BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales


INFRA-ESTRUTURAS EM ENERGIA E TRANSPORTES E CRESCIMENTO ECONÔMICO NA CHINA

Elias Marco Khalil Jabbour



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II.3.3 – O caso de Três Gargantas

O tamanho da usina hidrelétrica de Três Gargantas é proporcional à polêmica que gira em torno dela. A questão dos reassentamentos e da proteção ecológica é diuturnamente colocada na mesa de discussão em quaisquer conversas especializadas.

Abaixo faremos um relato histórico da obra, desde sua concepção até sua execução.

Pincelaremos, ainda, questões relativas a financiamento e meio-ambiente e um pouco de nossas impressões, por ocasião de nossa visita à obra no mês de maio de 2004.

II.3.4 – Uma idéia de quase 100 anos

Esse projeto está localizado ao centro da garganta de Xilingxia, no extremo leste das Três Gargantas, no rio Yang-tsé. A represa está situada em Sandouping, Yichang, província de Hebei. Ao final da obra, no ano de 2009, o depósito – com um nível de água normal de 175 m –, armazenará 39,3 bilhões de m3. Sua capacidade instalada em 26 turbinas alcançará 18,2 milhões de kw, com uma geração anual de 84,7 bilhões de kw/h. Sua área total é de 1.000 km2 e sua represa de leste a oeste terá 660 km navegáveis.

Vista aérea da barragem das Três Gargantas do Rio Yang-tsé (Fonte: Beijing Review)

Como é impossível dissociarmos a ciência histórica da geográfica. Para podermos entender tal empreendimento é mister termos em conta a história de destruição e perdas em função das constantes enchentes provocadas nos cursos superiores do rio Yang-tsé ao longo de mais de dois mil anos, que abarcam desde a dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.) até a década de 1990 do século em que foi fundada a República Popular. Somente na última grande cheia ocorrida em 1998 morreram 1.562 pessoas, afetando de uma forma ou de outra a outras 2,6 milhões.

Em razão disso e pelo fato de a instituição da república em 1911 – incidindo, logo, em maior abertura científica – em 1919, o dr. Sun Yat-sen, precursor da China republicana, em artigo publicado na revista Vida do Povo, lançou a idéia de construção de uma represa artificial nas Três Gargantas do Yang-tsé, onde salientou três objetivos essenciais: o controle das constantes cheias do rio, utilização de potencial hidrelétrico e melhoria do comércio interior da China com a otimização da navegação.

A controvérsia em torno da construção devido ao seu impacto ecológico e cênico e ao risco em potencial para as cidades abaixo das represas aliou-se às constantes perturbações políticas por que passou a China. O fato de somente em 1932 ter sido feita a primeira investigação acerca dos recursos hídricos das Três Gargantas dá embasamento para tal controvérsia.

Já durante a execução do 1º Plano Qüinqüenal (1951-1956), sob a égide da República Popular, e doravante ao crescimento econômico acelerado, a discussão de tal ganha outro patamar. O então presidente Mao Tsetung, em 1953, tendo em mãos um programa para aumento do fluxo navegatório no Yang-tsé, ordena o início do planejamento, estudo e desenho do Projeto das Três Gargantas, iniciado em 1955. Porém, as grandes resistências internas atrapalharam o início da obra.

A necessidade do empreendimento fora novamente posta em questão em 1970, devido a constantes “apagões” na China central. Sob pressão econômica e energética começa a construção da represa de Gezhouba, como parte do Projeto das Três Gargantas.

Com a subida ao poder de Deng Xiaoping, sob o manto de colocar a construção econômica em primeiro plano as Três Gargantas ganham novo ímpeto e a atitude do governo beira a indiferença para com a resistência interna e externa (União Européia, EUA e ong’s, como o Greenpeace) ao projeto.

No final da década de 1980, sob o fogo cerrado de debates intermináveis sobre a viabilização da barragem, suas exatas localização e altura e a profundidade do nível da água acima da represa, estavam envolvidos os seguintes atores: o Escritório de Planejamento do Vale do Yang-tsé; os ministérios de Finanças, Recursos Hídricos e Energia Elétrica, Eletrônica, Comunicações e Construção de Máquinas; membros do grupo central de dirigentes, suas equipes e comissões em Pequim; os governos de todas as províncias envolvidas; todas as principais cidades entre os locais de barragem e Chongqing que poderiam ser inundadas ou escolhidas para realocar habitantes deslocados de outras áreas; 58 unidades e fábricas especializadas em pesquisa, design e construção relevantes para o projeto; onze institutos de pesquisa e universidades; e numerosos consultores e empresários de EUA, Japão e outros países 100.

A divisão gerada pela polêmica em torno da obra é factível com a votação para permissão de início da mesma na Assembléia Popular Nacional em 3 de abril de 1992: 1.767 votos a favor, 177 contra; e 664 abstenções. Porém, o caminho estava aberto e, em 14 de dezembro de 1994, o primeiro-ministro Li Peng autorizava formalmente o início do empreendimento 101.


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