ESTUDO DO ÍNDICE DE EXCLUSÃO SOCIAL NO BRASIL: CASO TOCANTINS

ESTUDO DO ?NDICE DE EXCLUS?O SOCIAL NO BRASIL: CASO TOCANTINS

Yolanda Vieira de Abreu

Volver al índice

 

 

4.1 Características do subdesenvimento.

Como muitos estudos já demonstraram, o crescimento econômico de um país não é, sozinho, suficiente para melhorar a qualidade de vida de toda sua população. Apesar do crescimento do PIB, as riquezas permanecem concentradas, como foi evidenciado anteriormente. Grande parte desse crescimento econômico é absorvida pelo aumento da população, entretanto, os bens de consumo diminuem proporcionalmente, apesar da ampliação da produção. (Franco, 2000).

De acordo com Sandroni (2005), um país é considerado subdesenvolvido quando:

É economicamente atrasado, como é o caso da maioria dos países da América Latina, África e Ásia sua situação econômica caracteriza-se em geral por baixa renda per capita, grande dependência da exportação de um número reduzido de produtos primários, altos índices de desemprego e subemprego, subconsumo acentuado, índice de poupança muito reduzido e concentrado e altas taxas de natalidade e mortalidade. (Sandroni, 2005 p.619)

Conforme descreve Strahm (1992), o subdesenvolvimento é uma ruptura interna do terceiro mundo, ruptura essa que se manifesta até mesmo no interior de um único país, entre classes sociais e entre os centros e as regiões periféricas. Essa separação entre classe e gênero que se apresenta no interior de um país é um dos indicadores essenciais de subdesenvolvimento. Um exemplo importante no Brasil é o período denominado “Milagre Econômico”, onde 1% da população mais rica tomou uma parte do bolo econômico igual a metade que foi dividida para os mais pobres da população.

Segundo Franco (2000), pobreza não é apenas insuficiência de renda e desigualdade social, não é apenas desigualdade econômica, e sim insuficiência de desenvolvimento. No entanto, para a erradicação da pobreza – questão a ser diagnosticada a longo prazo - interessa considerar não apenas a renda, mas as relações dessa variável com outras variáveis do desenvolvimento.

Embora muitos estudiosos tratem o crescimento econômico e a distribuição da renda como únicos responsáveis pelo aumento da riqueza e redução das desigualdades sociais, Franco (2000) diz que muitos outros fatores devem ser priorizados e também distribuídos, fatores do desenvolvimento como o conhecimento (capital humano), o poder (capital social) e a riqueza (capital empresarial), para que haja realmente um desenvolvimento.

De acordo com Franco (2000), para esse enfrentamento é preciso aumentar os graus de acesso das pessoas não apenas à renda, mas também à riqueza, ao conhecimento e ao poder ou à capacidade e a possibilidade de influir nas decisões públicas. A promoção de tais capitais é primordial para a alavancagem do desenvolvimento, pois, baixos níveis de qualquer um dos capitais em questão, indicam baixos níveis de desenvolvimento.

Como pode ser observado, os níveis de capital humano no Brasil não são muito animadores, pois, a escolaridade média não alcança o patamar de 6 anos; 14,75% da população total são de analfabetos e apenas 18% da população tem escolaridade média de 11 anos. A distorção idade-série é também um fator preocupante, pois, 54% dos alunos do ensino médio freqüentam séries fora da idade recomendada. (Franco, 2000).

Através de dados do IPEA (s/d), em 1993 a população analfabeta no Brasil perfazia um total de 16,2% da população acima de quinze anos de idade. Em 2002 esses números já haviam apresentado uma pequena evolução, no entanto, ainda verifica-se que a percentagem de pessoas analfabetas alcançava 11,9%. A diferença mais alarmante observada é entre a população negra e não- negra: 17,3% e 7,5%, respectivamente, conforme a tabela 10.

Para maiores detalhes, a tabela completa, destacando os níveis de escolaridade, idade, gênero e cor no período acima citado, encontra-se em anexo (anexo C, tabela 10.1).