ESTUDO DO ÍNDICE DE EXCLUSÃO SOCIAL NO BRASIL: CASO TOCANTINS

ESTUDO DO ?NDICE DE EXCLUS?O SOCIAL NO BRASIL: CASO TOCANTINS

Yolanda Vieira de Abreu

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4.2 Distribuição de Renda

De acordo com o IPEA (2008), pode ser observado um enorme diferencial de rendimentos no mercado de trabalho, onde o salário de homens e de brancos tende a ser mais elevados do que o de mulheres e negros. Em 2006, os homens recebiam, em média, R$ 885,6 ao mês, enquanto as mulheres recebiam apenas R$ 577,0 em média, ou seja, 2/3 do salário dos homens. Entre os negros e os brancos a diferença é ainda mais alarmante; os primeiros recebiam cerca de metade do salário dos brancos: R$ 502,0 contra R$ 986,5. Enquanto as mulheres brancas ganham, em média, 63% do que ganham homens brancos, as mulheres negras ganham 66% dos homens do mesmo grupo racial e apenas 32% do rendimento médio de homens brancos. Estes dados encontram-se na tabela 11.

Conforme observa Franco (2000), mesmo com o aumento do PIB, a renda tende a permanecer concentrada, como pode ser observado em passado recente, quando o Brasil experimentou um grande crescimento econômico, no entanto, a renda permaneceu concentrada, fato que tenderá a permanecer sem maiores alterações enquanto os demais fatores, já citados, não forem melhor distribuídos.

Conforme (Strahm, 1992), o Brasil, assim como outros países de Terceiro Mundo, viveu um aumento astronômico das dívidas externas após 1974, com a crise econômica mundial. As conseqüências do endividamento podem ser observadas claramente como um dos muitos aspectos que levaram à má distribuição de renda e das riquezas, pois, as classes mais pobres pagam o preço dessa dívida através de altos juros, e são os que menos usufruem dos ganhos, já a camada rica da sociedade se beneficia, como por exemplo, através de produtos de luxo importados.

A fome, a que é submetida grande parte da população, é devida à má distribuição de renda:

A fome é antes de tudo um problema de renda. A fome crônica não é devida a uma falta geral de produtos alimentares mas a insuficiência de poder aquisitivo dos habitantes das favelas, dos desempregados, e dos camponeses sem terra. (...) aumentar a produção alimentar não é suficiente para diminuir a fome, se os pobres não têm empregos, rendas, ou se os excedentes são destinados a exportação. (Strahm, 1992 p. 43).

Para que tal situação seja corrigida é necessário que haja um crescimento econômico de maneira sustentável, pois não se pode falar em crescimento econômico sem aumento geral do poder aquisitivo. Sendo então a criação de empregos a principal preocupação econômica para a resolução dos problemas da pobreza e exclusão social. No entanto, para se chegar ao objetivo tão almejado, muitos outros fatores devem ser priorizados, entre eles merece especial destaque a educação. (Franco, 2000).

Um diagnóstico realizado por Strahm (1992) para tal questão, foi a substituição dos financiamentos dos setores modernos da indústria e dos serviços, por investimentos visando a satisfação das necessidades fundamentais e ao estímulo da produção local, ou seja, desenvolvimento da agricultura de auto-subsistência nas pequenas e médias propriedades. Pois, segundo ele, a indústria têxtil moderna cria novos empregos especializados, mas simultaneamente trabalhadores do artesanato têxtil tradicional perdem seus empregos. Sem terra, eles são eliminados do processo de trabalho e, sem renda e sem condições mínimas de se manterem e de sustentar suas famílias, são colocados à margem da sociedade e caem na miséria.

Esse recurso é também defendido por Sachs (2004), pois segundo ele, é com base nas micro e pequenas empresas que o Brasil vai continuar a crescer, porque elas representam 98% dos empreendimentos produtivos nacionais, geram 60% dos empregos e respondem por 20% do Produto Interno Bruto.