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INFRA-ESTRUTURAS EM ENERGIA E TRANSPORTES E CRESCIMENTO ECONÔMICO NA CHINA

Elias Marco Khalil Jabbour



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I.1. Comércio internacional, relações internacionais, política e investimentos estrangeiros diretos

 

Abaixo seguem tabelas descritivas do aumento do volume do comércio exterior da China (FONTE: China Internet Information Center. www.china.org.cn, tabelas 1 a 3):

Preferimos iniciar este item a partir da visualização dessas tabelas – com a descrição do comércio exterior chinês –, com a intenção de demonstrar que um dos fatores (e não o único) que explicam o fato de esse país crescer continuamente há 25 anos está na idéia de o comércio internacional ser imprescindível para qualquer nação que busque, de um lado, capitalizar sua economia para desafios internos e, de outro, utilizar seu potencial comercial para a consecução de objetivos políticos de médio e longo alcance.

Utilizaremos, assim, algumas páginas para expor em linhas gerais o alcance do comércio chinês sob vários ângulos.

***

Sustentamos, obviamente, que a liquidez da economia chinesa deve-se a um elevado superávit comercial com países do centro do sistema e que superávits comerciais com a periferia (a tabela 4 demonstra déficits com os países inseridos na rede de produção chinesa e japonesa) a credenciam politicamente nos organismos internacionais, tendo em vista contenciosos como o de Taiwan ganharem relevo com a ascensão econômica chinesa.

Segundo a tabela acima, a exemplo do Japão, a China tornou-se mais vinculada à dinâmica das importações americanas, bem como pólo de exportação de países asiáticos. O professor de economia, do Instituto de Economia da UFRJ, Carlos Aguiar de Medeiros, simplifica esse movimento ao afirmar: “de um lado a China é um grande competidor, deslocando exportações e investimentos, de outro, é um grande mercado em processo de expansão” 2.

O fator câmbio, ao lado das escalas de produção, e principalmente o tamanho do mercado interno, é importante para elucidar a relação entre crescimento econômico e comércio internacional. O estabelecimento de taxa de câmbio sobre-valorizada (8,24 yuans por dólar) permite redução de custos e competitividade aos produtos na China. Contudo, é válido ressaltarmos a relação entre mercado interno e câmbio, para demonstrar que a China, ao não mudar sua política cambial em 1997, evidenciou a marca registrada de outras economias asiáticas, caracterizadas pela vulnerabilidade diante de oscilações de mercados externos. Enquanto a China, com uma certa dose de audácia política, não só manteve sua taxa de câmbio como anunciou a implementação de um amplo programa de gastos públicos. Tal política está ancorada também em outro fator que diminuiu sobremaneira os efeitos da crise asiática sobre sua economia e que a torna diferente de outros países da periferia do capitalismo: o absoluto controle de suas contas de capitais.

Há uma outra característica, diretamente relacionada com a taxa de câmbio, com superávits comerciais e reservas cambiais: a altíssima liquidez da economia chinesa, que permite ao governo do país manter uma política econômica voltada para a contenção deflacionária. Desde 1996 o Banco Popular da China baixou suas taxas de juros em oito momentos. Percebemos essa liquidez a partir do aumento dos agregados monetários: a relação entre M2/PIB subiu de 181% no final de 2002 para 194%, em setembro de 2003 3.

A não-pressão inflacionária (iniciada já no segundo semestre de 2004) deve-se entre outros fatores a uma política resultante dessa própria lógica: a manutenção de altos índices de investimentos. Mas também não podemos menosprezar o fato de a China ainda ser uma economia com características rurais, diminuindo o impacto sobre o consumidor do preço da alimentação (ainda a maior parte dos ganhos de uma família chinesa é direcionada à alimentação), pois mais de 300 milhões de habitantes chineses adquirem eletrodomésticos e automóveis em até 120 vezes com taxas de juros que variam entre 0,3% e 0,5% ao mês, demonstrando o que descreveremos mais à frente: o crescimento econômico chinês é marcado além do aumento da produção, pela explosão do consumo.

Retornando às exportações e importações, a tabela abaixo evidencia outras características do comércio internacional chinês: aumento de sua competitividade relacionada com a agregação de valor de suas exportações:

A tabela acima, divulgada em recente estudo promovido pelo Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT) do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) nos remete a algumas observações (já relatadas no documento citado).

Há uma primeira observação importante sobre o grau de internacionalização da economia chinesa após 1978, que corrobora o fato da forte influência dos modelos coreano e japonês. E uma segunda, sobre o aumento de competitividade da economia chinesa no mundo, demonstrada por sua participação no mercado internacional.

Esta última observação é um sinal de alerta aos países que acompanharam os desígnios do Consenso de Washington e promoveram desmontes completos em sua cadeia produtiva de alta tecnologia, como o Brasil, e viram sua participação no comércio internacional despencar nos últimos anos. A terceira observação é centrada no aumento da participação de produtos de média e alta intensidade tecnológica (0,8% para 9,6% das exportações entre 1985 e 2000), evidenciando que o crescimento econômico chinês também é marcado por saltos sucessivos de qualidade e o seu objetivo de romper o círculo vicioso da divisão internacional do trabalho tem sido atingido.

