BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales


NOVAS TRAJETÓRIAS ENERGÉTICAS

Sinclair Mallet Guy Guerra y Mariana Pedrosa Gonzalez



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O GOVERNO OBAMA E SEUS DILEMAS EM FACE DA QUESTÃO ENERGÉTICA.

José Alexandre Altahyde Hage
Sinclair Mallet Guy Guerra

RESUMO

Este artigo tenciona analisar três aspectos da política internacional que se interligam: 1 - a crise econômica internacional; 2 - o intuito do governo Obama para diversificar sua matriz energética e; 3 - o possível papel a ser representado pelo Brasil como exportador de energia. Três fatores que podem contribuir para o equilíbrio político-econômico se forem apresentados como programa legítimo, mas também pode intensificar mais uma crise em virtude de se tratar de temas de grande relevância para os Estados, como energia.

Palavras-Chave: Governo Obama, Governo Lula, Etanol, Energia.

ABSTRACT

This paper intents to analyse three aspects belong to international politics that have interchange: 1 - The international economic crises; 2 - The goal of the obama's government to change the american matrix energy and; 3 - The possible Brazilian role in the international issue energy with exporting of ethanol. Three important aspects to international economic balance. But the question has yet to be observed by legitime to Obama's choice because the presidential program can help the system, overall in energy but can also to make problems, for example, with coal choice.

Key-Words: Obama's Government, Lula's Government, Ethanol, Energy.

QUESTÃO AMERICANA QUE TOCA AO BRASIL

Classicamente os Estados nacionais sempre se empenharam para manter sua existência no sistema internacional considerando, para tal, a regularidade de insumos energéticos, sobretudo de hidrocarbonetos que tanta importância guarda para a consecução política e econômica dos países no decorrer do século XX, como bem avalia Raymond Aron que vê os Estados como “unidades políticas” prontas para valorizar sua soberania e afastar os riscos e ameaças (Aron, 1986). Sendo praticamente o eixo sobre o qual se eleva a moderna economia industrial o petróleo, gás natural e outros passaram a ser disputados entre Estados rivais ou divididos por meio de acordos diplomáticos quando há cooperação internacional.

A dramatização política por que passam grandes regiões petrolíferas, Oriente Médio, África Ocidental e Ásia Central não é desprovida de razão. Na atualidade, elas são os grandes núcleos de exploração de hidrocarbonetos, responsáveis por mais de 70% de toda a produção mundial. Esses dados podem ser encontrados na Agência Internacional de Energia.

Por isso, não é de se estranhar o interesse que os Estados Unidos, Rússia e China, os denominados great players da política internacional têm naquela região do Globo. Não há como ignorar que a saúde política e econômica dessas potências depende, em algum grau, da segurança energética que saem das negociações e da presença política que Moscou, Washington e Pequim conseguem conservar nas áreas de prospecção – o que resulta em conflitos diferenciados.

Ainda que de forma muito limitada, não há dúvida de que a ascensão lenta, mas progressiva, dos combustíveis renováveis, etanol à primeira vista, pode alterar a forma como se desenha a matriz energética mundial, altamente ligada aos combustíveis fósseis e seus derivados. Matriz que, de acordo com Vidal e Vasconcellos é mantida politicamente pelas grandes potências. (Vidal e Vasconcellos, 1998).

Por ser o maior consumidor mundial de energia os Estados Unidos procuram obter segurança energética de modo contínuo e sem deixar de considerar que se trata de questão estratégica, de poder político, e não apenas algo que fica ao gosto do mercado e seus agentes operacionais. Contrariando a máxima de que petróleo é apenas um bem negociável em bolsa de valores, semelhante a ferro, milho e outros, Peter Gowan é da opinião de que conflitos considerados “apolíticos” expressam justamente a politização que o tema tem para a economia mundial. Jogo pesado, disputas cujas regras são turvas e violência são constantes nos negócios do petróleo, sendo a globalização uma das formas de manter esse jogo. (Gowan, 2003).

Para escapar do progressivo uso da realpolitik que passara a ser empregado nas zonas produtivas de petróleo, o que fora feito pelo ex-presidente norte-americano George W. Bush, a nova administração da Casa Branca procura outorgar uma linha soft power à Secretaria de Estado. Vale dizer, menos poder militar e mais persuasão; menos violência e mais acordo. Por conseguinte, isso faz com que o presidente Barack Obama enverede por caminhos que levam ao melhor relacionamento com regiões negligenciadas anteriormente, o que vale para a América Latina, com suas reservas de energia que passam a ser ainda mais relevantes. Crise financeira e consecução energética são um impulso para os Estados Unidos e sua nova política.

Por isso, pode se compreender o interesse do presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva nos assuntos de Washington, para dialogar com seu colega Barack Obama sobre a crise financeira que assola o sistema econômico internacional, desde setembro de 2008, e o objetivo de contribuir para que se encontrem meios para sair da turbulência que assola todo o sistema. Sem dúvida, algo que interessa profundamente ao Brasil e, não menos, à nova administração da Casa Branca, visto que a economia de massa, razão de ser da ordem de mercado, e do pleno emprego, depende amplamente de crédito irrestrito para todas as camadas sociais.

