BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales


INFRA-ESTRUTURAS EM ENERGIA E TRANSPORTES E CRESCIMENTO ECONÔMICO NA CHINA

Elias Marco Khalil Jabbour



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II.6.6 – Rápidas considerações sobre a questão regional e o gasoduto oeste-leste

Mas é importante abrirmos parêntese para a discussão (mais uma vez) da relação entre questão regional e desenvolvimento econômico, pois descrever o projeto nomeado de gasoduto oeste-leste como um fim em si mesmo é mero exercício de leitura de projeto e não obedece a uma análise mais radical que envolva o Estado – e não somente o mercado – como elemento que provê políticas que contemplem a relação entre eficiência e equidade.

A disparidade entre o desenvolvimento costeiro e interiorano na China é grande. Inúmeras fontes científicas, e mesmo nossa visita à China, corroboram essa constatação. Mas se analisarmos a China como um conjunto, chegaremos necessariamente à conclusão de que o oeste do país reúne condições objetivas, a partir das imensas reservas de recursos fósseis e hidrelétricos, na medida em que recursos acumulados e ociosos no litoral chinês forem sendo transferidos para sua parte oeste que, por sua vez, pode sustentar o esforço desenvolvimentista a partir da transferência de energia.

Ora, esse projeto é parte desse todo que envolve especificamente complementaridade econômica entre leste e oeste da China e, por outro, repetimos, a idéia de formação de uma economia continental nas próximas décadas. Logo, a questão de custos operacionais para a construção de um longo gasoduto aliada a problemas de geografia, como a distância entre reservas de gás e mercado consumidor – apesar de serem elementos que devem ser levados em consideração para qualquer projeto desse tipo – no caso chinês passam a ser convidativos, não proibitivos, ao vermos tal projeto de uma expectativa de maior envergadura.

Trata-se, nesse caso, de uma troca: de custo benefício empresarial para custo benefício social e regional. Enfim, é necessário empreendermos esforços de formulação que contemple mais variantes, ao invés de simplesmente o analisarmos como fenômeno puramente econômico.

Um depoimento importante acerca dos benefícios de tal projeto para o oeste da China, nos foi feito por Mahmut Muhammat, deputado pela Região Autônoma do Xinjiang ao Congresso Nacional do Povo. Abaixo, alguns pontos dessa conversa 134:

Elias: Qual a importância política deste projeto para a região autônoma do Xinjiang? Muhammat: Este projeto tem enorme significância para a manutenção da estabilidade social e política de Xinjiang. O fato de a reserva de gás da bacia do Tarim ser a fonte do gás que abastecerá o leste do país abre grandes perspectivas para acelerar o desenvolvimento econômico não somente do Xinjiang, que terá em seu território quase 1.000 km de extensão do gasoduto, mas também de outras regiões ocidentais da China.

Elias: De forma concreta, como o país ganhará com esse projeto? Muhammat: Este projeto está em consonância com a linha do Partido e do governo de levar o desenvolvimento econômico para o interior do país. Os investimentos passam de US$ 20 bilhões e cerca de 2 milhões de toneladas de aço estão sendo consumidas na obra. Insere-se nisto a criação de mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos, indústrias, como metalurgia, de maquinaria, energia elétrica, de materiais para construção, estão trabalhando com capacidade máxima, determinando ao governo a criação de novas unidades produtivas que, por sua vez, demandam mais trabalhadores e cumprem papel de relevância para acelerar o processo de urbanização, além, claro, de dotar a China de tecnologias para esse tipo de empreendimento, algo que não tínhamos condições de fazer há alguns anos atrás. O país ganha com novos empregos gerados, com o desenvolvimento do oeste, com a melhoria da qualidade do ar e na absorção de novas tecnologias. Em matéria de ganhos para as províncias ocidentais, calcula-se que cerca de US$ 4 bilhões entrarão no orçamento das mesmas com a cobrança de impostos e outros direitos. A demanda por gás natural em Xangai e nas províncias de Jiangsu e Zhejiang é de 10 milhões de pessoas, número que chegará a 34 milhões em 2010 o que significa negócios que movimentarão US$ 8 bilhões para as indústrias mecânica e de engenharia até o ano de 2010 (...).

Elias: Seria possível especificar mais benefícios para o Xinjiang? Afinal trata-se de uma região com particularidades, como a presença de minorias étnicas e religiosas, além da pressão internacional no que concerne à legitimidade da presença da China na região.

Muhammat: Eu também contestaria a presença dos Estados Unidos em regiões como o Texas, a Califórnia, mas isto é um problema que deve ser analisado historicamente e não é para isso que estamos aqui. Pois bem, eu não tenho disponível aqui o número de ganhos que teremos com a conclusão do projeto.

Mas tenho certeza de que os benefícios fiscais com a exploração do gás do Tarim serão grandes. O governo central está se encarregando de prover benefícios para investidores estrangeiros que se interessarem em investir na região. As taxas de crescimento econômico da região nos últimos 25 anos fizeram nascer um mercado de consumo nada desprezível redundando em contatos diários entre o governo de Xinjiang e corporações estrangeiras. Até agora 4 investidores estrangeiros nos enviaram memorandos para a viabilização de construção de outros gasodutos a partir de Xinjiang.

Elias: Qual a relação existente entre os preços do gás natural liquefeito importado e o gás natural que será comercializado do gasoduto oeste-leste? Sei que existem diferenças...

Muhammat: Sim, você tem razão, as diferenças existem e a construção desse gasoduto beneficiará a China. Os preços do gás natural transportado pelo gasoduto serão 20% menores do que os do importado do Japão. Isto demonstra haver mercado potencial para o gás natural na China. Um dos entraves para a implantação desse energético é a questão da formação do mercado para o mesmo e o preço do gás natural produzido no Xinjiang é convidativo com uma estratégia de implantação deste modelo. Ainda bem que o delta do Yang-tsé está se adiantando nesse processo que é bom para as cidades localizadas no vale, bom como para o país no seu conjunto.

A exposição de Muhammat encerra a satisfação pelo andamento da obra e por seus benefícios para Xinjiang. Remete-nos, mesmo superficialmente, para a análise da questão regional na China e também para os benefícios ao conjunto do país, deixando no real tamanho merecido as questões econométricas.


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