deformado por toda vida. Mattoso (2003) afirma que o trabalho nos garimpos era tão duro quanto nas fazendas para o escravo.

A exploração do ouro nas Minas dependia da quantidade de escravos. O senhor que tivesse o maior número de escravos conseguia as melhores “datas”, isto é, os lotes de terreno aurífero. Prado Júnior (2006, p.175) afirma que ao se descobrir uma jazida, o fato era comunicado às autoridades da Intendência de Minas para que esta pudesse distribuir as datas, segundo o critério de sorte e número de escravos. A Fazenda Real concedia o primeiro lote ao descobridor da jazida e depois separava para si uma data que posteriormente seria vendida. Em seguida, eram repartidas as outras datas entre os demais senhores proprietários de escravos.

Por volta de 1760, a região mineira alcançou seu ponto máximo em termos de produção e exportação de ouro. Furtado (1995, p.78) diz que nesse período o volume de exportação de ouro atingiu “2,5 milhões de libras”. A renda nacional atingiu cerca de “3,6 milhões de libras na etapa da grande prosperidade”. A década do auge do ouro na região das Minas foi entre 1750 e 1760, que em média exportava 2 milhões de libras.

Analisando a economia mineira sob a perspectiva do “sentido da colonização”, o economista Furtado (1995, p.78-79) considera que a renda média dessa região era inferior à da região açucareira, no entanto, a renda na região mineira estava menos concentrada, potencializando o surgimento de um mercado interno, principalmente de produtos de consumo.

Havia uma diferença na pauta de consumo das regiões; enquanto no nordeste açucareiro se consumia toda a renda com artigos de luxo, oriundos da metrópole, nas Minas imperava a aquisição de bens de consumo, devido a população livre ser maior e com menor concentração de renda. Acrescenta-se a isso que “esse conjunto de circunstâncias tornava a região mineira muito mais propícia ao desenvolvimento de atividades ligadas ao mercado interno” (Furtado, 1995, p.78-79). Todavia, o “desenvolvimento endógeno”, isto é, a existência de um mercado interno na colônia foi praticamente nula, conclui o economista paraibano.


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