BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales


INFRA-ESTRUTURAS EM ENERGIA E TRANSPORTES E CRESCIMENTO ECONÔMICO NA CHINA

Elias Marco Khalil Jabbour



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CONCLUSÃO: INTRODUZINDO UMA DISCUSSÃO

Procuramos de forma breve contribuir ao debate acerca dos fatores de prolongamento do desenvolvimento econômico da China, de forma a deixar claro algumas particularidades desse modelo que vai ganhando notoriedade proporcional ao aumento da influência do país no mundo. Vai ganhando importância na medida em que vão por água abaixo todas as receitas sugeridas (sic) pelos organismos internacionais.

O mais importante é salientar que tal desenvolvimento não foge à regra de outros modelos estudados desde o século XIX, onde a presença de um Estado nacional forte, com discernimento da situação interna e externa e com objetivos políticos de curto, médio e longo e prazo foi fundamental para tanto.

Outro fator quase sempre relegado a um segundo plano é o planejamento central e sua relação com o fator mercado no nível micro e o controle estatal no plano macro. Talvez este tenha sido o maior produto de criatividade dos chineses e uma grande contribuição para uma chamada teoria da construção do socialismo em formações sociais periféricas, onde o mercado é chave para a regulação em uma economia ainda marcada pela escassez.

Podemos afirmar, a partir do que está dito acima, que a política de reforma e abertura é um produto da criatividade e uma forma de enfrentar os crescentes desafios internos e externos postos pela vida aos governantes chineses. O principal deles, no campo interno, é dar soluções práticas para a principal contradição no seio da nação chinesa: a existente entre as grandes necessidades materiais e espirituais de uma nação que, em 1978, beirava a casa dos 1 bilhão de habitantes, e as por demais atrasadas forças produtivas e os meios de produção à disposição. Assim, a combinação entre planejamento central, descentralização do plano no nível das aldeias (reforma rural), aliada ao incentivo às iniciativas individuais e governamentais (até ao nível da província), foi fundamental no processo inicial de arranque da economia chinesa, e na formação de um mercado interno inicial pronto para o consumo de bens industriais novos.

Nesse contexto, as ECP’s que procederam à reforma rural cumpriram papel central na elevação da renda camponesa, ao mesmo tempo em que produziam uma urbanização à chinesa com aumento do emprego rural não-agrícola em contraponto aos processos de urbanização, como os verificados no Brasil a partir da década de 1960.

Outros fatores ligados principalmente ao controle de capitais e às duplas políticas cambial e tributária serviram para preparar o terreno para uma economia líquida e voltada ao crédito interno. E à própria proteção de seu mercado interno, serviram para robustecer o país face aos desafios a advir. Outro ponto importante, sublinhado na introdução: a relação entre seletividade dos IDE’s, agregação de valor de suas exportações, controle de importações e robustecimento tecnológico do parque industrial chinês.

A formação de um aparelho de intermediação financeira (bancos estatais de desenvolvimento) e os investimentos em ativos fixos por parte das empresas estatais e coletivas são outro elemento de demanda efetiva a ser somado nesse processo que já dura há 26 anos. Não existiria desenvolvimento econômico da forma como se assiste na China sem a participação direta de tais empresas concentradas cada vez mais em setores estratégicos. Tais investimentos servem a uma lógica de capilarização e ligação do débil mercado interno chinês marcado por uma linha que separa, sob o ponto de vista natural, o litoral (porta da China ao exterior) de um interior pobre.

Já o elemento subjetivo fica por conta da forma de os chineses conhecerem a dinâmica de funcionamento do capitalismo. Essa observação esmerada em nossa passagem por esse país pode ser visualizada na rapidez com que os chineses observam a existência de reservas de mercado em sua economia, institucionalizam tal reserva e fazem o perfeito casamento entre reserva de mercado, liquidez da economia e financiamento, de forma que a tendência da redução das eficácias marginais seja minimizada, pelo menos para os próximos anos. E claro, a base para toda essa dinâmica presente nos maciços investimentos em ciência e tecnologia – segundo os chineses, parafraseando Marx –, trata-se da primeira força produtiva. Somente em 2003, eles investiram US$ 80 bilhões, enquanto a Alemanha, país que cumpriu papel de vanguarda nesse aspecto durante a 2º Revolução Industrial, US$ 65 bilhões 21.

Por último, o ambiente internacional e a forma de os chineses “navegarem” por ele foram mister para o sucesso das reformas econômicas. Simplesmente maximizaram todas as oportunidades surgidas no mundo às suas necessidades imediatas. Inclusive o isolamento de Taiwan, não somente do Japão, mas principalmente dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que os “cordéis de seu nacionalismo”, atraiu para si grandes somas de capital estrangeiro necessários ao seu processo de modernização. Uma verdadeira aula (sem adjetivações, é apenas uma constatação) de como deve se comportar um Estado desenvolvimentista de proporções continentais está sendo apresentada pela China num mundo imerso de contradições e conivente com um imperialismo cada vez mais arrogante e agressivo.

Mas nenhum em “mar de rosas” está a nadar a China. O processo de solucionar contradições, necessariamente demanda a solução de novas contradições, que demandam novas soluções. E a crise financeira asiática aflorou velhos e novos problemas para o país e sobre isso falaremos a partir de agora.


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