Porém, a China ainda é líder mundial na produção e exportação de produtos de baixo valor agregado (têxtil, roupas, sapatos, brinquedos etc).

A quarta observação é síntese para o deslocamento de investimentos estrangeiros, transformando a China em pólo de transferência de indústrias de média e alta intensidade tecnológica, sobretudo de Taiwan (além dos EUA e Japão). No caso de Taiwan, líder mundial de produção de equipamentos para computadores (teclados, monitores), a transferência de unidades produtivas produtoras desses equipamentos guarda não somente importância econômica, mas altamente política 4.

Ainda com relação a Taiwan, deixamos a observação de que tal movimento de transferência de unidades produtivas em direção ao continente revela o desenho feito pelo governo chinês de uma reunificação via “sucção econômica”. Atualmente 6.000 unidades produtivas taiwanesas localizam-se no vale do Yang Tse – o que uma apreciação de longo alcance nos fará chegar à conclusão de que quanto mais cooperativa com o continente for a classe empresarial de Taiwan, mais debilitadas ficarão as posições independentistas dentro da ilha.

Continuamos o parêntese acerca da relação entre comércio e objetivos políticos: hoje, como Taiwan Hong-Kong passou por processo semelhante antes e depois da reunificação com a China em 1997: em 1982, 32% das exportações de Hong-Kong eram originários da China, e 60% em 1992. Já as exportações chinesas para Hong-Kong saltaram de 26,2% em 1985 para 45% em 1982 5.

Retornando ao cerne do tema desta dissertação, essa mudança qualitativa de pauta de exportações da China e as necessidades de seu mercado interno em expansão têm impacto considerável na Ásia, ampliando oportunidades de industrialização. Em 1993 a exportação de óleos e lubrificantes respondia por 32% das exportações asiáticas à China. Em 1999, a de máquinas e computadores por 20% e a de equipamentos elétricos por 18%. Já em 1993 a China exportava para a Ásia 11% de equipamentos elétricos e 10% de computadores e máquinas. E, em 1999, as proporções foram de 26,6% e 20%, respectivamente 6.

A quinta observação é reservada para o crescente peso da economia chinesa no mundo. As importações de minério de ferro (30% do consumo mundial em 2001), platina (21%), alumínio (15%), além de petróleo (50% do consumo importado em 2003), e demais commodities, têm “puxado” para cima muitos dos preços, sendo fator de expansão em economias periféricas, como a do Brasil que multiplicou por oito o comércio com a China entre 1993 e 2003 7.

Há, ainda, o caráter político, na esteira dessa quinta: o desenvolvimento econômico da China demonstrado em todos os índices possíveis aumenta seu peso nos assuntos internacionais. Os objetivos de longo prazo da China a colocarão frente a frente com os Estados Unidos, pois o seu fluxo de comércio internacional com o restante do mundo, principalmente seus déficits comerciais planejados com a periferia do capitalismo, tem por objetivo a criação de um ambiente internacional que lhe seja favorável nesta futura guerra comercial (conseqüentemente política) entre os dois países.

As posições cada vez mais conflitantes em assuntos internacionais, entre China e Estados Unidos, resultam, sobretudo, dessa expansão chinesa que desde logo se posiciona na linha de frente dos países periféricos. O alinhamento da China ao G-22 criado no âmbito da OMC, as pressões crescentes pela embaixada chinesa na ONU pelo perdão das dívidas do Terceiro Mundo, a decisão de apoiar uma reforma no Conselho de Segurança da ONU que contemple os interesses de países como Brasil e Índia, entre outras iniciativas, lançam luz a uma política chinesa de criar uma relação de forças no mundo cada vez mais propícia para seus objetivos políticos de longo prazo.

Por seu turno, os Estados Unidos pressionam a China no sentido de rever sua política cambial, da mesma forma que o Japão foi pressionado na metade da década de 80. Porém, diferentemente do Japão, aquela (evidenciado por Medeiros) é um devedor líquido enquanto este um credor líquido. As contradições entre os dois casos estão no fato de a baixa internacionalização do yen ter se tornado fator de crescente risco cambial, enquanto a China, apesar de ser um devedor líquido, ainda não está diante de problemas relacionados de insolvência, pois o serviço de sua dívida externa com relação a suas exportações ainda é muito baixo, como demonstra a tabela abaixo:

Retornando ao fator desvio comercial e estratégia de desenvolvimento das empresas norte-americanas, as pressões norte-americanas demonstram muito mais disposições políticas ao percebermos outra diferença relacionada ao Japão: A China tem estocado mais de US$ 70 bilhões de investimentos de empresas multinacionais dos Estados Unidos, colocando o país (no campo periférico) no primeiro posto dos investimentos produtivos norte-americanos, ao contrário evidentemente do Japão.

Assim, as pressões contra a China, vindas dos Estados Unidos, são anestesiadas no âmbito da política interna do imperialismo, mais precisamente em sua Câmara dos Deputados, casa máxima de representação dos interesses dos oligopólios norte-americanos.


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