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INFRA-ESTRUTURAS EM ENERGIA E TRANSPORTES E CRESCIMENTO ECONÔMICO NA CHINA

Elias Marco Khalil Jabbour



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I.1.3.2 – A supercapacidade instalada, deflação e a relação entre equidade e eficiência na China

A observação dura feita por Zhu Rhongji, acerca da fraqueza existente na demanda mercantil é mais um reflexo, aberto pela crise financeira asiática. Nesta direção, dados apontam para a ocorrência de deflação na China nos anos finais da década de 1990.

Pois bem, com informação dada pelo prof. Belluzzo em sua entrevista a nós concedida, sobre uma das características das reformas econômicas chinesas ter sido a anterior construção de capacidade produtiva, podemos muito bem casar tal idéia de capacidade ociosa e pequena magnitude do mercado interno com a decorrência de deflação na China.

O professor do Departamento de Ciência Política do MIT (EUA), Zhiyuan Cui, aponta para o fato de a China desde 1994 ter entrado em um processo de superprodução caracterizado pela transferência cada vez maior de recursos para a especulação no mercado de ações em detrimento de empresas 25.

O índice de utilização de capacidade produtiva utilizada em 35 importantes produtos segue na tabela abaixo:

Produtos (%) Taxa de utilização da capacidade Algodão estampado e tingido 23,6 Ácido sulfúrico 84,7 Ácido nítrico 69,6 Tintas 48,7 Corantes 88,3 Plásticos 77,1 Polímero sintético 77,9 Detergentes 60,4 Pneus 54,7 Câmaras de ar 37,4 Cimento 80 Chapas de vidro 84,2 Produtos de aço 60 Caldeiras industriais 8,5 Motores de combustão interna 43,9 Turbinas a vapor 10 Ferramentas industriais 45,8 Maquinaria de fundição e prensa 51,2 Equipamento de refinação de petróleo 17,9 Empilhadeiras 39,8 Suspensões 34,7 Veículos automotivos 44,2 Automóveis 64,9 Motocicletas 55,4 Câmaras portáteis 13

Ora, para a utilização plena dessa capacidade produtiva, faz-se necessário uma real demanda interna. Outro elemento que se alia com o exposto acima e o fenômeno deflacionário é o declínio real da taxa de rendimento agrícola. A tabela abaixo expõe as conseqüências do declínio da renda rural na estagnação da taxa de crescimento do varejo rural:

Os dados expostos nessas duas últimas tabelas demonstram a ainda fragilidade (apesar dos avanços e enorme potencial) do mercado interno chinês e a lacuna cada vez maior entre o litoral e o interior do país, mas demonstra que a liberalização dos preços de produtos de primeira necessidade, aliada a fatores de ordem natural (desgaste do solo, por exemplo), foi determinante na queda da renda camponesa na década de 1990 26.

Ora, dessa forma configuram-se elementos pré-estabelecidos para o enfrentamento de contradições de ordem econômica. Desde Marx, passando por Keynes e Schumpeter, sabemos que o processo de desenvolvimento econômico é marcado necessariamente pela transferência de recursos ociosos de uma determinada cadeia produtiva para setores com estrangulamento, gerando, assim, efeitos multiplicadores. Mas neste caso clássico, chamado por Ignácio Rangel 27 de dialética da capacidade ociosa, onde se encontram o capital ocioso e os pontos de estrangulamento? E qual o elemento de síntese para o enfrentamento deste problema?

A capacidade ociosa dessas empresas por seu caráter de capital constante não deixa de ser capital, mesmo que inativa (capacidade ociosa é poupança potencial); contudo, pontos de estrangulamento na economia são visíveis na questão energética e de transportes, e o desenvolvimento do oeste pobre do país abre possibilidades para um desenvolvimento de longo prazo. A questão síntese é se a China tem aparelhado um sistema de intermediação financeira pronto para carrear recursos desses setores estrangulados para outros com ociosidade.

Como já dissemos, a China ao longo de 26 anos de reforma e abertura de sua economia, criou condições objetivas para esse tipo de enfrentamento, seja na construção de um mercado de capitais razoavelmente desenvolvido, seja com o desenvolvimento de bancos estatais de desenvolvimento. Sua última cartada nesse sentido foi a centralização do sistema tributário que já em 2003 foi responsável por aumento na arrecadação fiscal em 17% com relação ao ano anterior. E, ainda em 2002 o volume de investimentos em ativos fixos aplicados pelas estatais foi de US$ 325 bilhões – um aumento de 23% em relação a 2001. De tais investimentos, 52% corresponderam a infra-estruturas, sendo 63% destes no oeste do país.

Ainda acerca da problemática do financiamento do desenvolvimento econômico na China, fica o papel desempenhado pela emissão de bônus do tesouro e relatado abaixo pelo então vice-primeiro-ministro e diretor da Comissão Estatal de Desenvolvimento e Planejamento, Zheng Peiyan:

“(...) com a emissão de bônus do tesouro, nos últimos 4 anos (1998-2002) na China foram construídos cerca de 10.000 projetos favoráveis à demanda interna e ao reajustamento estrutural, que desempenham grande papel na resistência à crise financeira asiática e ao impacto acarretado pelo desaceleramento econômico mundial.(...) acelerou-se a construção de instalações infra-estruturais, promoveu a transformação técnica da indústria e o desenvolvimento do oeste (...) Vale ressaltar que, entre 1998 e 2002, foram emitidos cerca de US$ 82,5 bilhões em bônus do tesouro nacional, com aumento anual de 1,5% a 2%. De imediato, podemos citar, como resultado disso, a conclusão da reforma de toda rede elétrica nas zonas rurais de 1916 distritos do centro e do oeste” 29 A já dita questão do crédito volta à tona e ela não pode ser “desplugada” de outro elemento que devemos ter sempre em mente: as inúmeras reservas de mercado em todos os setores possíveis da economia chinesa, o que demanda créditos voltados para setores com alto índice de liquidez, como naqueles vinculados aos setores de energia e transportes.

Nesse sentido, em que problemas inerentes e criados durante o processo de reforma na China, como a queda dos rendimentos camponeses e outros elementos de ordem econômica, a existência de um Estado Nacional forte, descentralizado e fincado em objetivos de longo alcance e, principalmente, no esforço de se complementar eficiência e equidade, fundado em 1949, é essencial para estimular essa complementaridade. E o estímulo para a utilização plena de sua capacidade produtiva passa pela viabilização de uma forte demanda interna – este passou a ser o grande objetivo dos policymakers chineses desde 1998.

E os investimentos em infra-estruturas em energia e transportes respondem, e são meio para, à equalização dessa demanda.


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