Mais do que isso. Como já havia reparado o grande brasileiro Celso Furtado o equilíbrio do sistema produtivo atual, o capitalismo, só consegue ser mantido por meio de dois vetores, o desperdício em forma de alto consumo e a abundância de matérias-primas, inclusive energéticas. (Furtado, 1992). Claro, mesmo com toda a dramatização que os combustíveis fósseis provoca no sistema internacional, por si mesmo conflituoso, sua regular produção e comercialização promovem esse equilíbrio tão caro para as economias nacionais que vivem do consumo de massa, sobretudo os países industrializados, Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão.

Daí o apego que as potências industrializadas têm pelos hidrocarbonetos, considerando que sua riqueza, desenvolvimento e bem-estar social são muito dependentes do consumo de petróleo. E a boa exploração dessa matéria-prima se dá à medida que esses mesmos países conseguem coordenar duas situações primordiais para sua preeminência no sistema econômico e político internacional: 1- influenciar no processo de negociação nas praças internacionais mais bem situadas politicamente, Nova Iorque e Londres. 2 – obter controlar na exploração na produção do petróleo sob o ponto-de-vista geopolítico (Gowan, 2003). Isso pode ser percebido pela articulação que o poder naval norte-americano procura ter nas áreas mais delicadas politicamente nas proximidades das zonas de exploração e transporte, como Canal de Suez.

Por outro lado, embora o governo brasileiro possa se arrogar de ter construído medidas que ajudam o Estado a resistir à crise financeira, por exemplo, as formas de coordenação bancária que permitem maior participação do Banco Central no cotidiano do mercado financeiro, não há dúvidas de que o pronto restabelecimento da economia internacional, ao menos dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, daria grande ânimo à elevação industrial e da economia brasileira.

Isto porque os Estados Unidos perderam por volta de 10% de sua riqueza em virtude de solvências bancárias. Situação que já havia feito com que o ex-presidente George W. Bush aplicasse, em 2008, mais de US$ 600 bilhões para consertar o sistema financeiro sobre o qual o país havia apostado sua nova projeção de poder em companhia do Reino Unido, de Margaret Tatcher a Gordon Brown. Os Estados Unidos e o Reino Unido preferiram deixar a produção, o aspecto físico da economia, em segundo plano, para privilegiar setor que envolve alta tecnologia da informação e da comunicação, fornecendo facilidades bancárias e crédito a quase todos os Estados.

É fato que o papel desempenhado pelos Estados Unidos não é solitário dentro desse imbróglio. O Reino Unido tem sua participação como sócio. A projeção de poder das duas potências por meio do mercado financeiro e da tecnologia, desenvolvida para ocupar esse espaço, foi bem analisada por dois importantes analistas do tema, Peter Gowan (2003) e John Gray (1999).

Essa transformação político-econômica, tanto dos Estados Unidos quanto do Reino Unido, pode ser interpretada como uma das formas de expressão da globalização que abarca todo o sistema econômico internacional sendo que nele os países fazem papel de cliente do grande conjunto bancário que aposta no crédito fácil para manter a estabilidade. De fato, o crédito abundante não deixa de ser relevante em vista do modelo de atuação econômica adotado por Nova Iorque e Londres, as duas mais importantes praças internacionais do mercado financeiro.

Vale dizer, economia aberta que as duas potências adotaram e influenciaram outros países; De fato, sem desconhecer as resistências nacionais que os governos locais procuram adotar para neutralizar os efeitos dessa conjugação econômica e financeira, como o Japão e a Índia. Se não procuraram resistir pelos efeitos econômicos que fosse, então, pelo aspecto cultural e político. Mesmo assim, não há como ignorar que a crise promoveu retrocessos até em Estados que se esforçaram por relativa distância em relação aos grandes centros financeiros globais.

Assim, o governo do presidente Lula faz questão de sublinhar que a posição brasileira no sistema econômico internacional é diferente, tem mais qualidade, uma vez que o País não faz parte da atual crise em condição subalterna e recorrente ao Fundo Monetário Internacional, como foi nos anos 1990, na crise asiática e russa. A atual situação, para o governo federal, é imbuída de amor-próprio e vontade nacional para apresentar saídas para os problemas que perturbam praticamente todo o mundo. No lugar de sofrer em virtude de erros alheios, o Estado brasileiro é tido por modelo de resistência e sabedoria em política econômica.

Mas há também outro tema, não divorciado do primeiro, que também impulsiona o governo Lula a procurar Washington: a posição energética que toca os interesses dos dois países. Desde a visita de Bush ao Brasil, em 2007, Brasília tem a intenção de aumentar a venda de etanol, álcool de cana-de-açúcar, para a economia norte-americana e procurar tirar vantagem da pujança industrial daquela potência, o que elevaria substancialmente os ganhos econômicos do setor sucroalcooleiro nacional. Por isso, o clamor para que a economia daquele país volte a crescer.

Considerando a máxima ricardiana, das vantagens comparativas, o Brasil teria grande possibilidade de aumentar tanto sua riqueza quanto sua participação econômica internacional como fornecedor de combustíveis renováveis e, para isso, teria de convencer o bloco de poder americano a abrir mão de medidas protecionistas a favor de produtores de etanol de milho que, embora renovável, é altamente custoso e menos eficiente que o parente de cana-de-açúcar. Aqui reside o imbróglio, uma vez que geralmente os governos das potências industrializadas costumam ser mais sensíveis às pressões dos grupos organizados domesticamente, sindicados e outros. E isso vale tanto para os Estados Unidos quanto para a Europa Ocidental.


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