BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales


INFRA-ESTRUTURAS EM ENERGIA E TRANSPORTES E CRESCIMENTO ECONÔMICO NA CHINA

Elias Marco Khalil Jabbour



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I.1.2.3 – O fator geopolítico

Seria uma grande ingenuidade não perceber que a China, na busca de um rápido crescimento econômico, não aproveite lacunas no movimento geopolítico internacional em favor de seus próprios interesses. Sua antiqüíssima “diplomacia de bambu”, am alusão ao vegetal que se movimenta de acordo com a direção do vento, trabalha desde 1978 para a criação de um ambiente internacional de paz duradoura. Daí a defesa inconteste por parte da chancelaria chinesa de um mundo mais multipolar e equilibrado, em que as contradições entre as nações sejam postas em termo numa mesa de negociação.

Segundo nossa avaliação (assim como de outros autores), a China aproveitou-se, inicialmente, de dois movimentos no âmbito mundial: o primeiro ligado à estratégia de contenção da URSS por parte dos Estados Unidos. O segundo, com características econômicas, associadas à pressão dos EUA pela revisão da taxa de câmbio do yen japonês (hendaka). Neste caso o primeiro movimento não se encerra com o início do segundo. Este, só se encerra em 1990 com a campanha norte-americana pela não-realização dos Jogos Olímpicos em Pequim no ano de 2000.

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O primeiro movimento pode ser dividido em três etapas: a primeira iniciada com a visita de Nixon a Pequim em 1971 e o reatamento de relações comerciais; a segunda com o reatamento de relações diplomáticas plenas em 1979; e o terceiro com a obtenção do tratamento “de nação mais favorecida” por parte dos Estados Unidos.

Obviamente, se a China mantivesse sua política externa agressiva com relação aos Estados Unidos seu programa de modernização não iria sobreviver por muito tempo, pois a leitura exata do campo de forças no mundo é um pressuposto para uma política interna agressiva, ainda mais para países com grande grau de dependência de capitais e tecnologia.

A China, assim, trilhou um caminho característico de “desenvolvimento a convite” (termo colocado pelo professor Wilson Cano), seguido pelas economias do leste asiático – caracterizadas pela abertura do mercado americano para itens com baixo valor agregado, como os têxteis. (Em 1979, ela tornou-se o maior exportador de têxteis aos EUA, fora do GATT). Não somente isto, a China já em 1978 encomendara três Jumbos 747 da Boeing e enviou centenas de estudantes aos Estados Unidos, em 1979, denunciando desde o início das reformas econômicas o papel-chave da ciência e tecnologia como base para a modernização do país 18.

Essa reaproximação com os Estados Unidos foi acompanhada de empréstimos internacionais concedidos em condições favoráveis: com o Japão em 1979 com juros de 7,25% ao ano a serem pagos em 5 anos; outros US$ 30 bilhões de bancos exp-imp avalizados por governos ocidentais; e mais US$ 18 bilhões provenientes de 14 bancos de variadas nacionalidades (ingleses, franceses etc) 19.

Outro fator, também ligado à lógica da guerra fria, é o verificado na postura agressiva de Reagan na tentativa de recuperar espaços perdidos durante a década de 1970, não somente pela URSS, mas também pelo Japão. O financiamento de uma chamada “guerra nas estrelas” levou os americanos a exercerem pressão sobre o Japão no sentido de desvalorizar sua moeda.

A hendaka anunciada em 1985 foi forte fator de rearrumação do cenário macroeconômico do leste asiático, completado em 1989 com a Coréia do Sul e Taiwan tendo de rever suas políticas ante os novos alinhamentos cambiais e a redução de ganhos no mercado norteamericano.

O grande país, em condições (custos imobiliários e de produção mais baixos e câmbio desvalorizado, território e população) de receber esses capitais, foi a China.

Outro fator presente no final dos anos 1980 e início dos 1990 foi o acirramento da concorrência oligopólica no mundo colocando a conquista do mercado interno chinês como fator de transferência de capitais. Esse movimento internacional foi abstraído pelos chineses na medida em que as ZEE’s foram gradualmente ampliando-se sobre seu território, até que em 1987 todo o litoral chinês já estava enquadrado no esquema das ZEE’s e em 1992 todas as capitais de províncias e regiões autônomas igualmente 20.

Porém, com o fim da guerra fria a relação entre os Estados Unidos e a China se esfriou, a ponto de os EUA boicotarem pedidos de empréstimo por parte dos chineses tanto no BID quanto no Banco Mundial e de o Japão desde 1995 suspender a concessão de auxílio financeiro à China.

Todavia, as condições da economia chinesa já eram outras no início da década de 1990, amplamente favorecida pela questão cambial que afligiu outras economias no sudeste asiático.

A crise financeira asiática de 1997 iria expor à China seus verdadeiros problemas a serem enfrentados. Uma nova fase de desenvolvimento econômico estava sendo exigida ao país.


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